eu não tenho medo do cigarro. que baixa minha pressão, mas não vai me fazer desmaiar visto que tenho o estômago cheio de alimentos. não me incomoda a gata tentando escalar a porta de vidro para vir para a varanda enquanto estou fumando. ela já esteve com essa porta aberta por dois dias. não me incomoda ela roendo a sacola de lixo e vir a vomitar plástico. eu não tenho medo do meu nariz empinado, é só uma questão de cuidado. eu não tenho medo nem vontade de parecer a p j harvey já que tenho tudo alinhado para recuperar meus sessenta e oito quilos e já estou cansado de parecer a. nada como um bom e original ansiolítico e o farmacêutico pode enfiar no cu aquele tranquilizante natural que funciona como o placebo. eu não tenho medo da morte precoce agora que sei diferenciar um princípio de infarto com uma crise de ansiedade, como a que tive ontem por causa da falta do Rivotril, que me causou taquicardia e falta de ar. cheio de alimentos. estive hoje almoçando com a minha sorridente mãe, nunca parou de ser só sorridente, nunca mal humorada, por causa do budismo, que ela está envolvida há anos. fomos comprar roupas, para eu estrelar o próximo escritório. eu não tenho medo que não me ligam há duas semanas para me oferecer emprego. um peso. um peso e a pegada correta da mão no dardo. são dois shots que vou tirar para o meu instagram na sexta á noite e no sábado de manhã respectivamente. p j: ainda não posso fazer shots do meu rosto até que eu não pareça mais a. eu não tenho medo da volta. da volta ao atletismo. que é dura, bem dura. nem da competição que me aguarda daqui a quase três meses. e da responsabilidade que me impus a ganhar uma medalha. estou mortificado por ter perdido a inscrição do estadual máster, por estar depressivo na cama e não ter conseguido ir ao banco pagar a taxa e fazer a inscrição por e-mail. mas haverá muitos outros másters. eu não tenho medo da falta. da falta que me faz. o mundo dará as necessárias voltas. o tempo fará seu serviço. eu não tenho medo da segunda-feira, quando sairá o resultado do proAC. o que tiver de ser do meu inédito livro, será. não vai me fazer parar de escrever. sinto a apatia, o cansaço de uma carreira com pouca movimentação. mas eu ainda tenho o talento comigo. tenho o vício comigo. tenho a maldição comigo. parar de escrever não é tão simples assim. a literatura me chama. vai continuar me chamando. não tenho medo de Paraty. se não vivo, poderei estar lá cinquenta anos após a minha morte. eu não tenho medo. é só ter a responsabilidade de não deixar faltar meu bom e original ansiolítico.
XOXO
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