Na virada do ano tive
a sensação de que “esse seria o meu ano”. Acontece que já se passaram três
meses e absolutamente aconteceu. Se em um quarto do ano nada aconteceu, por que
nos outros três quartos algo vai acontecer?
Continuar esperando que
“algo” vai acontecer? Não, é quase impossível que aconteçerá, a não ser que eu
tome a direção correta, compre uma guitarra boa, vá estudar música, vá fazer
música, aí sim não é impossível que algo aconteça, será apenas muito difícil.
Se nada acontecer, eu me contento com pouco, e isso significa fugir daqui, fugir desse lugar, fugir dele, ter uma vida na zona sul com renda estipulada, trabalho nos dias úteis, nove horas por dia, Haagen Dasz, KFC, cinema, musculação, entretenimento com homens e substância proibida nas sextas á noite... não é pedir muito. Continuar publicando? Não sei.
Essa está sendo uma
semana dura emocionalmente. Terminei dois livros em um espaço de apenas uma
semana, coincidência ou não, são dois partos ou duas mortes, ambos muito
pesados, mexeram muito comigo. Terminei o livro de crônicas, que comecei há um
ano e meio e o romance novo (sem ser o “POCO”), que comecei há nove meses
atrás. Esses dois, são meus dois últimos livros excelentes, são garantias de
publicação para os próximos quatro anos. E para que?
Entrei em outro estado
suicida. Pensei que o que realmente faltava seria um relacionamento com alguém
encantador, meus quatro relacionamentos foram com quatro bichinhas pão com ovo, mal
educadas, parasitas, acho que mereço algo melhor isso. Semana que vem faço quarenta
anos, eu tive chance de me aproximar de homens melhores a vida toda quando eu
era mais jovem, mas eu desperdicei, mas na prática, se nada aconteceu em
quarenta anos, por que acontecerá agora que estou velho? Agora que enxergo que
sim, sou feio, que não tenho quase nada a oferecer.
Problematizar a morte
talvez nem seja uma questão, talvez eu morra qualquer dia, naturalmente, de uma
morte qualquer, já que as pessoas morrem todos os dias de tantas formas sem nem se dar
conta.
XOXO