4 de abr. de 2024

elegia 04 de abril de 2024



Na virada do ano tive a sensação de que “esse seria o meu ano”. Acontece que já se passaram três meses e absolutamente aconteceu. Se em um quarto do ano nada aconteceu, por que nos outros três quartos algo vai acontecer?

Continuar esperando que “algo” vai acontecer? Não, é quase impossível que aconteçerá, a não ser que eu tome a direção correta, compre uma guitarra boa, vá estudar música, vá fazer música, aí sim não é impossível que algo aconteça, será apenas muito difícil.

Se nada acontecer, eu me contento com pouco, e isso significa fugir daqui, fugir desse lugar, fugir dele, ter uma vida na zona sul com renda estipulada, trabalho nos dias úteis, nove horas por dia, Haagen Dasz, KFC, cinema, musculação, entretenimento com homens e substância proibida nas sextas á noite... não é pedir muito. Continuar publicando? Não sei.

Essa está sendo uma semana dura emocionalmente. Terminei dois livros em um espaço de apenas uma semana, coincidência ou não, são dois partos ou duas mortes, ambos muito pesados, mexeram muito comigo. Terminei o livro de crônicas, que comecei há um ano e meio e o romance novo (sem ser o “POCO”), que comecei há nove meses atrás. Esses dois, são meus dois últimos livros excelentes, são garantias de publicação para os próximos quatro anos. E para que?

Entrei em outro estado suicida. Pensei que o que realmente faltava seria um relacionamento com alguém encantador, meus quatro relacionamentos foram com quatro bichinhas pão com ovo, mal educadas, parasitas, acho que mereço algo melhor isso. Semana que vem faço quarenta anos, eu tive chance de me aproximar de homens melhores a vida toda quando eu era mais jovem, mas eu desperdicei, mas na prática, se nada aconteceu em quarenta anos, por que acontecerá agora que estou velho? Agora que enxergo que sim, sou feio, que não tenho quase nada a oferecer.

Problematizar a morte talvez nem seja uma questão, talvez eu morra qualquer dia, naturalmente, de uma morte qualquer, já que as pessoas morrem todos os dias de tantas formas sem nem se dar conta.


XOXO

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