14 de mai. de 2024

xaria, Majelis Ulama

 



 

Ela me vê boa parte do dia no sofá, no meu aniversário, mas hoje não quis me animar para estudar.

– Estou triste, depois dos quarenta não tem nada. Eu vou dar meu jeito de finalizar os estudos até o fim de maio, mas antes preciso finalizar a revisão do “Sue Sue”, sim, esse é o nome do meu quarto romance, sétimo livro, que eu escrevi especialmente para o prêmio José Saramago desse ano. Dado a minha avançada idade, esse ano é a última oportunidade que eu tenho para me inscrever nesse prêmio. O livro? Está fabuloso, não adianta ninguém do grupinho do cancelamento dizer ao contrário, não são eles que vão julgar, não, são jurados neutros lá da terrinha, virgens e sem vícios. Sabe o que quis fazer dessa vez? O contrário do que todos vocês estão fazendo há tempos e que já anda um pouquinho saturado, não quis fazer uma narrativa americana, criei uma narrativa europeia, especialmente francesa, a fim de oferecer uma variação ao mercado.

Por enquanto, não quero falar de “Sue Sue”, o que eu tenho que falar por enquanto, vou falar para o Saramago, é para eles que devo detalhes, ainda assim, se nada der certo há o prêmio Leya, outra alternativa, outro prêmio muito interessante, o qual também inscrevi o “Sue Sue”. De qualquer forma, não tenho tanta pressa, só alguma pressa, pois esse ano de 2024 já está acertada a publicação do meu terceiro romance chamado “POCO” (sexto livro), que, inesperadamente foi aceito na chamada de originais da editora TAUP com menção honrosa (apenas dezessete menções honrosas em mais de quatrocentas submissões). Não houve meta no crowdfunding (o cancelamento ainda não acabou), mesmo assim a TAUP me comunicou a decisão de publica-lo, a imensa generosidade e confiança de outros potenciais do meu livro pelas minhas queridas editoras Jessica e Mabelly.

“POCO”, traduzindo para o português do espanhol significa “pedaço” e é exatamente o que o livro significa, é uma tapeçaria onde várias histórias muito diferentes, se embrenham sem pedir licença para entrar uma após a outra e ao invés do regionalismo paulistano sobre o qual sempre me serviu como cenário, “POCO” sobe morros, viaja pela Ucrânia, questiona o horário nobre, traz a luta das travestis para sobreviver, enfatiza o estado laico, o aborto clandestino e a morte com informações desencontradas na internet de pré-adolescentes, acidente e intenção de assassinato, Olga Hepnarová e vários outros temas.     

            Jessica Ianconsky, uma das minha editoras, já fez a capa para o “POCO”. É a melhooooor capa de um livro meu disparado. Vale a leitura só pela capa.









 

  

           Vou repousar, por enquanto.

            11.04

            Somos rivais. É ruim, mas com ela era bem pior, ela era rival declarada.

            Levei o isqueiro e esqueci o cigarro.

            Parei de acreditar em inferno astral. No primeiro dia do meu novo ano, meu celular levou um tombo de barriga para cima, com capa, e mesmo assim quebrou. Uma despesa desnecessária para começar o ciclo.

            Encontrei um estranho na estação do metrô hoje, fui aos correios, andei pelas ruas e lembra quando a Marília Gabriela disse que quando disse que tinha cinquenta anos o número cinquenta tinha um som pesado e desagradável? Pois então, entendo agora o que ela estava falando. O número quarenta tem som horrível para mim, uma carga na costela, é difícil andar por aí “Carregando” esse número e sim, você se sente fora do jogo, ontem quando eu olhava para os meninos novinhos e gatinhos por aí, eu pelo menos “Fantasiava”, agora não, é como se vivêssemos em mundos diferentes, um quarentão é um quarentão e ele precisa se colocar no lugar dele. É apenas um dia, mas tem sido assustador bem dessa forma.

            12.04

            As pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) na Indonésia enfrentam desafios legais e preconceitos em todo o país. Os costumes tradicionais desaprovam a homossexualidade e a transição de gênero, o que afeta as políticas públicas. Casais do mesmo sexo e famílias chefiadas por casais homossexuais no país não são elegíveis para nenhuma das proteções legais disponíveis para casais heterossexuais. A nível nacional, a Indonésia não possui uma lei de sodomia, e o país atualmente não proíbe a atividade sexual não comercial, privada e consensual entre membros do mesmo sexo; no entanto não há qualquer lei específica que proteja a comunidade LGBT do país contra discriminação e crimes de ódio. Na província de Achém, a homossexualidade é ilegal sob a lei islâmica da xaria, sendo punível com açoitamento ou prisão. A Indonésia não reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

 

            Em julho de 2015, o Ministro de Assuntos Religiosos declarou que é difícil para a Indonésia legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo porque normas religiosas enraizadas se colocam fortemente contra isso. A importância da harmonia social na Indonésia leva a uma ênfase nos deveres sobre os direitos, o que significa que os direitos humanos em geral, incluindo os direitos LGBT, são muito frágeis. Apesar disso, a comunidade LGBT na Indonésia tornou-se cada vez mais visível e politicamente ativa. Assumir-se para familiares e amigos raramente é feito no país, pois as pessoas LGBT têm medo de rejeição e reação social. No entanto, existem alguns casos raros de compreensão e aceitação por parte de suas famílias.

 

            Apesar da reputação da Indonésia como um país muçulmano relativamente moderado, no século XXI, os grupos muçulmanos fundamentalistas que apoiam a xaria ganharam apoio crescente. Como resultado, as pessoas LGBT têm enfrentado crescente hostilidade e intolerância, incluindo ataques e discriminação. No início de 2016, pessoas e ativistas LGBT na Indonésia enfrentaram forte oposição, ataques homofóbicos e discurso de ódio, lançados até mesmo pelas autoridades do país. Em fevereiro de 2016, a Human Rights Watch instou o governo indonésio a defender os direitos das pessoas LGBT e condenar publicamente os comentários discriminatórios das autoridades.

 

                Em 2017, dois jovens gays de 20 e 23 anos foram condenados a uma surra em público na província de Achém. No mesmo ano, a polícia lançou vários ataques a saunas gays sob o pretexto de crimes relacionados à pornografia. Em maio de 2017, 141 homens foram presos por uma "festa de sexo gay" na capital Jacarta; no entanto, apenas dez foram formalmente acusados. Outra operação ocorreu em outubro de 2017, quando a polícia indonésia invadiu uma sauna no centro de Jacarta considerada popular entre gays, prendendo 51 pessoas, embora apenas seis tenham sido acusadas judicialmente, incluindo o proprietário do spa. Uma interpretação excessivamente ampla da "Lei da Pornografia", juntamente com a inação do governo, permitiu que a polícia a usasse contra pessoas LGBT.

 

Em dezembro de 2022, a Assembleia Consultiva Popular, o poder Legislativo da Indonésia, aprovou um novo Código Penal que proíbe o sexo fora do casamento entre heterossexuais, e entrará em vigor em 2026. O porta-voz do projeto afirmou que a legislação não criminalizará atos sexuais privados entre pessoas do mesmo sexo. Atualmente, o Código Penal em vigor não criminaliza relações extraconjugais.

 

Ao contrário de seu país vizinho, a Malásia, a Indonésia não tem explicitamente uma lei de sodomia. O Código Penal indonésio não proíbe a atividade sexual não comercial, privada e consensual entre dois adultos consentidos do mesmo sexo. Um projeto de lei que visa criminalizar a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo no país, juntamente com a coabitação, o adultério e a prática de bruxaria, não foi aprovado em 2003 e nenhum projeto subsequente neste sentido foi reintroduzido.

 

A nível nacional, a Indonésia permite a atividade sexual privada e consensual entre membros do mesmo sexo desde 1993, a partir dos 18 anos de idade. A Constituição não aborda explicitamente a orientação sexual ou a identidade de gênero. Ela garante a todos os cidadãos vários direitos legais, incluindo igualdade perante a lei, igualdade de oportunidades, tratamento humano no local de trabalho, liberdade religiosa, liberdade de opinião, reunião pacífica e associação.

 

Porém, o país permite que um de seus governos provinciais estabeleça leis específicas baseadas na xaria, como sanções criminais para a homossexualidade. Essas penalidades locais existem na província de Achém, onde foi aprovado um estatuto contra os direitos LGBT. Esses códigos criminais baseados na xaria permitem até 100 chicotadas ou até 100 meses de prisão por atividade sexual consensual entre pessoas do mesmo sexo.

 

A oposição mais ativa ao reconhecimento dos direitos LGBT na Indonésia é oriunda de autoridades religiosas e grupos de pressão, especialmente organizações islâmicas. O Conselho Ulema Indonésio (Majelis Ulama Indonesia ou MUI) fez uma declaração que estigmatizou a população LGBT, declarando-a "desviante" e uma afronta à "dignidade da Indonésia".

 

Em 2005, o governo indonésio concedeu à província de Achém o direito de introduzir a xaria, embora apenas para residentes muçulmanos. A província no extremo norte do país promulgou uma lei anti-homossexualidade baseada na xaria que pune qualquer pessoa pega fazendo sexo gay com 100 chicotadas, com prazo para o início da aplicação até o final de 2015. Outro exemplo é a cidade de Palimbão, que introduziu prisão e multas por sexo homossexual, embora as leis em questão tenham sido suspensas em 2020. De acordo com a lei, a homossexualidade era definida como um ato de "prostituição que viola as normas de decência comum, religião e normas legais conforme se aplicam ao regime social".

 

Em março de 2015, o Conselho Ulema emitiu uma fátua, ou decreto religioso, exigindo que atos do mesmo sexo fossem punidos com surras e, em alguns casos, com a pena de morte. A fátua considera a homossexualidade uma "doença curável" e diz que os atos homossexuais "devem ser severamente punidos".

 

Conselho Representativo Popular (DPR), câmara baixa da Assembleia Consultiva Popular, rejeitou introduzir a pena de morte para punir relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, afirmando que é totalmente impossível implementar essa política na Indonésia. O Conselho afirmou que a fátua do MUI serve apenas como orientação moral para os adeptos, não como lei positivada, uma vez que o poder legal é detido apenas pelo Estado.

 

Em março de 2016, partidos como o Partido da Justiça Próspera (PKS) e o Partido da União e Desenvolvimento (PPP) propuseram um projeto de lei para proibir o ativismo pelos direitos LGBT e criminalizar o "comportamento LGBT". Vários políticos fizeram declarações contra a comunidade LGBT nos meses seguintes daquele ano.

 

No final de novembro de 2016, a Frente de Defensores do Islã (FPI) informou à polícia em Jacarta que havia uma "festa do sexo". A polícia então invadiu a reunião gay, acusando os homens de violar a lei nacional contra a pornografia, que é escrita de maneira muito ampla.

 

Em 21 de maio de 2017, a polícia deteve 144 pessoas em uma batida em uma sauna gay, a Atlantis Jakarta. O Conselho Ulema Indonésio declarou que tal atividade era uma blasfêmia contra a religião e um insulto contra a cultura indonésia: "Que tipo de lógica é capaz de aceitar esse tipo de desvio sexual, mesmo os animais não são gays. Claramente não se trata de igualdade", afirmou o chefe do departamento jurídico do MUI. A declaração foi feita apesar da homossexualidade ter sido observada em mais de 1.500 espécies animais. No início do mesmo mês, quatorze homens haviam sido presos em uma "festa gay" em Surabaya.

 

Em 14 de dezembro de 2017, o Tribunal Constitucional da Indonésia rejeitou, por 5 votos a 4, uma petição da conservadora Family Love Alliance que buscava alterar o Código Penal indonésio para tornar ilegal o sexo gay e o sexo fora do casamento. O pedido buscava revisar três artigos do Código Penal Indonésio (KUHP): o 248, sobre adultério, o 285, sobre estupro, e o 292, sobre abuso infantil. Segundo o artigo 292 do Código Penal, o abuso sexual de crianças é crime, tanto nas condutas heterossexuais como homossexuais. A organização buscou apagar o termo "menor" no artigo 292, a fim de perseguir todas as condutas sexuais entre pessoas do mesmo sexo de todas as idades, inclusive entre adultos consentidos, tentando efetivamente criminalizar a homossexualidade. O tribunal rejeitou a alteração da lei e considerou que a questão era assunto da Assembleia Consultiva Popular, o poder legislativo do país.

 

Desde janeiro de 2018, como parte da revisão do código penal, os legisladores trabalham em um projeto para um novo código. Apesar das críticas internacionais e dos temores das organizações de direitos humanos, se aprovada, a lei criminalizaria o sexo consensual entre duas pessoas solteiras e a coabitação, além do adultério e do estupro. Também permitiria que pessoas lésbicas, gays, bissexuais ou transgênero sejam levados a tribunal por sua orientação sexual.

 

No fim de setembro de 2019, manifestações estudantis generalizadas se opuseram ao plano de revisão do código penal do Conselho Representativo Popular. A revisão discriminaria fortemente as pessoas LGBT. O inciso 1.º do artigo 421, relativo à obscenidade, mencionaria explicitamente os atos homossexuais: "Quem praticar atos obscenos contra outras pessoas do mesmo sexo em público é condenado na pena de prisão máxima de 1 ano e seis meses ou multa até à categoria III." Havia o medo de que a menção explícita à obscenidade do "mesmo sexo" desencadeasse tratamento discriminatório e outras leis atacando principalmente o público LGBT. Devido à oposição generalizada, o governo adiou o controverso projeto de código penal revisado até sua aprovação pelo Legislativo em 2022.

 

86% dos cidadãos indonésios se identificam como muçulmanos. De acordo com o Ministério da Saúde do país, em 2012, a Indonésia tinha cerca de 1 milhão de homens que fazem sexo com homens, assumidos ou não. Mais de 5% deles são diagnosticados com AIDS. Estima-se que a Indonésia tenha cerca de 31 mil mulheres transexuais, e que a comunidade LGBT constitua cerca de 3% da população indonésia, levando a um número de cerca de 8 milhões de pessoas. A política familiar das autoridades, a pressão social para casar e a religião fazem com que a homossexualidade geralmente não seja apoiada. Tanto os muçulmanos modernistas quanto os tradicionalistas, bem como outros grupos religiosos, como os cristãos, especialmente católicos romanos, geralmente se opõem à homossexualidade. Muitos grupos fundamentalistas islâmicos, como a Frente de Defensores Islâmicos (FPI), são abertamente hostis às pessoas LGBT, atacando as casas ou trabalhos daqueles que acreditam ser uma ameaça aos valores do Islã.

 

Em janeiro de 2018, a polícia de Achém saqueou um salão com o apoio do governo autônomo da província. A polícia torturou todos os cidadãos LGBT dentro das dependências do salão, raspou a cabeça de mulheres trans, despiu suas camisas e sutiãs e os desfilou na rua enquanto os obrigava a gritar "para tornar-se homens". O evento foi criticado por organizações de direitos humanos.

 

Em 1982, o primeiro grupo de interesse pelos direitos dos homossexuais foi estabelecido na Indonésia. "Lambda Indonesia" e outras organizações semelhantes surgiram no final dos anos 1980 e 1990. Hoje, algumas das principais associações LGBT do país incluem "Gaya Nusantara" e "Arus Pelangi".

 

O movimento de gays e lésbicas na Indonésia é um dos mais antigos e maiores do Sudeste Asiático. As atividades da Lambda Indonesia incluíram a organização de reuniões sociais, conscientização e criação de um boletim informativo, mas o grupo se dissolveu na década de 1990. Gaya Nusantara é um grupo de direitos gays que se concentra em questões homossexuais, incluindo a AIDS. Outro grupo é o Yayasan Srikandi Sejati, fundado em 1998. Seu foco principal é em questões de saúde sobre pessoas transgênero, e seu trabalho inclui o fornecimento de aconselhamento sobre HIV/AIDS e preservativos gratuitos para profissionais do sexo transgênero em uma clínica de saúde gratuita. Existem agora mais de trinta grupos LGBT no país.

 

A cidade indonésia de Yogyakarta sediou uma cúpula sobre direitos LGBT em 2006 que resultou na criação e assinatura dos Princípios de Yogyakarta sobre a Aplicação da Lei Internacional de Direitos Humanos em relação à Orientação Sexual e Identidade de Gênero. No entanto, em março de 2010, outra cúpula sobre o tema em Surabaya foi condenada pela Frente de Defensores Islâmicos e interrompida por manifestantes conservadores.

 

Os resultados da pesquisa online conduzida pela ILGA em outubro de 2016 mostram que 69% dos indonésios se opõem ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, 14% apoiam, e 17% declararam ter uma visão neutra.

 

De acordo com a pesquisa nacional do instituto SMRC, 58% dos indonésios concordaram que as pessoas LGBT têm o direito de viver como cidadãos, enquanto 46% dos indonésios aceitariam seus familiares caso eles se assumissem como parte da comunidade LGBT.

15.04

Está frio. E sempre quanto está frio meu joelho esquerdo dói. Eu tenho problemas de ligamentos nele que só resolve com cirurgia, e o tempo de recuperação é de um ano. Em 2015, quando eu fui para a mesa de cirurgia para fazer a minha atroscopia bilateral, o médico disse que poderia resolver o problema de “joelho de saltador” que eu tinha nos dois joelhos (seis meses de recuperação) e operar os ligamentos do joelho esquerdo também. Eu não quis mexer nos ligamentos do joelho esquerdo, sabe por quê? Se eu operasse, eu não me recuperaria a tempo de competir na competição de vocês, ajudar a equipe de vocês, ganhar duas vaquinhas, e no semestre seguinte vocês fizeram o que fizeram.

01.05

“Gummo” (U.S.A. 1997, dir: Harmony Korine)

Para quem conhece "Gummo", dispensa apresentação. Para quem não conhece, é um clássico do cinema experimental americano (algumas cenas são realmente inacreditáveis). Gummo registra um jovem e talentosíssimo Harmony korine na direção (que inclusive fez parte do Dogma 95) e uma desconhecida atriz e figurinista Chlöe Sevigny, que viriam a ser conhecidos do grande público, mas tudo começou ali. Xenia, Ohio, depois de um furacão, o filme documenta os moradores da cidade e tudo o que há de podre neles por dentro e por fora. É um fiel retrato do americano afastado dos centros urbanos e as coisas que eles fazem... riem das atrocidades que fazem. Assistam Gummo e vejam! E me paguem.

07.05

    

            

Poemas para o futuro.

14.05



       Poemas para o futuro.


Não está ficando lindo?






Sim, depois de um ano me aprovaram de novo. Tudo direitinho. Atravessar a cidade em quase duas horas. Ficar lá das nove ás dezoito. Começo amanhã. Tenho medo. Mas se correr tudo bem, terei dinheiro para inscrever meu livro no Jabuti e comprar creme anti sinais.

 

XOXO

4 de abr. de 2024

elegia 04 de abril de 2024



Na virada do ano tive a sensação de que “esse seria o meu ano”. Acontece que já se passaram três meses e absolutamente aconteceu. Se em um quarto do ano nada aconteceu, por que nos outros três quartos algo vai acontecer?

Continuar esperando que “algo” vai acontecer? Não, é quase impossível que aconteçerá, a não ser que eu tome a direção correta, compre uma guitarra boa, vá estudar música, vá fazer música, aí sim não é impossível que algo aconteça, será apenas muito difícil.

Se nada acontecer, eu me contento com pouco, e isso significa fugir daqui, fugir desse lugar, fugir dele, ter uma vida na zona sul com renda estipulada, trabalho nos dias úteis, nove horas por dia, Haagen Dasz, KFC, cinema, musculação, entretenimento com homens e substância proibida nas sextas á noite... não é pedir muito. Continuar publicando? Não sei.

Essa está sendo uma semana dura emocionalmente. Terminei dois livros em um espaço de apenas uma semana, coincidência ou não, são dois partos ou duas mortes, ambos muito pesados, mexeram muito comigo. Terminei o livro de crônicas, que comecei há um ano e meio e o romance novo (sem ser o “POCO”), que comecei há nove meses atrás. Esses dois, são meus dois últimos livros excelentes, são garantias de publicação para os próximos quatro anos. E para que?

Entrei em outro estado suicida. Pensei que o que realmente faltava seria um relacionamento com alguém encantador, meus quatro relacionamentos foram com quatro bichinhas pão com ovo, mal educadas, parasitas, acho que mereço algo melhor isso. Semana que vem faço quarenta anos, eu tive chance de me aproximar de homens melhores a vida toda quando eu era mais jovem, mas eu desperdicei, mas na prática, se nada aconteceu em quarenta anos, por que acontecerá agora que estou velho? Agora que enxergo que sim, sou feio, que não tenho quase nada a oferecer.

Problematizar a morte talvez nem seja uma questão, talvez eu morra qualquer dia, naturalmente, de uma morte qualquer, já que as pessoas morrem todos os dias de tantas formas sem nem se dar conta.


XOXO

25 de mar. de 2024

Bob Bob Bob






I eat. Twice a day
I live. Miles away
My ribs. Shows the way
My guts. Can't manage

I drop. Into relay
I apply. To a made
Clothing. Makes me gay
I almost. Hide the clay

***
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
Bob
Bob
Bob
***

I walk. Beside the trail
I make. Somebody's day
I walk. Until my sweat
I fake. My ugly make

I broke. Last may
You came. I went away
I'm folk. In decay state
The crane. I can't manage

***
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
Bob
Bob
Bob
***

You say. Made in clay
I say. Made in hate
I can't pay. My tooth away
Did it. With no debate

My corpse. Down the bay
Dead in there. Many days
You got inside. My place
Bashed to death. My face

***
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
Bob
Bob
Bob
***

I dont make family
I dont make chasthity
Often dressed like feminine
Often took by methaphetamine

The killing. And more in here
The kicking. And other teeth
Sometimes. I like you feet
Wonder. I'd be home shit chief

***
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
Bob
Bob
Bob
***

(Letra/música/vocal: Hugo Guimarães)


XOXO

10 de mar. de 2024

o mapeamento

Confusão mental episódio #0





*Pensei que eu jamais seria o mesmo.

*Eu não entraria lá porque não sei o que faria em uma crise de falta da maionese com alho.

*Acordei muito tarde de novo, ás vinte e duas e trinta e oito, mas consegui ver minha mãe hoje de manhã.

*Lancei a garrafa. Inscrevi meu original no prêmio Alta Literatura no último dia disponível para inscrições. Eu estava com uma virosa horrível que me impedia até mesmo, de me deslocar até o cetro da cidade.

*Sabe quando você tem alucinações mesmo estando sóbrio de qualquer substância ilícita? Foi o que me aconteceu comigo na última quinta-feira.

*Será que ser bancário é uma saída?

*Consegui ir até a psiquiatra na sexta-feira quando a virose sarou totalmente. Entrei na clínica e ela estava saindo para almoçar. Pedi para encaixar uma data pois eu estava para passando por alguns “eventos estranhos”. Ao escreve-los, ela disse que se trata de uma “confusão mental e que podem mesmo durar um só um dia.

*Minha mãe diz que o ódio está na imaginação, tanto de um lado quanto de outo e sucedeu que eu não o cumprimentei pelo seu aniversário, morando sobre o mesmo teto que ele.

*A confusão trouxe de volta problemas sérios de sono, inclusive três desmaios no banheiro. Tenho uma marca na testa, uma dor nas costas e uma lembrança no tórax.

*Bia Haddad convalescerá em Indian Wells? Por enquanto sim, venceu os três jogos que disputou até agora.

 

“O Mapeamento”

 

*Acabei de lavar a caixa da gata no vaso com manheira e simplesmente não sabia o que fazer depois, fiquei hipnotizado olhando para a mangueira e a água caindo sobre a caixa. Foi preciso meu pai intervir.

*Objetos que não existiam entraram na minha mente, como potes de sorvete e cédulas de dinheiro. Só quando eu fu até a geladeira, até a carteira, eu pude perceber que eles não existiam.

*Otimizando App:2 de 2.

*Desço para fumar e ao invés do isqueiro levo uma caneta (recorrente durante toda a confusão).

*Quando eu mesmo começo um diálogo, não consigo fazer a pergunta. Há lacunas no meu discurso em várias passagens. Sei o que vou perguntar, mas quando a pergunta chega até a boca, eu já esqueci qual é a pergunta.

*Era difícil escrever palavras e frases. Eu parava em frente à tela e por muito tempo nada vinha até que minha mãe chegou a duvidar se fazia sentido me inscrever no concurso e me matricular no curso.

*Depois do banho vesti as duas cuecas. A limpa e a suja.

*Eu esqueci como se faz para ligar a televisão e fiquei lá no escuro

*Minha mãe ganhou uma espécie de Oscar dos cabeleireiros no Canadá e ela sequer é cabeleireira.

 

 

#Elsewhere:

Sem liberdade.

Sem dignidade.

O Crowdfunding do “POCO” foi um fracasso.

Quer inferno maior?


XOXO

16 de fev. de 2024

cruz

 



 

– Você só dorme! Você não faz nada! Toda vez que eu chego em casa você está deitado!

– Pois eu faço muita coisa!

 

Eu alimento o gato

Eu limpo a sujeira do gato

Eu mimo o gato

·         Acho que me atrapalhei em lançar meu quinto e meu sexto livro tão próximos um do outro

·         Publiquei um quinto livro excelente que você nem quis ler

·         Vou publicar um sexto livro que talvez seja melhor que “Igor na Chuva”

·         Fiz outro saldão para me livrar das últimas cópias de “Poesia gay underground: história e glória”

·         Estou escrevendo um livro especialmente para o prêmio José Saramago desse ano. Livro esse que eu não comentei com ninguém sobre. Visto a idade limite para concorrer ao prêmio, essa é a minha última chance de participar.

·         Mandei texto original de poesia para o concurso da Ria Livraria.

·         Estou revisando um outro romance para inscrevê-lo no prêmio Alta literatura, ainda resta dez dias para inscrevê-lo, portanto ainda dá tempo de fazer uma boa revisão.

·         Thales Kroth, meu produtor musical, colocou minha primeira música no youtube, o power pop “Monster”. A letra é minha, ele fez uma pequena modificação, a música é minha, na gravação eu fiz o vocal e o Danilo “Kurt” fez a guitarra. Ficou até que bom. Espero que alguém queira comprar em breve. Veja o link aí embaixo e confira como eu faço rock’roll bem! 

 

https://youtu.be/_7ovCjZcxpw

 

– Enquanto você, chega no trabalho, roda a roleta do Silvio Santos e fica o dia inteiro lá sem fazer nada!

 

***

 

Daí amanheço nessa quinta-feira e um bumbo em cada esquina diz:

– O ano começou hoje, hein?

– Engano seu! O ano começou no dia 1 de janeiro! Já faz tempo! É por causa dessa máxima aí que ninguém fez nada até agora, né? Você curtiu bem o carnaval? Curtiu? Que beleza, eu não curti não porque eu não tinha dinheiro nem para comprar uma lata de cerveja, porque esse país de bosta não me dá emprego! Eu vou ficar rebolando minha bunda por aí? Pulando atrás de bloquinho? Nessa manifestação toda de felicidade? Ah, eu tô é bem triste, sabe? Tô puto da vida.

 

***

 

Bem nessa quinta surgiu um processo seletivo. Para minha área. Não, ninguém me desrespeitou dessa vez. Só houve contradição. Disseram que estavam com pressa e depois disseram que haveriam outras etapas. Durou uma hora a entrevista, quando elas devem durar no máximo meia hora. Não sei o que pensar. Amanhã sairá o resultado do processo seletivo que fiz para trabalhar no setor de reservas de um hotel, sim, um bom hotel na zona sul, ainda sim, para ganhar bem menos do que eu ganharia na minha área, e mesmo assim eu ficaria muito feliz se eu conseguisse. Se eu não conseguir, tenho planos, tenho planos que não são bons.

 

***

 

#Elsewhere:

 

*Quando a ditadura estiver me torturando e eu tiver certeza de que vou morrer, e eles estiverem tirando fotos, eu vou rir.

*Família é tudo? Não, família é o bicho papão. Família só serve para espancar os filhos. O que há agora? Há de se tolerar novela cristã em canal que nunca foi cristão? A primeira deu audiência? Deu dinheiro? Essas donas de casa cristãs não fazem nada o dia inteiro além de ver televisão. Sabe o que a família cristã tradicional ensina? Matar transexuais, matar travestis, matar gays e combater tudo aquilo que eles não conhecem.

 

#Elsewhere2:

 

A Chris Everet e a Martina Navratilova são as únicas pessoas sensatas no mundo que estão tentando impedir esse absurdo de levar a WTA Finals para a Arábia Saudita? É mais do que apenas esporte, é mais do que dinheiro. Como levar um torneio só de mulheres em que elas jogam de saia curta em um país onde mulheres são tão marginalizadas tendo que esconder o corpo todo para sair na rua? Será que as mulheres sauditas poderão ir às quadras assistir aos jogos? Se poderão, sob quais condições? E para que estão querendo levar o WTA Finals para Riad? Para desenvolver o tênis feminino da Arábia Saudita que não é, não dá para jogar embaixo de tanta roupa. É só pela soberba, é só para aqueles milionários sauditas cobertos da cabeça aos pés se deleitarem com aquelas ocidentais jogando com pouca roupa fazendo movimentos em que elas ficam cada vez mais expostas. As mulheres de seus país não podem, mas tudo bem assistir as ocidentais naquela situação como se fosse um zoológico. Não, claro que as mulheres sauditas não poder ver os jogos, o tênis apaixona, o tênis encanta, uma mulher saudita vendo a Sabalenka jogar com certeza iria pensar “Eu queria ser igual a ela”, mas não vai, não vai mesmo! É a liga árabe comprando o ocidente cada vez mais, e é triste ver que estamos aceitando.

 

***

 

“O Memorial de Kristen Pfaff”                    

 

Saí de casa com uma cara de lixo

Não queria sair

Sem escovar os dentes

Sem banho

 

Escondi a cara de lixo

Escondi o cabelo de lixo

Com um boné

 

Vesti um suéter

Não estava aquele frio

 

47 dias e eu ainda não sei

Se eu fechei um caixão

Ou se eu abri um caixão

 

Pior que um gosto de sangue

É um gosto de manhã

 

Não queria sair

A vida é pior quando se fica acordado

Dezoito horas por dia

 

Disse que estou ok

Disse para ele orgulhoso que estou ok

Mas não estou

 

Será que custa muito

O diabo parar de comer azeitonas na minha varanda

Todos os dias?

 

Não importa que não pare de chover

Não há idealismo, não quero falar o que se plantou

E que hoje marca-se quanto tempo ele me faltou.

 

(Hugo Guimarães)

 

Poema integrante do recém lançado livro “Lixeira de Celone” que pode ser adquirido nesse link:

https://editoraarpillera.lojavirtuolpro.com/lixeira-de-celofane---hugo-guimaraes/p

 



 

#Elsewhere3:

 

Um dois três quatro cinco mil, queremos que o Hugo vá para a puta que o pariu!

 

#Elsewhere4:

 

Talvez o tempo possa me livrar da culpa

Que eu não sei se vem de mim ou da cruz

De jesus.

 

(Karina Buhr)

 

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