26 de set. de 2010

O ESTRANHO MUNDO DE MAURREN HIGA MAGGI


acordei um pouco triste no último 19 de setembro mesmo tendo deitado e quase dormido na noite anterior com um garoto louro de cabelo pintado cor de louro sueco na alta avenida paulista. sso, porque na manhã seguinte eu iria ver Maurren Higa Maggi saltar no XXIX Troféu Brasil de Atletismo.  ela não pôde saltar devido a uma dor no quadril sentida na eliminatória apenas um dia antes.

esse era um ano especial para a minha atleta favorita. ela voltava de uma atroscopia que a afastou das pistas por um ano inteiro, fez duas competições no ano mas a mais esperada delas era o Troféu Brasil. acabei em casa vendo pela televisão o triunfo de Fabiana Murer falhando em três tentativas de um novo recorde nacional de 4,90m.

acho que eu e Maurren, no final dessa temporada, fomos para casa, nostálgicos, recapitulando a presença no estranho mundo do atletismo brasileiro. eu, no estranho mundo das pessoas brancas no atletismo brasileiro.

eu tinha treze anos quando ela fez um dos dez melhores saltos em distância de todos os tempos com um incrível esforço de 7,26m no dia 26 de Julho de 1999, nas perfeitas condições para prática de saltos de Bogotá, Colômbia: Altitude e vento de 1.8 m/s. um mês depois ela ficou famosa ao vencer os jogos pan americanos de Winnipeg, Canadá, saltando bem menos e mostrando seu lindo sorriso e suas unhas pintadas com bandeiras do Brasil. Lá estava uma “entertainer” e não somente uma atleta.

eu não sabia muito sobre atletismo naquela época. mesmo essa modalidade sendo a base de todos os outros esportes e o mais incrível de todos eles, eu infelizmente nasci em um país onde jogadores de futebol assassinos são celebridades, onde pensam que automobilismo é um esporte e que Ayrton Senna é um herói.

fui informado do fracasso de Maurren nos jogos olímpicos de Sidney, Australia, apenas alguns dias depois de ela desaabar na caixa de areia com seu quadríceps contundido ainda nas eliminatórias. a excelente e assombrosa Maurren Higa Maggi não teve a importância reconhecida naquele momento específico.

então eu fui trabalhar em uma grande seguradora. então eu fui um adolescente explorado no trabalho. então eu tive gastrite. Então eu tive depressão e tive de custear meus próprios remédios com o dinheiro do meu trabalho mal pago. Ganhei muitos quilos. fiquei ausente da prática de esportes até 2003 quando entrei na faculdade. eu tinha 18 anos.

nodia 15 de junho de 2003 eu comprei um exemplar do jornal Folha de São Paulo. no caderno de esportes havia um especial sobre a Maurren. tudo porque ela tinha feito a melhor marca do mundo naquele ano e era a principal atração do XVII Troféu Brasil de Atletismo que aconteceria naquele mesmo dia. infelizmente, depois de vencer a competição ela foi flagrada em um exame antidoping para clostebol. mesmo sendo um doping involuntário, mesmo todos acreditando em sua inocência, ela recebeu uma suspensão de dois anos.

eu começava então a entender um pouco de atletismo lendo aquele jornal e apenas um dia depois tivemos todos a notícia chocante do doping. nosso país perdia um herói. o futuro era incerto para essa incrível atleta. lembro que fiquei extremamente triste vendo a chorar em entrevistas, acompanhando o caso nas semanas decorrentes. ela de fato não escapou da punição.

então eu comecei a saltar.

primeiro, no quintal da minha casa, medindo meus saltos com uma régua de 30 centímetros e vendo que eu era bom. depois na quadra da faculdade vendo que eu era realmente bom, recebendo parabéns dos meus colegas e nunca sendo superado por nenhum deles.

saltando, rompi os ligamentos do meu joelho esquerdo em 2004. Ok

logo melhorei e finalmente fui aceito no centro olímpico do Ibirapuera (no Constâncio Vaz Guimarães) na minha segunda tentativa. estava bem feliz e otimista mesmo tendo muita dificuldade para treinar: eu trabalhava de manhã das 08 ás 14 ia para a faculdade das 15 ás 18 e desembocava no Ibirapuera ás 18h30 para o treino. era muito cansativo.

etão lá estava eu treinando com todos aqueles negros. me saía melhor do que muitos deles. eles não gostavam de mim não só por ser branco, mas por ser homossexual, claro. eu não tomava banho com os outros depois do treino, porque eu sou tímido e porque eu não queria me expor a nenhuma situação desagradável. no fim do treino eu fazia um trajeto de uma hora e meia até minha casa, de ônibus. fazia isso todas as terças e quintas. eu ainda jogava handebol no time da faculdade ás segundas-feiras e voleibol ás sextas. tinha uma boa barriga, coxas e braços.

bom... tenho de terminar esse texto, certo? estou bem envergonhado... bom, eu vivo em um país onde jogadores de futebol assassinos são celebridades e onde as pessoas pensam que automobilismo é um esporte e que Ayrton Senna é um herói e ele NÃO é. não pude continuar treinando por causa disso. diz tudo.

então eu fui para casa.

então Maurren Higa Maggi saiu de casa em um belo dia do ano de 2005 e foi para a pista dizendo que queria voltar a treinar, depois de ter acabado o período de punição, depois de ter tido um bebê. virei tiete novamente. e então ela se tornou a primeira mulher brasileira campeã olímpica em prova individual da história. então eu não fiquei tão decepcionado assim no último domingo. então, não estou mais decepcionado.

18 de set. de 2010

BARBIE KILL



muito boa tarde, senhores churrasqueiros.



o email da juju mostra que o absurdo se tornou realidade. "churrasco nas dependências da empresa das 13 ás 17"



eu e a Yuri já estamos organizando a jogatina, o que caracteriza crime; por isso teremos uma advertência na segunda feira, graças á deus.



beatriz:

nós achamos que a senhorita deveria parar de tomar água de côco e vir buscar a sua carta de referência na sexta feira ás 14h00. assim você fará a juju trabalhar em pleno churrasco e ainda pode pegar carona no mesmo e ficar aqui jogando truco conosco até ás 17h00. além do mais você poderá desejar feliz aniversário para a igloo e trazer para ela um bolo em formato de igloo (será muito gentil da sua parte).



PROGRAMA DO CHURRASCO 2010!!!!!!



BEBEDEIRA DE HOMENS DESCLASSIFICADOS DA LOGÍSTICA

JOGATINA AGRESSIVA (COM DIREITO Á COLAGEM DE ZAP NA TESTA)

ZOAÇÃO COM A IGLOO

COMILANÇA DE CARNE DE CACHORRO, JACARÉ E OUTROS ANIMAIS PESTILENTOS DE ACORDO COM A CULTURA CHINESA

GANHAGEM DE BOLAS VAGABUNDAS DA ROSANA

DEMONSTRAÇÃO DE BRINQUEDOS HORROROSOS DA CHINA

FOFOCAGEM SEM LIMITES E SEM NENHUM BOM SENSO

DESLIGAGEM DE BEBEDOURO DIVERSAS VEZES DURANTE Á TARDE

CHUTAGEM DE BEBEDOURO PARA VER SE O MOTOR QUEBRA

YURI DEMONSTRANDO A DANÇA LAMBADA DANÇANDO COXA COM COXA COM O HONGZUO TENG

DESFILE DE ROUPAGEM DA JESUÍTA

'PARABÉNS A VOCÊ' PARA A IGLOO

SUJAGEM DE MESA COM LÁPIS E CANETÃO PARA O JOÃO DE BARRO LIMPAR

PEDAÇOS DE CARNE, GORDURA, LINGUIÇAS, PÃO, VINAGRETE E MAIONESE PELO CHÃO DE TODA A DEPENDÊNCIA DA EMPRESAAAAAAAAA

MATAGEM DOS GATOS QUE CIRCULAM PELA PORTARIA PARA INCLUIR NO CHURRASCO

CHUPAGEM NA LINGUIÇA DO SENHOR LUÍS PELA SENHORA JESUÍTA

OFICIALIZAÇÃO DO ROMANCE VIVIDO PELA IGLOO COM O SR INCRÍVEL

PASSAGEM DE GELÉIA NAS CARAS DE BOLACHA DA DONA BOCHECHA 1 E 2

ESPIONAGEM DE DONA BOCHECHA 1 E 2 NOS GRUPINHOS FORMADOS PARA POSTERIOR ADVERTÊNCIA E QUEIMAÇÃO DE FILME

INSERÇÃO DE LACRE DE CONTAINER NO BOLO DE ANIVERSÁRIO DA IGLOO



LEMBRANDO QUE TUDO ISSO ACONTECERÁ AO SOM DO CANTO DE JOÃO DE BARRO E STEVIE WONDER AO PIANO!!!!!!!!!!!!!!

6 de set. de 2010

BENTO RIBEIRO EM ALEXANDRIA

esse é o conto incluído do especial "manuscritos de alexandria" feito pelo marcelino freire e que está no ar no site da revista zunai. para + :
http://www.revistazunai.com/contos/index.htm



MINHA CAMA COM BENTO RIBEIRO
Hugo Guimarães



Eu me mumifico embaixo do cobertor e minha gata de cinco quilos descansa sobre o meu pescoço. Ela é um cachecol vivo. Eu finjo que são os braços de Bento Ribeiro. Eu sei que não são, assim como minha gata pesa três quilos e meio e essa porcentagem de peso a mais que me referi é a porcentagem do meu corpo que necessita o Bento. Ele me enforca. Não é exatamente o mesmo, mas é uma sensação. Ela anda sobre mim. E seus pés viram os braços dele como um asterisco vira uma tarântula. Eu sinto seus braços. Ele veleja sobre mim.
Quando eu deito aqui com o Bento nessa cama, não há Aspirina pouca que não funcione. Não há falta de Depakote que machuque. Não há variedade de Tamiflu que me assuste. Minha cabeça facilmente viaja enquanto várias coisas são azuis: Meu cobertor, a TV no escuro e os olhos da minha gata. Todo o azul está no olho azul dele onde todo esse quarto repousa e veleja dentro de uma meia lua azul.
Eu esfrego meus joelhos na cama. E eu movo como eu nado. Ele nem mesmo está nas minhas costas e eu o vejo pulando da TV imaginando como seria levar uma gozada de um homem daquele. Eu já engoli, eu já tenho o gosto de leite na minha mente, é crônico. E eu nado, nado... Ele só diz “Deixe o seu passado de orgias”. Ele não diz coisas como “Chegue mais perto do meu coração para saber o quanto sinto sua falta”. Ele nem mesmo canta coisas como “If you knew how much I need you, wouldn´t stay away”. Pixies em “la la love you”. Ele é perfeito porque ele fica com a droga da boca fechada e é assim que um homem de verdade deve ser: quieto. Quieto como a porra. A porra do silêncio das dez da noite.
Quanto mais poeira queima meu nariz torto dentro desse quarto, mais o mau parece estar do lado de fora, mãe. A porta do meu quarto com um pedaço quebrado porque eu não consegui ouvir meu pai quando ele me chamou. Havia música dos Pixies ecoando por todo o quarto quando ele quebrou a porta. Agora estamos em silêncio: eu, minha gata e o Bento Ribeiro. Estamos rodeados pela nuvem nociva de poeira que meu olho não pode ver, não tolera, não consegue mais: Meu pai e minha mãe.
“Pronto, mestre” como um cão obediente. Os trabalhos do meu intestino grosso obedecem ao seu trabalho. Não há merda nessa cama, nesse ensolarado novo dia, nesse fresco dia. Eu lavei meu cu e você me falou sobre a arte de lamber cu, Bento. Falou sobre a arte da pele lisa. Então eu fui até o lugar onde fazem isso. Fui depilar a coisa toda. Não há muitos lugares para depilar homens nessa bosta de cidade. Quase não há lugar para ficar bem liso nesse maldito país de três raças tristes. Poucos lugares para homens macios aqui nessa distância de Copenhagen. Nessa merda.
Sabe, eu nunca soube quais são as três raças tristes desse país... Eu pensei que era tudo uma tristeza só. Pensei que todos eram tristes. E no estúdio de depilação havia uma mulher escura horrenda. Grotesca como a forma que ela puxava a cera, mas lá eu estava finalmente, liso para o homem. Eu disse “Tenho um presente” e ele não estragaria tudo indo tão rápido assustando os trabalhos do meu intestino grosso. Ele tomou toda a sua cerveja preta no carro comigo. Um longo e longo beijo e eu estava com muita e muita dor de cabeça.
Muito idêntico sexo anal depois, eu disse á mim mesmo que não me importo com o futuro. Eu sou um animal. Eu sou um vendedor de sorvete. Eu sou um fã do Leonard Cohen (Ó, Meu Deus!). Quando meu vinil pulava enquanto ele cantava “Suzanne”, ele falava sobre Jesus. E Jesus era um vendedor. E eu era um vendedor de sorvete, eu era um vendedor de vinil, eu era um vendedor de coisas inúteis e sem valor, fadado á pobreza e á voltar para o meu marido rico. Bento, você é um animal também. E essa animalesca pobreza poderia ser amor, amor! Mas vim á saber que Jesus não era um vendedor, Jesus era um velejador em “Suzanne” quando o apático MP3 chegou em nossas vidas.
Então não éramos mais nada, sem nenhuma magia: eu era um velejador de sorvete, velejando sobre o seu tórax e sua barriga com todo o creme branco e doce. Velejando com a minha boca. Velejando sobre a sua saliva e suas ejaculações sucessivas, suas numerosas forçadas ejaculações. Essa barriga ficará seca. Esse oceano secará. Minha visão será melada e eu virarei um trator. Vou mastigar o seu mais seco dos paus. Eu vou ser um velejador de vinil... Na verdade não serei, isso é coisa para delinqüente.
Velejada. Não haverá velejada. Não se sou um pássaro preto trazendo comida para a sua boca rosa. Haverá vendas. Vendas porque a baía é podre para velejar. É vergonha. Cadáveres boiando e é porque a água é verde. Não há ar fresco. Não há liberdade. Não há homem salgado sem calça molhada. Fome.
A água vai podre para a baía e volta limpa para o escritório. O escritório onde eu vendo coisas para o meu aluguel e tudo mais. A água volta limpa para as fossas dos banheiros. Há paredes por todo lado. E há um homem em roupas formais. Ele se divide com um cinto porque ele é dois, contudo. Um livre e outro vendedor. Uma divisão clássica das cabeças de um homem e elas estão em lados diferentes do cinto. Esse homem tem o cabelo úmido quase o tempo todo. Eu nem mesmo sei se ele é feminino ou não. Ele coloca seu pau longo para fora e sussurra me pedindo para chupá-lo. Quatro glubs glubs, ele já goza e seu esperma pela minha garganta abaixo é uma onda, uma onda salgada. Não consegui ouvir a voz dele e ele não pode nadar. “Obrigado por nada” é o que o seu dedão e sua boca esticada de desaprovação me dizem. E eu digo “Volte ao trabalho” com a minha piscada e o meu sorriso falso.
Tudo em seu devido lugar assim como eu posso imaginar a foda dupla: O diretor e o faxineiro me fodendo. O diretor fode minha boca e o faxineiro fode meu cu. Por quê? O cu é sujo e a boca pode dizer coisas, tem voz. O diretor goza no chão e eu cago na camisinha do faxineiro. E ele tem que limpar tudo. Mas não há diferença, não há privilégio nesse selvagem lugar chamado escritório, tudo aqui é justo: o diretor e o faxineiro tinham paus do mesmo tamanho.
Eu volto para casa ao pôr-do-sol e nenhum pau é mais gostoso que o do Bento Ribeiro. Nessa casa. Nessa cama. Então eu fui comprar coisas para ela.
Mais uma queda da noite e mais treino para engolir esperma. Mestre ao fundo. De novo o espancamento seguido pelo derramamento na goela abaixo. Outro dia, foi o teste de sangue: De novo a ação bareback, mas era o casamento da tal ação. Tão mal abençoada como casamentos religiosos: houve foda antes. Houve outro bareback antes. Viemos do doutor para casa como um trem-bala. Uma foda de estaca, de trem-bala. Um susto fácil, um susto leve, um sentimento leve.
A noite cai de novo e eu é que tenho mais uma nova velha escoriação. Seus socos quando seu pau está dentro de mim e você me vê gozando assim, enquanto você me acerta e me acerta. Um sentimento amortecido. Um sentimento velho.
Sabe, quando Elvis Presley parou de dançar balançando a pélvis daquele jeito, eu acho que nenhum homem conseguiu ser tão interessante. Os sabores são muito iguais. Eu temo que todos os homens hoje tenham o gosto do Brandon Flowers. Eles são Lego. E eu sou cego.
Na verdade eu não consigo olhar para a face deles. Eu não consigo olhar para os olhos e não se olha a face se não olhar os olhos. Mesmo quando eu vejo o Brandon na TV e seus olhos penetram a câmera e eu penso “Que homem quente...”, eu não consigo olhar para os cópias dele que andam pelas ruas. Eu não consigo olhar aqueles misteriosos homens que atravessam a rua por debaixo das pontes com a metade do sol em suas faces. Eu não consigo olhar para os olhos de um homem muito belo, porque eles se quebram como um espelho se quebraria com feiúra. Eu evito tal constrangimento. É a distância de Elvis: Os homens não conseguem se olhar nos olhos.
Então eu decidi pirar nos últimos dias, Bento. Eu entrei pelas portas da MTV tão amistosamente com a minha arma. Eu subi tão docemente pelas escadas. Eu usava botas. E eu invadi o show do Bento Ribeiro. Eu mostrei minha arma. Eu não disse nada, mas disse á garota do show: “Agora eu vou fazer o que você tem medo, sua frouxa!”. Deitei Bento no chão com a ponta da minha arma e disse “Chupa meu saco suado, seu putinho!”. Esfreguei meu saco na cara dele como nunca. Eu não o beijei, eu procurei seus dentes do fundo com a minha língua e o segurei pela mandíbula. Encontrei tais dentes e os lambi e lambi. Rasguei sua camisa e seu terno de morto e lambi seus peitos como nunca fiz. Chupei e mastiguei os mamilos como nunca. Eu tinha raiva. E eu olhei bem dentro dos olhos dele, com muita raiva. Tirei suas calças e eu nunca fui tão desavergonhado e agressivo com um pau na boca, olhando bem dentro dos olhos dele. Todos nós sabemos como chupar um pau como uma puta bem vulgar, mas temos vergonha de demonstrar tal talento. Eu não tive nenhuma, cheguei ao seu reto e ao seu ânus e ele não queria abrir as pernas. Minha língua insistia e insistia, como um inseto transportando dezenas de vezes o próprio peso. Eu me despi e meus intestinos não tinham obrigação nenhuma. Eu sentei nele e eu não murchei minha barriga. Eu não fingi nenhuma dificuldade ou dor. Eu sentei nele como uma puta. E eu senti ele gozar. Eu levantei e disse a ele “Só não caguei em você porque você é muito lindinho”. Então eu fui embora para a minha casa de arma, cuecas e botas.
Agora minha gata está tomando banho em cima de mim. A bosta dela está na areia e eu limpo quando eu quero. Essa é a minha solitária vida e eu adoro.


*

4 de set. de 2010

UM DIA NA VIDA

hugo guimarães
27.08.2010
09h08
abertura de planilha de atividades diárias 27.08.2010
checagem inicial de email
bilhetagem, risadas
atrasos frequentes
cumprimento de advertência
churrascos podres
contenção de desejo de assassinato
rastreamento constante e estressante de bolas coloridas da rosana
revolta
ira
vontade de dormir
vontade de ir embora
almoço despedida da beatriz
volta ao trabalho com lágrimas escorrendo pelo rosto
criação de documento para dispensa vitalícia de beatriz
cancelamento da férias da igloo
checagem de emails de piadas da eliane
bla bla bla
consulta de disponibilidade de pagamento com a juju
certeza de pagamento só depois da meia noite
comida de rabo da senhorita bochecha na senhorita yuri
revolta
ira
desbunde
sono
início de planejamento de greve geral da importação
arquitetura de plano de furagem de todas as bolas coloridas da rosana
tomagem de café
tomagem de água
tomagem de chá
começão de waffle de limão que a senhorita yuri trouxe irresponsavelmente, ignorando minha necessidade de regime
planejamento de agressão super violenta contra a 'guarda chuva aberto'
tiragem de maçãs da mochila
boicotagem junto á transportadora para evitar o recebimento das bolas da rosana
contratação do comando vermelho para interceptar a carga de bolas da rosana
distribuição das bolas da rosana na favela do buraco quente para crianças carentes
enrolação até a hora de ir embora
corrida para a porta depois do sinal
tchau.