17 de set. de 2011

LUSTRES E GAROTOS PODRES

eu odeio perder imagens
de lustres e garotos podres
eu odeio ser escravo de imagens
eu odeio imagens.
eu levantei da cama
a vida ás vezes não é tão ruim
repetições como pessoas
que sempre terão idéias
para fazer filmes bons.
lá estava eu andando
desejando haagen dasz
de midnite cookies
eu já sei que gosto tem
repetições da vida.
o palácio da câmara
tem lustres incríveis
maiores dos que a Courtney Love
quebra no videoclipe de ‘celebrity skin’
voltei gripado.
vi 3 bons curtas:
rota ABC
polímodro
L
o cine belas artes talvez reabra
desapropriações / tombamentos
mas vai demorar.
homens bonitos, gatinhos
na platéia.
fui ao banheiro e o espelho rachou.
fui e voltei para a casa
com os olhos cheios de lágrimas
eu odeio alguém
não posso dizer quem
odeio quando essa pessoa
liga o rádio
odeio quando essa pessoa
canta
odeio quando essa pessoa
se mexe
odeio quando essa pessoa
fala
odeio quando essa pessoa
fala comigo
odeio quando essa pessoa
ignora que me espancou
odeio quando essa pessoa
respira
odeio quando essa pessoa
compra biscoitinhos
odeio quando essa pessoa
tenta conversar comigo
odeio fingir que estou bem
odeio fingir quando respondo
quando alguém pergunta
se estou bem
porque estou sempre péssimo
odeio me odiar
odeio me desesperar
odeio morar em um pântano
odeio ser feio
odeio ser viado
odeio ser fracassado
odeio ser sustentado
por biscoitinhos
odeio não ser um saltador
odeio não ser um saltador
nem de mentirinha
odeio não conseguir dormir
odeio querer morrer
mais intensamente.
adoro mudar meu livro novo
o título de mais um livro
para ‘pântano’ ao invés de ‘show’
adoro produzir e produzir
odeio fazer isso para mim mesmo
odeio ter meia dúzia de fraturas
no meu coração e nas minhas mãos
para publicar um livro
odeio ter meia dúzia de aplausos
odeio ter que pensar em como
mais uma vez
adoro fazer mau á mim mesmo
adoro me entupir de doces
adoro aproveitar o mês de setembro
para terminar mais um livro
adoro o fato de o mês de setembro
ser o mês de terminar livros
odeio o fato de terminá-lo
para mim mesmo.
odeio o fato de ter passado
uma manhã de terça inteira
para me candidatar á um trabalho
que eu odeio
e eu me odeio por não ter conseguido.
eu adoro o fato de ver um psiquiatra novo
eu adoro o fato de que ele vai me receitar
amitriptilina.
eu adoro o fato de poder dormir melhor.
eu adoro o fato de pouco me foder
por uma pessoa
adoro o fato de desistir de uma pessoa
odeio o fato de ele poder expor
sua vida bela, perfeita e colorida
e eu não poder expor minha vida horrível.
adoro o fato de haver a possibilidade
de descansar em uma clínica psiquiátrica
adoro o fato de poder passar o resto
da minha vida lá
adoro o fato de nada que algumas pessoas
façam é importante.
adoro o fato de que o mundo vai engolir
os donos de vidas perfeitas,
os donos de prêmios.
e de que nossas vidas não valem nada
não importa o que façamos.
odeio o fato de trabalhar tão miseravelmente
para publicar um livro
mas eu adoro meia dúzia de aplausos
eu adoro sorrir por isso.
mas são as horas.
é até o clichê.
que faz com que isso fique bem difícil.
são as horas
e os biscoitinhos.

XOXO

15 de set. de 2011

HATE

where have all the monkeys? where have all the monkeys? in the zoo. in the zoo. aos treze minutos e quarenta e oito segundos de julien donkey-boy do harmony korine, eu não consigo continuar. não consigo assistir sozinho. não consigo não dividir isso com ninguém. a tradução da primeira frase desse post é o que cantamos para as nossas criancinhas: meu lanchinho, meu lanchinho, vou comer, vou comer. sabia? provavelmente não, só que estamos enterrados na droga da cultura americana e provavelmente nessa droga de contexto todo, você só conhece uma merda de campanha que a chloe sevigny fez depois que um gênio como o harmony korine a fez ficar famosa.

eu penso muito. foi o que uma prostituta sagaz como bruna fez. é o que qualquer pessoa sensata faz ao pensar o que é um blog: é um diário on line, onde as pessoas contam sobre a porcaria de suas vidas, por mais fingidas que elas possam parecer. a droga da minha não é. e desde que eu tentei o suicídio há um mês atrás, fui reavaliado por um médico que deve ou não ter olhado para a minha cara, e agora eu sou o mais novo portador de psicose afetiva (F39). existem poucas informações disponíveis, a não ser meu próprio relato: acordo e vou dormir querendo morrer. além disso, o mais grave não é odiar tudo o que me rodeia, desde a minha cama até o céu. a coisa que eu mais odeio no mundo sou eu mesmo.

meu ex-namorado gorducho, de dois anos atrás, compartilhava coisas como harmony korine. na época, andrzej zulawski por exemplo, ele respirava fundo, não entendia porra nenhuma e dormia muitas vezes. o filho de puta tentava.
no último domingo, o gentleman gaga, em sua 'segunda chance', não apenas abortou a sessão dupla de julien donkey-boy e dancer in the dark (do von trier) como apenas me usou de travesseiro por quatro horas antes de me mandar embora duas horas depois do horário em que a sessão deveria ter começado.
ele me esconde das pessoas.

hoje, um garoto de brincos e de xadrez passa por mim como um zumbi e é apenas mais um que passa e eu canto para ele 'hoje acordei tão feio...'. tive mais um dia péssimo, pois meu suicídio não deu certo e eu preciso pagar contas, eu preciso de dinheiro para tomar sorvete haagen dasz de midnite cookies, eu preciso de dinheiro para ver trinta filmes na próxima mostra de cinema de são paulo, eu estava ás nove horas da manhã hoje dentro de uma gravata dentro de uma multinacional italiana, tentando convencer uma japonesa e um italiano gordo que deve deitar em uma cama de ouro de que eu era bom o bastante para fazer um trabalho que eu odeio tanto, que não eu nem mesmo consigo explicar. eu não posso simplesmente dizer no meio da entrevista 'odeio vocês e odeio essa empresa'. não porque eles não mereçam, mas porque eu sou um covarde clássico e ainda tenho um coração - até deitei no colo da minha mãe hoje.

o garoto de xadrez e de brincos se perdeu na imensidão do universo, e ele não me ligou depois de toda essa prostituição e humilhação que passei nessa manhã. ele não me ligou para dizer 'oi, amor. como foi a sua entrevista?' com a voz mais suave que o mundo pode dar a um homem.
não é querer muito. eu ainda estou esperando o gentleman gaga me ligar como prometeu, se desculpando. hoje é quarta, e ele prometeu isso na segunda. mas não estou impressionado, pois ele nunca me surpreende, ele sempre consegue me decepcionar. afinal, as fotos dele estão ficando cada vez melhores. afinal, o blog do gloria deve estar cada vez mais acessado. afinal, eu não preciso de nenhuma porra de 'oi, amor'.
afinal, eu já me odeio.

esse é o meu querido diário. odeio a palavra 'poser'. sabe o que é ser poser? andar no mundo. existir é ser poser.

amanhã, provavelmente estarei péssimo para ir ver a sessão de curtas no palácio da câmara municipal ás 19h30. é a melhor coisa para se fazer amanhã. provavelmente, eu não conseguirei levantar da cama. se você conseguir, vá.

XOXO

12 de set. de 2011

HOMENS LINDOS E TRISTES

hoje é dia de miss universo. lembrei que existe um mister universo. e um mister gay universo. então, decidi criar o meu 'mister sad universe' com alguns dos homens mais lindos e tristes do mundo da música.

de anaheim, representando o estado da califórnia: JEFF BUCKLEY.

de 1966. filho do também músico tim buckley. conta-se que jeff apenas tocava e se recusava a cantar, mas quando abriu a boca pela primeira vez, esqueceram a bomba atômica, perderam o bin laden. apenas faltam palavras para descrever a dor e o tesão da voz e das interpretações do jeff. grande mente criativa e grande reinterpretador de canções também. tente ouvir suas próprias 'grace' e 'mojo pin' e discordar. suas versões para 'lilac wine' mais conhecida na voz de nina simone e 'hallelujah' do leonard cohen são lindas de chorar. eu não chorei porque não sou sensível, mas você vai chorar.
conheci jeff através da revista showbizz, que lia mensalmente no final dos anos 90. ele já tinha morrido, em 1997. lançou apenas um disco de estúdio, mas existem várias compilações de inéditas e discos ao vivo por aí. encontraram seu corpo no rio mississipi.

disco matador: 'grace' (1994)  

de rangun, representando a birmânia (grã-betanha): NICK DRAKE

de 1948. nas últimas páginas da ainda extinta revista showbizz, (sim, extinta, pois a que estão fazendo agora não é a mesma de antes) sempre havia uma página de clássicos. e hoje com a facilidade do MP3, eu tive a curiosidade de conhecer as canções do nick drake, e para a minha imensa, estupenda, bombástica sorte, a primeira música que eu baixei foi 'time has told me'. ouça essa música e quando alguém te perguntar 'qual sua música favorita?' você vai dizer 'time has told me' do nick drake por semanas. essa canção linda, é a que evidencia mais a voz de macho sussurrada do nick, ao contrário dos gemidos do jeff. várias outras canções ou discos dificilmente superarão tal canção, mas todas elas em um estilo sensual e mórbido. como disse john cale uma vez, muito diferente de tudo que era feito na música folk inglesa.
nick era um cara muito depressivo, sentia vergonha de tomar anti-depressivos, e escondia o fato dos amigos. tinha muita dificuldade para dormir, e em um certo dia foi encontrado morto por sua mãe em novembro de 1974. foi encontrada uma alta dose de amitriptilina em seu corpo.

disco matador: pink moon (1972)

de aberdeen, representando o estado de washington dc: KURT COBAIN

de 1967. 'não quero, não quero e não quero!' era o que eu respondia quando alguém falava de kurt cobain e do nirvana. naquele momento eu não queria ouvir mais nada do que o segundo disco do portishead (dá pra entender...) e chamava nirvana e pearl jam de 'rock-arroz-com-feijão'. demorou muito até eu amadurecer e conhecer toda a genialidade do kurt. foi nesse momento mais ou menos, que eu passei mais a 'ler' músicas do que ouví-las. foi mais ou menos aí que eu comecei a escrever meus primeiros poemas. o que kurt escrevia e fazia estava muito longe de mim, mais uma vez o que nos juntou foi a biografia. kurt também era um cara muito depressivo, e não escondia em canções como 'lithium' (na época, o único remédio usado para tratar o transtorno bipolar). acabei me aproximando do kurt pelas 'canções', não pelas pauleiras. assim 'all apologies' se tornou uma das minhas canções favoritas. sua voz, é uma das vozes masculinas mais sexies que já habitaram a face da terra.
kurt deu tiro na cabeça em 05 de abril de 1994 e sim, eu sou um dos defensores da courtney love (de acordo com toda a história que contam por aí, que você também ouviu).

disco matador: 'in utero' (1993)

de omaha, representando o estado do nebraska: ELLIOT SMITH

de 1969. elliot é meu mais novo protegido. canta para o meu coraçãozinho. elliot é um cara hetero que canta da forma mais frágil possível: imagine o jeff buckley sem poder gemer, é o elliot. ainda assim, muito masculino, tanto que sua 'angeles' está na trilha sonora de 'paranoid park' de gus van sant. mesmo gus sendo gay, 'paranoid' é um filme sobre sk8ers. aliás, 'angeles' é a minha favorita dele. dei o disco 'figure 8' de presente para o meu ex namorado. 
a grande aparição de elliot para o mundo, foi sua performace no oscar de 1997, com um terno branco, onde foi indicado por sua canção 'miss misery'. 'son of sam' também é uma de suas músicas mais conhecidas.
esqueci de dizer que ele também era uma cara muito depressivo? sim, pois ele era. sua batalha contra a depressão e vícios eram mostrados em suas canções. foi encontrado morto com duas facadas em 21 de outubro de 2003. o inquérito não foi conclusivo se foi um suicídio ou um assassinato.

disco matador: 'either or' (1997)

de elk grove village, representando o estado do illinois: BILLY CORGAN

de 1967. mais ou menos ao mesmo tempo que deixei de ouvir a turma de bristol, o smashing pumpkins também se tornou uma das minhas bandas favoritas. e billy corgan, era um dos homens que eu achava mais lindo. além de lindo, careca ou não, aquela voz única com aquele grave esquisito e as eventuais sussurradas, me levavam ao céu... aquele mesmo céu do premiado videoclipe de 'tonight, tonight'. billy corgan era o homem da minha vida quando eu tinha 15 anos (ahhh.....). rocks pesados, melódicos e letras intencionalmente melancólicas. aí é que está a diferença de billy para os outros: ele fingia. ele entra na minha seleção por fingir muito bem, e isso ele sempre fez muito bem. o smashing pumpkings sempre foram uma grande banda triste, e billy, lindo demais, sempre.

disco matador: 'mellon collie and the infinite sadness' (1995)

de wellingborough, inglaterra: THOM YORKE

de 1968. alguns me atiram pedras quando digo isso, outros dizem que também pegariam. eu me afogaria fácil, fácil com esse ruivinho maravilhoso e incrível. mais do que isso, um dos homens mais inteligentes do rock´n roll dos anos 90. radiohead é um passo a frente do smashing pumpkins, acho que nem dá para comparar na verdade. as primeiras faixas do disco 'ok computer' te capturam de uma tal forma que te dá vontade de ficar na cama ouvindo para sempre, de tão denso, tão lindo e triste ao mesmo tempo que elas são. thom é o jeff buckley inglês (ele teve a idéia de produzir o 'ok computer' após ver uma apresentação do jeff buckley). thom é mais um fã de kurt cobain (ele disse que ficou minutos em um shopping center seguindo uma garota que tinha a carta de despedida do kurt escrito nas costas). e eu sou mais um fã do thom.

disco matador: 'ok computer' (1997)

de blackwood, represetando Wales: RICHEY EDWARDS JAMES

a primeira vez que vi algo sobre o manic street preachers foi em uma foto em que o vocalista james dean bradfield, aparece sendo agarrado pelas spice girls! mero, mero habitante da terra no meio das spice girls (na época). lendo a mesma showbizz, o manic costumava sempre aparecer como 'banda queridinha da imprensa inglesa'. então eu costumava imaginar algo com popularidade similar ao oasis. ou algo com qualidade pior que oasis. mas nas seções de críticas de albuns, ou 'especiais' sempre encontrava o 'holly bilble' por lá, mas o que me fez ouvir msp pela primeira vez foi o disco 'everything must go'. o título é esse exatamente porque foi o disco que saiu depois do desaparecimento do richey no dia 1 de fevereiro de 1995. o carro dele foi encontrado perto da ponte severn, conhecida por ser uma ponte procurada por suicidas. ele só foi declarado morto em 2008.
well... o disco 'everything must go' tem boa parte das letras escritas por richey. e a voz do james é extremamente sexy, meio afeminado, mas na medida certa. esse disco tem a voz sexy da dor do james sob o fantasma do richey. é único. mas o msp não se resume somente á isso. ouça a versão que eles fizeram de 'been a son' do nirvana antes de criar uma opinião.
richey era uma gracinha. no meu primeiro ano de faculdade, eu usava uma camiseta com a foto dele.

disco matador: 'everything must go' (1997)

de campinas, representando o estado de são paulo: DRUMP GOO

fiquei tentando encontrar um representante do nosso país para esse evento e foi bem, bem dífícil... então pensei em um que conheci muito recentemente, e se encaixa perfeitamente no nosso concurso. o nome dele é brenno (não conte pra ninguém) e ele tem uma banda que se chama 'the creepy of old ladies'. siga o blog dele que você terá mais informações (ele também escreve, e bem) valetedeannexia.blogspot.com 
conheci o garoto em um evento que fiz no sesc campinas sobre literatura homossexual em maio deste ano, e como levei coisas como kathleen hanna e dennis cooper traduzidos (inéditos no brasil), o ímpar garoto acabou aparecendo por lá. hoje, se me perguntarem quem é nosso kurt cobain, respondo que é ele.

infelizmente, não há o desfile de roupa de banho. felizmente, não precisa ter vencedor. 

XOXO

10 de set. de 2011

LOVE


acho que é o formato dos olhos. se eles são meio caídos nos ângulos que estão bem acima das maçãs do rosto, é o que define muita coisa em sua vida. esse formato determina quantas vezes ou se alguma vez, as outras crianças irão te incluir em brincadeiras ou até mesmo em conversações. é ela o motivo, pelo menos no meu caso, de justificar boas notas, de saber fazer bons desenhos. essa queda natural dos olhos é algo que se tem menos na vida e que sempre se tem de reparar. e essa reparação é o mau. as outras crianças crescem e vêem o mau nos seus olhos. elas vêem quando você chega em uma mesa em um bar e quando elas vêem os seus olhos caídos, nunca se esforçam para te arrumar uma cadeira.

então você tem de compensar essa queda dos olhos. você tem de levantar cronicamente os ângulos das sobrancelhas. você passa a vida toda treinando essa maldade até você se questionar se você realmente se tornou ou se é mesmo mau. ou você pode simplesmente fazer uma cirurgia plástica para poder puxar as peles da testa e então seus olhos não ficam caídos nunca mais. é o que courtney fez. é o que eu ainda não pude fazer. mas a minha história é outra: eu sou cobain.

hoje acordei tão feio, e isso acontece quase sempre. acordei me sentindo tão feio e é o que acontece quase sempre. levanto e minha relação com sexo é uma velha suástica: homens caindo pelas suas pontas. eles não se importam do fato em fazer com que meus olhos estejam meio caídos porque eles já estavam assim quando simplesmente me devoraram. hoje, eu tenho alguém para perpetuar esse déficit de atenção, esse déficit de afeto, mantendo uma vida dupla; indo e voltando. o sumido 'paul mCcarthney', o garoto que eu guardo o cardigan que usei para cheirar depois, apenas mantém uma vida paralela: escondendo o ângulo dos meus olhos só para ele, escondendo do restante de sua vida. exatamente o contrário o que fazia a love.

back in nineties, seattle; love, courtney- respirava, e ligava para cobain calmamente depois de um coito totalmente animal com evan dando, jeff buckley ou seja lá quem for. ela não fazia questão de expor nos zines, nos tablóides da época. ela o protegia. ela o salvava da morte.
'paralel lines' era só um disco do blondie que tinha ficado 'back in the eighties' e agora eu preciso de alguém como love. preciso de uma love, love, love. quanto tempo mais vai durar essa pose?

ps. pose: a quantidade de vezes em que você tira auto retratos. não quero mais tirar nenhum, pois já estou convencido de que sou feio na quantidade de vezes que sempre tenho de tirar de novo e esse é mais um dos significados da vida que eu matei. quais alguns dos outros? 'as pessoas devem continuar vivas pelas outras?'. pode ser mais um, não sei. mas eu só diria nesse ponto, que se eu soubesse plenamente o significado da vida, eu não saberia explicar. assim como alguém cínico com os olhos caídos comete mais uma maldade ao cometer esse egoísmo.

6 de set. de 2011

DEAD ATHLETE


eu ia postar no facebook que minha gata siamesa tatyana lebedeva está viciada na trilha sonora do filme 'dead man' do jim jarmusch, que contém neil young tocando guitarra e johnny depp lendo poemas. mas fiquei cansado na cama de levantar para despertar inveja por causa de um mero objeto, por mais tenro que ele seja.

ouvi o barulho do carro do meu pai saindo de casa e oba! casa sozinha para mim: vou me alongar, colocar minha joelheiras e jogar voleibol no quintal, vou usar o corredor para dar tiros de corrida e fazer exercícios de saltos para no próximo fim de semana, melhorar minha marca de salto triplo que consegui antes de ontem.

parei por um segundo e tentei pensar como uma pessoa normal: como meu pai. 'este quintal não é um lugar próprio para a prática de esportes' e não é mesmo. hoje, eu jogaria voleibol de novo, faria os tiros de corrida de novo e no final de semana, eu superaria os nove metros que não consegui superar na semana passada.

back in 2003, eu fazia exatamente a mesma coisa. superava os nove metros no corredor do quintal de casa com dificuldade. então ia para a quadra de esportes da faculdade (que é feita de concreto) e facilmente superava os dez metros, até que superei os onze metros e meio em frente é uma galera dentro de uma calça jenas e um tênis de futsal. e fiz isso sem uma caixa de areia para aterrissar.

com roupas apropriadas, com um tênis apropriado, com um coach, com uma aterrissagem completa, eu facilmente superaria os treze metros. em uma pista de tartan, treinando três vezes por semana, indo ao gymn, aprimorando minha técnica, eu superaria logo logo os quinze metros, e no dia 05 de setembro de 2011, jeferson sabino foi campeão brasileiro com a marca de dezessete metros e sete centímetros. e eu, abandonei toda essa possibilidade largando o atletismo para conseguir um diploma de faculdade que não vale nem um tostão furado.

exatamente por isso, eu não vou calçar meus tênis azuis nem minha joelheiras, porque não vale absolutamente nada eu conseguir superar os nove metros nesse final de semana, já que logo logo vou deixar de ser a justine do melancholia e voltar a trabalhar full time (foi para isso que meu diploma furado me formou). mesmo estando tonto, com a marcha prejudicada, com a audição prejudicada, eu consegui superar oito metros e quarenta e dois centímetros aqui no corredor do meu quintal e então... o que fazer?

não chorar, e ouvir a trilha sonora do 'dead man' do jim jarmusch, que tem o neil young tocando guitarra e o johnny depp lendo poemas, com a minha gata ronronando encima de mim.

1 de set. de 2011

EXÉRCITO DE EXTERMÍNIO


estou parado em frente ao vhs raro do filme 'exército de extermínio' de george romero, de 1973. pois tenho de prestar atenção em alguma coisa esperando a mulher da empresa em que eu trabalhava me ligar, para ela me pagar mais, mas ela quer me pagar menos. isso me faz ficar concentrado em frente á esse vhs. você conhece? eu conheço, é o filme que george romero realizou logo após o cult movie 'a noite dos mortos vivos' de 1968. ficou muito tempo fora de catálogo e saiu em dvd há poucas semanas no brasil. pressiono o indicador na etiqueta dele e ele é só mais uma peça da coleção que me deixa orgulhoso. mas o objetivo dessa coleção enorme é ter alguém para rever ela todinha junto. alguém para ter orgulho por eu ter garimpado o vhs do exército de exermínio do george romero de 1973. enquanto a mulher não liga, eu lamento o universo verde que saiu dos meus ouvidos misteriosamente, mas eu não posso dar relatos patológicos, senão as pessoas não vão mais querer ser minhas amigas. eu não posso dizer que estou tendo dificuldades de ouvir vozes femininas, senão vou ter menos amigos ainda. eu só posso dizer que tenho um ponto na minha nádega direita porque eu espatifei uma mesa de centro. se eu disser isso as pessoas vão achar engraçado e vão querer ser minhas amigas. mas a divisão do vhs é o significado da existência do mundo. se eu parar de garimpar vhs raros, a razão da minha existência acabará, pois eu tenho certeza que tem alguém no mundo esperando para ver todos esses vhs´s ao meu lado. pois quando eu era pré-adolescente, eu tinha certeza que seria um rock star, hoje eu tenho certeza que não vou mais ser um rock star. quando eu era criança, eu tinha certeza que o garoto de 13 anos mais lindo da escola sabia que eu existia, hoje eu tenho certeza que ele não sabia. quando eu era bebê, eu precisava instintivamente dar sequência ao prazer oral e ao prazer de proporcionar inveja ao ter a mãe mais bonita que a sua. mas a minha mãe virou totalmente a mesa e nunca escondeu que eu sou feio. e hoje, eu já não tenho tanta certeza de que há alguém esperando para ver tantos vhs´s comigo. e isso me leva a desejar algo que eu não posso mais dizer, porque senão também não vou ter mais nenhum amigo.

23 de ago. de 2011

GOGH


ga ga ga p j harvey gaguejaria, cacarejaria 'sheela-na-gig' lá nos idos de 1992 na obra de arte 'dry' - eu não produzi, não tenho produzido nada depois da minha 'gagejada', 'cacarejada' na semana passada. após escrever coisas como hospital com 'u' ou palavras indescritíveis a conhecidos e flertes a desconhecidos, ainda me resta do van gogh á minha amiga bia, as críticas á tentativa de suicídio. 'o suicidio faz com que a sua família e os seus amigos se sintam seus assassinos' van gogh.

talvez seja melhor continuar vivo e cortar a própria orelha, não é mesmo? o pior é que se sua tentativa de suícidio não dá certo, sua família e seus amigos continuam te assassinando. afinal, putsss... não tolero mais essa palavra. não quero mais falar sobre isso (embora já esteja falando) e ficar dando relatos patológicos... é que não sobra muito.

coca-cola, café e agora 'melancholia' do lars von trier: novo vício. fui hoje pela terceira vez ao cinema vê-lo. a livraria cultura ainda não tem a trilha sonora para vender. 'ela arruinou meu casamento, não vou mais olhar para ela' essa frase, do personagem que organiza a festa de casamento da justine em 'melancholia' me lembra muito um escritor amigo meu (que já citei muito o nome). acho que ele não voltará a falar comigo e toda vez que me encontrar, ele irá esconder o rosto com a mão - no salão de dança, na barraca da sopa de cebola ou seja lá onde for.

eu e justine somos pedacinhos de cocô que temos certeza de que a vida no planeta terra é má, e que felizmente, ela está com os dias contados (momento pessimista).

patologicamente, ainda não estou bem. passei uma semana aterrorizado e agora vivo uma semana apática. ainda levo pequenos choques devido á agressão que fiz ao meu snc. tenho a impressão de estar enxergando um pouquinho menos e tenho tonturas (momento-documentário).

aliás, no último sábado fiz uma ponta em um curta metragem sobre o glauco mattoso, que meu querido amigo gustavo vinagre está filmando. foi uma experiência diferente. única. eu nunca tinha filmado antes, e este foi direto, reto, sem ensaios, sem enrolação: cheguei atrasado e filmei em questão de minutos. eu não esperava conhecer o glauco dessa maneira... ainda mais ele, o qual fui mais comumente comparado nas poucas críticas que sairam do meu livro de poemas 'poesia gay underground: história e glória' de 2008, inclusive pelo mesmo selo em que o glauco publica. disse isso a ele em cena. o curta tem previsão para ser lançado em dezembro deste ano e se chama 'filme para um poeta cego'.

vou cortar a orelha mais alguns meses para ver esse lançamento.

XOXO