4 de jul. de 2021

PGU

 


Meu primeiro livro “Poesia gay underground: história e glória” (ed. Annablume, 2008) continua a ser lido...

PS: não fui eu que tirei essa foto.

 

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Sim, ele que é um produto do “do it yourself”. Anos antes eu juntava cinco poemas impressos e distribuía de mão e mão na faculdade, como os criadores de zines faziam nos anos 1990. De repente, pensei em um livro. Juntei todos esses trabalhos independentes com poemas inéditos para dar liga e lá estava ele, Poesia gay underground história e glória.

 

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Hoje, esgotado em livrarias. Só é possível encontra-lo em alguns sebos listados no site Estande Virtual e claro: diretamente comigo (o mais recomendado), assim você compra seu livro novo com dedicatória e autógrafo.

 

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Faz treze anos. Já foi tema de artigo acadêmico, já foi chamado de clássico, foi parar na Universidade do Texas, foi parar até em Harvard. A Amazon o vende no mundo inteiro, na Espanha, no Japão.

 

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Faz treze anos, mas lembro como hoje. O editor que sentiu amor à primeira vista ao me ver pessoalmente pela primeira vez e eu só fui descobrir depois. Certo dia ele marcou uma reunião comigo depois do expediente quando todos já haviam ido embora. Quando cheguei lá o encontrei com uma garrafa pela metade nas mãos. Quando entrei ele enfiou a mão no meu traseiro. Fizemos sexo entre pilhas de livros. Eu tinha segurança sobre a qualidade do meu texto, claro, mas se não fosse aquele interesse sexual, será que eu seria publicado tão fácil? E não era só sexo, ele queria algo a mais, quando viu que não teria, começou a me tratar mal, mas aí o livro já estava sendo impresso...

 

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Faz treze anos, mas lembro como hoje. O lançamento do livro na Livraria da Vila da Alameda Lorena. Meus amigos loucos secando todo o álcool do buffet, deitando na mesa para tirar foto. Foi a primeira vez que soube o que era um caroço: meu “amigo” hétero e fascista com sua namorada foram ao lançamento, não compraram o livro, cometeram a gafe de pegar o livro de amostra da mesa e ficar foleando/estragando o livro em um dos sofás. Meu ex-namorado me contou depois, mas eu cheguei a perceber de rabo de olho: Ele ficou rindo de mim o lançamento inteiro e depois reclamou que eu não o convidei para o lançamento do meu segundo livro.

 

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Analise você mesmo: o seu amigo mais idiota é um hétero e você deve se livrar dele o mais breve que você puder.

 

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Faz treze anos, mas me lembro como hoje. Tomei o caminho sem volta da literatura

 

XOXO


28 de jun. de 2021

PRD



É só ouvir a palavra "escolha" nos comerciais que o pão já me sobe à goela. Ninguém escolhe nada. Ninguém escolhe ser preterido, marginalizado, julgado por quem sabe menos que você, sofrer bullying, sofrer violência psicológica em uma sociedade onde isso é crônico, morrer tanto o quanto plantou-se um câncer, morrer na Autobahn tirando o pé. Ninguém escolhe NADA, nem o intruso que usa essa tese, nem o próprio lgbt que acredita nela. Não, ninguém escolhe. Alguém tem o direito de se definir como quer e dizer que "escolheu" ser gay? bem, há o direito de ser desavisado. Ela casou, teve filhos e agora "escolheu" se relacionar com uma mulher? Não, ela já tinha o desejo de estar com essa mulher dentro dela e se não fosse por essa, seria por outra. Todo mundo nasce com uma pulseira e lá está escrito em detalhes o que você é e você não pode mudar isso. Lembram-se que a palavra "escolha" dá ao homofóbico a vertigem de que essa palavra é como escolher uma distração, um êxtase? Então, se é só uma questão de prazer e não de identidade, fica mais difícil o respeito entrar e as consequências todos nós sabemos. O conceito de "escolha" mata e nós devemos abrir os olhos.

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Adeus 24. Você foi um bom ano para as garotas.

24 é o número que a sociedade costuma relacionar aos homens gays. Não toda a comunidade lgbt, mas apenas aos homens gays. Como sabem, toda doença tem um código com sigla e número, e o número 24 é o código da infecção por HIV. Isso sempre fez as pessoas acharem que os homens gays são culpados pela existência e pela disseminação do vírus pelo mundo. Muitos gays são agredidos por isso. Muitos gays morrem por isso, o que caracteriza o tamanho da gravidade. Alguns usam esse número para brincar com gays sem saber o que isso representa e muita gente usa para ofender mesmo. Portanto, esse número não me representa e não deveria representar nenhum homem gay. Times de futebol não usam a camisa nº 24 por ser por "pejorativo".
Voltando á origem: A C.I.A. matou Jimi Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin porque estavam já achando perigosa a atitude rebelde, transgressora e liberal dos jovens da época e deram o mesmo jeito de acabar com os gays criando um vírus mortal, sem cura em laboratório nos E.U.A. (não duvidem disso) e espalharam o vírus por todas as áreas gays de São Francisco e Los Angeles. Eles só esqueceram de prever que muita gente hétero hipócrita hostiliza gays, mas transa com gays, o que espalhou o vírus para todo o resto da população. Portanto, nós homens gays também somos vítimas e não devemos carregar essa culpa.

Adeus 24. Você foi um bom ano para as garotas.


XOXO