26 de out. de 2011

ÓCIO

não sei se não ter um ofício é um ócio, vendo 'ócio' meu primeiro filme desta mostra. esse é um filme escuro, frio e introspectivo, com adoráveis adolescentes argentinos imersos na pobreza e no desemprego.

na idade média, eu era um garoto alto e malvado, estuprando e passando sífilis para garotinhos pequenos e inocentes. agora, eles renasceram como meu pai, chefe e chefes, despachantes...

eu quero fazer uma fortuna na loteria
eu quero poder me alimentar somente de sorvete
eu quero que os onze jogadores da seleção argentina de futebol sejam meus escravos sexuais
e que me amem.
eu que fazer tatuagens no meu rosto
eu quero tomar o máximo de benzodiazepínicos que eu puder
eu quero bater o recorde mundial do salto em distância
eu quero fazer cirurgias plásticas no rosto
e ser amado.

a vida real é tão distante dessas utopias que eu estranhamente entendo porque estranhamente fiquei frio em frente ao meu primeiro dia de mostra de cinema de são paulo.
essas utopias foram ditas por uma personagem do filme 'oslo 31 de agosto' e as utopias dela não eram lá as mesmas que as minhas, claro. essa foi minha segunda experiência com o cinema norueguês, com o mesmo diretor.



xxx

garota delicada e loura lê seu próprio livro de poemas nas mãos:
pessoas normais, pessoas felizes, não deveriam se meter com arte. ela pertence aos esquisitos, loucos e excluídos. ela pertence a nós.

ana cristina césar:
o que importa discutirem sobre mim agora que estou morta?

hugo guimarães:
o que importa discutirem sobre mim quando eu estiver morto?

XOXO

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