Parte 1:
falando bem
brevemente, a lição aprendida na aula de linguística foi que penso que você não
gosta de ensinar linguística para tanto pobre, tanto negro. você está velha,
não? e percebe que ao que passam os anos cada vez mais gente pobre e negra anda
frequentando suas aulas, não? será que é por isso que você é tão indelicada?
pois foi isso, o que de fato aprendi/percebi em sua aula.
sabe qual o
problema do relacionamento amoroso/romântico? é não perceber/aceitar que a
outra pessoa é tão má e perversa quanto você é.
lá vão vocês
todos de novo entrar nessa gaiola feito galinhas, os lançadores de disco. esses
discos bonitinhos, vermelhinhos ou prateadinhos são demais modernos, sabes? até
a estátua é falsa. aquela do grego antigo em posição de lançar o disco. eles
não lançavam discos, lançavam pedras lascadas, sabiam? ó grécia (...) mas não
mais. hoje não há nada de nobre nesse pobre esporte. melhor eu parar de encher
a boca para chamar esse esporte de nobre, pois não é. nem mesmo me julgue pela
palavra “pobre”, pois ele é plenamente pobre exatamente onde estamos, nessa
pista que pisamos.
lembra do
primeiro refrão da música “the last time I saw richard” da joni mitchell?
“pretty lies
when you gonna realize they’re only pretty lies?
just pretty
lies…”
aliás ainda
estou tentando competir pela primeira vez este ano mas. “dói mais no coração do
que na canela” pensei ao sair do treino hoje, somando é claro, ao conjunto de
sentimentos ruins que aquela pista me dá. não posso dizer que a alma dói, pois
não acredito em alma. nem posso dizer que o coração dói, pois é o colesterol
que faz o coração doer, não sentimentos como amor/tristeza. onde se começou a
dizer que a alma dói/o coração dói? na literatura? a literatura que inventou
essa merda estúpida? talvez/provável, desde que muito da criação baseia-se na
mentira.
bem brevemente
sobre o ateísmo:
“a religião é o
ópio do povo” karl marx
“uns recorrem a jesus,
outros à heroína” joni mitchell
eu não prometi a
você, mas prometi a mim mesmo que jamais traria outro homem para lhe
apresentar, na sua casa. mas o fiz, fiz e sei que você não gostou. ingenuamente
pensei que você iria gostar dessa vez, que você ficaria feliz se eu estivesse
feliz. acho que esse breve quadro diz muito sobre a justiça.
se não houvesse
ainda um pingo de justiça no mundo, pelé teria acendido aquela pira olímpica.
Parte 2:
aquém do
festival de trovões que infesta meu trabalho literário em curso, troveja muito,
troveja até pior na vida real.
governo japonês
pede cancelamento de cursos de humanas em universidades. das 60 instituições
nacionais, 26 já confirmaram medidas de redução ou fechamento de graduações.
(notícia de 16 de setembro de 2015). sim. japão. 2015. já imaginou o que michel
temer deve ter em mente para nós de humanas?
ei atletismo,
ouça aqui: quando nosso casamento acabar, eu vou te processar, vou ser bem
malvado, vou pedir uma pensão bem gorda.
não, não seria
radical quebrar a própria perna. “é muito radical quebrar a própria perna” é
uma das frases que a professora de linguística usa para nos ensinar a
diferenciar sintaxe de semântica. pois queria eu. assim, eu poderia finalmente,
tranquilamente beber chá, minha mãe poderia fazer quiabo pra mim, eu poderia
tranquilamente ler a “teogonia”, “os trabalhos e os dias”, etc. os que devo
obrigatoriamente ler para a matéria de poemas hesiódicos, mas ando perdendo muito
tempo na academia e na pista (...) daí alguém pergunta para a professora se o
seminário será individual ou em grupo. “depende de quantos serão os
sobreviventes no curso daqui a algumas semanas” a professora responde.
também estou
cansado de explicar que essa alergia não é sífilis.
aqui em humanas,
você passa a conhecer os homens de poemas de mil versos e que tipo de gente faz
poemas de mil versos? daí você também começa a perceber que tipo de gente você
é.
bem brevemente
sobre o suicídio:
antes de dizer a
ele para não o fazer, não faça você, hugo. antes de imaginar o quão ruim seria
estar no funeral dele, pense também no oposto.
sabe aquela
música “wise up” da aimee mann? pois bem, você precisa parar de pisar naquela
pista hipnotizado pela pessoa que você queria ser, ao invés da pessoa que você é.
“it’s not going to stop, till you wise up
no, it’s not going to stop
so just
give up…”
aliás, parece
que vou voltar para a casa, mama. não há emprego. meu dinheiro acabará um dia.
retornarei ao seu lar aos 30 e pior: retornarei não menos gay e não menos
louco.
Parte 3:
ao menos sorria
de volta para a professora, em agradecimento, após você não ouvir uma só
palavra que ela disse em 100 minutos.
lembra-te agora
do segundo refrão de “the last time I saw richard” da joni mitchell?
“listen, they sing the love so sweet
when you gonna get yourself back on your feet?
oh and love can be so sweet, love so sweet…”
ei, vou te
mostrar “a teus pés”, um livro de poemas da Ana C. já na próxima vez que você
vier aqui em casa.
XOXO
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