“quando se é rico, é sempre natal” frase de fim de
ano de hugo guimarães.
hoje vi um filme nacional chamado ‘cores’. filme em
preto e branco, mesmo com esse título. talvez houve algumas partes coloridas. houve
ou houveram, não sei. ainda não sei diferenciar 'houve' de 'houveram', ou quando
usar 'houve' e 'houveram'. talvez por isso eu seja recusado mais uma vez no vestibular
na universidade de são paulo, que acontecerá em muito breve. talvez o final do
filme foi colorido, com os três ovos fritando. acho que as gemas estavam
amarelas.
o filme, outra tentativa de pessoas ricas,
cineastas ricos, em retratar a realidade da classe média baixa paulistana. mais um
tiro pela culatra. a começar pelos atores que fazem os três ‘fodidos’
protagonistas: a garota é interpretada por uma atriz de ascendência romena, com
um belo corpo. será que as barangas fodidas e pobres de são paulo são assim? não,
não são. e os garotos? interpretados por atores muito belos, altos, com traços
que beiram a perfeição. um ator se chama pietro e o outro, acauã, nomes típicos
de burgueses. será que os meninos jovens pobres e fodidos de são paulo são
assim? não, não são. os meninos pobres e fodidos da classe média baixa
paulistana se parecem comigo: são anões, tem a testa imensa e o nariz torto.
outro tiro pela culatra: a protagonista trabalha
como balconista em um pet shop e mora em um apartamento bonitinho com sacada em
frente ao aeroporto de congonhas. será que uma balconista de um pet shop pode
pagar por um lugar assim? não, não pode, senhores ricos cineastas. eu mesmo,
que passei oito anos em uma faculdade que detestava, falo três línguas e
trabalho em uma multinacional japonesa, só consigo pagar por um muquifo de 30
metros quadrados no meio da cracolândia. não há quarto, sala ou cozinha aqui. é tudo um ambiente só, um ambiente terrível: a instalação elétrica é precária,
posso morrer queimado aqui se haver um curto-circuito, ou se houver um curto circuito;
o encanamento também é precário. Esse lugar onde moro, parece um caixão de
concreto.
dei de presente de natal ao filho de puta do proprietário do
lugar onde moro um longo email que perguntava entre outras coisas “não deve
mais haver pessoas para enganar e explorar na itália, não? por isso vocês vêm
para cá nos explorar e nos enganar”
no final do ano há sempre de se fazer
retrospectivas? sim, há, não? 2013 foi um ano estranho para mim. começou péssimo,
com muito álcool, muita cocaína, outra tentativa de suicídio, três cirurgias
decorrentes a essa tentativa, mas posso dizer que terminou bem: recuperei a boa
saúde, consegui um novo emprego, parei de beber e parei com as drogas. após
três anos, voltei a treinar voleibol e é tão difícil voltar a treinar qualquer
coisa... treino duas vezes por semana e tenho dores no corpo inteirinho...
fiz dois filmes em 2013. dois curtas: um como
protagonista e outro como coadjuvante. finalmente lancei meu livro de contos, que honestamente desconfiava que jamais seria publicado. precisa falar do
sucesso? do resultado? parei para pensar sobre a diferença de 20 pessoas ou de
20.000 pessoas comprar o seu livro e reconhecer o seu talento. não há
diferença, na verdade. 20 pessoas leram o meu livro e reconheceram o meu
talento. é o suficiente, é injusto querer mais. será que mereço mais? não sei... talvez eu já tenha o meu talento e não preciso de mais, talvez eu esteja mesmo
condenado á pobreza, a lutar contra a depressão e a insanidade, condenado a
minha baixa estatura, a minha testa imensa e ao meu nariz torto. talvez eu deva
aceitar isso, finalmente.
qual o melhor filme que viste esse ano? um francês
chamado “mouton”, na mostra internacional de são paulo deste ano
o melhor de terror? até agora, o “the haunting”
original de 1963. ainda tenho alguns dvd's que comprei para ver.
qual a melhor banda que conheceste esse ano? uma banda
de bofes do kentucky chamada “slint”
pensei em escrever um conto de natal, como fiz no
ano passado. aquele conto que publiquei no ano passado se chama “ovos”, é sobre
uma ceia de natal em família em que participo que dá bastante errado por eu
jogar ovos em toda a família devido a minha deteriorada condição psicológica.
nesse ano pensei em criar um conto sobre uma ave de
rapina treinada para roubar panetones, mas ando cansado, sabe? e acho que não sou
bom em escrever coisas com humor. como diria o santiago: “vamos deixar a ideia para
o ruffato aproveitar”.
no final das contas, do ano, o corretor ortográfico
do microsoft word acaba me ensinado quando usar 'houve' e 'houveram'. no final das
contas, creio que serei sim aceito pela universidade de são paulo dessa vez. no
final das contas, creio sim que escreverei mais livros que serão lidos por mais
que 20 pessoas.
“MEUS MELHORES ANOS AINDA ESTÃO POR VIR” (serena williams,
2007) serena estava certa em 2007. essa, é a minha frase de ano novo.
XOXO
2 comentários:
saying hello to you
hello, antônio!
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