8 de fev. de 2016

A CRUZ DE ESCADINHA

tudo o que eu pretendia escrever era triste. putz, não dá pra se manter triste quando se coloca o “vanishing point” do primal scream para tocar, não? saco. melhor desligar por enquanto e ouvir apenas vozes. vozes feias na varanda. uma tristeza.



a cruz de escadinha:

você já viu o vídeo de “heart shaped box” do nirvana? pois bem, então entenderá a metáfora, ou o paralelo (a metáfora do vídeo, o meu paralelo, quero dizer): quinta-feira, lá estava eu subindo na cruz de escadinha, isso para alcançar melhor os ombros da cruz, eu já todo velhinho e enrugado. saco... o problema é que ainda estou jovem e ainda não posso dar a desculpa da velhice para subir na cruz de escadinha, o que acaba com a metáfora do vídeo. bem, mas aí vem a minha metáfora e o meu paralelo: subir na cruz de escadinha é a própria imagem ou da covardia ou do cansaço (explicarei), ou do medo da dor que impede muitos de nós de abreviar a vida. quinta-feira foi demais, sabe? difícil, difícil tolerar a própria imagem. “vou embora, não estou bem” ‘você precisa de alguma coisa?’ “uma pele nova”. bem, também seria bom não passar nove horas por dia cercado por pessoas burras que me detestam e é isso que causa mazelas como o sobrepeso e algumas espinhas. é capaz que seja o trabalho, a macumba mas se: não acredito no senhor jesus, que é apenas uma imagem, nem no diabo por tabela, por que eu acreditaria em entidades e trabalhos? além do olho gordo. é melhor você ficar quieto por um bom tempo e perceber que o problema não consiste nas pessoas burras e sim em você, que está demonstrando um comportamento pouco maduro, incompatível para um homem da sua idade e ok ok, vamos para a cruz de escadinha de novo: frase que se considere: ‘ninguém tenta se matar; quem quer se matar, se mata’ justo. justíssimo. porém todas as formas infalíveis de se matar envolvem a dor. mas a vida já não é uma dor do caralho? por que ter medo de uma última dor e que será bem rápida e que sanará todas as dores da vida? primeiro porque estou morta de cansaço. você nem imagina o esforço que eu fiz para me mover do escritório até a minha casa. nem banho eu consegui tomar, quiçá procurar um prédio para me jogar de cima. ainda tive que dormir no chão do banheiro para não ter de aguentar a chata da minha gata em cima de mim. cortar o pulso dói. cortar a garganta dói. além do mais não tem nenhuma faca boa nessa casa. pensei em ir ao hospital psiquiátrico pedir uma ajuda, mas se eu tivesse forças para ir até lá, eu me jogaria do prédio, que é mais perto. então achei melhor ficar deitado no chão do banheiro mesmo. bem, subir na cruz de escadinha significa em súmula, o medo da dor e a futilidade. parece fútil querer tanto morrer e não enfrentar a dor, parece fútil marinar o pulso com xilocaína antes de corta-lo como luís no livro “eis o mundo de fora” da adrienne myrtes. pois bem, esse foi um breve relato de um dia na vida de uma pessoa depressiva, uma utilidade pública aos pouquíssimos leitores desse blog.

o pênis:

bem, se me pedissem para escrever sobre o pênis, a percepção do pênis pela sociedade e a minha percepção sobre o pênis, eu diria que; bem, imaginando uma clássica imagem de estupro coletivo que habita o imaginário de boa parte da população, é possível perceber que não é a violência, não é o pênis, nem os pênis que constrói toda a magia da situação, mas a beleza. só ela e sempre ela. o pênis, ou os pênis; bem, são uma proporção, apenas, a beleza do pênis ou dos pênis, e o tamanho. o que você escolheria? um belo homem com um lamentável pênis ou um homem feio com um belo pênis? claro que o ideal seria um belo homem com um belo pênis, mas como se daria a proporção da importância entre a beleza do homem e a beleza do pênis? eu, por eu mesmo, ainda prefiro a beleza do homem sobre a beleza do pênis, visto que um pênis é apenas um pênis mas. claro, um belo homem que tivesse por acaso um belo pênis seria mais agradável que tolerar um lamentável pênis e aff... quanto pênis, meu deus. e também não, a população não pode explicar ao terapeuta, eu não posso explicar ao terapeuta que o estupro coletivo, veja bem, não é bem o estupro coletivo visto que estupro consiste em penetração, na verdade é apenas uma situação de opressão e violência, uma violência onde não haja a penetração visto que bem, não lido muito bem com a ideia da penetração ultimamente e bem, essa violência toda que tem tomado muito do meu imaginário e me faz perder a hora de acordar, ou me atrasar para dormir, é utópica além de tola, pois somos diferentes, sim, somos muitos diferentes: eu e os opressores. e assim seria melhor, será melhor que essa violência de fato nunca aconteça pois assim, as minhas perninhas vão continuar se recuperando bem, a minha capa de gordura não terá o trabalho de amortecer tanto impacto. obrigado.

o rabo do olho:

é por ele que você percebe a verdade. uma pessoa que tem nojo de você e outra que te acha o maior imbecil. ambos lhe tratavam muito bem, até; com sorrisões. tratavam, pois depois que percebi a realidade pelo rabo do olho, quero que vocês dois se fodam. e eu? será que eu também faço isso com os outros? será essa uma tendência do ser humano? dar sorrisões quando se pretende manter em segredo que você tem nojo ou acha alguém o maior imbecil? deixe-me pensar... não, eu sou bem transparente, não dou sorrisões nem pra quem eu gosto e isso é outro problema.

o poema:

o poema não foi feito para ser lido, foi feito só para existir. quando você estiver bebendo, não utilize a internet; seja em aplicativos ou no facebook ou whatever. aliás, não beba. se mesmo assim você quiser ler o meu poema, o que eu duvido muito, ele está neste link:


XOXO

26 de jan. de 2016

O TERAPEUTA BRANCO

estou revisitando muito da minha infância e da minha adolescência no meu próximo romance, que está em processo de criação. sempre me dá vontade de chorar. claro que nunca choro, acho que já comentei por aqui que não consigo chorar. muito do pior da minha infância e da minha adolescência. talvez seja mais vergonha que tristeza, eu não sei mas. do livro eu não tenho vergonha, não tenho medo de dizer nada para ele. do terapeuta sim. eu sempre começo a mentir na segunda sessão. e já que mentir não faz sentido para o propósito, então talvez seja melhor falar só com o livro. desisti de todos os psiquiatras do meu plano de saúde. são todos bem ruins. o último, quis ouvir minha respiração, me mandou tirar a camisa, e ainda ficou falando comigo como se eu fosse uma criança, demonstrando pena tanto na expressão quanto na voz. uma bicha gorda. fiz uma reclamação ao plano de saúde e não volto lá nunca mais. 

chorar. faz tempo que não vou ao sebo. é algo que me deixa feliz. porém, o sebo fica no mundo, no mundo cheio de pessoas e o mundo me deixa triste, as pessoas me deixam triste. o idealismo de um fim de semana perfeito tem sido a porta do meu quarto, trancada. e contar com a sorte de não encontrar com ninguém quando desço até a cozinha, ou até a área de serviço. mas ir ao sebo era uma ideia de algo nostálgico que faria muito bem, pensei. pude ir porque finalmente o sindicato a que pertenço decidiu a porcentagem de reajuste e pude receber os atrasados referente ao aumento. (...) eu acho que estou desenvolvendo a misantropia. eu lembro que a karol, uma estagiária do jurídico que trabalhava comigo em uma indústria química em 2011 me perguntou se eu era misantropo. eu pareço misantropo? pois bem, ela veio fazer amizades comigo e o tempo em que permaneci trabalhando por lá, almoçávamos juntos quase todos os dias. raridade, pois fora ela, eu não tinha relações pessoais com mais ninguém naquela empresa. normalmente, prefiro ficar quieto, me cansa falar com as pessoas até, quiçá fazer amizades. e é pior ainda com homens, pois eu nunca consigo diferenciar quando um homem está apenas sendo gentil ou se está flertando comigo. sempre acabo me desapontando e é por isso que tenho me tornado cada vez mais amargo, mas talvez eu esteja mesmo desenvolvendo a misantropia [ eu não sei explicar, mas passei o domingo inteiro na cama, não consegui levantar para fazer a musculação. era só o mundo desmoronando outra vez, as nevascas, os velhinhos morrendo de frio em taiwan porque não perceberam que o frio chegou e não se agasalharam. minha gata, que não tem tido muita paciência em me fazer companhia, até abriu uma exceção, passou o domingo inteirinho na cama do meu lado tentando me confortar. ela sabe, ela sempre sabe. parece que ainda permanece aquela ilusão de que vou ter alguém para abraçar depois de levar mais de trinta socos, como uma lutadora de mma após perder a luta ]. gente, todo tipo de gente me incomoda. ou talvez eu seja exigente demais. eu tenho me estressado muito com os serviços, as pessoas que ficam atrás do balcão, especialmente. é por isso que eu quero tanto ir embora de são paulo. eu sei que não sou assim, tão amargo, mas. são paulo e suas pessoas amargas, mal educadas, mal humoradas e maus profissionais, me enlouquece mais um pouquinho a cada dia. me recusei a dar dinheiro ao primeiro sebo, de imigrantes andinos, mal educados. será que eles pagam impostos? também não quis deixar dinheiro no segundo, tocava música gospel e o dono, tentava empurrar um dicionário vagabundo para uma estrangeira negra por um absurdo de dinheiro. crente pilantra. sem contar o cinema. cobram 30 pilas por uma sessão dentro da prezada crise e a funcionária estúpida da bilheteria do espaço itaú do shopping frei caneca diz que estou na fila errada, que é para eu ler a placa para saber a fila correta. posso não saber ler, mas por bem, não sou eu que estou do outro lado do balcão. não, não disse isso por mais que eu ache que ela mereça. sem contar a funcionária negra da ofner, que só diz boa noite para os clientes que estão bem vestidos. coloque todos em um roteiro e faça um filme fiel sobre são paulo. subi a augusta e entrei naquele sebo perto da loja colaborativa endossa, perto da paulista. saí de lá com seis cd’s, todos importados, baratos e em bom estado. a mulher loura e simpática do caixa, parece ser a dona. chorar. o “poses” do rufus wainwright, a canção “poses” já é suficientemente emocionante quando só o rufus está cantando, daí ainda por cima entra a irmã dele cantando. é para chorar mesmo. bem na hora que chega a minha pizza. tive que descer para buscar com os olhos cheios de lágrimas. sim, outra pizza.

XOXO


21 de jan. de 2016

UM BANDO DE IMAGENS








ódio da pobreza. ódio do sono. ódio do mundo. pensei em tokyo. pensei na austrália inteira. pensei ao voltar do almoço nessa cidade cheia de gente feia, vulgar e burra, e a máfia de mendigos, ladrões. quantas universidades melhores do que a usp existem em tokyo ou na austrália inteira? quantas pistas de atletismo existem na grande tokyo? muitas, eu acho. muitas, de certo. muitas, eu sei mas. mal consigo sobreviver aqui, como deixarei esse lugar? é tanto ódio junto que alguns copos de chocolate quente da máquina de café não dão conta de dissolver.


não é o mundo, não é o país. a verdade é que eu vivo em crise há muito tempo, e é minha culpa, minhas decisões, minha presidência, meu próprio governo, e eu devia encontrar logo um jeito de ir embora deste emprego ruim, dessa casa ruim, nessa considerável idade, da minha própria dúvida da minha capacidade.

mesmo imagens de peixe grelhado. mais um filme novo do lav diaz entrando em circuito comercial nessa cidade. o livro "intermitências da morte" de josé saramago, que comecei a ler semana passada. estou lendo três livros ao mesmo tempo. além de, o "elefante" do francisco alvim e o "fluxo floema" da hilda hist que leio com muita, muita parcimônia. minutos de sabedoria para os dias, quando não estou triste demais e consigo ler algo. a capa do disco "low" do david bowie, o único disco dele que comprei e que gosto tanto. e uma imagem do meu próximo livro: "poesia / poetry [ 2008-2015 ]". sobre esse livro, eu pensei repentinamente que eu deveria publicar outro volume de poesia. eu havia publicado espaçadamente alguns poemas neste blog nos últimos anos e eu sabia que eu tinha outros poemas inéditos nos meus arquivos e lembrei que alguns são realmente muito bons e que é um desperdício deixa-los se perder para sempre. eles merecem ser publicados. nem que sejam publicados só para mim. após uma rápida pesquisa, eu selecionei setenta poemas. gosto muito da seleção que fiz, tanto que interrompi provisoriamente a produção que seria meu quarto livro, um romance, e que já está na metade para fazer do livro de poemas minha próxima publicação. ele tem um título bilíngue não por ser uma publicação bilíngue, mas por conter poemas originais na língua em que foram originalmente criados, em português ou em inglês. alguns dos meus poemas escritos em inglês não fazem sentido quando traduzidos para o  português. se eu os traduzir, terei de recria-los e essa não é a intenção. quero também finalmente realizar meu sonho de edição para esse livro: cem cópias numeradas em capa dura. terei paciência para publica-lo durante o ano de 2016. vou contatar editoras, mas também vou inscrever em editais. porém, uma auto edição e até mesmo fundar um selo literário especialmente e exclusivamente para esse livro é uma possibilidade. a coisa mais importante é que ainda me sinto orgulhoso ao terminar um livro, o que apesar de todos os pesares ainda me faz querer continuar a escrever.

tantas imagens de tantas coisas por uma só razão: eu não posso tirar fotos de mim mesmo no momento. estou gordo porque não posso treinar, devido a recuperação da minha atroscopia. pensei que eu estava com foliculite, mas não estou. a dermatologista disse que é apenas acne moderada, provavelmente por causa do stress. talvez esteja melhorando, mas não está piorando. estou usando os cremes que ela passou. estou tentando comer menos também, mas é difícil. vi os resultados dos meus exames de sangue preparatórios para minha próxima cirurgia, a de desvio de septo nasal, e vi que meus níveis de colesterol e de glicose estão preocupantemente altos. eu estava lendo o resultado do exame enquanto comia pizza de quatro queijos e bebia coca-cola. o que mais me incomoda, fora as coxas atrofiadas, são as minhas bochechas, o quanto estão redondas. até uma imagem de um peixe grelhado, mas tudo o que eu fiz foi girar botões da fritadeira (...)

***

calma, calma, também tudo não é assim escuridão e morte. ontem eu voltei a treinar, consegui até correr parado por cinco minutos (você sabe o que é correr parado, né? você faz o movimento da corrida, tirando os pés do solo inclusive, mas não sai do lugar). também consegui fazer isometria agachado em 90 graus, duas séries de 40 segundos :) do joelho neste momento, posso tirar foto:



 XOXO


4 de jan. de 2016

A CORRIDA VACILANTE

não, o ponto principal não é como se vive, nem o que se espera da vida, ou o que se faz para conseguir o que se espera dela. é não esperar, na verdade. visto que a vida não é sua. a vida está sendo apenas emprestada e você terá de devolver. assim como o corpo, também há de se devolver. do corpo, apenas ainda acredito na vaidade, como acredito na organização, ou no zelo. é bom cuidar do corpo enquanto ainda estamos usando. pentear-se. cuidar dos dentes. cuidar até mesmo das roupas. também não adianta o caráter, a cultura, o que você construir na vida, sendo de material ou seja de conhecimento. nem isso é nosso, também tem que devolver junto com a vida. todo esse drama, todo esse trauma de existir, todas essas certezas, me fazem um tanto desapontado a ponto de perceber que tudo o que devemos fazer é pentear-se e cuidar dos dentes, para que enquanto dure a vida, ela seja menos dolorida, seja menos desagradável. sendo a vida o que é, não: não precisamos nem começar a discutir o que é a felicidade e o que fazemos para encontrá-la. não quero falar sobre isso nessa mesa de reveillón.

***

eu tenho ficado um pouco avesso a imagens. acho curioso meu tolo pai ter uma conta no instagran. passei a me incomodar com ele querer tirar tantas fotos minhas no natal e no ano novo. não aceito mais nenhuma das tags que ele me coloca no facebook. não quis publicar uma só imagem nessas festas, segurando taças. o sorriso que eu fazia em todas as fotos e funcionou por um tempo, não funciona mais. preciso inventar outra expressão para foto. na falta dela, acho melhor não tirar foto nenhuma. fora ter de ficar ouvindo da minha mãe em todas as vezes "solta esse sorriso, menino! mostre esses dentes" será que ela nunca vai me conhecer o suficiente para saber que não gosto de mostrar dentes em fotos? fora meu pai ficar pedindo para eu tirar os óculos em todas as vezes que quer tirar fotos de mim, e eu pacientemente, educadamente tenho que responder todas as vezes "eu não quero tirar os óculos, pai". 

***

na verdade, tenho uma explicação clara para não querer tirar fotos ultimamente: a libido e a beleza. como sabem, fiz uma atroscopia bilateral nos joelhos há um mês. só agora estou andando normalmente, mas tenho ainda as marcas dos pontos nos dois joelhos, eles ainda estão roxos devido a incisão das brocas, há um inchaço nos meus dois músculos do quadríceps bem perto dos ossos da patelas e é claro, minhas coxas atrofiaram bastante por causa da ausência da musculação. além de as minhas pernas estarem bem feias, eu naturalmente engordei bastante durante este mês sem atividade física e farta comida. estou com uma carinha de bolacha também. sei que em fevereiro estarei liberado para voltar a treinar e tudo será como antes, mas neste momento, essa é a minha situação. e acabei descobrindo com isso, que a libido, pelo menos a minha, depende da beleza do meu corpo e não da do outro (!). passa que não estou com quase interesse algum por sexo e sequer por masturbação, apenas porque o meu corpo não está me agradando. não que eu esteja reclamando. homem só serve pra trazer problema e prejuízo. espero que a libido nunca volte.

***

sim, sei que é o primeiro post de 2016, mas bem, é apenas um número, é apenas o calendário romano. eu nem estava torcendo muito para 2015 acabar, eu nem estava com medo de morrer, mesmo porque se eu morresse, ninguém sentiria minha falta, ninguém notaria. sendo assim, não importa ano ruim, não importa ano bom, o que há é a vida, e ela é o que é, seja lá que calendário for. mas o que eu quero mesmo, é retomar a educação básica de movimentos de exercícios quando eu retomar os treinos de atletismo. todo esse tempo de ociosidade, acentuado também pelas férias da faculdade, me fizeram a assistir muitas aulas de treinos no youtube, sobretudo de atletas americanos, professores americanos, e é tão amargo perceber que o que fiz em dois anos de treino na USP, em grande parte, foi uma montanha de cocô. descobri que eu não sei nem fazer educativos básicos com os movimentos corretos. provavelmente por isso, minha tendinite patelar piorou a ponto de eu ter de fazer uma cirurgia. não vou entrar no mérito da responsabilidade dos técnicos em relação a isso porque não se treina para o alto nível naquela universidade, pelo menos não na FFLCH, e os técnicos não tem ânimo ou não são pagos o suficiente para corrigir erros básicos, o que é justo, inclusive. deve-se pagar por um serviço bom para ter um serviço bom. bom serviço mesmo tem os meninos da FEA, da POLI e da Medicina. é possível no treino de atletismo até, perceber o desiquilíbrio da educação em nossa sociedade, ou pelo menos fazer um paradoxo. parece o vestibular. é difícil competir contra um atleta da POLI, que tem um treino de muito melhor qualidade que o meu. e eu acho que ás vezes eles riem de mim porque tenho a corrida vacilante.

***

falando em imagens, limpando o pouco espaço do meu celular, eu encontrei algumas imagens de 2015 que não publiquei em redes sociais e vou postá-las aqui, aproveitando que não posso postar nenhuma foto agora porque estou com foliculite e demora sete dias para sarar.









este foi o dia em que cortei meus cabelos cultivados em dois anos para parecer mais masculino, mais padronizado e assim conseguir sexo mais facilmente. sim, deu certo. agora eu quero meus cabelos de volta. e vou ter de esperar mais dois anos.




"Lázaro, meu filhinho, o Jesus de quem falas está morto há muito tempo, e para os homens de agora nunca ressuscitou, nem está em lugar algum, nem... não te aborreças, mas... sabemos que Ele... que Ele nunca existiu, Ele foi apenas uma ideia, muito louvável até, mas... Ele foi apenas uma tentativa de... bem, se tudo corresse bem, essa ideia que inventaram, essa imagem, poderia crescer de tal forma que aplacaria definitivamente a fera dentro do homem. Mas não deu certo".

Hilda Hist, do livro "Fluxo-Floema", 1970, ed. Globo.



XOXO






18 de dez. de 2015

A CONTA, POR FAVOR

após distribuir à revelia os meus "press releases" do meu livro 'o tiro de um milhão de anos' (nascido em 24 de outubro de 2015), como um fazendeiro texano distribui tiros ao ouvir barulho estranho, eu ao menos consegui um evento. bem, na realidade eu deveria cumprir uma burocracia de um edital do proAC, que dizia que eu deveria, obrigatoriamente, realizar qualquer ação literária em qualquer biblioteca deste estado para ter o projeto do livro concluído (mesmo com o livro publicado em mãos). depois de encontrar certa dificuldade em encontrar uma biblioteca para fazer a tal ação literária, debati com uma funcionária do proAC. disse a ela que, fazer uma ação literária em uma biblioteca pública não era algo tão simples assim de se conseguir, disse que quando uma biblioteca convida um autor para um bate-papo, uma mesa ou algo do tipo, o faz respeitando suas programações e seu planejamento. disse também que normalmente o autor é "convidado" para esses eventos e não "se convida". além do mais, quando essas bibliotecas convidam autores para uma mesa, escolhem alguém da companhia da letras ou da record, não um desconhecido com eu. ao replicar para a funcionária que basicamente me respondeu "se vira", eu disse "o problema é conseguir uma ação literária dentro de uma biblioteca, o espaço dificulta que a ação seja realizada e não a ação em si, ou seja, se eu tirar a roupa e começar a recitar na rua, é uma ação literária". ela não me respondeu mais. pois bem, por sorte, eu acabei conseguindo o tal evento na biblioteca da fflch, na usp, onde estudo, bem debaixo dos meus bigodes, o primeiro lugar que eu deveria ter tentado. que burrice a minha, não? fica aqui um relato de uma experiência com editais: eles são ótimos, maravilhosos, mas cumprir com todos os itens deles dá trabalho... além do mais, mesmo com a ímpar gentileza da maria aparecida laet e do milton, da biblioteca florestan fernandes, por má sorte, a data disponibilizada foi um dia após a minha atroscopia nos dois joelhos! hehe. lá fui eu realizar o evento, de muletas, acompanhados por meus pais, que me levaram de carro.


a chamada (sim, eu posso falar sobre tudo isso aí)



minha mãe, eu, maria aparecida laet e meu pai após a mesa.


até assinei livros. este, para um fofa estudante de filosofia

bem, tudo acabou sendo uma experiência. foi uma mesa com um autor só. sem mediador, portanto... acabou sendo uma palestra! uau, tempos que eu não falava em público, ainda mais sozinho. e consegui abordar satisfatoriamente, acho, os temas propostos. dispensei apenas a clássica leitura de um trecho da minha obra no final. bem, ninguém ali me conhecia, então seria um pouco de convencimento da minha parte ler um trecho da minha obra. acontece que agora, que tenho tudo o que preciso para concluir meu projeto com o proAC e ficar sem dívidas com o estado, estou em plena recuperação da minha cirurgia, não posso ficar perambulando pelo bairro da luz sozinho, com minha cinta-liga ortopédica. :(


ainda bem que não li, aliás. imagine se erro no meio da leitura como faço neste vídeo...


***


o fim de ano. ah o fim de ano. não, não vou postar de novo o meu conto natalino "ovos". vou é posta-lo no doampalavras.com. aliás, o conto natalino da adrienne myrtes já está lá. não perca. o fim do ano é o gosto amargo de uma cerveja que acabou. quanto não tem outra. 

pensei em dizer, dizer a mama. que é tão chata com a minha sobrinha de quinze anos que não abre mão de usar shorts muito curtos e não lavar as louças que suja: o que você prefere? ter uma neta porca ou não ter neta nenhuma? sua neta É porca. o seu problema é não conseguir aceitar as pessoas como elas são. e se ela tentasse mudar você? e se outras pessoas tentassem mudar você? você não aceitaria, porque simplesmente se coloca em uma posição onde você está certa e todos ao seu redor estão errados. claro que as pessoas podem mudar. a sua neta pode se tornar uma pessoa mais "limpa", mas ELA é que tem que querer isso, não você. aliás, se eu fosse ela, eu não apareceria na sua casa nunca mais. e o minúsculo short, minha gente? [ bem, daí já é uma questão que me escapa. é um assunto de mulher. isso já é um assunto feminista e que eu, como homem, não devo me meter. assim como quem não é negro não deve se meter em discussões sobre racismo, assim como quem não é gay não pode discutir sobre homofobia. conceito errado? pessoalmente, acho que sim, mas não é o que vemos por aí. eu, como gay, acho interessante ouvir, como uma raposa, o que uma pessoa heterossexual acha sobre a homofobia. a título de informação. mas aqui no brazel, na fflch-usp por exemplo, onde deveria haver tanta gente evoluída, o pessoal quebra o pau legal. quando um homem tenta argumentar com uma feminista, a coisa já declina para ofensas pessoais e agressividade, basta observar os grupos nos facebook...] . o short minúsculo da minha sobrinha de quinze anos: bem, acho, mamãe, que você, sua filha e sua neta devem debater sobre. só vocês mulheres. ainda vivemos em um mundo machista? sim, principalmente são paulo, que é um lugar cheio de gente escrota, machista, mal educada, além de ser a cidade que mais tem gente com problemas mentais no mundo! (sim, já li uma pesquisa sobre isso). [ aliás, não só em são paulo, mas no brasil em geral. veja só o caso da coitada da fabíola. teve de pedir licença do trabalho, teve de mudar de cidade, só porque foi pega pelo marido no motel com outro homem. é errado uma mulher casada ir para o motel com outro homem? sim, é errado. assim como todos nós que somos seres humanos, erramos. não tenha dúvida que a população de gente escrota e ridícula que fica compartilhando o vídeo dela a chamando de puta, fazendo com a que a vida daquela mulher fosse arruinada, essas pessoas cometeram um erro muuuuuuito pior que o dela, não tenham dúvida  { o pior, é ir para o escritório trabalhar, em uma multinacional japonesa, e encontrar exatamente esse tipo de gente fazendo comentários escrotos sobre o caso fabíola, uma gentinha sem educação e sem cultura, dividindo o mesmo espaço que eu, que sou formado em boa faculdade, curso a segunda, falo outras línguas e sou razoavelmente culto. ou a mão de obra qualificada está em péssimo nível nesse país ou as contratações na empresa onde trabalho estão sendo muito mal feitas... }. nem vou entrar no mérito de questionar se a situação fosse o contrário, se a fabíola é quem tivesse pego o marido com outra mulher no motel. será que haveria tanto alarde? será que haveria zilhões de compartilhamentos chamando o cara de "puto"? será que ele teria de pedir licença do trabalho por isso? ir embora da cidade? tá vendo que lugar escroto a gente vive? } bem, não tenho dados estatísticos, mas não sei quantos dos homens acham que uma mulher andando por aí com um short muito curto está se "oferecendo" ao invés de apenas estar usando uma roupa que gosta e que acha confortável. não sei quantos. também não sei quantas da mulheres que saem de casa com roupas muito curtas são estupradas (bem, espero que seja um número BEM pequeno, senão pare o mundo que eu quero descer). há também o conceito de que, uma pessoa de quinze anos ainda é um tanto verde, não consegue enxergar o quanto há de maldade, de perversidade no mundo. aliás, a sociedade enxerga uma mulher adolescente de 15 anos como um ser frágil e vulnerável, isso é sim verdade... pois bem, temos então dois caminhos a considerar: a minha sobrinha deve usar roupas menos curtas para "se proteger" ou andar sim com seus shorts minúsculos como uma ação de "auto-afirmação"? bem, vocês que são mulheres que decidam...

pensei em dizer. dizer a mama: não, não vou passar o natal com vocês na casa da minha irmã. nós apenas estamos nos dando "um pouco melhor", mas não o bastante para eu ir passar o natal na casa dela. você, mamãe, é uma pessoa que não tem valores. primeiro, porque você é budista, então você deveria estar cagando para ceias de natal. e se você ainda o comemora, como faz todos os anos, você deveria saber que o natal se passa na casa da mãe. os filhos é que vão passar a ceia na casa da mãe. principalmente se os dois filhos tem desavenças. você não pode simplesmente aceitar o convite de um deles o deixar o outro filho sozinho. é mais fácil aceitar o convite da sua filha, não? claro, isso te poupará o trabalho de organizar a ceia, de limpar a sujeira. e se eu não quiser ir junto para a casa da minha irmã, é muito simples me acusar de chato e anti-social, não é mesmo? no ano passado já tive de tolerar o episódio do ano novo. sei que não combinamos nada de passar o ano novo juntos, mas aconteceu de eu não ser chamado para nada e pretendia ir passar o ano novo na sua casa. no dia trinta, meu pai me ligou dizendo: vá para a av. paulista passar o reveillon, vamos sair. seja lá para onde eles foram, não puderam cogitar me levar junto? talvez foram para a casa de pessoas machistas que iriam perguntar se eu tinha namorada, não? vergonha de mim a essa altura do campeonato? bem, eu não fiquei com vergonha do meu pai quando ele ficou falando alto no evento na biblioteca. e eu não passei o reveillon em festa com amigos da usp coisa nenhuma, passei sozinho. e quer saber? não achei ruim. eu sou mesmo uma pessoa sozinha. fui criado para ser. quer saber? eu sei ler o bastante para saber assar um peru sozinho na minha casa. vou comprar cervejas importadas e ficar fazendo companhia para a minha gata. e bom natal.

mas quer saber? não vou dizer nada disso para a minha mãe. vou dizer só no blog, que ninguém lê mesmo. sabe por quê? porque existem milhares de famílias da síria, do afeganistão, do iraque, do irã, até da áfrica, passando maus bocados para tentar atravessar a fronteira da macedônia. a prioridade para os que são "aceitos", são as famílias da síria, do afeganistão e do iraque, que são de fato, neste momento, considerados refugiados de guerra. ainda assim, esses enfrentam muita dificuldade para ultrapassar a fronteira. quando passam, se acotovelam para tentar entrar nos ônibus os quais eles nem sabem para onde vão. os iranianos tem mais dificuldades para passar. eles não são considerados refugiados de guerra, são considerados apenas imigrantes que querem uma vida melhor. assim como alguns africanos. vi uma entrevista de uma mulher africana com três crianças que não conseguia passar a fronteira de jeito nenhum. ela dizia "o problema é com a cor? eu não sou ser humano também? estou com crianças doentes, minha crianças estão doentes". ou seja, os problemas que tenho com minha família são leves. e bom natal.

***

falta as listas? bem, é difícil fazer listas. pelo menos para mim. não sou crítico de nada, não conheço técnica de nada, vou fazer lista de quê? no futuro, talvez eu faça listas de literatura já que curso letras na melhor universidade deste continente. aliás, posso fazer mestrado em literatura comparada e criticar a SUA obra no futuro hehe. e faze-lo com pleno conhecimento.

ando cansado para fazer listas, mas posso falar sobre algo que amplamente conheço: eu mesmo.

as cinco melhores coisas que me ocorreram este ano?

1.publiquei meu terceiro livro
2.fiz atroscopia nos dois joelhos, o que me possibilitará praticar esportes por muitos anos sem dor.
3.sim, mantive meu emprego na multinacional (é importante trabalhar para ter um lugar onde "cair vivo")
4.mantenho os pés no chão. só vou fazer a minha obra prima na literatura lá pelos quarenta. até lá ninguém vai me dar atenção. assim, não sofro com expectativas.
5.terminei mais um ano vivo, meu bem. para um chato depressivo que já tentou se matar duas vezes, é um grande feito. estou aqui vivo para ver gente morrendo hehe.

‪#‎em2016euquero‬:
• Dar a volta
• Assoviar e chupar cana
• Correr como um ladrão
• Saltar as veias
• Fazer do coração: tripas
• Casa, carro e esposa (só que não)
• Casa e carro
• E ser amado.

XOXO



1 de dez. de 2015

O HABITAT

o habitat

   não há leitores no ambiente em que vivo. neste país, nessa cidade. isso invalida, inutiliza até, a minha tentativa de atingir o público. é um público minúsculo. o de literatura. acho. as grandes editoras é que são profissionais em garimpar esse público. e toma-lo. para mim, que não sei como, é um trabalho quase impossível.

   deste ambiente, das pessoas que consomem a literatura, muitas delas não a entendem, imagino. como “formar” leitores em um país onde a educação é tão ruim? onde a capacidade intelectual da maioria da população é tão baixa devido a isso?

   a literatura neste espaço então limita-se a uma troca de favores? onde escritores consomem a literatura uns dos outros? há também uma importante forma de divulgação que é conhecer pessoas. conhecendo pessoas, você pode sim aumentar o número de pessoas que pode ter acesso a sua literatura, e não entende-la. há sim, nos eventos literários, mesas por aí. pouco ou nunca sou convidado para nada. talvez porque não frequento os bares da vila madalena. nada contra. apenas falta ânimo. desses eventos, por mau, enxergo dois tipos de público: um que não entende nada ou pouco do que está acontecendo, do que está sendo dito, e o outro, que é formado por geniozinhos que se acham mais espertos do que os escritores que estão em cima do palco, e que demonstram em suas perguntinhas geniosas que aqueles pobres escritores que estão ali, não são bons o bastante para eles. lembro da minha mesa no festival mix brasil em 2013, prestes ao lançamento do meu livro “o estranho mundo”. marcelino freire estava mediando a mesa com escritores desconhecidos, eu inclusive, daí em certo ponto uma gay desagradável na platéia fez uma pergunta para o marcelino, como se os convidados que estavam ali não eram interessantes o bastante, tinham de fazer o marcelino falar para a mesa ter alguma graça. depois da mesa, indo para o bar, ainda tive de aturar a luciana penna comentar “marcelino, se não tivesse você nessa mesa, não iria ninguém! (de público)”. talvez seja melhor não ser convidado a nada.

   sendo assim, aceito que é difícil querer leitores. é melhor querer crítica. almejo conseguir uma indicação a algum prêmio literário. ficarei feliz. mesmo se eu não tiver nenhum leitor. quer saber? eu só comecei a acreditar que de fato sou bom depois que o proAC me disse que sou bom. antes, quando só leitores o diziam, eu não acreditava. agora sim, as editoras independentes estão começando a ser indicadas a prêmios literários, e a vence-los. apenas gostaria de expressar a opinião de que o fato de que isso esteja ocorrendo nada tem a ver com o "empenho" de pessoas como vanderley mendonça e eduardo lacerda. nada. os livros da edith e da patuá só começaram a ganhar prêmios literários por causa da excelência dos autores, não pelo "esforço" dos proprietários dos selos. afinal, o marketing desses citados homens, é levantar uma bandeira contra as livrarias alegando que o preço de capa é caro demais. eles simplesmente não colocam os livros de seus selos nas livrarias e os vendem em espaços e/ou eventos onde não se usa cartão de crédito e débito para que possam ter o máximo de lucro em cima dos livros. é só isso que eles querem: ter o máximo de lucro em cima dos livros (claro que eles sabem que a maioria do público dos autores que estão em seus catálogos frequentam esses eventos literários onde eles levam os livros para vender). o custo disso, é que os autores tem extrema dificuldade em fazer seus livros chegarem a mais pessoas, autores esses que ganham prêmios literários para um cara como eduardo lacerda ficar posando de herói do rolê por aí. o meu segundo livro, que saiu pela edith, não pode ser adquirido em lugar nenhum. o vanderley sequer colocou no site da edith para vender. o único lugar onde o livro podia ser encontrado, a livraria hussardos (que era dele), fechou em maio deste ano.

   marcelo noceli, editor do meu terceiro livro, sim, ele faz questão de distribuir bem os livros da reformatório e da pasavento. meu livro novo pode ser encontrado em qualquer livraria grande do país. não me importa se ele não vender uma mísera cópia, eu quero que meu livro esteja disponível na livraria cultura. todo autor quer. há poucos dias, fiquei sabendo que um livro da reformatório foi indicado ao APCA deste ano. estou feliz pela reformatório. eles merecem.

o habitat 2

   ainda sou um escritor jovem. aos 30 ainda se é um escritor “jovem”. serei até os 40. agora, tudo o que tenho de fazer é escrever. mesmo que embora no habitat lá fora, escrever não seja o bastante (além de escrever você tem de ser a sua assessoria de imprensa, fazer contatos, manter contatos, fazer amigos), < ah! por falar nisso, vejam o "press release" que eu fiz do meu livro novo (dias atrás eu nem sabia o que era um press release), não posso pedir aos outros divulgarem se não divulgo nem no meu próprio blog, nao? >


   é o que se deve fazer na essência, escrever. para isso, aproveitei que não estou fazendo musculação para limpar o quarto. tempos, tempos que essa mesa não estava tão limpa:




   mudei a air fryer de lugar, ela ficava em cima de uma pequena mesa que agora defini como minha mesa de escrever e ler:



   também tive a ideia de tirar da prateleira todos os livros que comecei a ler e não terminei. de mafalda a platão: uma soma de 22 livros... dá pra tomar o ano de 2016 inteiro lendo. fiz isso para pensar duas vezes antes de entrar em uma livraria e comprar alguma coisa. preciso ler os livros que compro! bem, admito que terei de começar pelo último que comprei, no último final de semana, que não é um livro de literatura aliás: o livro dos diários da presidência do fernando henrique cardoso. pode ser tendencioso ou até mentiroso o que ele diz lá? pode. como também pode não; mas o importante nisso tudo, é conhecer um pouco da história recente do brasil, e de política. não, não sou tucano, nem coxinha. nem petista também. apenas acho que o fernando é melhor do que o lula. porém, acho que a dilma é melhor que o aécio. acho que primeiro se deve votar nas pessoas, depois nos partidos.  

o habitat 3

   eu meço 1,73m de altura. eu peso por volta de 70 kg. tenho um corpo musculoso, de alguém que treina atletismo há dois anos. sou branco. caucasiano. o cabelo e os olhos são castanhos. claros. por pai, sou português. por mãe, metade isso. algo de holandês e algo de africano por parte dela também. o nariz é grande. torto e feio. a testa é grande. mas os olhos são bonitos. a boca também. e o maxilar também. tenho sete tatuagens. esse corpo é onde eu habito. quando vou a alguma putaria, não pego o cara mais bonito, mas pego o terceiro ou o quarto cara mais bonito. não posso reclamar.

   eu tenho um emprego. fica a meia hora de metrô da minha casa. por causa dele eu posso pagar o aluguel. posso comer todos os dias e posso ir ao cinema aos finais de semana. tenho saúde boa o suficiente para praticar esportes. e o faço. estudo na melhor universidade do país. e escrevo. posso fazer o que gosto, que é escrever. e publicar. já publiquei três livros. não importa se não sou famoso e que tenho poucos leitores, eu posso escrever e eu posso publicar. eu acho que não tenho uma vida ruim. tive essa sensação ontem, voltando para casa após assistir ao filme “ausência” do chico teixeira. será que é essa sensação que o chico quis que o público tivesse? não lembro de ter alguma vez saído da sala de cinema com essa sensação. ainda mais de uma sessão de cinema brasileiro, e cinema paulista aliás, que costuma ser amargo. deve ser porque limpei a mesa. lavei a pia do banheiro. arrumei a cama, finalmente coloquei nela o lençol que eu tinha lavado há dias. joguei bastante lixo fora. deve ser por isso. comecei a arrumar a bagunça, a sujeira que estava meu quarto. um lugar limpo ajuda o ânimo, diminui a tristeza.


XOXO

10 de nov. de 2015

A VOLTA AO MUNDO Nº39

39ª mostra internacional de cinema de são paulo. ah, a mostra. um velho amor. é quando compenso um ano inteiro de filmes ruins, de poucos filmes bons. vejo mais filmes nesses quinze dias de mostra do que no resto do ano (em um ano comum). acho que não só eu. antes de ontem, domingo, eu esperava ver o islandês “pardais” ás 21h45, mas disseram que os ingressos esgotaram ás 15h00. é bom que tanta gente queira ver um filme  islandês no domingo ás 21h45. é ruim que eu não tive sorte de conseguir. mas o saldo é bom, é bom saber que vivo em uma cidade onde há sessões esgotadas para filme de arte. dei com a cara na porta também para as sessões de “pervert park” e “a bruxa”. este último, parece que a intensa procura não se justificou, pois não ganhou prêmio nenhum. eu não consegui ver os vinte filmes que costumo ver. estou com dó de gastar dinheiro por causa da crise, por causa dessa histeria coletiva. além disso, ando bastante baixo astral depois que parei de treinar atletismo em outubro, a temporada acabou e decidi tirar umas férias, volto a treinar só em março do ano que vem. tenho tido dores também. por isso, é melhor ficar na cama com a minha gata do que pegar o metrô e ir até o cinema. vi apenas treze filmes. como ando cansado, preferi fazer um top five ao invés de um top ten. ando tão cansado que dois dos resumos estão na postagem anterior.

  


01-THE PARADISE SUITE (HOL, 122’, 2015, Dir: Joost Van Ginkel)*****    

sinopse:
as histórias de seis pessoas que se cruzam e influenciam as vidas umas das outras de forma irreversível: jenya, uma jovem búlgara; yaya, um homem africano; ivica, um criminoso de guerra sérvio; seka, uma mulher bósnia; lukas, um pianista sueco; e o pai dele, stig.

o que dizer do único filme da mostra que me fez chorar? bem, talvez começando dizendo que não é o fato de que a frase “não venha para o nosso país, strangers keep out” seja a mensagem e o recado de muitos dos filmes deste ano. o que me fez chorar foram os conflitos humanos. para dois dos personagens, estrangeiros, a jovem búlgara e o homem africano, a holanda foi muito, mas muito cruel. eu aprecio, aprecio esse tipo de mensagem. o sonho europeu, o sonho americano. detesto o pesadelo que é o país em que vivo, a cidade em que vivo, mas é de onde eu sou, é o que eu sou, é aqui que devo ficar, sempre tive, tenho essa convicção. e a guerra civil? nós aqui não temos a noção do que é isso, por bem. o quão cruel é a guerra civil. e a educação, gente? e a educação? ainda há espaço para o garoto pianista que sofre bullying na escola e o pai rígido e frio, muito europeu. e o futuro da humanidade? o que dizer de Ivica que é um exemplo do homem mais perverso possível, dando banho em uma criança, mimando uma criança, seu filho, gente como Ivica se reproduzindo. o final, com o pai rígido pedindo desculpas ao filho e a garota búlgara reencontrando a mãe, me fez chorar copiosamente. sim, ao comparar com filmes com estrutura de roteiro parecida, eu gostei mais desse do que gostei de “três quintais” ou “magnólia”. a minha melhor experiência dessa mostra, sem dúvida.



02-DOENTE (bolesno, CRO, 2015, Dir: Hrvoje Mabic)*****

bolesno é um documentário que conta a terrível história de ana dragicevic, uma garota croata que ficou presa em uma clínica para dependentes químicos sob falsa alegação de ela ser viciada, quando na verdade estavam a tratando por sua homossexualidade. ela foi presa lá aos 16 e ficou por cinco anos. ana processou a médica responsável por sua internação e também seus pais que a internaram. de acordo com o documentário, o caso ficou razoavelmente famoso na croácia. é difícil encontrar na internet algo sobre ana que não esteja em língua local, então não pude checar exatamente quando se deu a internação, mas posso supor que aconteceu no começo dos anos 2000. Sim, no começo dos anos 2000 eles ainda faziam isso com homossexuais, quase o fizeram comigo e. meus pais 'descobriram' a minha homossexualidade no ano de 1999 ou 2000, não me lembro exatamente. eu tinha 15 ou 16. eu senti aquela 'lepra' que o escritor chileno pedro lemebel diz sobre a homossexualidade em um de seus mais memoráveis poemas. sim, pois meus pais me trataram como se eu não estivesse apenas doente da cabeça, mas da pele também. éramos uma família bem porquinha, mas quando minha mãe descobriu minha homossexualidade, ela me deu uma toalha só para mim e um sabonete só para mim. todos na minha casa usavam o mesmo sabonete, que ficava lá na saboneteira até acabar. lá nunca se controlava quem usava as toalhas também, minha mãe costumava colocar duas toalhas grandes no box e nossa família ia usando até que minha mãe julgasse que elas estivessem sujas e as colocava para lavar. mas quando minha mãe soube, ela foi bem clara em dizer que não era para eu usar aquelas toalhas, as do resto da família. ela me deu uma só para mim. não muito tempo depois, meus pais me levaram ao psicólogo alegando que eu estava 'muito nervoso'. na verdade, o que eles queriam é o que psicólogo 'curasse' minha homossexualidade. claro que não funcionou e naquela mesma ápoca, eu comecei a sentir sintomas de depressão que permanecem comigo até hoje, aos 31. o caso de ana dragicevic é muito mais desumano que o meu, é claro. quando o pai dela a visitava na clínica, ele se esquivava quando ela tentava tocar suas mãos. quando ana finalmente conseguiu a liberdade, o diretor acompanhou ana até a casa de sua mãe. ela abre a porta, vê ana e bate a porta. depois de anos de terapia e grave depressão, uma muito mais grave do que a que tenho, ana fica sabendo que sua mãe teve um ataque cardíaco. ana foi visitar sua mãe no hospital e ela chorou muito quando viu a filha. ana também escreveu uma carta para o pai, dizendo que não deseja nada de ruim para ele e que ela se lembra com carinho do tempo em que passou com ele até ter 16 anos de idade, uma época em que ela teve a sensação de ter sido amada. eu também tive esse 'buraco negro' na minha vida. minha mãe tornou-se budista há uns 5 anos atrás e se tornou uma pessoa mais fácil, meu pai também. agora eles me tratam bem, mas quando eu era adolescente, quando mais precisei deles, eles me viraram as costas, eu passei vários anos tendo a sensação de que ninguém no mundo me amava. parece que os pais começam a se arrepender do que fazem com os filhos gays adolescentes quando eles já tem mais de trinta anos. mas o passado nunca está morto, não é sequer passado.



03-GAROTA NEGRA (La Noire De... SEN, 65’, 1966 Dir: Ousmane Sembene) *****

Sinopse:
diouana é uma jovem senegalesa que é levada a antibes, na frança, por um casal francês. ela pensa que será governanta das crianças, mas é forçada pelos patrões a trabalhar como empregada, sem receber salário. diouna logo percebe a discrepância entre a realidade de sua vida na frança e seus antigos sonhos sobre o país europeu.

bem, muito antes de anna muylaert, lá em 1966, no longínquo senegal, já se tocava neste assunto com um olhar, com uma crítica, com um questionamento exemplar. o fato de ser uma garota africana indo trabalhar na frança toca mais explicitamente na ferida da escravidão, que em 1966 certamente era um assunto bem mais fresco. é o mesmo que acontece com as mulheres nordestinas hoje, na verdade. elas saem do nordeste e vem a são paulo cheias de sonhos, para então acabar escravizadas. a diferença é que as últimas citadas e a protagonista deste filme, vão trabalhar na casa das patroas por gosto. pois bem, a discrepância do que é acertado com o que é  praticado pela patroa neste filme é um conflito tão atual que é discutido hoje em dia no nosso país no que diz respeito a regulamentação da profissão das domésticas. além disso, vemos aqui um choque da expectativa do serviço e da relação patroa-empregada: diouana varrendo a sala de estar com um dos vestidos dados pela patroa e de salto alto. logo a patroa se irrita ao vê-la limpando a casa vestida assim “você não vai para uma festa, não deve se vestir assim”. podemos perceber que diouana, no alto de sua inocência, não se sente inferior a patroa, e entende que mantém apenas uma relação de troca justa, onde ela presta o serviço e recebe o salário por ele. dessa forma, por quê não podia usar os vestidos doados pela patroa e sapatos de salto enquanto trabalha? não, não podia. tanto naquela época quanto hoje em dia, as patroas fazem questão de deixar claro que há sim uma superioridade em relação as empregadas. tanto que as empregadas de luxo de hoje em dia ainda usam uniformes, brancos ou não. ainda se vê em novelas da rede globo, ainda se vê na vida real. além da discrepância das obrigações das empregadas em relação ao que foi combinado, além da necessidade de uma regulamentação que apenas hoje começa a se dar, há o fato de que muitas das empregadas moram no trabalho, na maioria das vezes estão em uma cidade onde não conhecem ninguém e daí a sensação de escravidão, onde o pouco ou nenhum tempo livre dificilmente é revertido em lazer. neste filme, diouana diz a si mesma “o que é a frança? é um buraco negro?” pois é o que ela vê da frança da janela de seu quarto quando o dia de trabalho termina. diz a si mesma porque depois que ela chega a frança, ela diz pouquíssimas palavras. isso porque os patrões não falam com ela senão para lhe dar ordens ou para reclamar de seu serviço. no final, nem a patroa nem a empregada estão satisfeitas uma com a outra, e a crescente tortura psicológica imposta pela patroa culmina em um final de cortar a garganta, literalmente. eu pessoalmente, jamais teria uma empregada em casa, por mais rico que eu fosse ou me tornasse.



 04-PIXADORES (Tuulensieppaajat, 2014, FIN, Dir: Amir Escandari)*****

este nem estava na minha programação. pagar para ver um bando de moleques finlandeses pixando por aí? jamais. a palavra 'pixar' ainda nem é reconhecida como palavra. porém, quando na hora em que me deu muita vontade de ver um filme em determinada hora e abri a sinopse deste filme, percebi que é um filme finlandês, mas sobre pixadores paulistanos. e que também é parte colorido e parte preto e branco. bem, fiquei curioso para ver como seria o olhar de um diretor finlandês para esses moleques brasileiros pixadores alienados. pouco antes da sessão, no espaço itáu da augusta, tinha gente de comunidade entrando com bebida alcoólica na sessão (fica um alerta para o pessoal da mostra e do espaço itaú).  olha, detesto esse povo de comunidade, acho desnecessária essa postura agressiva deles. o motivo desse tipo de atitude estava claro logo nos primeiros depoimentos: “nós gostamos do ódio que despertamos na sociedade”. o filme é um documentário sobre quatro pixadores paulistanos, todos moradores de comunidade, e que foram para berlin mostrar seu “trabalho” por conta de um edital da vida. eu adoraria saber quem foi o babaca que mandou esses quatro bandidos para berlin com o dinheiro dos nossos impostos.  sim, bandidos, visto que pixação ainda é o mesmo que “vandalismo” em nosso código penal, portanto é crime. se é crime, quem pratica é bandido, certo? certo. então vamos lá: o filme acompanha as aventuras desses marginais escalando prédios e sujando-os. três deles, sequer sabem escrever o  próprio nome. um deles, que é uma espécie de líder do grupo sim, é alfabetizado e um 'pseudo-culto', na hora em que o filmam na cama lendo nietsche, me ecoa uma frase ‘quando um babaca decide que quer ser culto e espertinho, a primeira coisa que vai ler é nietsche’. quando um dos moleques, que já tem um filho, é questionado sobre o que quer da vida, ele responde: “ meu sonho é ter uma casa”. dá vontade de gritar em direção a tela a seguinte frase ‘e você gostaria que chegasse alguém e pixasse a SUA casa?’. esse é o conflito principal da primeira parte do filme: um cara ‘pseudo-culto’ que acha que sujar a parede dos outros é “arte”, se junta a três analfabetos e os fazem pensar que também estão fazendo 'arte', que estão fazendo 'um trabalho', que estão 'transgredindo'. eles nem sabem o que estão fazendo, não sabem nem escrever o próprio nome.  a verdade é que esses moleques sem educação só o fazem, porque gostam e porque acham legal serem odiados pela sociedade, a velha “vitimização”. eles acham que eu e você, que moramos em regiões centrais em apartamentos (com muito esforço, inclusive; eu mesmo vou acertar o que devo de aluguel só no dia 15), somos culpados por eles morarem na comunidade. cara, eu não tenho culpa, não tenho mesmo, pago uma caralhada de impostos. agora, se os políticos pegam o dinheiro e enfiam no cu, não é minha culpa, não mesmo. legal, chega a notícia que os pixadores foram contemplados no edital e vão para berlin. o 'pseudo-culto' diz: 'Vamos lá mostrar para eles nossa arte política!'. daí o analfabeto responde “se é louco...” claramente, ele não faz a menor ideia do que é 'arte política'. bem, lá vão os pixadores para berlin com o dinheiro dos nossos impostos. daí, acontece o ápice do filme: quando os curadores da tal bienal de berlin os convidam para um evento onde supostamente devem mostrar a sua 'arte'. quando chegam no local, se deparam com paredes brancas de madeira destinadas ao 'trabalho' das pessoas. no local, os curadores falavam sobre o que era pintar paredes utilizando tinta spray para fazer desenhos, pinturas, ou qualquera. não, eles não saem por aí escalando prédios públicos e sujando-os. pois então o 'pseudo-culto'  diz que 'não é esse o nosso trabalho', e 'não viemos aqui para pixar essas madeiras brancas'. o que fizeram os quatro contemplados então? saltaram as madeiras, pixaram o prédio público e tombado que tinha atrás delas, jogaram tinta no curador do evento e a palhaçada terminou com a polícia, claro. falando de cinema, achei a atitude do diretor extremamente corajosa em fazer o trabalho. E u não acho nem que ele aprove o que esses marginais fazem, mas ele quis mostrar, quis dizer que aquilo existe, em um lugar onde ainda existem pessoas que não tem educação suficiente sequer para escrever o próprio nome e acham que são artistas, onde gente que tem uma educação básica e ruim pega um livro do nietsche e sai por aqui achando que é um gênio, achando que está arrasando no rolê.  eu dei cinco estrelas. pela coragem do diretor, pelo conflito, o documentário é muito bem feito, muito bem filmado, a fotografia em preto e branco está linda (só a parte filmada em são paulo está preto e branco, também concordo que são paulo só deve ser filmada em preto e branco). quando acabou o filme, bati palmas e saí apressado. a sala do espaço itaú da augusta estava lotada, tinha até gente em pé. o que será que aconteceu depois? será que os caras pixaram a sala?



05-NÓS SOMOS JOVENS, NÓS SOMOS FORTES (wir sind jung. wir sind stark, GER, 2014, 116’ Dir: Burhan Qurbani) ****

sinopse:
em agosto de 1992, três anos após a queda do muro de berlim, protestos anti-imigrantes aconteceram na cidade de rostock, no leste alemão. o alvo dos ataques era um abrigo para refugiados na periferia da cidade, que foi incendiado. o filme reconta esse acontecimento acompanhando um dia na vida de três personagens: lien, uma vietnamita que vive na alemanha; stefan, jovem entediado e raivoso que participa do tumulto; e martin, político ambicioso e pai de stefan.


já vi muito e sobre xenofobia no cinema, mas não consigo me lembrar de ter visto algo tão cruel, tão amargo, tão real. mais uma valiosa propaganda anti imigração. stefan e o pai (a juventude raivosa, alienada e o político que não sabe bem lidar com as divergências entre suas convicções políticas e o que o filho está “se tornando”), acho que não são os personagens principais do filme junto com a garota vietnamita, ela é o personagem principal, a vida dela e o contexto social e político no qual ela está envolvida é que é o grande conflito do filme. o evento histórico em si é uma demonstração cruel de xenofobia como muitas outras na europa, claro que chama muito a nossa atenção, pois é inimaginável algo assim no brasil (tente imaginar uma galera indo até o bairro do bom retiro para incendiar um prédio habitado por bolivianos como se fosse um evento, com cerveja e comida, como um protesto legítimo). aqui não há esse tipo de partido, as pessoas odeiam umas as outras quietinhas, e não acho isso ruim. voltando a garota vietnamita, ela quer continuar na alemanha, ela quer o visto permanente de trabalho, mesmo sendo claramente odiada e hostilizada. talvez seja o otimismo extremo, próprio desses asiáticos, mesmo saindo a rua com crianças a chamando de “china” (uma forma pejorativa de se referir a asiáticos na alemanha), ela sempre continua sorrindo, porque ela tem certeza de que tem o direito de estar onde está, tem a certeza de que é uma cidadã do mundo, de que é um ser humano, acima de tudo. e o filme termina assim, com essas duas diferenças de atitude: a pedra na mão da criança alemã e o sorriso da garota vietnamita.

é bem provável que eu passe a postar com pouquíssima frequência, pois retomei o projeto do meu quarto livro e tenho pretensões de terminá-lo.

XOXO.