9 de set. de 2023

morrer pelos braços

 

  • Abrimos os obituários dessa família com ele, finalmente ele, será que finalmente ele? Sim, é da raposa que estamos falando. Começou a apodrecer pelos braços, assim como outrem, disse que teve uma melhora recente, mas mesmo assim era/é uma vela acesa. Será que a raposa morre pelos braços? Se esse é o caminho mais fácil para essa estrada finalmente se dividir em duas, sim eu quero.

     

    II

     

         Eu acho que é um fenômeno parecido com o que acontece com os animais domésticos os quais os donos optaram por ter apenas um animal, aquele não tem contato com outros animais, quanto tem os repudia. O veterinário me explicou uma vez, é muito simples, se o animal só vê seres humanos vivendo em sua volta, logo ele pensa que também é um ser humano.

         Pois bem, essa longa introdução serviu para dizer que a mídia “vendeu” para a classe média (alta e baixa) a ideia de que essas pessoas podem ser iguais aos ricos protagonistas das novelas ou os americanos suburbanos que tem casas com gramados na frentes e não tem portões, ou as pessoas que moram no Alphaville. Aliás, elas acreditam cegamente que podem se tornar iguais aquele classe altíssima fazendo-as até tomar parte. É em parte, o que explica, o que explica tanta gente pobre, preta, preta, gay, votando na direita.  É o mesmo caso do animal doméstico, é como se alguém precisasse dizer a ele “Você não se enxerga”?

     

    III

     

         Demitiram a Pia Sundhage. Não por ela merecer (ela tinha contrato até o final de 2024), mas por causa da imprensa leiga, da opinião pública mais leiga ainda, da Cristiane. Aliás, antes da desclassificação da copa, ninguém nunca se importou que a Cristiane não estava sendo convocada. Uma técnica do nível da Pia é difícil de se encontrar no mercado... o que a CBF fez? Contratou o técnico do Corinthians (uma mudança um pouco radical). O pior é que faz sentido, a seleção feminina obteve seus melhores resultados com técnicos ruins, o que significa que elas são indisciplinadas, elas jogam do jeito que elas querem, são talentosas, mas são indisciplinadas, ou seja, não dá pra saber o que esperar delas.

         A seleção foi desclassificada da última copa por não conseguir vencer a Jamaica, mas durante a preparação, empataram em 1x1 com as espanholas, campeãs mundiais dentro da Espanha em um estádio lotado. O primeiro jogo do Brasil sob o comendo da Pia foi contra a Inglaterra, vice-campeãs mundiais, dentro da Inglaterra e o Brasil venceu por 2x1, ou seja, elas podem vencer qualquer seleção em qualquer lugar e também podem perder para qualquer seleção em qualquer lugar.

     

    IV

     

    Madonna. Brasil. Novembro de 1993

     


    Que preguiça ver artistas gringos (e até brasileiros) se apresentando com a camisa amarela da seleção brasileira de futebol no THE TOWN. A Madonna teve essa mesma ideia no show que ela fez no Brasil em 1993! Falta tanta originalidade assim aos artistas para copiarem isso até hoje? O pior é que quando a Madonna vestiu a camisa amarela no palco, ela representava SOMENTE a camisa da seleção brasileira de futebol. Hoje, ela representa a extrema direita no Brasil. Será que os artistas gringos não sabem disso ou fingem que não sabem? Os artistas brasileiros alienados, com certeza sabem. Se os artistas ainda querem usar essa ideia desgastada de homenagear a seleção brasileira de futebol nos palcos, por que não fazem de uma maneira responsável? Usando a camisa do uniforme dois (que é azul), por exemplo?

     

    V

     

    A Anitta é uma desclassificada. Ponto pacífico. Mas a gravação que ela fez para o tema do Fantástico ficou dulcíssima, eu adorei. Queimou a língua? Assopra.

     

    VI

    “Pretty Man”

     


    Pretty man, you don’t see them down the street
    Pretty man, the kind I like to kid
    Pretty man I don't believe you, you're not the truth
    No one could look as good as you, mercy

     

    Pretty man won't you pardon me
    Pretty man I couldn't help but see
    Pretty man that you’re eyes are devilish as can be
    Are you lonely just like me

     

    Pretty man he’s away a mile
    Pretty man I youdn’t waste a dime
    Pretty man give your bad boy face to me
    Pretty man yeah, yeah, yeah
    Pretty man write to me

    When I asked you marry me please

    Pretty man say you'll stay with me
    'Cause I need you, I'll treat you right
    Come with me baby, be mine tonight

     

    Pretty man don't go on by
    Pretty man don't make me cry
    Pretty man don't go away, hey, OK
    If that's the way it must be, OK
    I guess I'll turn it off, it's late
    It’s the reason I’d rather be rich

    To make you good and mary me
    Oh, oh, pretty man.

     

    (Roy Orbison/Versão: Hugo Guimarães)

     

    VII

     

    A novidade: meu próximo romance (inédito), que se chama "POCO" está disponível na Amazon em formato e-book pela bagatela de USD 5,00 (What a feel).

    Na verdade, o fiz porque a Amazon colocou essa condição para habilitar os livros a participarem do prêmio Kindle de literatura desse ano (Se não me engano, todos os anos fazem assim). Caso queiram ler "POCO", muito antes de ele ser lançado es mucho! Essa é a foto que eu tirei para a capa do livro, não ficou uma gracinha?

     



     

    O livro está disponível neste link link https://www.amazon.com.br/dp/B0CH1S9JBH




     

    VIII

     

    “Help me, Mary”

     


    IV

     

    Sejam bem-vindos!

     

    Quer atenção?           

    Seja um cachorro perdido

    Nos braços de um bombeiro fortão

    Nas enchentes da Bahia

    Ou de Minas Gerais.

     

    (Hugo Guimarães)

     

    “Elegia 31 de agosto de 2015”         

     

    Está perguntando por que estou aqui?

    Estou aqui já que você também está aqui e Deus:

    Como está aí embaixo, pedaço de lixo? E eu:

    Bem, até; 31 graus sem nuvens.

     

    (Hugo Guimarães)

     

    *Menina veste preto. Menino veste preto.

    *Se for comparar eu e meu ex-namorado, eu era a Madonna e ele era a SaraJane

    *Alguém não achava graça quando aqueles idiotas começaram a achar legal a salva de pedras.

    *O que eu quero que escrevam na minha lápide? “Quem subiu tem que descer”.

     


     

    XXXX


5 de set. de 2023

o mundo do cancelamento eterno

 





  •  

         Escrevi seis linhas. Queimei seis linhas. Parece que tudo de bom é irrelevante, mas tudo de provocador é observado e rechaçado. A morte parece que nunca é uma só. Eu não consigo entender se são vocês ou se sou eu que não compreendo o absurdo dessa desproporcionalidade. Se eu tivesse enlouquecido de vez, vocês deveriam ter se aproximado, não me abandonado. Que cena é essa, afinal? Uma cena insossa, uma cena esterilizada. Não, eu não acredito em justiça. Porém, já não acredito em mais nada, sendo assim, eu vivo tendo flashes onde minha literatura e minhas pernas grossas serão reconhecidas, que além de todos que me viraram as costas, aparecerão outros, dando ao meu texto o que ele merece: sorrisos. Ao invés de piada, dei um vinagre.

         - Juro que não entendo esse cancelamento eterno. Só quero que você saiba que eu estou sobrevivendo e que eu vou sobreviver. Que eu não desisti e não vou desistir. Eu posso não ter um parafuso na cabeça, mas texto eu tenho. É o bastante para me fazer continuar.

         Por enquanto, eu me contento com pouco. Eu me contento com a liberdade.

     

    “Fawn”

     


         Quando ele entra na arena, os olhos são sempre matadores. Os meus frágeis olhos não são só por perder, mas por como perder. Mas ele sabe, ele sabe, o quanto já perdi e de quantas diferentes formas já perdi. Já me tiraram sangue, dentes, costuraram meu rosto, fiquei todo roxo, me amoleceram ossos, várias vezes. E sabem que eu gosto, que é assim que imagino a coisa toda. Até que inventaram um castigo novo. Me esqueceram aqui. E esse castigo é o que dói mais dentre todos os outros. Só disseram para eu tratar bem os animais. Substituir o cigarro por chá inglês. Não sei quanto tempo mais aguento. Talvez uma morte lenta seja a dor mais intensa e eles nunca me disseram nada, nunca formalizam, eles querem que eu aceite que é o fim e parece que é mesmo. Assim como não aprendi a sorrir, não aprendi a sonhar.

     

    Sejam bem-vindos;

     

    Poema que estará no meu livro “Lixeira de Celofane” a ser lançado no próximo outubro;

     

    “Ponte”

     

    Estarei lá

    Na inauguração da sua primeira ponte

    Amargo cortando a faixa

    Com uma tesoura de fogo

    Queimando minha mão

    Em terceiro grau

     

    E eu me queimei ontem

    De propósito

    Com o cigarro.

     

    (Hugo Guimarães)

     

    “Fernando”

     

    Vi a foto hoje

    Lembrei da bela casa

    Da hospitalidade

     

    Também lembrei daquele esnobe

    Que se esconde atrás de uma cara triste

     

    Também lembrei que nós morríamos

    Todo dia um pouco mais

    Até que já estávamos mortos

    Só eu não vi

    É preciso coragem para dizer que acabou

    E a solução é sempre a mais fácil

    Usar uma falha boba como pretexto

    Acontece que sequer falhei

    Há pessoas que pensam que suas falhas

    São sempre menos graves que as suas

     

    Mas eu recuso a vitimização

    Mesmo porque não tem ninguém para ouvir

    Aqueles garotos nunca mais

    Falaram comigo

    E nunca mais

    Falarão comigo

     

    Talvez me faltou fôlego

    Como falta fôlego

    A um homem gordo.

     

    *Mais um feriado prolongado nessa cidade horrorosa. Muito gato vai entrar no micro-ondas, muita gente vai entrar no cativeiro, vai ter muito churrasco também e muitas crianças vão morrer eletrocutadas por conta dos fios da pipa e as fiações elétricas precárias.

     

    *A poesia deve seguir a sua linha editorial? Mas a poesia não serve para “perder a linha”?

     

    *E uma rede me lembra dos livros que entreguei há três anos para pessoas que não existem mais.

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