acabo de voltar do cinema e acho que estou cansado de ver esses andinos na cozinha o tempo todo ouvindo música sem fones de ouvido. pensei em comprar muitos iogurtes no supermercado e muito refrigerante também, custam a metade do que custam na padaria, mas meu espaço na geladeira é muito pequeno. eu tenho uma geladeira, tenho sim. tenho uma máquina de lavar também, minha tia me deu. estão no quintal da casa da minha mãe. acho que seria melhor alugar um lugar menor só para mim em um bairro com nome de fruta talvez, onde é difícil levar um homem, explicar o endereço, mas. ok, moro nessa puta casa grande e bonita há mais de um ano e ainda não consegui descolar uma droga de namorado para me visitar aos fins de semana. contudo, apenas há muitas horas em que não quero ver ninguém e tratando-se de hugo guimarães, isso acontece muitas vezes.
minha gata, minha única amiga, vomitou nesse exato momento e eu disse a ela "parece que você faz de propósito só para tirar minha concentração ao escrever". sobre ela, a gata, em um lugar só meu, eu não teria de explicar o tempo inteiro por que ela tosse tanto. em tal lugar, eu poderia observá-la morrer em paz. é triste, mas eu sei que ela já começou a morrer, minha única amiga...
estive doente desde sábado, 27 de maio até última sexta feira. problemas com o meu estômago. estive sem treinar atletismo desde então. melhorei no sábado após passar cinco horas no hospital recebendo medicação para dor. minhas pequenas férias do treino terminam hoje quando decidi ir ao cinema. está acontecendo nessa cidade o "in-edit brasil", um festival de documentários sobre música. além do Dylan, o que realmente me chamou a atenção foi um documentário sobre o anjo do Elliot Smith chamado "heaven adores you" (e.u.a. 2014, dir: nikolas rossi). não é possível sentar-se ao lado de um senhor de idade no hall minutos antes da sessão sem que ele comece a conversar com você e criticar a sua geração e os ídolos da sua geração como o Elliot ( ele estava segurando um ingresso para ver o heaven adores you enquanto conversava comigo ). que geração? eu sou um adolescente dos anos 90, não sou da geração brittney spears, mas isso faz alguma diferença para um senhor de idade que pensa que todos os jovens são um bando de idiotas? mais que isso: idiotas tristes. ele dizia que histórias que chamam a atenção de jovens nos dias de hoje, são histórias de depressão e tristeza (sim, a sala estava lotada para ver o documentário sobre o Elliot). musicalmente, ele ainda disse que esses ídolos contemporâneos de hoje, como Elliot, são reconhecidos pela desconstrução, não pela construção, ao contrário dos ídolos da geração dele. provavelmente, ele ia começar a falar sobre o Dylan quando eu me levantei e disse que queria pegar um bom lugar na sala. não, no cinesesc não tem lugar marcado. sim, eu não gosto de conversar, por isso que não tenho nenhum amigo e sempre vou sozinho ao cinema.
e é isso, minha vida começou a passar pelos meus olhos ao invés da vida de Elliot. tenho observado que durante sessões de cinema, eu começo a pensar na minha própria vida obsessivamente e perco muito do filme. a experiência humana na tela é muito rapidamente comparada a minha própria experiência e a minha própria realidade. eu lembro de Elliot com sua antiga banda dizendo coisas como "não devemos tentar fazer ou ser de determinado jeito para chegar a algum lugar, porque não vamos chegar a lugar algum mesmo, então é melhor fazer só o que queremos fazer". acho que é exatamente o que eu faço como escritor, que é o que sou. não sou músico como sempre sonhei que seria, não sou ator e não sou atleta, eu sou um escritor; é o que eu tenho feito e melhorado desde que eu tinha 13 anos de idade. por que ninguém me conhece? por que não estou em uma editora grande? porque não era pra ser e isso é tudo. apenas como existem bons, muito bons engenheiros que projetam edifícios que caem e matam pessoas. a parte triste é que eu tenho tentado fazer tantas coisas diferentes para tentar esquecer, para não aceitar que sou apenas um escritor, porque isso é muito insignificante (aliás, insignificante é ser um escritor insignificante, não ser um escritor em si). eu via Elliot, a cena hard core da cidade de portland e todas aquelas pessoas jovens juntas, em pequenos bares, no underground; mas isso apenas não existe na literatura, não existe nem mesmo ground aqui, quiçá underground. ela é uma arte morbidamente solitária, estou prestes a publicar meu terceiro livro, eu o li mais de dez vezes, ele me faz chorar, me faz tão orgulhoso, mas esse livro é tão pequeno, mas tão pequeno que me faz sentir inútil, faz com que meu talento pareça tão inútil.
se você gosta de um anjo como o Elliot como eu gosto, esse documentário traz detalhes do começo de sua vida, coberturas de seus excelentes discos, mas nada, quase nada sobre sua macabra morte (ele se golpeou no peito duas vezes com uma faca). sim, eu pensei em convidar o meu ex namorado christian para assistir a esse documentário hoje comigo, porque dei a ele de presente de dia dos namorados na época, uma cópia do álbum "figure 8" do Elliot. christian não me deu nada naquele mesmo dia. provavelmente porque só eu acreditava que eu era seu namorado, mas eu era apenas um passatempo para as noites de quarta feira. ele nunca me via aos finais de semana. eu era o passatempo enquanto ele esperava que seu ex namorado murilo voltasse para ele. dias atrás, encontrei o tal murilo no tinder, passei o dedo para a direita, mas não houve combinação. claro, por isso que eu sou o passatempo e ele é 'o' garoto. murilo, é mais rico, de melhor família, é mais bonito e possivelmente deve ter o pau maior que o meu, mas isso não fez com que eu me golpeasse duas vezes no peito com uma faca, baby. a merda da cópia do "figure 8" agora, deve estar jogada no chão da casa do christian junto com algum resto de maquiagem.
enquanto isso, observo meu rosto morrer. sim, meu rosto está morrendo e quer saber por quê? nunca há ninguém comigo em situações felizes para fotografá-lo. sim, não tenho amigos ou namorado para tirar fotos de mim e eu não sei tirar boas selfies. veja essa:
então a juventude morre, morre o rosto; mas eu mesmo já estou morto. já disse isso aqui antes, quando você faz 30, você já se sente morto e quer saber por quê? todas as coisas que você sonha para a sua vida, são coisas que uma pessoa jovem faz, é o que você sonha quando é criança.
*homens
*uma semana doente e uma semana sem sexo e eu me sinto muito melhor, muito melhor do que ter de chupar um cara o qual percebo que tem nojo de me beijar e eu o chupo porque gosto e isso é o pior.
*sinto-me melhor, mas não consigo ser um homem romântico. não posso contemplar um homem muito belo do meu convívio social e apenas ser agradável e gentil com ele, tentar me aproximar, tentar conversar para investigar se existe alguma possibilidade de convidá-lo para sair e sabe por quê? quando chego perto dele, não sinto inveja de sua beleza, sinto ódio, um puta ódio de sua beleza, tanto que apenas viro as costas.
*acho que coisas assim acontecem ou sinto coisas assim porque meu rosto está morrendo ou porque estou já todo morto. acho que é por isso.
bem, não pude ver nada do festival do panorama do cinema suíço contemporâneo de são paulo na última semana porque eu estava doente, mas consegui ver um muito bom do festival "cinema contemporâneo do quebec", que aconteceu nessa cidade de 24 de junho a 1º de julho. lendo as sinopses, fui levado ao "3 histoires d'indiens" e o diretor robert morin estava na sala para apresentar seu filme, e eu gosto muito de ver diretores apresentando seus filmes. eu ainda quero morrer por ter perdido geraldine chaplin falando sobre o 'dólares de areia' nessa mesma cidade, naquela mesma sala no ano passado.
no canadá, assim como em outros países da américa e no brasil, os povos indígenas tem direitos por uma parte do território. no canadá, o terrítório dos índios fica em uma área concentrada e não em áreas separadas distribuídas pelo país. robert disse que isso acontece para que os índios possam viver entre os seus similares para que não percam a cultura e também disse que esses índios não estão presos ou restritos a esses territórios. porém, a triste realidade é que eles migram desses territórios para sobreviver, e acabam vivendo marginalizados em grandes centros urbanos trabalhando com reciclagem ou como empregados domésticos. há também no filme, o chocante ritual religioso das meninas índias, onde elas queimam a sola dos pés na brasa e depois fazem buracos em um rio congelado e mergulham o pé lá dentro. nunca pensei que índios viviam no gelo. esquimós, mas não índios. será que esquimó é um tipo de índio? bem, não sei, mas eu sei que é difícil viver na marginalidade, em um lugar onde você é diferente dos outros. ás vezes, sim, eu quero explodir uma filial do wall-mart.
elsewhere:
no último vinte de junho sim, eu competi minha primeira competição master de atletismo, o I festival de atletismo do cepeusp 2015. ganhei quatro medalhas bem bonitas. a competição foi fraca e não consegui fazer marcas boas. das quatro, foram 2 ouros (salto em distância e revezamento 4x400m), 1 prata (arremesso de peso) e 1 bronze (100m rasos), todos na categoria 30 a 39 anos. sim, tive de parir um selfie bonitinho para mostrar as medalhas:
a melhor parte, a melhor vitória, é ver pessoas de mais de 60 anos fazendo esse esporte incrível com tanta paixão e alegria. a melhor vitória foi ter decidido que eu quero treinar e competir esse esporte pelo o resto da minha vida.
veja mais:
http://www.cepe.usp.br/?news=i-festival-de-atletismo-movimenta-pista-do-cepeusp
ah! no mesmo vinte de junho, a fflch perdeu a semi final da copa usp de voleibol para a escola fascista politécnica. aliás, sim, a fflch perdeu, eu não perdi nada, pois fiquei no banco o tempo inteirinho, pois o treinador não me julga capaz de entrar em quadra em um jogo difícil por apenas um minuto. afinal eu só sirvo para cobrir faltas dos titulares. não é injusto, mas não é bom para o meu ego. abandonei a equipe de voleibol da fflch por tempo indeterminado. preciso me dedicar ás minhas prioridades, tenho um recorde para bater em outubro.
XOXO
Nenhum comentário:
Postar um comentário