Meu primeiro livro “Poesia gay underground:
história e glória” (ed. Annablume, 2008) continua a ser lido...
PS: não fui eu que tirei essa foto.
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Sim, ele que é um produto do “do it yourself”.
Anos antes eu juntava cinco poemas impressos e distribuía de mão e mão na
faculdade, como os criadores de zines faziam nos anos 1990. De repente, pensei
em um livro. Juntei todos esses trabalhos independentes com poemas inéditos
para dar liga e lá estava ele, Poesia gay underground história e glória.
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Hoje, esgotado em livrarias. Só é possível
encontra-lo em alguns sebos listados no site Estande Virtual e claro:
diretamente comigo (o mais recomendado), assim você compra seu livro novo com
dedicatória e autógrafo.
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Faz treze anos. Já foi tema de artigo
acadêmico, já foi chamado de clássico, foi parar na Universidade do Texas, foi
parar até em Harvard. A Amazon o vende no mundo inteiro, na Espanha, no Japão.
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Faz treze anos, mas lembro como hoje. O editor
que sentiu amor à primeira vista ao me ver pessoalmente pela primeira vez e eu
só fui descobrir depois. Certo dia ele marcou uma reunião comigo depois do expediente
quando todos já haviam ido embora. Quando cheguei lá o encontrei com uma
garrafa pela metade nas mãos. Quando entrei ele enfiou a mão no meu traseiro.
Fizemos sexo entre pilhas de livros. Eu tinha segurança sobre a qualidade do
meu texto, claro, mas se não fosse aquele interesse sexual, será que eu seria
publicado tão fácil? E não era só sexo, ele queria algo a mais, quando viu que
não teria, começou a me tratar mal, mas aí o livro já estava sendo impresso...
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Faz
treze anos, mas lembro como hoje. O lançamento do livro na Livraria da Vila da
Alameda Lorena. Meus amigos loucos secando todo o álcool do buffet, deitando na
mesa para tirar foto. Foi a primeira vez que soube o que era um caroço: meu
“amigo” hétero e fascista com sua namorada foram ao lançamento, não compraram o
livro, cometeram a gafe de pegar o livro de amostra da mesa e ficar
foleando/estragando o livro em um dos sofás. Meu ex-namorado me contou depois,
mas eu cheguei a perceber de rabo de olho: Ele ficou rindo de mim o lançamento
inteiro e depois reclamou que eu não o convidei para o lançamento do meu
segundo livro.
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Analise
você mesmo: o seu amigo mais idiota é um hétero e você deve se livrar dele o
mais breve que você puder.
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Faz
treze anos, mas me lembro como hoje. Tomei o caminho sem volta da literatura