6 de mar. de 2016

NADA É TÃO RUIM

nada é tão ruim que não possa piorar. alguns dos meus planos devem ser seriamente reconsiderados desde que eu lembrei que há algo de errado comigo, por dentro e por fora. passar um tempo sem ver pessoa nenhuma me faria bem, acho (1) mas, a vida me leva ao oposto: a infecção respiratória está prestes a morrer, meus dez dias de recuperação da cirurgia de desvio de septo estão para acabar [ medo de assoar o nariz, pois temo que os curativos internos vão sair se eu assoar. então eu aspiro e aspiro e temo que a secreção na minha garganta que eu engulo, ás vezes é sangue e não sempre água ]. terei de ver pessoas no meu emprego, pessoas na academia, pessoas no treino de atletismo, pessoas no curso de letras. tendo de ver pessoas na casa onde moro e no transporte público já é o suficiente para me deixar um pouquinho mais louco. sei que posso resolver os dois últimos tópicos alugando um apartamento bem pequeno e comprando um carro velho.



(1) ficar em casa tentado me tolerar, esperando que o tempo passe, me ajudaria a tentar tolerar os outros mas.

não posso mais tolerar esses óculos. vou comprar lentes logo, pois. esses óculos me deixam mais feio, um tanto mais feio. eu acho. na verdade, os óculos não me deixam um pouco mais feio ou um tanto mais feio, eu é que sou um pouco mais feio ou um tanto mais feio do que eu recentemente acreditava e é por isso que eu só coloco os óculos quando vou ao cinema. quando não quero ver a realidade, eu apenas tiro os óculos, é bom ver o mundo borrado, não ver nada. tenho 2,5 graus de astigmatismo. se eu usar lentes, não terei essa opção. sim, pensei em criar um personagem que tem 2,5 gaus de astigmatismo e não usa os óculos para evitar a realidade e ele fará o melhor para enxergar cada vez menos mas não, você não pode criar esse personagem, porque esse personagem é você, então não é um personagem.

"eu não tenho carreira, eu tenho hábito"(2). bem, é difícil admitir, mas é verdade. já paraste para curiosar o que as pessoas publicam na internet sobre publicar poesia? ótimo, então não interrompa meu café da manhã dizendo que você quer escrever e/ou publicar um livro. sabemos, sabemos que ninguém ou quase ninguém vai ler o seu livro novo mas ok, é nossa obrigação continuar publicando essas coisas que ninguém lê ou quase ninguém lê. é uma obrigação moral. obrigado. talvez não seja pelos leitores que escrevo mas, é pelas pessoas que fazem essas "obrigações", esses que trabalham em editoras, pequenas ou grandes, e julgam os textos nos editais do governo. quer saber? e quanto a nós que escrevemos? nós temos obrigação de "manter a poesia viva" neste país? ficar dando tiro no vento? bem, talvez sim, mas saiba que é mentira, escrever não é algo que não podemos evitar, nós que escrevemos, podíamos canalizar essa energia fazendo qualquer outra coisa, aprendendo a tocar harpa, jardinagem... mas escrevemos porque queremos e é muito mais vaidade do que amor, se é que você já não sabe disso. lá vamos nós de novo, meu livro novo de poemas, agora eu posso voltar a trabalhar em um bom texto para introduzir o livro, agora que terminei de co-escrever um argumento para o roteiro de um longa metragem com gustavo vinagre. agora que não fiz o que prometi, as página que prometi, agora que fodi a coisa toda e gustavo deve estar brabo como o diabo comigo. disse a ele que estive doente muitos dias. doente na mente, doente no corpo e diabos... ele deve estar pelos infernos comigo. não posso culpar o meu gerente no meu emprego, ele não podia me deixar escrever e deixar as tarefas de lado. 

(2) apenas mantenha em mente que "I'm not the shampoo girl, I'm the real thing". é ruim traduzir essa frase, mas é do filme "monster" (sim o da charlize). 

tudo o que eu tenho para dizer sobre cinema, além de que não sou crítico e grande cocô para o que eu penso sobre os filmes que vejo, é que amanhã eu poderia passar o dia trancado no quarto, tentando ficar um pouco positivo para enfrentar a semana, para ter minha vida de volta, e talvez, daqui a muito , muito tempo eu tenha um casamento igual ao da viúva porcina, com rua fechada e um monte de criança preta correndo atrás e jogando arroz, mas quero dizer que amanhã: eu vou encarar cinco horas e meia de um filme do lav diaz no ccsp e eu até mereço uma medalha por isso.



XOXO



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