Fiz
escolhas erradas
Ir
até lá foi uma escolha errada
E
fiz escolhas erradas
Uma
barreira caiu na estrada
Comunicação
entre pessoas
Não
funciona.
Me
vi naquele inferno de paralelepípedos disformes
E
grandes
E
barros
De
botas
Mesmo
com um mapa, aquilo parecia um mapa ao tesouro
Cansei
muito até chegou ao local do meu lançamento
Meu
editores estava me procurando na rodoviária
Eu
os acalmei
Minha
bateria de celular deu para morrer bem lá
Fiquei
em um lugar da casa carregando-a até a hora
Quatro
lançamentos consecutivos debaixo de uma tenda
Mesas
e cadeiras de plástico
Não
parecia lançamentos de livros
Parecia
um happy hour de firma
Não
se faz lançamento de livro em mesa e cadeira de plástico
Mesa
e cadeira de madeira é o mínimo que se espera
Mas...
o que se esperar de um cara escroto como o Eduardo Lacerda?
O
lançamento acabei e eu comecei a perambular
Comecei
a procurar algo
Mas
a cidade pisou em cima de mim
A
única coisa que consegui foi uma reação alérgica
Que
se manifestou no dia seguinte
Host
me today
But
nobody did
A
minha bateria não alcançava os 3%
Quando
eu finalmente desisti
Aceitei
por aguardar meu ônibus
Ás
23:50
Esperei
quarenta graus, mas passei frio. Sujei minhas botas.
E
pude ver que
Se
você é alguém, você é tratado como alguém
Se
você é um bosta, você é tratado como um bosta.
O
que vai me fazer ser alguém?
Mágica.
***
Sejam
bem vindos!
“O Memorial de Kristen
Pfaff”
Saí de casa com uma cara de
lixo
Não queria sair
Sem escovar os dentes
Sem banho
Escondi a cara de lixo
Escondi o cabelo de lixo
Com um boné
Vesti um suéter
Não estava aquele frio
47 dias e eu ainda não sei
Se eu fechei um caixão
Ou se eu abri um caixão
Pior que um gosto de sangue
É um gosto de manhã
Não queria sair
A vida é pior quando se fica
acordado
Dezoito horas por dia
Disse que estou ok
Disse para ele orgulhoso que
estou ok
Mas não estou
Será que custa muito
O diabo parar de comer
azeitonas na minha varanda
Todos os dias?
Não importa que não pare de
chover
Não há idealismo, não quero
falar o que se plantou
E que hoje marca-se quanto
tempo ele me faltou.
*
Juntos, mais uma vez uma budista, um ateu e um discípulo de um charlatão que
pensa que sabe o que é deus, vão comemorar o natal como se esse fosse uma
sarna.
* Naquele filme, um garoto francês
louro, de boa família, viciado, passou o réveillon preso em um ônibus cheio de
moradores de rua por engano. Ele balançava as portas, mas só se ouvia os uivos
dos mendigos bebendo um álcool paupérrimo enquanto o ônibus rodava pelo centro,
durante os fogos.
* Jura que você tem que se manter limpo?
Você sem pó é a estátua de uma vaca sentada.
“Been a Son” (K. Cobain)
XOXO