17 de out. de 2015

BLACK CHRISTMAS



esse sou eu, lendo um pequeno trecho do meu livro novo, a ser lançado muito em breve. tive de tentar duas vezes. tentar fazer o vídeo. parei na segunda tentativa porque eu vi que seria inútil insistir. minha voz é muito exótica. nunca gostei dela. minha narina esquerda está quase obstruída desde que eu era adolescente, provavelmente depois de uma briga, onde levei uma bela surra de uma garota duas vezes maior que eu. só descobri que a narina está nesse estado hoje, há poucos meses. se eu apenas tapar minha narina direita com o dedo, eu posso perceber facilmente o problema, mas isso nunca me ocorreu em quinze anos. eu me lembro da palavra ‘mulher’ e a ‘sócio-política’, acho que se a vida é mesmo uma pessoa, como já escrevi sobre por aqui, ela é uma mulher, e isso é um agravante que ajuda a justificar por que não gosto dela. visto que gosto menos de mulheres do que gosto de homens em geral, e isso é por causa do meio social, político e moral no qual eu fui criado, não é minha culpa. veja só o estado na minha narina esquerda...

você se enxerga? eu tenho problemas em me ver, me identificar neste vídeo. não se parece comigo. eu não esperava que eu era assim. a voz extremamente anasalada, como tenho de me esforçar para manter a sobrancelha baixa, o quanto eu leio prosa como poesia e isso é cafona, bem, e o quanto eu gostaria de ser mais masculino. até que percebi que, vendo o vídeo, essa figura não se parece com a pessoa que escreveu este livro, ‘o tiro de um milhão de anos’.

Imagem.

bem, eu deveria ter imagens, mais do que uma, para mostrar como foi o biffe de atletismo, mas não tenho. satã mandou alguns atletas muito bons para a competição domingo e eu terminei em quinto lugar. 5,34m, looonge do recorde. então apenas fui embora para casa, muito irritado e triste. depois de todas as provas, haveria a cerimônia de entrega das medalhas, uma festa, um churrasco talvez. mas eu apenas fui embora para casa chorar. não consigo chorar. passei a tarde inteira tristíssimo, mas não consegui chorar. assim como minha personagem corvo, eu não consigo chorar. em alguns momentos naquela tarde, eu senti um embrulho no estômago e uma vontade de por para fora como se fosse um vômito (mas era o choro). tentei forçar o choro a sair, mas não saiu. nem uma lágrima sequer.

no dia seguinte, eu comecei a perceber que aquilo era só uma competição, ou uma festa. como o natal. visto que treinamos o ano inteiro para o biffe, assim como trabalhamos e somos bonzinhos para o papai do céu o ano inteiro, para então encontrar os parentes no natal e celebrar por. infelizmente, no biffe eu fui o tio bêbado que fez uma cena no meio ceia e passei a meia-noite no hospital tomando glicose na veia, enquanto os outros se abraçavam. mas não é só pelos abraços, ou pela vitória. eu tentei, tentei mesmo mas. não deu certo. agora eu já posso começar a reparar erros do passado, como não ter feito minha necessárias cirurgias nos joelhos e no nariz, que não fiz antes este ano por estar treinando para o biffe de atletismo.

estou tentando, tentando muito pensar que não sou o 'dom casmurro' do atletismo. tentando recuperar ou refazer a juventude na velhice, tentando ser o atleta que eu deveria ter me tornado quando eu era adolescente. estou tentando agora pensar que estou apenas me preparando para ser um bom atleta master. vou fazer minhas cirurgias logo, e vou continuar treinando.

escrevi um poema ontem, em inglês:

“Men”
A man is just a man and
A man is just one man
And that’s why I never get a boyfriend.

eu gosto de colocar o poema aqui. o facebook perde os poemas. não que esse blog seja mais durável que o facebook. Aliás, há um trecho do meu livro novo que diz: “se você acha que a internet é mais forte que os dinossauros, você está errado!”.

ainda sobre homens e o meu problema de reconhecimento da própria imagem, cito que após ser aceito por um lindo homem, eu teria de aceitar a mim mesmo depois, e isso seria muito mais difícil. é exatamente o que acontece com a minha personagem, cracolene, no meu livro novo, no momento em que ela se sente confortável com a própria morte.

eu ainda escreveria sobre cinema, mas o farei no próximo post. falarei sobre a estreia do “feeling blue” (curta metragem filmado em 2013, o qual protagonizo) que será hoje, e também falarei sobre a 39º mostra internacional de cinema de são paulo.

“Christmas”

Love was hard to find
But we have
Love was hard to find

(Lori Carson)

“White Christmas”

I'm dreaming of a white Christmas 
Just like the ones I used to know 
Where the treetops glisten, 
and children listen 
To hear sleigh bells in the snow

(Irving Berlin)





por favor, venha comer castanhas na minha festa de natal pessoal.


XOXO.

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