30 de dez. de 2022
15 de dez. de 2022
DESPEDIDA DA AVAREZA, ÓDIO E CANIBALISMO
Conheci Manaus. For good.
Gente
bagunceira. Gente avarenta. Gente porca. Gente falsa. Gente egoísta.
Aka
Bicha
bagunceira. Bicha avarenta. Bicha porca. Bicha falsa, tem vários nomes. Bicha
egoísta, mora em uma casa cheia de viado, mas não queria que nenhum deles me
chupasse e não foi falta de eu pedir, mas adorou a ideia de eu levar meus
amigos ativos para ficarmos em pé em volta dele. Levei 3g para dividir, mas ele relutava em dividir um cigarro. No meio da noite perguntei se ele viu minha cueca, ele perguntou por quê, eu disse que dormia
mais confortável com ela e ele disse que era para eu procurar no chão, mas não
achei. No dia seguinte, depois do banho, antes de ir trabalhar quando eu ainda
estava despertando, vi de rabo de olho a bicha vestindo minha cueca. Meu, ele
roubou a minha cueca! Sim, fui pra casa sem cueca. Depois de vinte e quatro
horas sem comer por causa dela, eu pedi algo para comer, qualquer coisa,
para não incomodar (ele fez a pior cara do mundo e foi fazer dois pratos de
miojo). Miojo? Alguém ainda come miojo? Que ele demorou dez minutos pra fazer,
não entendo como, sendo que aquilo se faz em três minutos. Mesmo exausto, ele
não teve a bondade de oferecer que eu ficasse descansando na casa dele e depois
fosse embora (não é que ele furta coisas que eu também furto). Me arrancou da
cama ás sete para sair com ele rumo ao trabalho. Pedi uma toalha para tomar
banho. O mínimo que eu esperava era uma toalha seca. Pois ele me deu a mesma
toalha molhada que ele tinha tomado banho. Não menos que isso. Tomei o banho e
quando saí, tive a curiosidade de cheirar a toalha, uma toalha fedida. A única
coisa que me agradou foi a cachorra dele, uma chow chow misturada extremamente carinhosa. Tive na hora
vontades de ter uma cachorra igual, não que minha gata também não seja
carinhosa, mas eu podia ter as duas. Um dia terei um lar e espaço para uma gata e uma chow chow.
Porém, dessa vez, algo de muito
novo aconteceu: eu joguei cocaína fora.
Não,
a tal empresa de Guarulhos não me aceitou. Me convidaram
para me prostituir para pilotos gringos de avião. Pagam cem dólares. Logo, quinhentos e quarenta reais. Gostei da ideia, mas pouco depois eu lembrei que nesse ponto não faz mais sentido vender meu corpo, nem que, quando eu quero eu consigo parecer sexy. É que eu decidi que preciso ficar quieto, preciso ficar vestido. Dá-se um jeito para pagar as dívidas. Aquelas mulheres gestoras de RH nunca param de ligar usando fotos de dez anos atrás no whatsapp me oferecendo empregos formais, que depois de todo o esforço de chegar na final com outros dois finalistas, sempre sou preterido. Porém, cedo ou tarde algo deve dar cerdo, cedo ou tarde os olhos gordos do meu pai devem murchar, cedo ou tarde minha irmã deve tirar meu nome da fogueira da umbanda.
***
Tão
exausto na cama, dei um tempo a mim mesmo para ver o que ia fazer da minha vida
e isso incluiria se eu ia permanecer vivo ou não.
A
literatura não funciona. A música não funciona. Os homens não funcionam.
Percebi
que eu preciso de carinho. Percebi que eu não sei mais o que faço. Percebi que
eu estou perdido.
Resolvi que depois de três anos, estou repensando minha sexualidade, o que não exclui a falta dela. Cansei de fazer papéis só para forjar uma vida sexual que eu sei que não tenho.
Contudo,
eu ainda não tomei minha decisão. Florbela Espanca já estava morta na minha
idade. Sylvia Plath e Ana Cristina César também. Virgínia Woolf esperou até os
quarenta e cinco. Será que eu devo esperar? A questão é que não há um bom
motivo.
Ter
quatorze anos de carreira na literatura, quatro livros publicados, dois
premiados e mesmo assim, tudo o que eu ganhei na literatura foram quatorze mil
reais. Dez mil reais do proAC e quatro mil reais para ir dar as palestras no
SESC Campinas. Ah, tá, e os trezentos reais de cachê da mesa na balada
literária 2009.
Não
entendo, sofro cancelamentos por coisas que eu não fiz e por coisas que eu não
sou. Continuo escrevendo livros incríveis. Quer publicar, Hugo? Cinco mil
reais. Não parece justo, não parece valer a pena. Ter que pagar para publicar
até eu tiver cinquenta anos até que a grande crítica vá com a cara de um dos
meus livros e eu ganhe um Jabuti ou um Prêmio São Paulo; e eu finalmente saia
da merda e seja contratado por uma editora grande. Vou passar minha vida esperando
por isso? E até lá? Vou ficar enfurnado trabalhando nove horas por dia infeliz
em um escritório fazendo um trabalho que eu odeio? Porque meu pai me tirou o
sonho de ser o melhor saltador em distância do mundo quando eu tinha vinte e
dois anos? Eu estava olhando para um moleque louro puro lindo no ônibus
terça-feira e pensei que se ele me quisesse, tudo bem, eu jogava tudo pro alto.
Mas o ponto dele chegou. E ele desceu.
* Mercedes fúnebre.
* Drop.
XXX
9 de dez. de 2022
BUT THESE TIMES BLOOD
Eu não sabia que existia um botão
que bloqueava mensagens de determinada pessoa. Descobri por acaso esse botão.
Quer dizer que a pessoa não precisa nem ter o trabalho em te ignorar, o tal
botãozinho faz o serviço e eu pensando que de alguma forma aquela bolinha azul
preenchida me dizia que eles liam, jamais responderiam, mas eu queria que eles
ouvissem, quando na verdade eu estava falando com um botão o tempo inteiro.
Eu
não sei o que pensam. Não sei o que fiz. Me tratam diferente desde a última
segunda-feira quando fui fazer o exame médico. Eu não sei o que vão me dizer
até o final da semana. Alguns deles prometem, mas não dizem nada. Uma certeza
que tenho é que será uma semana horrível, ansiosa. Outra certeza é que se não
me aceitarem, terei sérios problemas comerciais. Outra certeza é que se
me aceitarem, uma pomba branca levantará voo. E não vai ter sangue.
Decidi
que não quero mais. Não vou pedir mais. Pagar e não pedir mais. Você sabe o que
acontece quando ela vem, não sabe? Ainda tem o sonambulismo que precisa ser
melhor elucidado. Seremos maridos muitos calmos. Ou até mesmo maridos que não
fazem sexo. Tudo aquilo que vocês receberam via inbox, não fui eu, foi ela, foi
ela o tempo todo e eu não vou sentir falta dela. Alguns gostaram, outros não,
mas eu preciso coloca-la na coleira, e vou. Aos que merecem desculpas, eu diria
que é mais fácil esquecer imagens do que palavras.
Amanhã. E sempre.
Amanhã. E sempre, sempre, sempre, sempre.
pobre de direita.... palhaço ignorante! neo nazista com sangue preto... sudaca do caralho!
Caio. Pobre menino
pobre.
Azar
meu? Azar dele? Azar meu, ele é lindo e pode escolher o boy que ele quiser.
Antes cedo, não vou ficar aos pezares por causa dele. Faz cinco anos que estou correndo atrás de um moleque que
não me quer e me ignora, não são quatro dias atrás dele que me farão algum mal.
Há de se deixar de pensar com o sexo para pensar com o coração e daí sim começar a pensar com a cabeça e ser o que se deve ser: amargo, desagradável e solitário.
Para
que meus inimigos tenham pés
E não
me alcancem
Para
que meus inimigos tenham mãos
E não
me toquem
Para
que meus inimigos tenham olhos
E não
me vejam
E nem
mesmo um pensamento
Eles
possam ter para me fazerem mal.
*Never sorrow tears,
but these times blood.
*Vamos desenrolar as
notas de dinheiro agora?
XXXX
2 de dez. de 2022
CORDA DA VIDA
Tenho dor nas
cordas vocais. Mas tenho mais dor no coração. Não, a cover de “Territorial
Pissings” não estava ruim, pelo menos não TÃO ruim como aquelas “pessoas horríveis” disseram, eram mais
de nove mil, o que eu podia esperar? Gente pobre por dentro e por fora, gente
racista, gente sem curso superior, metaleiro (que só sabe ouvir um tipo de som,
não sabe abrir a cabeça), em nove mil pessoas há muita gente desclassificada,
que nem importa quem está cantando, se importa que é veado da Vila Mariana,
branco, vestindo um moleton da USP.
Há
meios.
Há
meios.
Parar
de cantar? Alguém deixa de saltar por causa de uma lesão na coxa? Alguém deixa
de ser campeão olímpico depois de gravidez e cumprimento de dois anos de pena
por doping?
Há
meios.
Tenho
fins.
Deixar
de ouvir qualquer instrumento que tenha cordas é um. Não aumentar o tom da
minha voz para quem não merece é outro.
Copa?
Só se
for com sala e cozinha.
Balanço?
Ano do
“aprenda a deixar de ser trouxa”.
Homens.
Homem, eu quis dizer. Um já está quase impossível quiçá mais de um. Quatro anos sem namorar, espero que a minha irmã retire o trabalho no ano que vem, mas não vou descer o sarrafo, depois de quatro anos de pena e de ter parido uma prole, eu também mereço aquela medalha, eu também mereço aquele pódio e tudo o que venha junto com ele.
***
Fui
fazer o exame médico para a empresa nova. Não foi dessa vez que realizei o
fetiche de ser abusado pelo médico. Ele tinha o dobro da minha idade e disse “Seja
bem-vindo”, a enfermeira me bloqueou no whatsapp.
Antes
disso o Bojikian (ou alguém se passando por ele) respondeu uma daquelas minhas famosas mensagens inserções no Messenger
no domingo à tarde. Ele ou um fake dele. Ele disse que podia me ver no domingo
à noite e eu aceitei mesmo sabendo que eu não deveria passar a noite fora
porque eu tinha de fazer o exame no dia seguinte.
Comprei
mimo. Tolerei seus silêncios, suas nuances.
- Já
são 23:00, está tarde, passa seu endereço.
23:50 e
ele não respondeu
- Ah!
Eu inventei a roda, mas eu não sou idiota. Se você me der bolo hoje, não espere
que você vá falar comigo de novo.
- Malz.
Hoje não dá
-
Babaca
-
Segura esse rabo. Tenho mina. Quando der, te chamo. Hoje vou ficar só comendo a
boceta da minha mina.
- Cuidado,
minas explodem.
A foto
de perfil dele não abre. Em nenhuma das fotos dele o rosto aparece.
- Ele
não se expõe muito, né? (Como diria Daniel Guarda)
Ainda
dei meu whatsapp. Ele sequer visualizou e me excluiu do FB. Esse é o meu
veneno.
*Lilly Beth veio ao
Brasil em 1968 sem nenhuma joia, com um vestido pobre.
*Me empurrou na linha
do trem e saiu rindo.
XXXX