14 de jun. de 2011
SANYA RICHARDS REVISITADA
Parte reescrita do meu conto 'Sanya Richards nos Jardins' que revisei hoje. Ele é parte do livro 'O Estranho Mundo de Hugo Guimarães' ( título provisório ) ainda á ser lançado.
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Quando eu era criança, minha mãe deveria ter me dito ‘Sorria, sorria como um psicopata’ e acrescido ‘Mas só sorria quando você for muito má’.
‘Quem essa bicha preta pensa que é?’ pensa a garota do cofee shop.
Ela acha que não posso ouvir seus pensamentos, mas eu posso. E eu também consigo pensar, miniatura negra... Eu sou a maior merda do mundo, uma negra alta mais do que uma negra anã. Bem mais. Agradeça-me por aceitar ser atendida por uma negra como você. Se eu fosse uma estudante ou uma advogada, traria uma empregada para lhe pedir esse café, pois você não teria nível para falar comigo; nem para tocar meu dinheiro, nem mesmo para reciclar meu copo vazio de papel. Agora tenho esse chantilly em minhas mãos para me livrar dele com meu mijo – e você não tem futuro. (Entro na pista em Lausanne, Suiça; sabia, sabia que eu poderia conceder outro grande show e foi o que eu fiz, pois não há vento que possa me parar, pois o mesmo vento que está contra mim em 200 metros, me empurra quando completo os 400, simples como o vento). O que uma negra tão pequena como você pode fazer a não ser anotar nomes sem ouvir ou entender muito bem? Todos devem ter nomes bem parecidos na sua vizinhança, não? X-ene? Y-ene? X-eide? Y-eide? X Burger-eide? Isso deve certamente descender de velhíssimas vilas aborígines, negras e mágicas, já leu? Não, claro. Agora minhas pernas são mágicas e as suas não cresceram... O que uma negrinha como você pode fazer pelo resto da vida além de limpar o chão? Perder até isso por não ser boa em fazer absolutamente nada. Nada mais do que uma negrinha inútil, mãe de negros inúteis de diferentes homens negros inúteis. Eu não sorri. Não por não ter conseguido ser bem má de novo, mas por você ser tão pequena, tão escura, tão insignificante, tão fora e abaixo do meu raio de visão.
Queima o estômago esse café...
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espero poder te oferecer a sanya e muitos outros quando o livro sair. saudações.
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