15 de dez. de 2022

DESPEDIDA DA AVAREZA, ÓDIO E CANIBALISMO






Conheci Manaus. For good.

                Gente bagunceira. Gente avarenta. Gente porca. Gente falsa. Gente egoísta.

                Aka

                Bicha bagunceira. Bicha avarenta. Bicha porca. Bicha falsa, tem vários nomes. Bicha egoísta, mora em uma casa cheia de viado, mas não queria que nenhum deles me chupasse e não foi falta de eu pedir, mas adorou a ideia de eu levar meus amigos ativos para ficarmos em pé em volta dele. Levei 3g para dividir, mas ele relutava em dividir um cigarro. No meio da noite perguntei se ele viu minha cueca, ele perguntou por quê, eu disse que dormia mais confortável com ela e ele disse que era para eu procurar no chão, mas não achei. No dia seguinte, depois do banho, antes de ir trabalhar quando eu ainda estava despertando, vi de rabo de olho a bicha vestindo minha cueca. Meu, ele roubou a minha cueca! Sim, fui pra casa sem cueca. Depois de vinte e quatro horas sem comer por causa dela, eu pedi algo para comer, qualquer coisa, para não incomodar (ele fez a pior cara do mundo e foi fazer dois pratos de miojo). Miojo? Alguém ainda come miojo? Que ele demorou dez minutos pra fazer, não entendo como, sendo que aquilo se faz em três minutos. Mesmo exausto, ele não teve a bondade de oferecer que eu ficasse descansando na casa dele e depois fosse embora (não é que ele furta coisas que eu também furto). Me arrancou da cama ás sete para sair com ele rumo ao trabalho. Pedi uma toalha para tomar banho. O mínimo que eu esperava era uma toalha seca. Pois ele me deu a mesma toalha molhada que ele tinha tomado banho. Não menos que isso. Tomei o banho e quando saí, tive a curiosidade de cheirar a toalha, uma toalha fedida. A única coisa que me agradou foi a cachorra dele, uma chow chow misturada extremamente carinhosa. Tive na hora vontades de ter uma cachorra igual, não que minha gata também não seja carinhosa, mas eu podia ter as duas. Um dia terei um lar e espaço para uma gata e uma chow chow. 

 

                Porém, dessa vez, algo de muito novo aconteceu: eu joguei cocaína fora.

 

                Não, a tal empresa de Guarulhos não me aceitou. Me convidaram para me prostituir para pilotos gringos de avião. Pagam cem dólares. Logo, quinhentos e quarenta reais. Gostei da ideia, mas pouco depois eu lembrei que nesse ponto não faz mais sentido vender meu corpo, nem que, quando eu quero eu consigo parecer sexy. É que eu decidi que preciso ficar quieto, preciso ficar vestido. Dá-se um jeito para pagar as dívidas. Aquelas mulheres gestoras de RH nunca param de ligar usando fotos de dez anos atrás no whatsapp me oferecendo empregos formais, que depois de todo o esforço de chegar na final com outros dois finalistas, sempre sou preterido. Porém, cedo ou tarde algo deve dar cerdo, cedo ou tarde os olhos gordos do meu pai devem murchar, cedo ou tarde minha irmã deve tirar meu nome da fogueira da umbanda. 

 

                ***

               

                Tão exausto na cama, dei um tempo a mim mesmo para ver o que ia fazer da minha vida e isso incluiria se eu ia permanecer vivo ou não.

                A literatura não funciona. A música não funciona. Os homens não funcionam.

                Percebi que eu preciso de carinho. Percebi que eu não sei mais o que faço. Percebi que eu estou perdido.

                Resolvi que depois de três anos, estou repensando minha sexualidade, o que não exclui a falta dela. Cansei de fazer papéis só para forjar uma vida sexual que eu sei que não tenho. 

                Contudo, eu ainda não tomei minha decisão. Florbela Espanca já estava morta na minha idade. Sylvia Plath e Ana Cristina César também. Virgínia Woolf esperou até os quarenta e cinco. Será que eu devo esperar? A questão é que não há um bom motivo.

                Ter quatorze anos de carreira na literatura, quatro livros publicados, dois premiados e mesmo assim, tudo o que eu ganhei na literatura foram quatorze mil reais. Dez mil reais do proAC e quatro mil reais para ir dar as palestras no SESC Campinas. Ah, tá, e os trezentos reais de cachê da mesa na balada literária 2009.

             Não entendo, sofro cancelamentos por coisas que eu não fiz e por coisas que eu não sou. Continuo escrevendo livros incríveis. Quer publicar, Hugo? Cinco mil reais. Não parece justo, não parece valer a pena. Ter que pagar para publicar até eu tiver cinquenta anos até que a grande crítica vá com a cara de um dos meus livros e eu ganhe um Jabuti ou um Prêmio São Paulo; e eu finalmente saia da merda e seja contratado por uma editora grande. Vou passar minha vida esperando por isso? E até lá? Vou ficar enfurnado trabalhando nove horas por dia infeliz em um escritório fazendo um trabalho que eu odeio? Porque meu pai me tirou o sonho de ser o melhor saltador em distância do mundo quando eu tinha vinte e dois anos? Eu estava olhando para um moleque louro puro lindo no ônibus terça-feira e pensei que se ele me quisesse, tudo bem, eu jogava tudo pro alto. Mas o ponto dele chegou. E ele desceu.


* Mercedes fúnebre.

* Drop.


XXX


9 de dez. de 2022

BUT THESE TIMES BLOOD

 


    Eu não sabia que existia um botão que bloqueava mensagens de determinada pessoa. Descobri por acaso esse botão. Quer dizer que a pessoa não precisa nem ter o trabalho em te ignorar, o tal botãozinho faz o serviço e eu pensando que de alguma forma aquela bolinha azul preenchida me dizia que eles liam, jamais responderiam, mas eu queria que eles ouvissem, quando na verdade eu estava falando com um botão o tempo inteiro.

 

    Eu não sei o que pensam. Não sei o que fiz. Me tratam diferente desde a última segunda-feira quando fui fazer o exame médico. Eu não sei o que vão me dizer até o final da semana. Alguns deles prometem, mas não dizem nada. Uma certeza que tenho é que será uma semana horrível, ansiosa. Outra certeza é que se não me aceitarem, terei sérios problemas comerciais. Outra certeza é que se me aceitarem, uma pomba branca levantará voo. E não vai ter sangue.

 

    Decidi que não quero mais. Não vou pedir mais. Pagar e não pedir mais. Você sabe o que acontece quando ela vem, não sabe? Ainda tem o sonambulismo que precisa ser melhor elucidado. Seremos maridos muitos calmos. Ou até mesmo maridos que não fazem sexo. Tudo aquilo que vocês receberam via inbox, não fui eu, foi ela, foi ela o tempo todo e eu não vou sentir falta dela. Alguns gostaram, outros não, mas eu preciso coloca-la na coleira, e vou. Aos que merecem desculpas, eu diria que é mais fácil esquecer imagens do que palavras.

 

Amanhã. E sempre. Amanhã. E sempre, sempre, sempre, sempre.



pobre de direita.... palhaço ignorante! neo nazista com sangue preto... sudaca do caralho!

Caio. Pobre menino pobre.

 

    Azar meu? Azar dele? Azar meu, ele é lindo e pode escolher o boy que ele quiser. Antes cedo, não vou ficar aos pezares por causa dele. Faz cinco anos que estou correndo atrás de um moleque que não me quer e me ignora, não são quatro dias atrás dele que me farão algum mal. 

 

    Há de se deixar de pensar com o sexo para pensar com o coração e daí sim começar a pensar com a cabeça e ser o que se deve ser: amargo, desagradável e solitário.

                Para que meus inimigos tenham pés

                E não me alcancem

                Para que meus inimigos tenham mãos

                E não me toquem

                Para que meus inimigos tenham olhos

                E não me vejam

                E nem mesmo um pensamento

                Eles possam ter para me fazerem mal.

                

*Never sorrow tears, but these times blood.

*Vamos desenrolar as notas de dinheiro agora?

 

XXXX


2 de dez. de 2022

CORDA DA VIDA


"Corpo do texto: Nossos ossos" Dir: Thiago Carvalhães

Tenho dor nas cordas vocais. Mas tenho mais dor no coração. Não, a cover de “Territorial Pissings” não estava ruim, pelo menos não TÃO ruim como aquelas “pessoas horríveis” disseram, eram mais de nove mil, o que eu podia esperar? Gente pobre por dentro e por fora, gente racista, gente sem curso superior, metaleiro (que só sabe ouvir um tipo de som, não sabe abrir a cabeça), em nove mil pessoas há muita gente desclassificada, que nem importa quem está cantando, se importa que é veado da Vila Mariana, branco, vestindo um moleton da USP.

                Há meios.

                Há meios.

                Parar de cantar? Alguém deixa de saltar por causa de uma lesão na coxa? Alguém deixa de ser campeão olímpico depois de gravidez e cumprimento de dois anos de pena por doping?

                Há meios.

                Tenho fins.

                Deixar de ouvir qualquer instrumento que tenha cordas é um. Não aumentar o tom da minha voz para quem não merece é outro.

                Copa?

                Só se for com sala e cozinha.

                Balanço?

                Ano do “aprenda a deixar de ser trouxa”.

                Homens.

                Homem, eu quis dizer. Um já está quase impossível quiçá mais de um. Quatro anos sem namorar, espero que a minha irmã retire o trabalho no ano que vem, mas não vou descer o sarrafo, depois de quatro anos de pena e de ter parido uma prole, eu também mereço aquela medalha, eu também mereço aquele pódio e tudo o que venha junto com ele.

 

***

 

                Fui fazer o exame médico para a empresa nova. Não foi dessa vez que realizei o fetiche de ser abusado pelo médico. Ele tinha o dobro da minha idade e disse “Seja bem-vindo”, a enfermeira me bloqueou no whatsapp.

                Antes disso o Bojikian (ou alguém se passando por ele) respondeu uma daquelas minhas famosas mensagens inserções no Messenger no domingo à tarde. Ele ou um fake dele. Ele disse que podia me ver no domingo à noite e eu aceitei mesmo sabendo que eu não deveria passar a noite fora porque eu tinha de fazer o exame no dia seguinte.

                Comprei mimo. Tolerei seus silêncios, suas nuances.

                - Já são 23:00, está tarde, passa seu endereço.

                23:50 e ele não respondeu

                - Ah! Eu inventei a roda, mas eu não sou idiota. Se você me der bolo hoje, não espere que você vá falar comigo de novo.

                - Malz. Hoje não dá

                - Babaca

                - Segura esse rabo. Tenho mina. Quando der, te chamo. Hoje vou ficar só comendo a boceta da minha mina.

                - Cuidado, minas explodem.

                A foto de perfil dele não abre. Em nenhuma das fotos dele o rosto aparece.

                - Ele não se expõe muito, né? (Como diria Daniel Guarda)

                Ainda dei meu whatsapp. Ele sequer visualizou e me excluiu do FB. Esse é o meu veneno. 

               

*Lilly Beth veio ao Brasil em 1968 sem nenhuma joia, com um vestido pobre.

*Me empurrou na linha do trem e saiu rindo.

 

XXXX

 

24 de nov. de 2022

FA-TAL

 

Pensei que quando a bola vinha, eles a partissem ao meio com uma espada.

 



 

Deus me livre ter medo agora

Que eu já pus meus pés no mundo

Deus me livre ter medo agora

Que eu já pus meus pés no fundo.

 

***

 

Se você sente falta de algo ás quintas-feiras

Pois continue.

 

***

 



Legal. Gal nasceu em uma região nobre de Salvador, ela tinha meios de decidir se queria ou não ver a mãe pelo resto da vida. E não quis. [Mamãe, mamãe, não chore/ a vida é assim mesmo, eu fui embora/ Mamãe, mamãe não chore/ Eu nunca mais vou voltar por aí/ Mamãe, mamãe não chore/ A vida é assim mesmo, eu quero mesmo é isto aqui!] [Ai! minha mãe/ Minha mãe menininha/ Ai minha mãe/Menininha do Gantoise].

            Nesse ano parou de gravar acidez mirando a mãe. Junto com Bethânia, gravou “Minha mãe”, uma gravação linda, uma letra linda, sem ironias, sem rancor, sem duplo sentido, um dueto tão lindo. A mãe nunca aceitou Gal, tanto que Gal nunca se assumiu gay, talvez esse tenho sido o abismo que separou mãe e filha por uma vida inteira. Talvez, “Minha mãe” foi uma redenção, uma despedida com bandeira branca, à cavalo. Aqui se paga. Nós gays adotamos para amar, para proteger, para deixar que não aconteça com aquela criança tudo de amargo que tivemos de engolir a vida inteira, mas e quando a criança que você adotou representa exatamente tudo o que há de amargo que há na vida?

 

***

 

Brevemente, ainda, sobre a paranoia dos prêmios, não sei quem foram os jurados do Caio Fernando de Abreu, mas se colocarem a Paula Fábrio para ser jurada de tudo quanto é prêmio, a coisa fica BEM difícil pra mim.

No último outubro, inscrevi meu "Poco" no prêmio Programa Nascente da USP (mesmo prêmio que ganhei menção honrosa pelo "Igor na Chuva" em 2017) e um dos três jurados, adivinha? Era a Paula Fábrio. Meu "Poco" é provavelmente a melhor coisa que eu já escrevi (e foram pessoas do meio literário que dei pra ler que disseram isso). Adivinha o que aconteceu? Sequer fui indicado. Com o zero à esquerda que a Paula Fábrio deve ter me dado, ficou um pouquinho difícil ser indicado, não? E eu não esperava apenas ser indicado, eu esperava ganhar o prêmio, eu estava até um pouco tranquilo com o fato de ganhar o prêmio.

Nem conheço essa mulher, nem quero conhecer, mas nem imagino por que ela me detesta. Em um belo dia, o Mike Sullivan, publicou uma crítica sobre o meu "O Tiro de um milhão de anos" com a nota "bom" e a senhora Paula Fábrio apareceu do nada na publicação em que ela sequer foi citada, dizendo que os livros dela deveriam apenas receber a nota "excelente". Wtf? Repito: Nem conheço essa mulher, nem quero conhecer e não faço ideia por que ela me detesta. Meu, a caminhoneira já ganhou Prêmio São Paulo e o caralho, pra quê vir querer empatar minha carreira?

Se ela fosse macho o bastante pra vir falar comigo, provavelmente diria "Talvez você não seja tão bom quanto pensa", e eu responderia "Foi o que uma jurada disse á Tonya Harding antes de ela se tornar a segunda mulher da história a fazer um salto triple axel em 1991"

 

***

 

Quando for traduzir atletismo de novo, não se incomode. Já sabe que vai além de falar inglês né?

Nos quatro saltos, durante a performance, nobody “jump”

O saltador em altura no seu esforço, “scales”

O saltador com vara no seu esforço, “soars”

Os saltadores horizontais nos seus esforços, “leaps”

Não foi nada, querido. Volte sempre.

 

***

 

Eu nasci em um deserto. Eu deitei minhas costas pela primeira vez em um lugar que eu não queria. Eu pisei em uma faculdade que eu não queria chantageado pelos outros. Eu fui condenado a trabalhar por quatorze anos infeliz. Essa semana, fui aceito para voltar ao trabalho e a sede deles fica no mesmo deserto em que nasci. Eu não devo pintar os cabelos. Eu não posso me vestir como quero. Minha mãe ainda quer filtrar as roupas que eu uso, a forma que arrumo o cabelo nessa altura da vida, se eu me oponho ela começa a gritar. Minha irmã conquistou o respeito dos meus pais e está bem longe daqui. Meus pais não me respeitam nunca me respeitaram, me dizem coisas horríveis e eu não posso responder, pois se eu responder, nunca sei quando meu pai vai meter a mão na minha cara. Mesmo assim, minha mãe não quer que eu suma daqui, porque foi quando saí de casa que comecei a usar drogas. A pior droga é o respeito, e ela é cara, e eu gosto.

 

***

 






 

*  Quando passa o cio, o efeito, eu deixo de ser tudo aquilo que eu não sou.

*  Vai partir meu coração e partir o bolo.


XXXX

17 de nov. de 2022

A MORTE DO ANO





A LIVRARIA CULTURA NÃO ESTÁ MAIS VENDENDO OS MEUS LIVROS.

Não disseram o motivo nem quem deu a ordem. Não vou esquentar a cabeça com esse boicote e nem procurar saber a bichinha invejosa que está por trás disso. E pensar que fui cliente +Cultura por vários anos e gastei uma pequena fortuna em livros, CD's e DVD's por lá, agora não piso mais um dedo do pé lá.

 

A LIVRARIA MARTINS FONTES CONTINUA VENDENDO TODOS OS MEUS LIVROS, sempre me respeitaram, já lancei livro lá. A Martins é bem pertinho da Cultura, a loja é tão completa quanto e as funcionárias são um doce, diferente das sapas arrogantes da Cultura, que acham que só elas tem problemas.

 

***

 

A palavra boicote entrou na língua inglesa durante a "Guerra Agrária" irlandesa e vem do sobrenome do capitão irlandês Charles Boycott, o agente da terra de um senhorio ausente, Lord Erne, que morava em Lough Mask House, perto de Ballinrobe no condado de MayoIrlanda, que era sujeito ao ostracismo social organizado pela Liga Agrária Irlandesa em 1880. Como as colheitas haviam sido pobres naquele ano, Lord Erne ofereceu aos seus inquilinos uma redução de dez por cento em suas rendas. Em setembro daquele ano, os inquilinos protestantes exigiram uma redução de vinte e cinco por cento, que Lord Erne recusou. O capitão Boycott tentou então expulsar onze inquilinos da terra. Charles Stewart Parnell, em um discurso em Ennis antes dos eventos em Lough Mask, propôs que, quando se tratasse de inquilinos que levam fazendas onde outro inquilino foi despejado, ao invés de recorrer à violência, todos na localidade devem evitá-los. Enquanto o discurso de Parnell não se referia a agentes da terra ou proprietários, a tática foi aplicada pela primeira vez ao capitão Boycott quando o alarme foi levantado sobre os despejos. Apesar das dificuldades econômicas de curto prazo para aqueles que empreendem essa ação, Boycott logo se viu isolado.

 

***

 

Devo desabafar com alguém. Acabei de ver os indicados para o prêmio Caio Fernando Abreu de literatura do mix literário. Claro que não fui indicado, meus livros não são mais avaliados pelo mérito literário, mas pelo meu nome. Faz mais de um ano que estou cancelado no mundinho literário paulistano. Sim, falei uma grande merda. Adianta voltar atrás? Adianta pedir desculpas? Não, o legal é pegar alguém pra cristo e não sossegar até ver a pessoa na cova até jogar a última pá de terra. Nesse mundinho da literatura, não existe perdão, você é condenado à morte por uma frase infeliz que você disse, dentro das milhares de frases brilhantes que você disse. Parte dessas pessoas são as que tem inveja do meu texto e se você acha que me cancelar vai melhorar a bosta do seu texto, querido, não vai.... Eu só queria dizer que não estou morto, meu livro novo que é melhor do que muita porcaria aparecendo em listinhas por aí, será lançado em breve e eu só não vou ao seu velório porque provavelmente estarei ocupado.

***

 

Postei uma canção da Gal de 1969, mas ninguém nem ligou. É.. Não adianta dar pérola á porco.

A cultura, a civilização

Eles que se danem

Ou não

Somente me interessam

Contanto que me deixem meu licor de Jenipapo

Somente me interessam

Contanto que me deixem meu cabelo belo

Meu cabelo belo

Como a juba de um leão.

 

***

 

“É lindo adotar? Lindo é quando a criança se mostra uma cobra e está pouco se fodendo quando a mãe morre.” Postei sobre aquele filho adotado da Gal com olhos de psicopata. Relatar o mini linchamento? Até!

Somente me interessa meu licor de Jenipapo

Somente me interessa meu cabelo belo como a juba de um leão.

 

***

 

Nem a gordura, nem o açúcar vão fazer o tempo passar

Coraçãozinho depois do pé é flor no túmulo.




XOXO

7 de nov. de 2022

A GAROTA DO ANO


 JACKIE

CINDY

AND KATE

SANDIE 

AND

PETULA

AND PETULIA

PENELOPE

GINGER

AND APRIL


***


Agora já são oito quilos que perdi por causa de uma sonolência dos diabos. Claro, ninguém come dormindo. Minha psiquiatra disse que o Zolpiden em altas dozes tem efeito de droga ilícita, veja só; e também vi na TV que ele é responsável por casos de sonambulismo! Acho que fui um, há dias que vejo meu celular de manhã e não me reconheço nas mensagens que mandei.


***


Cássia Kiss longe. Não podemos acusá-la de homofóbica agora porque ela usou as palavras certas, mas não adianta... O que ela disse no programa do Faustão nos anos 1990 não dá pra apagar, vai ficar gravado pra sempre.

Faustão: O que você faria se tivesse um filho gay?

Cassia: Eu iria me perguntar onde foi que eu errei...

Mas, diga aí, Cassia Kiss longe, dar um beijo de língua na Lúcia Veríssimo foi legal, né? Mas a questão é que a cena não pedia um beijo de língua. Cassia Kiss longe, é triste uma mulher da sua idade tão mal resolvida e ainda por cima pregando homofobia. Mas se formos confrontar com as centenas de atrizes que estão de assumindo lésbicas, quem está se importando com a velha Cássia Kiss longe?


***


Faltou falar de esporte? A confederação de Ginástica Olímpica Brasileira permitiu mais uma vez que Rebecca Andrade fizesse o exercício de solo ao som de "Baile de favela" (que é um funk proibidão), cheque a letra completa na internet e veja se é "apropriado".


Rayssa Leal foi campeã da liga mundial de skate, cresceu, engordou, sem nenhuma baixaria.


XXXX











 

20 de out. de 2022

IDIOTONIA



01.

Tough TV

Tough phone

Tough watch

Tough crack

Tough.


02.

Quer atenção?

Seja um cachorro perdido

Nos braços de um bombeiro fortão

Nas chuvas da Bahia

Ou de Minas Gerais.


03.

Beleza não é algo que se tem

Beleza é algo que se finge.


XXXX
























4 de out. de 2022

HANDEBOL SUJO

 

48x43

Era para acabar no primeiro jogo as finais dessa disputa de handebol, agora aguenta... vai sobrar cotovelada para tudo que é lado, vai ter gente quebrando nariz.


XXXX


















17 de set. de 2022

QUEIJO



Eu sei o quanto o queijo me atrai. É algo que não posso explicar, por mais que eu saiba que eu saiba que ele é perigoso, que eu devo me manter longe dele, onde é o meu lugar. 
Sim, sempre tenho sempre de esperar pelo príncipe encantado, quando chegar a hora de eu parar de ir até os outros e os outros virem atrás de mim, mas será que esse dia vai chegar? E se não chegar ao que tudo indica? Príncipe encantado procura outro príncipe encantado e rato como eu contenta-se com outro rato, mas se você soubesse como é ruim o gosto de outro rato se contentaria a viver sozinho ou sair de cena e eu já pensei bem como, já pensei como será infalível.
Daí colocam esse pedaço de queijo tão sexy se mostrando pra mim, estranho pois quando tem queijo bom por aqui, escondem de mim. O que querem é um belo castigo daquela pequena máquina da tortura.
Estou velho de mais, tolo de menos.


XXXX

2 de set. de 2022

AU CRACK


    Nessa Guiné Bissau, nesse Zimbabwe Ocidental, eu já estava vacinado. Quem acaba no crack, acaba ator de metrô. Um gesso eterno para uma perna que não melhora nunca, mães usando crianças alegando falta de leite, gente alegando desemprego pois se assim for metade do vagão pode levantar-se e mendigar também, pedem sempre o mesmo, qualquer ajuda, uma fruta, uma bolacha, eu queria dar outro tipo de bolacha a eles, cinco centavos. Quem anda com frutas e bolachas no metrô? E quem cai no golpe, tem vergonha de dar só cinco centavos.


    Daí o país atravessou a linha da pobreza de novo, daí milhões de pessoas passam fome hoje. Dias atrás, um homem me parou na rua, na Brigadeiro Luís Antônio, disse que veio de Curitiba, que era arquiteto, logo soltou um "bah" para mostrar o sotaque, mostrou seus desenhos e disse que estava há três dias sem comer. O primeiro pensamento que me veio foi "Como alguém se despenca de Curitiba para cá sem recurso a ponto de acabar passando fome?". 

- Estou sem dinheiro, só uso cartão

- Você pode comprar alguma coisa aí no mercado mesmo

    Fiquei com medo de ele roubar o meu cartão e inventei algo para me livrar dele.

    Se fiquei chocado? Tocado? Muito. Fome é calo difícil de aguentar.


    No metrô, há poucos dias, um rapaz sentou-se do meu lado e disse que estava desde as oito e meia sem comer, já era noite. Até que comecei a pensar, esse homem não parece fraco, é difícil, mas há onde encontrar comida. O arquiteto, estava gordo, não parecia alguém com fome e por que logo eu teria que matar a fome dele? Será que aqueles desenhos eram dele mesmo. Fome virou um belo argumento para arrumar dinheiro para comprar crack.


Enquanto há fome, há crack.


XXXX


11 de jul. de 2022

BOLA DE JORNAL


 

Sempre ouvi dizer que temos dois ouvidos e uma boca, mas nunca disseram nada sobre os olhos, mas eu sei tudo sabia tudo como Nara Leão pegava letra melodia era tudo muito rápido meus dez dedinhos por fim ficaram imóveis até que ficaram doentes como os de Mojica quando deu as unhas de presente, mas o que eu espero é que alguém os demandem como quando é inevitável eu mesmo os demando.

Conte-nos não tente nos enganar não morreu ainda, mas vai morrer será que vão te dar o presente de noticiar a morte da Cinderela? Falo com a morte, mas não basta só uma manhã, só uma para visualizar conteúdo dizendo que se trata de mais um golpe da raposa e eu acreditei.

Sim, é o décimo minha mãe não escondeu os cigarros dessa vez apenas os guardou eu sei, eu sei, nunca pensei que seria uma bagunça saber que meu inglês não é fluente ao não saber contextualizar a palavra “off” em uma determinada frase a ponto de eu não saber se acabou ou não quem nasceu em outubro recebe em abril quem nasceu em novembro recebe em maio quem nasceu em dezembro recebe em junho quem nasceu em janeiro recebe em julho e quem não nasceu? No dia dois de agosto será tão embaraçoso... A doutora dirá nossa, [sim] são branquinhos agora! É para eu não esquecer o quão velho imprestável e assexuado estou para Romeo me ofereci á homens em um singular dia em que a Quietiapina falhou só tive resposta de um entre vários tardia era ela e a comida requentada gosto de carne crua sangrando era difícil eu seguir meu auto-desaparecimento não posso ser injusto com o numeral e a centena e onde elas estão planadas e sonhar cansa sou um canário. Porém, é o que me manterá vivo pelos próximos seis meses e o mago o mago dos dedos.

Estou transformando as páginas de jornais em bolas e jogando com força da cozinha para o quintal.

XOXO

20 de jun. de 2022

PAVIO

"PAVIO" 

Evangélica não engole geleia virgem de desconhecidos. Ele era lindo? Essa é a sua desculpa? Ainda tirou uma foto do macho como troféu. Evangélica dentro do carro não pede para o namorado mostrar sua geleia virgem só porque tinha “curiosidade” de ver como era. Ah, parece que Jesus não liga para isso, né? Bem, só tive duas amigas evangélicas. Aliás refaço, só eu as considerava minhas amigas, evangélicas não podem assumir que tem amigo gay, para continuar entrando na fila para comer aquele Bon Gouter sem gosto e aquele vinho barato, vá lá saber o que todas as outras não aprontam... E jogam lama na cara da sociedade, mas vocês pensam o que? Que a Catherine Deneuve é mais suja que vocês?

Gozando da minha liberdade humana, uma vez na sauna, fizeram uma fila em frente ao meu sofá porque eu era o mais gatinho que estava fazendo o que todos queriam, se enfileiraram em frente ao meu sofá para cada um me dar um pouco de geleia virgem. Fui embora para casa com um Milk Shake no estômago e fui feliz, e fui feliz porque sou livre. Enquanto tanta gente hipócrita está fazendo contas atrás de uma santa oca e velha para saber o que, o quanto precisa fazer para receber o perdão. Cinismo, o perdão deveria servir para qualquer coisa, menos para o cinismo. O que me faz mais puro do que vocês duas, me faz a Janis Joplin, que dizia fazer amor toda noite com a plateia e depois ia dormir sozinha no hotel.

Envelheci, nunca tive um namorado, nunca tive um homem, só tive quatro demônios. Foi difícil aceitar, mas agora eu já estou pronto para vestir minha armadura, vem-me a imagem de Adonis e logo a imagem do anel de onde ele entra, seco de velho, É um treino.

Meu jeito de parar de fumar foi muito áspero, eu não tinha dinheiro para comprar cigarros e minha mãe gritava comigo toda vez que me dava cigarros até meu sangue de barata virar sangue de cobra, que é frio, foi dia 13 de Julho e ela ainda impõe que é meu dever assistir às aulas e ser feliz; e esse tratamento com a psiquiatra? Ela só troca receitas, como você vai melhorar? Cansei de dizer para a cérebro de ervilha mãe o mesmo tipo de cérebro de ervilha da filha, que pessoas com meus quatro transtornos nunca se curam, apenas se controlam, a coisa é “crônica”, está escrito no laudo, nos laudos, mas você finge que não lê, você finge que não entende, você finge que não é com você; também estava nas palavras do melhor psiquiatra que conhecemos, mas você é cega e surda porque quer, daí é um problema que você tem que resolver com você mesma; mas ela nem aí para ler (ou não se interessa em pegar o laudo para ler ou teme ler o que já sabe) Ela quer que eu seja feliz “na marra”. Secretamente, ela acha que é minha culpa. Que eu posso “me curar”, se eu “me esforçar” O que dizer de alguém que, além disso, eu consegui arrancar a confissão de que ela é uma homofóbica.

              -Você não me aceita, então?

              -Aceito você, só você

             -Isso é muito grave, sabia que muita gente morre por causa de posicionamentos assim?

“Que morram”

Foi o que eu li na aura, na aura dela. A pandemia me fez envelhecer anos que eu não queria envelhecer. Eram preciosos anos que abalaram vigas na minha intenção de casar, dizem que faltam seis meses, nunca fui tão impopular, jurei que ia sumir das redes nesse tempo, atrasei doze dias, mas ok, terei tempo para conseguir um trabalho, pensei em mudar de ares, procurar trabalho em uma livraria, bem, são só jaulas diferentes, mas o suficiente para eu ir encontrar o mago dos dedos todos os fins de semana.

A efervescência, o blur quando eu subir no palco vai me acender milhares de luzinhas, grudadas nos cupins, que vão atrair as presas de muito longe. Quanto maior o nariz, maior o pênis. Li uma pesquisa sobre. São os frangos, né? Rodando e rodando, a tela da TV, né? Mostrando sua coleção diária. Encaro como um museu, cuidado com a sinalização no chão, é só para olhar; nunca foram feitos para tocar mesmo...


XOXO

11 de jun. de 2022

ME ACORDEM


 

Tudo o que tem na música é sexy. e fizeram um vídeo bem sexy para dela. os cinco meninos de meninos de uniformes, uniformes são sexys, o vídeo se passa em uma mesa me sinuca; na primeira vez que o vocalista aparece no vídeo, ele passa com uma puta cara sexy segurando se taca em posição em ereção

- Acorda, Huguinho

que hoje tem campeonato

-Acho que eu nem dormira

a não ser para levar um tabefe de um de vocês

para acordar

- Aí sim, eu fingiria dormir.

***

Descrição do episódio

Uma São Paulo cheia de água, com acidentes nas esquinas e pessoas alardeando o iminente fim do mundo. Chove lá fora. Sem parar. Mas é o que está do lado de dentro que importa mais. Não só dentro de casa, uma república dividida com outros homens. Mas dentro de Igor, este narrador pessimista e irônico, que revira seus pensamentos ansiosos em busca de afeto. Num fluxo rápido e violento, ele conta ao leitor quem ele é e como ele é inadequado para o mundo. Escreve porque está tentando existir, ainda que não nos diga com todas as letras. É um homem gay, na casa dos trinta, bipolar, tem mãe excessivamente otimista e um pai violento, e tenta se curar de um coração partido. Ele repudia quem se aproxima, mas no fundo busca afeto. Flerta com a morte e sua narração acompanha sua bipolaridade, com picos de mania e de depressão. Igor na Chuva, de Hugo Guimarães, é o tema do sétimo episódio do Põe na Estante, em que a apresentadora Gabriela Mayer recebe as convidadas Beatriz Fiorotto e Camila Cabete. 

Este é um podcast apresentado por B9 e produzido por Rádio Guarda-chuva. 

IG: @poenaestante  Twitter: @poenaestante 
E-mail: poenaestante@gmail.com 
Arte: Arthur Mayer 
Trilha: Getz me to Brazil, Doug Maxwell

set. de 2020 54min 7s

EPISÓDIO DE PODCAST

Igor na Chuva, Hugo Guimarães

Põe na Estante