31 de jul. de 2011

CHOCOLATE


certa recente tarde, fui ao supermercado comer uma barra de chocolate. pensei que logo poderia ficar cego, e que então deveria rapidamente aproveitar a vida. bobagem, 'bosta de búfalo', pois cegos podem comer chocolate normalmente. mas esse pensamento veio da ponta dos meus dedos, do tipo de sujeira que eles tocam e como eu a levo aos olhos.

dias depois, eu estava radiante por ter conseguido remédios novos e mais fortes que me deixariam mais triste. comi quatro pequenos chocolates brancos para essa comemoração. 'se somente a literatura não consegue me levar á terra do nunca, os remédios ajudam'.

julia, julia, julia... minha primeira personagem feminina foi parida nos últimos dez dias. parto normal é difícil, tive que fazer uma cesária. e aí está ela... não atingi metade da intensidade que eu pretendia no conto sobre ela que terminei.

meu  'meigo' namorado desapareceu como paul mcCartney. você o vê cantando por aí, mas todos nós sabemos que ele está morto.

16 de jul. de 2011

TOSSE

desde que eu voltei á classe operária de novo, eu vejo minha tosse qualificada e qualificada. sim, um professor me disse que fazer cocô constantemente é a base da qualidade. tive a mesma tosse pelas últimas duas semanas.

desde que sentei na minha nova cadeira, eu vejo meus colegas estranhamente començando a tossir e tossir, e eles não páram. na última sexta feira, todos estavam tossindo.

'eu nunca terminei muito cansada, eu sempre terminei inteira' é a frase da fernanda keller que sempre esteve na minha cabeça, e eu não consigo entender porque eu termino todos os meus dias muito cansado, e eu sinto que perco peças a cada dia. não tenho escrito. esse é o meu 'iron man'

'amar é crime' é o título do livro novo do meu escritor favorito. não pude ir ao lançamento na quinta feira porque eu estava importanto roupas baratas. então, não pude ver pessoas se alimentando de fina literatura porque fiquei ajudando algumas mulheres rudes a se vestir.
marcelino, o autor do livro, estava na tv discursando sobre quando amar é crime. e eu pensei: meu crime seria me jogar na linha do trem e o trem me jogar para cima ao invés de me jogar para baixo. eu acabando não conseguindo morrer e sendo processado pelo estado, além de ouvir pessoas rindo e dizendo que fui rejeitado pela morte.
eu tentei suicído por amor.

estou comprometido depois de anos... ele é tão meigo, tão especial que eu nem mesmo consigo explicar a ele que saí de sua casa me coçando na semana passada. ele é tão incrível, tão macio, que eu não coloquei para lavar o cardigan que usei quando fomos ao cinema na semana passada.

as pessoas do meu trabalho continuam tossindo e gostando de mim. hoje de manhã, acordei e não estou mais tossindo. e eu acordei sozinho e triste.

4 de jul. de 2011

INTRO

em um trem, alguém usando roupas que não condizem com o clima, diz:
"eu odeio meu pai"

em uma convenção de moda, há alguém tirando pêlos brancos de uma camisa azul, dizendo:
"eu odeio dizer bom dia"

***

"vinil", um poema:

essa mente horrível
é o buraco do vinil
esse corpo horrível
essa cama horrível
expande-se até
a borda do vinil

hugo guimarães.

***

30 de jun. de 2011

BREJO

na última sexta feira, estive em uma mesa de discussão sobre a criação do personagem lgbt, parte da programação da diversidade cultural na semana da parada lgbt de são paulo.
foi a minha 'valsa'.

pois bem, cheguei cedo, com uma puta dor de estômago e não havia ninguém no local senão uma pessoa do site brejeira malagueta, que me recebeu. logo conheci os meus fofos colegas de mesa, matei a saudade do brunno e aguardei. já se passavam 15 minutos do começo e nenhuma alma na platéia.
'ótimo, será um papo de comadre' pensei.

mas... em dois minutos apareceram pessoas da escada, do tubo de ventilação, do carpete, da janela, e ENCHEU a sala.

o tema proposto foi discorrido pelos palestrantes em pouquíssimas palavras. o kizzy disse como criava seus personagens (quando o deixavam falar), e eu disse que não acredito em personagens fora da primeira pessoa, que não é possível criá-los só com o que os corpos deles dizem. disse que isso só é possível com uma coisa que inventaram por aí: a 'técnica' ou a 'simulação de arte'.

também comentei sobre o fluxo (estado psicológico que os artistas atingem no movimento da criação), disse que lia mais livros de psiquiatria do que livros de literatura, e logo fiz uma amiga bipolar na platéia, a querida elida (que levou um livro meu assinado).

ainda sobre isso, temos um clássico exemplo: a poesia. rimar, rimar e rimar naturalmente, é um sintoma psicótico grave segundo a psiquiatria. mais um indício de que poetas são loucos. aliás, é interessante ressaltar que rappers não são poetas, pois só a 'produção' da rima não é o suficiente para um texto ser poético.

ainda sobre o personagem, uma escritora na platéia, a lúcia, levantou algumas coisas relevantes sobre os finais tristes que os personagens homossexuais tinham na maioria das histórias. as brejeiras defendem o final feliz. ainda sobre a palavra homossexual, disse que detesto a palavra 'gay'. conheci a origem da palavra 'lesbica'.

começo a perceber que, em todos os eventos de discussão com temática homossexual com qualquer tema, sempre se discutem muito mais o preconceito da sociedade em si e as experiências pessoais de descoberta da homossexualidade (o que deixa essas discussões um pouco piegas).

acabou que o tempo acabou, e eu e o kizzy não pudemos ler trechos de nossas obras que levamos.

27 de jun. de 2011

OS CABELOS, O PAU E A VARA

os cabelos
não pára de crescer cabelos na sua cabeça
para esconder seu rosto
para esconder seu rosto redondo
eu ainda estou careca, e esses cabelos
me acompanham.

o pau
em uma ilha perdida
há no lugar de uma palmeira
um pau gigante com muita pele
e não é como um de sebo, que te derruba
mas um que te gruda para masturbá-lo
para sempre.

a vara
você tem um corpo perfeito
de um atleta. todos os dias você vem correndo
com sua vara que te joga para cima
mas chega uma hora em que a vara
vira giz e não enverga
e quebra polegada por polegada.

hugo guimarães.

25 de jun. de 2011

HARPA













“Harpa”

A religião que eu fundei
Diz que eu vou tocar harpa
Em uma nuvem fofinha,
E alguém pintou as paredes
Em um azul bem angelical
Para que os aviões deslizem,
Haverá um homem ou dois
Para tocar harpa
E foder.

Poderiam ser dezenas de virgens
A escolha é sua
Mas você não mata em massa
Como o tempo passará?
Se haverá homens
Haverá corpos
E meu corpo realmente
Será absolvido do cansaço?
Irão os órgãos sexuais
Facilmente subir e descer?
Irão os homens só sorrir?
Haverá tantos
Diferentes sons de harpa
Para que eu não fique entediado?
Deus diz não
E deus diz não
Eu não quero saber
Porque eu só tenho questões infantis
Que pais não conseguem explicar
Como deus não explica a morte
E eu acredito
Eu acredito na harpa
E você pode vir comigo
A escolha é sua
Tocar harpa em uma nuvem fofinha.

Mas os anjos
Não aparecem somente
Nas paradas gays da cidade
Eles só se transformam neles
Esporadicamente
Para mostrar o quanto são safados
Como é problemático
O reinado da pele
A arrogância
E o vazio
E isso não tem sido fácil
De engolir
E como soa.

Eu acreditava
Que eu precisava
Me preparar para morrer
Porque as pessoas continuam
Vivendo como morreram
No outro lado
Como um prêmio
A quem se prepara
Para morrer.

Então o garoto perfeito
Que me humilha
Perturbaria-me eternamente
Se ambos de nós
Morrermos agora?
Poderei existir na morte
Por tanto tempo
Com algoz?

Então a harpa finalmente
Calou-se
Porque minhas habilidades
Morreriam comigo
E seguiriam nas nuvens,
O quanto eu não sei tocar harpa
E a harpa se calou
Pois a arrogância
E a pele
Não morreriam.

Então eu percebi
Que é melhor fazer pó
Só o que me consola
É que o seu corpo perfeito
Desaparecerá em 100 anos
Como todas essas malditas
4 milhões de pessoas
Nessa parada vulgar.
Só sobreviverá a prova
Da sua escravidão da imagem.

Só suas roupas
E objetos sobreviverão
Aos 100 anos
Seus milhões de objetos
Pequenos sacos
De pós-exumação
A parada dos fantasmas,
Só sobreviverão
Os objetos
E as muitas
Harpas presas em lojas
Que você esqueceu
De comprar.

Hugo Guimarães.

19 de jun. de 2011

CADEIRAS

onde, quando e sobre; está escrito aí encima.

falta de mesas nas mesas;
indução da arte;
impossibilidade do personagem fora da primeira pessoa;
visão equivocada da igualdade;
o mau da técnica;

entre outros que só saberei no dia.

levem os amigos, pipocas com manteiga e tudo mais.

até lá.

PS: escrevi a palavra 'agradecemos' errado no post abaixo. todo mundo erra sempre, todo mundo vai errar.