o habitat
não há leitores no ambiente
em que vivo. neste país, nessa cidade. isso invalida, inutiliza até, a minha
tentativa de atingir o público. é um público minúsculo. o de literatura. acho.
as grandes editoras é que são profissionais em garimpar esse público. e
toma-lo. para mim, que não sei como, é um trabalho quase impossível.
deste ambiente, das pessoas
que consomem a literatura, muitas delas não a entendem, imagino. como “formar”
leitores em um país onde a educação é tão ruim? onde a capacidade intelectual
da maioria da população é tão baixa devido a isso?
a
literatura neste espaço então limita-se a uma troca de favores? onde escritores
consomem a literatura uns dos outros? há também uma importante forma de
divulgação que é conhecer pessoas. conhecendo pessoas, você pode sim aumentar o
número de pessoas que pode ter acesso a sua literatura, e não entende-la. há
sim, nos eventos literários, mesas por aí. pouco ou nunca sou convidado para
nada. talvez porque não frequento os bares da vila madalena. nada contra. apenas
falta ânimo. desses eventos, por mau, enxergo dois tipos de público: um que não
entende nada ou pouco do que está acontecendo, do que está sendo dito, e o
outro, que é formado por geniozinhos que se acham mais espertos do que os
escritores que estão em cima do palco, e que demonstram em suas perguntinhas
geniosas que aqueles pobres escritores que estão ali, não são bons o bastante
para eles. lembro da minha mesa no festival mix brasil em 2013, prestes ao
lançamento do meu livro “o estranho mundo”. marcelino freire estava mediando a
mesa com escritores desconhecidos, eu inclusive, daí em certo ponto uma gay
desagradável na platéia fez uma pergunta para o marcelino, como se os convidados que estavam ali não eram interessantes o bastante, tinham de fazer o
marcelino falar para a mesa ter alguma graça. depois da mesa, indo para o bar,
ainda tive de aturar a luciana penna comentar “marcelino, se não tivesse você nessa
mesa, não iria ninguém! (de público)”. talvez seja melhor não ser convidado a
nada.
sendo assim, aceito que é
difícil querer leitores. é melhor querer crítica. almejo conseguir uma
indicação a algum prêmio literário. ficarei feliz. mesmo se eu não tiver nenhum
leitor. quer saber? eu só comecei a acreditar que de fato sou bom depois que o
proAC me disse que sou bom. antes, quando só leitores o diziam, eu não
acreditava. agora sim, as editoras independentes estão começando a ser
indicadas a prêmios literários, e a vence-los. apenas gostaria de expressar a
opinião de que o fato de que isso esteja ocorrendo nada tem a ver com o
"empenho" de pessoas como vanderley mendonça e eduardo lacerda. nada.
os livros da edith e da patuá só começaram a ganhar prêmios literários por
causa da excelência dos autores, não pelo "esforço" dos proprietários dos selos. afinal, o
marketing desses citados homens, é levantar uma bandeira contra as livrarias
alegando que o preço de capa é caro demais. eles simplesmente não colocam os
livros de seus selos nas livrarias e os vendem em espaços e/ou eventos onde não
se usa cartão de crédito e débito para que possam ter o máximo de lucro em cima
dos livros. é só isso que eles querem: ter o máximo de lucro em cima dos
livros (claro que eles sabem que a maioria do público dos autores que estão em seus catálogos frequentam esses eventos literários onde eles levam os livros para vender). o custo disso, é que os autores tem extrema dificuldade em fazer seus
livros chegarem a mais pessoas, autores esses que ganham prêmios literários
para um cara como eduardo lacerda ficar posando de herói do rolê por aí. o meu segundo
livro, que saiu pela edith, não pode ser adquirido em lugar nenhum. o vanderley
sequer colocou no site da edith para vender. o único lugar onde o livro podia
ser encontrado, a livraria hussardos (que era dele), fechou em maio
deste ano.
marcelo noceli, editor do meu
terceiro livro, sim, ele faz questão de distribuir bem os livros da reformatório e
da pasavento. meu livro novo pode ser encontrado em qualquer livraria grande do
país. não me importa se ele não vender uma mísera cópia, eu quero que meu livro
esteja disponível na livraria cultura. todo autor quer. há poucos dias, fiquei
sabendo que um livro da reformatório foi indicado ao APCA deste ano. estou
feliz pela reformatório. eles merecem.
o habitat 2
ainda
sou um escritor jovem. aos 30 ainda se é um escritor “jovem”. serei até os 40. agora,
tudo o que tenho de fazer é escrever. mesmo que embora no habitat lá fora,
escrever não seja o bastante (além de escrever você tem de ser a sua assessoria
de imprensa, fazer contatos, manter contatos, fazer amigos), < ah! por falar nisso, vejam o "press release" que eu fiz do meu livro novo (dias atrás eu nem sabia o que era um press release), não posso pedir aos outros divulgarem se não divulgo nem no meu próprio blog, nao? >
é o que se deve
fazer na essência, escrever. para isso, aproveitei que não estou fazendo musculação para
limpar o quarto. tempos, tempos que essa mesa não estava tão limpa:
mudei
a air fryer de lugar, ela ficava em cima de uma pequena mesa que agora defini
como minha mesa de escrever e ler:
também
tive a ideia de tirar da prateleira todos os livros que comecei a ler e não
terminei. de mafalda a platão: uma soma de 22 livros... dá pra tomar o ano de
2016 inteiro lendo. fiz isso para pensar duas vezes antes de entrar em
uma livraria e comprar alguma coisa. preciso ler os livros que compro! bem,
admito que terei de começar pelo último que comprei, no último final de semana,
que não é um livro de literatura aliás: o livro dos diários da presidência do
fernando henrique cardoso. pode ser tendencioso ou até mentiroso o que ele diz
lá? pode. como também pode não; mas o importante nisso tudo, é conhecer um
pouco da história recente do brasil, e de política. não, não sou tucano, nem
coxinha. nem petista também. apenas acho que o fernando é melhor do que o lula.
porém, acho que a dilma é melhor que o aécio. acho que primeiro se deve votar
nas pessoas, depois nos partidos.
o habitat 3
eu meço 1,73m de altura. eu peso por volta de 70 kg. tenho um corpo
musculoso, de alguém que treina atletismo há dois anos. sou branco. caucasiano.
o cabelo e os olhos são castanhos. claros. por pai, sou português. por mãe,
metade isso. algo de holandês e algo de africano por parte dela também. o nariz
é grande. torto e feio. a testa é grande. mas os olhos são bonitos. a boca
também. e o maxilar também. tenho sete tatuagens. esse corpo é onde eu habito. quando
vou a alguma putaria, não pego o cara mais bonito, mas pego o terceiro ou o
quarto cara mais bonito. não posso reclamar.
eu
tenho um emprego. fica a meia hora de metrô da minha casa. por causa dele eu
posso pagar o aluguel. posso comer todos os dias e posso ir ao cinema aos
finais de semana. tenho saúde boa o suficiente para praticar esportes. e o
faço. estudo na melhor universidade do país. e escrevo. posso fazer o que gosto, que é escrever. e publicar. já publiquei três livros. não importa se não sou
famoso e que tenho poucos leitores, eu posso escrever e eu posso publicar. eu
acho que não tenho uma vida ruim. tive essa sensação ontem, voltando para casa
após assistir ao filme “ausência” do chico teixeira. será que é essa sensação
que o chico quis que o público tivesse? não lembro de ter alguma vez saído da
sala de cinema com essa sensação. ainda mais de uma sessão de cinema
brasileiro, e cinema paulista aliás, que costuma ser amargo. deve ser porque
limpei a mesa. lavei a pia do banheiro. arrumei a cama, finalmente coloquei nela o
lençol que eu tinha lavado há dias. joguei bastante lixo fora. deve ser por
isso. comecei a arrumar a bagunça, a sujeira que estava meu quarto. um lugar
limpo ajuda o ânimo, diminui a tristeza.
XOXO
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