não é possível contar histórias sem imagens? parece que só é possível contar histórias com imagens. em 1912, as pessoas
contavam sobre suas férias com relatos, com cartas. se eu apenas escrevesse
sobre as férias, as pessoas pensariam que eu não tive férias, assim como a
garota holandesa;
minhas férias começam aqui, quando comprei
um cartão de memória novo. o que possibilitou que eu pudesse sempre tirar fotos
e não perdê-las depois, visto que meu cartão de memória anterior estava
corrompido.
logo após a compra do cartão, subi a escada
rolante com um café do mc donalds para uma das minhas 19 sessões que
vi na 38ª mostra internacional de cinema de são paulo.
uma sala de cinema:
além de treinar e ver filmes, a coisa que
mais fiz nessas férias, definitivamente, foi dormir.
a lebedeva também:
aqui, escovo os dentes antes de ir para a
sessão de ninfomaníaca (long version).
aqui, listo o meu top ten da mostra deste
ano:
01. ANNA (ITA, 1975, dir: massimo
sarchielli, alberto grifi)
embora eu tenha conhecido duas atrizes
fenomenais nessa mostra (isabelle hupert e geraldine chaplin), aqui nós temos
“the real thing”: anna, uma adolescente de 16 anos grávida e viciada, e que em
determinado momento, infesta o filme de piolhos. nunca pensei que colocaria um
documentário em primeiro lugar no top ten de uma mostra, mas não tive escolha. anna tem quase quatro horas de duração e fica longe de ser cansativo, mesmo
filmado em preto e branco e com má qualidade de imagem na segunda metade (há de se perceber que não só a imagem piora, mas anna também piora progressivamente, coitada) o filme está longe de ser óbvio, didático. pelo contrário, é inventivo,
esquisito. o diretor toca no seio de anna. filma anna durante o banho. e nada
disso parece sexual. eles parecem tratar anna como uma criança o tempo inteiro. pelo menos senti assim. fora o foco principal
que é a garota, o filme também traz jovens discutindo sobre política em
diversas passagens, jovens esses do convívio pessoal de anna, mas que falam
sobre muito mais coisas além da protagonista quando são indagados. o filme
também serve de documento da situação política da Itália e do mundo em 1975. eu
gosto do final onde anna entra em um hospital para o parto e depois disso não
há mais nenhuma imagem dela disponível. em uma matéria sobre o filme que li, o
diretor conta que a última vez que falou com a anna foi quando ela ligou de uma
clínica psiquiátrica aos prantos, implorando para que ele a tirasse de lá. arrume um tempo para ler a matéria completa, ou para ver o filme:
definitivamente acho uma tamanha injustiça
chamar esse filme de “lars von trier for dummies”. acho que o próprio Lars deve
ter ficado decepcionado em ouvir algo assim sobre seu mais recente filme.
03. A PROFESSORA DE PIANO (AUT/FRA, 2001,
dir: michael haneke)
por falta de conhecer bons atores na mostra
do ano passado, nesse compensei conhecendo duas atrizes incríveis. uma delas é isabelle
hupert. claro que o filme é ótimo, claro que o michael haneke é ótimo, mas a Isabelle
hupert É esse filme, o filme é só ela.
04. DÓLARES DE AREIA (DOM, 2014 dir: israel cárdenas
/ laura amélia guzman)
a outra atriz incrível que conheci nessa
mostra foi geraldine chaplin. é louvável o quanto ela é expressiva, vi isso em
poucos atores em cinema. o filme na verdade é sobre o quanto as pessoas se
deixam enganar e o quanto gostam de se enganar. pena que só passou uma vez, no
dia do encerramento da mostra, eu só consegui ver na repescagem.
05. CASSIA (BRA, 2014, dir: paulo henrique fontenelle)
não costumo dar nem mesmo quatro estrelas
para documentários, mas além do “anna”, este também gostei muito. quase
me levou ás lágrimas. e a informações super interessantes da carreira da cássia.
06. QUANDO OS ANIMAIS SONHAM (DEN, 2014,
dir: jonas alexander arnby)
o diretor jonas alexander arnby já trabalhou
na equipe de lars von trier em alguns de seus filmes. ele deve ter aproveitado
bem a experiência... esse é seu primeiro longa.
07. FALANDO COM DEUSES (VÁRIOS, 2014)
essa é uma bela coleção de curtas de vários
bons diretores mundo afora. cada um deles filmou um curta que tinha como tema
uma religião. amos gitai, arrasando como sempre em um único plano-sequência
sobre o judaísmo. o último, do mexicano
guilhermo arriaga, sobre o ateísmo, também é deslumbrante. destacou-se também o
espanhol alex de la iglesias, bom como sempre. os outros, alguns apenas bons e
outros regulares. no conjunto, acabei dando quatro estrelas. de chato, apenas a
organização não ter reservado a primeira fileira para os convidados especiais
(bárbara paz entrando e saindo da sala mil vezes e o babenco). de chato também
apenas não ter ninguém da mostra para recolher os votos ao final da sessão
(tenho a impressão que eles enfiam esses votos no rabo!).
08. BAAL (GER, 1969, dir: volker schlöndorff)
legal ver o rainer werner fassbinder arrasando
na pele do poeta baal hehe. eu gosto de ver diretores atuando com essa entrega. além de ser uma sucessão de poemas (interessantes até) e sucessivas situações em que baal fode a porra toda, tem o som. a trilha sonora de rock também é foda! além disso,
tem toda uma atmosfera de filme independente e underground, que adoro.
acho que o alex de la iglesias é meu diretor
espanhol favorito. gosto do estilo despojado e delirante dele. acho que é
possível defini-lo com uma mistura de mojica com sam raimi: ideias amalucadas,
mas com um ritmo de desenho animado. veja o “acción mutante" (1994) e comprove.
10. AS PONTES DE SARAJEVO (VÁRIOS, 2014)
a mesma ideia de “falando com deuses”. vários
diretores, mas aqui falando sobre os conflitos locais em sarajevo. aqui quem arrasa é sergei loznitsa
(com um estonteante curta mudo com imagens belíssimas) e jean luc-godard. quem é
foda é foda, né?
***
esporte: bem, eu também tirei férias para
competir no biffe de atletismo como eu havia dito, como eu havia me preparado. porém
uma semana antes, surgiu outra competição, os jogos da liga, que acabou me
proporcionando o meu melhor desempenho no ano em uma prova que treinei apenas
duas vezes para competir: o salto triplo. os jogos da liga é uma competição
mais forte onde atletas da USP inteira competem, diferente do biffe, que é um
inter de atléticas menos fortes. tanto que no biffe sequer tem o salto triplo
justamente por ser uma prova difícil e não é qualquer um que consegue ou se
dispõe a fazer. só de estar lá competindo, já fiquei feliz. além disso, fiquei
em sexto lugar na competição ficando apenas atrás de atletas da poli e da FEA e
ainda superei o kazuyuki tateoka do IME que é o recordista do salto em distância
do biffe. veja o vídeo do meu último e melhor salto em que cravei 11m05.
abaixo, o meu segundo melhor salto, qual você prefere?
ao finalzinho do vídeo, você vê o atleta da FEA passando na frente da câmera. devo confessar que passei dias sonhando com a bunda dele. my fucking god...
com apenas dois treinos, creio que fui muito
bem e decidi fazer do salto triplo a minha prova principal. tenho muito a
melhorar se você observar esses vídeos. tenho condição de fazer uma corrida bem
mais rápida e fazer muito mais força no primeiro salto, quero conseguir colocar
o joelho lá na frente no segundo salto e preciso melhorar minha finalização,
que é minha maior deficiência, além de melhorar o approach na tábua, claro (de
12 saltos que fiz esse ano, queimei 6, é muita coisa...). melhorando esses
pontos, creio que já consigo superar os 12 metros no meio do ano que vem
para uma das etapas do TUNA e para a COPA USP. vamos aguardar.
no biffe, o dia foi de fossa. só havia o
salto em distância para competir. a prova estava muito fraca no começo, apenas
4 atletas superando os 5 metros... queimei o primeiro salto e o segundo,
queimei com a pontinha do pé e fiquei bem decepcionado, pois o salto media bem
mais de 5 metros. tive que fazer um terceiro salto muito conservador e com pura
força para marcar. infelizmente só marquei 4m84. naquele momento, era o sexto
melhor salto, mas aí dois meninos me superaram e para completar, o eduardo,
também da FFLCH saltou 4m85 (isso mesmo, apenas um centímetro a mais) e me
tirou da final. eu tinha plenas condições de levar a medalha pelo que
demonstrei, notei que no segundo salto, até as árbitras fizeram uma cara de “ai
que pena...” quando viram que o salto foi muito bom e queimei por tão pouco...
mas no próprio domingo já chorei tudo o que eu tinha que chorar e bola para frente. ano que vem quero arrasar no triplo e vou voltar também para fazer o
salto em distância no biffe, só que dessa vez, para vencer. veja uma imagem da
competição desse ano como recordação, é o inicio da minha corrida:
***
lebedeva: essa, finalmente foi ao médico. fez
um hemograma que está melhor que o do dono, fez uma ultrassonografia que fez com
ela ficasse com a barriga depiladinha para o verão e dois raio X, que
encontraram um corpo estranho em sua traqueia, por isso ela tosse tanto. dei remédio
por 5 dias, não adiantou e amanhã a gatinha voltará ao vet para passar por um “procedimento”
para retirada do corpo estranho. coitadinha da gata... e coitadinho do meu
bolso!
XOXO