21 de jun. de 2024

prataria

Fui contratado para trabalhar em uma trading e por curiosidade resolvi apontar o número de erros de português e inglês dos e-mails que eu recebia nos dois primeiros dias que trabalhei. O resultado está aí embaixo...

 

16/05

 

DR          22

FL           50

LR           3

BS           2

EO          2

FR           2

LS           1

LS           1

LS           2

85

 

17/05

 

AA          5

GO         10

BS           5

FR           6            

FL           27

DR          13

SG          9

JP           3

IG           2

JC           5

KC          3

88

 

Fiz tudo certo, sei que fiz, e também tudo o que eu podia. Eles me demitiram dez dias depois da contratação, mesmo eu sabendo escrever. Inventaram um motivo qualquer para explicar, mas nada vai justificar. O estagiário francês que abria um sorriso enorme quando me via, não quis me dar o telefone dele. Ele só estava sendo simpático, acha que ele iria se relacionar com alguém do "selvagem terceiro mundo" como eu? Eu sou a África, só agora pude perceber, os Europeus são puros, eles admiram a nossa cultura, a nossa (falta de) personalidade, nos admiram em filmes pornográficos porque temos rabos grandes e paus bonitos, mas vir trabalhar aqui e ficar com alguém aleatório? Jamais! O que pensariam? Sair com um brasileiro? País tropical é cheio de doenças, não é? E se ele me roubasse? Me sequestrasse? Me espancasse? Gravasse tudo e começasse a me chantagear pedindo dinheiro? Será que eles cuidam dos dentes? Será que vende escova de dentes no Brasil? Por precaução eu trouxe dez da França, fora o fato de que são todos ladrões, desde os que vivem na favela até os políticos. Muitos deles passaram fome antes de chegar até a faculdade, por isso comem tudo o que veem pela frente, as frutas e os biscoitos que a empresa fornece todos os dias acaba pouco depois do almoço. Só pensam em dinheiro, se prostituem por qualquer coisa, roubam em qualquer contexto, eu lembro daquele turista que caiu daquele bonde enquanto passava sobre aquela alta ponte branca vazada. Mesmo aquele homem agonizando, ninguém quis ajudar, pelo contrário, algumas crianças marginais se aproximaram para pegar seus pertences, foram enfiar as mãos nos bolsos dele. Além de porcos, são hipócritas, tiram a roupa no carnaval, transam na rua no carnaval, mas são conservadores, são reacionários, não se pode nem falar em aborto por aqui, nem em casamento gay. Aliás aqui é onde mais se mata população lgbt no mundo, por isso tento ser tão discreto. Aqui também é o lugar onde mais acontece feminicídio no mundo. Pois é, acredita que se em uma relação heterogênea, a mulher termina o namoro ou o casamento, o homem se sente no direito de matá-la? Além do mais, não é à toa que o centro empresarial e urbano em geral ficam todos tão perto um do outro, pois não quero nem imaginar onde essa gente mora. Aqui não é o Rio de Janeiro, mas aqui em todo lugar tem favela e todas elas são controladas pelo tráfico de drogas, e você não pode se atrever a aparecer lá sem ser convidado ou apresentado, pois com certeza será assassinado ou sequestrado. Assassinado como? Pergunte à eles. Existem duas leis no Brasil, a lei da constituição e o tribunal do crime. Se já não fosse o bastante, eu já vi várias fotos e vídeos de favelas de São Paulo, são horríveis, nunca vi nada parecido na França. Eu deveria ter pensado melhor, conheci brasileiros com personalidades tão incríveis na França, só ouvi coisas boas do Brasil, sempre, e eu já estava cansado da frieza, do cinismo dos franceses, mas há algo pior que encontrei aqui que me testa a paciência: como tem gente burra nesse lugar, meu deus do céu! Je suis chatte!

 

Estava dentro das metas? Estava, estava dentro das metas o empreguinho de merda, mas eu me senti tão ultrajado como nunca, mas tanto que tomei uma decisão drástica: mudar de carreira (uma que dê dinheiro). Sim, eu me inscrevi no Jabuti e eu já comprei dois potes de creme anti sinais com ácido hialurônico dos bons.

 

Trecho do romance “POCO” a ser lançado em julho de 2024

 



 

Já parou para pensar que nesse país conservador de merda, uma garota de treze anos não tem o direito de abortar? As pobres é claro... elas se trancam no último box do banheiro da escola, tiram as roupas de baixo e arrancam o feto por sucção.

Já tentou imaginar uma garotinha negra derramando lágrima por ter expelido a criança? Ao ter ouvido algo se chocando com a água do vaso sanitário? Porque o pai do feto não o quis e os pais da garota o queriam menos ainda? Imaginam o quão difícil é levantar do vaso e ver o filho nem que seja uma vez só, ela levanta e há muito sangue no vaso inteiro e a garota tendo uma hemorragia na vagina e nos olhos, o bebê não desceria pelo vaso, era um bebê de três meses dentro da barriga, pode ser lindinho, mas em um vaso sanitário é nojento, a garota deixava o sangue cair bem sobre o feto como se aquilo fosse uma benção, começou a sentir tonturas e achou melhor esperar a hemorragia passar, sentada no vaso do lado contrário, sentada em frente à parede para apoiar os braços em cima do dispositivo da descarga e colocar a cabeça dentro dos braços e tolerar melhor as cólicas, as cólicas. Assim, esperou tanto pela hemorragia e a tontura passar que dormiu, mas esse sono já era a morte, afinal ficou tudo certo, assim é que é, assim é que foi, era o justo, se ele se foi, que direito tenho eu de ficar? Mãe e feto, mãe morta naquela posição que ficou pornográfica depois que, morta, o corpo não se sustentou mais sentado no vaso, desabou para a esquerda e caiu em cima da lixeira. Uma das pernas ainda pendeu para cima do vaso. Já era uma senhora de idade a funcionária da limpeza encarregada de fazer certas tarefas, inclusive como ver se o banheiros estavam vazios quando a escola fechava.

A senhora, como de praxe, se agachou para ver se tinha alguém nos banheiros, viu que tinha alguém no último box, achou estranho porque dava para ver só um dos pés de uma garota, mas viu que tinha algo a mais depois do vaso, mas não sabia o que. Prevendo o pior, tentou chamar, bateu na porta três vezes.

– Menina? Está tudo bem com você? Nós já fechamos a escola

Não houve resposta. Como a funcionária era cardíaca, achou melhor sair daquele banheiro, porque sabia que havia uma cena macabra dentro daquela porta, ela comunicou os superiores de modo que adentrou a diretora e um guarda para checar a situação antes de tomar qualquer atitude. O guarda entrou no box ao lado do da garota, pisou no vaso e olhou por cima da divisória,

– Meu deus.... Dona Damares, nem queira olhar o que tem aí do lado, vamos chamar a polícia.

 

Era a constituição e deus desabando em cima de mais uma mulher.

 

***

     Apareceu a mãe dele quando eu estava rolando as sugestões de amizades do fb. Como será que esses perfis são selecionados? Muitos deles eu conheço e os outros? Será que não estiveram visitando seu perfil?

    E se ela entrar em contato a fim de “resolver” essa situação entre eu e o filho dela? A fim de eu desaparecer para sempre "numa boa"? De modo que eu pare de escrever poemas para o filho dela e postar na time dele? Ainda mais o tipo de poema de eu escrevo. É só mau gosto ou dá para entender outra coisa também? Ameaça? Ou você quer que o meu filho tenha pena de você? Que faça “coisas” com você? Que tenha um relacionamento com você? Que ame você? Com essa sua loucura (real ou inventada)? É difícil amar a si mesmo e se você não ama a si mesmo, quem vai te amar? O meu filho, com certeza, não. Eu não estou criando um atleta olímpico, eu não criei um engenheiro para entrega-lo para um escritor que só escreve coisa da pesada e que tem histórico suicida! Não dá! Simplesmente não dá! 

    Relação para acertarmos em relação a conduta do seu filho em relação a mim? Que conduta? 

    Até o meu nome você roubou, dona Alberta. Esse é o nome da protagonista do filme filipino “Melancholia”, dirigido pelo grande Lav Diaz, que já foi homenageado na mostra aqui de São Paulo. É um filme de sete horas e meia, se eu vi tudinho e amei tudinho é porque virei fã tanto do filme, quanto do diretor, quanto da Alberta. Eu acho que você perde seu tempo, aquelas sensações de inexistência que o seu filho me fez provar, eu não quero mais. Não foram só esses as sensações ruins, mas eu não acredito em revanche, fique tranquila, vá cuidar da prataria.

Ah quer saber? Eu nunca fui polido e nunca poupei palavras mesmo. Você e seu filho meio escurinho deveriam saber que para chegar nas olimpíadas, precisa ser fora da curva, só trabalho não adianta, e o seu filho não é fora da curva. Faze-lo saltar quinze metros em oito anos é o cúmulo de tirar sangue de pedra, mas não esperem muito além disso...

De volta à 2017 quando tudo começou ele pode alegar que era calouro e que eu era veterano, por isso eu ganhava dele. Negativo. Eu comecei a treinar salto triplo no começo de 2017, ao mesmo tempo que ele, porque meus resultados no salto em distância não eram bons e eu já tinha o dardo para treinar. A temporada acabou em agosto de 2017, eu terminei com um SB melhor que o dele (saltando de uma tábua de nove metros) e venci as duas vezes que competi contra ele.

Dava vontade de chorar ao vê-lo saltar, ele simplesmente não finalizava o salto, ele fincava os dois pés na areia e depois saía quicando para frente como se alguém o tivesse empurrado.

Mesmo ele saltando com uma técnica sofrível, eu o superei na quarta etapa do TUNA em 2017 por meros quinze centímetros. Tinha de ser próximo mesmo, ele tem 1,90m e eu tenho 1,73m. Eu precisava compensar com técnica. Porém, ele tinha os melhores técnicos à disposição, eu treinei sozinho em 2017 por causa de uma suspensão cruel e injusta da FFLCH. Bem, eu ganhei uma medalha na quarta etapa do TUNA no salto triplo em 2017. Nenhum atleta da POLI nem da MED tem uma. Seu filho gosta tanto de exibir aquele monte de medalhas como se fosse o homem de ferro, não? Está faltando uma medalha naquela coleção, a do salto triplo da quarta etapa do TUNA de 2017. Eu tenho uma, está no meu quadro de medalhas. O seu filho não tem uma e nunca vai ter. Se eu não poderia ter sido atleta profissional? Se eu não tivesse largado o atletismo no centro olímpico aos vinte e dois para cursar uma faculdade que eu detestava, eu acho que eu seria sim, mas eu não precisava. Ser um grande saltador não é meu único talento e ser saltador demanda tempo demais.

 

O mundo acabou do jeito que eu conhecia.

 

Eu sou feito de medo do futuro.

 



 

XOXO

14 de mai. de 2024

xaria, Majelis Ulama

 



 

Ela me vê boa parte do dia no sofá, no meu aniversário, mas hoje não quis me animar para estudar.

– Estou triste, depois dos quarenta não tem nada. Eu vou dar meu jeito de finalizar os estudos até o fim de maio, mas antes preciso finalizar a revisão do “Sue Sue”, sim, esse é o nome do meu quarto romance, sétimo livro, que eu escrevi especialmente para o prêmio José Saramago desse ano. Dado a minha avançada idade, esse ano é a última oportunidade que eu tenho para me inscrever nesse prêmio. O livro? Está fabuloso, não adianta ninguém do grupinho do cancelamento dizer ao contrário, não são eles que vão julgar, não, são jurados neutros lá da terrinha, virgens e sem vícios. Sabe o que quis fazer dessa vez? O contrário do que todos vocês estão fazendo há tempos e que já anda um pouquinho saturado, não quis fazer uma narrativa americana, criei uma narrativa europeia, especialmente francesa, a fim de oferecer uma variação ao mercado.

Por enquanto, não quero falar de “Sue Sue”, o que eu tenho que falar por enquanto, vou falar para o Saramago, é para eles que devo detalhes, ainda assim, se nada der certo há o prêmio Leya, outra alternativa, outro prêmio muito interessante, o qual também inscrevi o “Sue Sue”. De qualquer forma, não tenho tanta pressa, só alguma pressa, pois esse ano de 2024 já está acertada a publicação do meu terceiro romance chamado “POCO” (sexto livro), que, inesperadamente foi aceito na chamada de originais da editora TAUP com menção honrosa (apenas dezessete menções honrosas em mais de quatrocentas submissões). Não houve meta no crowdfunding (o cancelamento ainda não acabou), mesmo assim a TAUP me comunicou a decisão de publica-lo, a imensa generosidade e confiança de outros potenciais do meu livro pelas minhas queridas editoras Jessica e Mabelly.

“POCO”, traduzindo para o português do espanhol significa “pedaço” e é exatamente o que o livro significa, é uma tapeçaria onde várias histórias muito diferentes, se embrenham sem pedir licença para entrar uma após a outra e ao invés do regionalismo paulistano sobre o qual sempre me serviu como cenário, “POCO” sobe morros, viaja pela Ucrânia, questiona o horário nobre, traz a luta das travestis para sobreviver, enfatiza o estado laico, o aborto clandestino e a morte com informações desencontradas na internet de pré-adolescentes, acidente e intenção de assassinato, Olga Hepnarová e vários outros temas.     

            Jessica Ianconsky, uma das minha editoras, já fez a capa para o “POCO”. É a melhooooor capa de um livro meu disparado. Vale a leitura só pela capa.









 

  

           Vou repousar, por enquanto.

            11.04

            Somos rivais. É ruim, mas com ela era bem pior, ela era rival declarada.

            Levei o isqueiro e esqueci o cigarro.

            Parei de acreditar em inferno astral. No primeiro dia do meu novo ano, meu celular levou um tombo de barriga para cima, com capa, e mesmo assim quebrou. Uma despesa desnecessária para começar o ciclo.

            Encontrei um estranho na estação do metrô hoje, fui aos correios, andei pelas ruas e lembra quando a Marília Gabriela disse que quando disse que tinha cinquenta anos o número cinquenta tinha um som pesado e desagradável? Pois então, entendo agora o que ela estava falando. O número quarenta tem som horrível para mim, uma carga na costela, é difícil andar por aí “Carregando” esse número e sim, você se sente fora do jogo, ontem quando eu olhava para os meninos novinhos e gatinhos por aí, eu pelo menos “Fantasiava”, agora não, é como se vivêssemos em mundos diferentes, um quarentão é um quarentão e ele precisa se colocar no lugar dele. É apenas um dia, mas tem sido assustador bem dessa forma.

            12.04

            As pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) na Indonésia enfrentam desafios legais e preconceitos em todo o país. Os costumes tradicionais desaprovam a homossexualidade e a transição de gênero, o que afeta as políticas públicas. Casais do mesmo sexo e famílias chefiadas por casais homossexuais no país não são elegíveis para nenhuma das proteções legais disponíveis para casais heterossexuais. A nível nacional, a Indonésia não possui uma lei de sodomia, e o país atualmente não proíbe a atividade sexual não comercial, privada e consensual entre membros do mesmo sexo; no entanto não há qualquer lei específica que proteja a comunidade LGBT do país contra discriminação e crimes de ódio. Na província de Achém, a homossexualidade é ilegal sob a lei islâmica da xaria, sendo punível com açoitamento ou prisão. A Indonésia não reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

 

            Em julho de 2015, o Ministro de Assuntos Religiosos declarou que é difícil para a Indonésia legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo porque normas religiosas enraizadas se colocam fortemente contra isso. A importância da harmonia social na Indonésia leva a uma ênfase nos deveres sobre os direitos, o que significa que os direitos humanos em geral, incluindo os direitos LGBT, são muito frágeis. Apesar disso, a comunidade LGBT na Indonésia tornou-se cada vez mais visível e politicamente ativa. Assumir-se para familiares e amigos raramente é feito no país, pois as pessoas LGBT têm medo de rejeição e reação social. No entanto, existem alguns casos raros de compreensão e aceitação por parte de suas famílias.

 

            Apesar da reputação da Indonésia como um país muçulmano relativamente moderado, no século XXI, os grupos muçulmanos fundamentalistas que apoiam a xaria ganharam apoio crescente. Como resultado, as pessoas LGBT têm enfrentado crescente hostilidade e intolerância, incluindo ataques e discriminação. No início de 2016, pessoas e ativistas LGBT na Indonésia enfrentaram forte oposição, ataques homofóbicos e discurso de ódio, lançados até mesmo pelas autoridades do país. Em fevereiro de 2016, a Human Rights Watch instou o governo indonésio a defender os direitos das pessoas LGBT e condenar publicamente os comentários discriminatórios das autoridades.

 

                Em 2017, dois jovens gays de 20 e 23 anos foram condenados a uma surra em público na província de Achém. No mesmo ano, a polícia lançou vários ataques a saunas gays sob o pretexto de crimes relacionados à pornografia. Em maio de 2017, 141 homens foram presos por uma "festa de sexo gay" na capital Jacarta; no entanto, apenas dez foram formalmente acusados. Outra operação ocorreu em outubro de 2017, quando a polícia indonésia invadiu uma sauna no centro de Jacarta considerada popular entre gays, prendendo 51 pessoas, embora apenas seis tenham sido acusadas judicialmente, incluindo o proprietário do spa. Uma interpretação excessivamente ampla da "Lei da Pornografia", juntamente com a inação do governo, permitiu que a polícia a usasse contra pessoas LGBT.

 

Em dezembro de 2022, a Assembleia Consultiva Popular, o poder Legislativo da Indonésia, aprovou um novo Código Penal que proíbe o sexo fora do casamento entre heterossexuais, e entrará em vigor em 2026. O porta-voz do projeto afirmou que a legislação não criminalizará atos sexuais privados entre pessoas do mesmo sexo. Atualmente, o Código Penal em vigor não criminaliza relações extraconjugais.

 

Ao contrário de seu país vizinho, a Malásia, a Indonésia não tem explicitamente uma lei de sodomia. O Código Penal indonésio não proíbe a atividade sexual não comercial, privada e consensual entre dois adultos consentidos do mesmo sexo. Um projeto de lei que visa criminalizar a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo no país, juntamente com a coabitação, o adultério e a prática de bruxaria, não foi aprovado em 2003 e nenhum projeto subsequente neste sentido foi reintroduzido.

 

A nível nacional, a Indonésia permite a atividade sexual privada e consensual entre membros do mesmo sexo desde 1993, a partir dos 18 anos de idade. A Constituição não aborda explicitamente a orientação sexual ou a identidade de gênero. Ela garante a todos os cidadãos vários direitos legais, incluindo igualdade perante a lei, igualdade de oportunidades, tratamento humano no local de trabalho, liberdade religiosa, liberdade de opinião, reunião pacífica e associação.

 

Porém, o país permite que um de seus governos provinciais estabeleça leis específicas baseadas na xaria, como sanções criminais para a homossexualidade. Essas penalidades locais existem na província de Achém, onde foi aprovado um estatuto contra os direitos LGBT. Esses códigos criminais baseados na xaria permitem até 100 chicotadas ou até 100 meses de prisão por atividade sexual consensual entre pessoas do mesmo sexo.

 

A oposição mais ativa ao reconhecimento dos direitos LGBT na Indonésia é oriunda de autoridades religiosas e grupos de pressão, especialmente organizações islâmicas. O Conselho Ulema Indonésio (Majelis Ulama Indonesia ou MUI) fez uma declaração que estigmatizou a população LGBT, declarando-a "desviante" e uma afronta à "dignidade da Indonésia".

 

Em 2005, o governo indonésio concedeu à província de Achém o direito de introduzir a xaria, embora apenas para residentes muçulmanos. A província no extremo norte do país promulgou uma lei anti-homossexualidade baseada na xaria que pune qualquer pessoa pega fazendo sexo gay com 100 chicotadas, com prazo para o início da aplicação até o final de 2015. Outro exemplo é a cidade de Palimbão, que introduziu prisão e multas por sexo homossexual, embora as leis em questão tenham sido suspensas em 2020. De acordo com a lei, a homossexualidade era definida como um ato de "prostituição que viola as normas de decência comum, religião e normas legais conforme se aplicam ao regime social".

 

Em março de 2015, o Conselho Ulema emitiu uma fátua, ou decreto religioso, exigindo que atos do mesmo sexo fossem punidos com surras e, em alguns casos, com a pena de morte. A fátua considera a homossexualidade uma "doença curável" e diz que os atos homossexuais "devem ser severamente punidos".

 

Conselho Representativo Popular (DPR), câmara baixa da Assembleia Consultiva Popular, rejeitou introduzir a pena de morte para punir relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, afirmando que é totalmente impossível implementar essa política na Indonésia. O Conselho afirmou que a fátua do MUI serve apenas como orientação moral para os adeptos, não como lei positivada, uma vez que o poder legal é detido apenas pelo Estado.

 

Em março de 2016, partidos como o Partido da Justiça Próspera (PKS) e o Partido da União e Desenvolvimento (PPP) propuseram um projeto de lei para proibir o ativismo pelos direitos LGBT e criminalizar o "comportamento LGBT". Vários políticos fizeram declarações contra a comunidade LGBT nos meses seguintes daquele ano.

 

No final de novembro de 2016, a Frente de Defensores do Islã (FPI) informou à polícia em Jacarta que havia uma "festa do sexo". A polícia então invadiu a reunião gay, acusando os homens de violar a lei nacional contra a pornografia, que é escrita de maneira muito ampla.

 

Em 21 de maio de 2017, a polícia deteve 144 pessoas em uma batida em uma sauna gay, a Atlantis Jakarta. O Conselho Ulema Indonésio declarou que tal atividade era uma blasfêmia contra a religião e um insulto contra a cultura indonésia: "Que tipo de lógica é capaz de aceitar esse tipo de desvio sexual, mesmo os animais não são gays. Claramente não se trata de igualdade", afirmou o chefe do departamento jurídico do MUI. A declaração foi feita apesar da homossexualidade ter sido observada em mais de 1.500 espécies animais. No início do mesmo mês, quatorze homens haviam sido presos em uma "festa gay" em Surabaya.

 

Em 14 de dezembro de 2017, o Tribunal Constitucional da Indonésia rejeitou, por 5 votos a 4, uma petição da conservadora Family Love Alliance que buscava alterar o Código Penal indonésio para tornar ilegal o sexo gay e o sexo fora do casamento. O pedido buscava revisar três artigos do Código Penal Indonésio (KUHP): o 248, sobre adultério, o 285, sobre estupro, e o 292, sobre abuso infantil. Segundo o artigo 292 do Código Penal, o abuso sexual de crianças é crime, tanto nas condutas heterossexuais como homossexuais. A organização buscou apagar o termo "menor" no artigo 292, a fim de perseguir todas as condutas sexuais entre pessoas do mesmo sexo de todas as idades, inclusive entre adultos consentidos, tentando efetivamente criminalizar a homossexualidade. O tribunal rejeitou a alteração da lei e considerou que a questão era assunto da Assembleia Consultiva Popular, o poder legislativo do país.

 

Desde janeiro de 2018, como parte da revisão do código penal, os legisladores trabalham em um projeto para um novo código. Apesar das críticas internacionais e dos temores das organizações de direitos humanos, se aprovada, a lei criminalizaria o sexo consensual entre duas pessoas solteiras e a coabitação, além do adultério e do estupro. Também permitiria que pessoas lésbicas, gays, bissexuais ou transgênero sejam levados a tribunal por sua orientação sexual.

 

No fim de setembro de 2019, manifestações estudantis generalizadas se opuseram ao plano de revisão do código penal do Conselho Representativo Popular. A revisão discriminaria fortemente as pessoas LGBT. O inciso 1.º do artigo 421, relativo à obscenidade, mencionaria explicitamente os atos homossexuais: "Quem praticar atos obscenos contra outras pessoas do mesmo sexo em público é condenado na pena de prisão máxima de 1 ano e seis meses ou multa até à categoria III." Havia o medo de que a menção explícita à obscenidade do "mesmo sexo" desencadeasse tratamento discriminatório e outras leis atacando principalmente o público LGBT. Devido à oposição generalizada, o governo adiou o controverso projeto de código penal revisado até sua aprovação pelo Legislativo em 2022.

 

86% dos cidadãos indonésios se identificam como muçulmanos. De acordo com o Ministério da Saúde do país, em 2012, a Indonésia tinha cerca de 1 milhão de homens que fazem sexo com homens, assumidos ou não. Mais de 5% deles são diagnosticados com AIDS. Estima-se que a Indonésia tenha cerca de 31 mil mulheres transexuais, e que a comunidade LGBT constitua cerca de 3% da população indonésia, levando a um número de cerca de 8 milhões de pessoas. A política familiar das autoridades, a pressão social para casar e a religião fazem com que a homossexualidade geralmente não seja apoiada. Tanto os muçulmanos modernistas quanto os tradicionalistas, bem como outros grupos religiosos, como os cristãos, especialmente católicos romanos, geralmente se opõem à homossexualidade. Muitos grupos fundamentalistas islâmicos, como a Frente de Defensores Islâmicos (FPI), são abertamente hostis às pessoas LGBT, atacando as casas ou trabalhos daqueles que acreditam ser uma ameaça aos valores do Islã.

 

Em janeiro de 2018, a polícia de Achém saqueou um salão com o apoio do governo autônomo da província. A polícia torturou todos os cidadãos LGBT dentro das dependências do salão, raspou a cabeça de mulheres trans, despiu suas camisas e sutiãs e os desfilou na rua enquanto os obrigava a gritar "para tornar-se homens". O evento foi criticado por organizações de direitos humanos.

 

Em 1982, o primeiro grupo de interesse pelos direitos dos homossexuais foi estabelecido na Indonésia. "Lambda Indonesia" e outras organizações semelhantes surgiram no final dos anos 1980 e 1990. Hoje, algumas das principais associações LGBT do país incluem "Gaya Nusantara" e "Arus Pelangi".

 

O movimento de gays e lésbicas na Indonésia é um dos mais antigos e maiores do Sudeste Asiático. As atividades da Lambda Indonesia incluíram a organização de reuniões sociais, conscientização e criação de um boletim informativo, mas o grupo se dissolveu na década de 1990. Gaya Nusantara é um grupo de direitos gays que se concentra em questões homossexuais, incluindo a AIDS. Outro grupo é o Yayasan Srikandi Sejati, fundado em 1998. Seu foco principal é em questões de saúde sobre pessoas transgênero, e seu trabalho inclui o fornecimento de aconselhamento sobre HIV/AIDS e preservativos gratuitos para profissionais do sexo transgênero em uma clínica de saúde gratuita. Existem agora mais de trinta grupos LGBT no país.

 

A cidade indonésia de Yogyakarta sediou uma cúpula sobre direitos LGBT em 2006 que resultou na criação e assinatura dos Princípios de Yogyakarta sobre a Aplicação da Lei Internacional de Direitos Humanos em relação à Orientação Sexual e Identidade de Gênero. No entanto, em março de 2010, outra cúpula sobre o tema em Surabaya foi condenada pela Frente de Defensores Islâmicos e interrompida por manifestantes conservadores.

 

Os resultados da pesquisa online conduzida pela ILGA em outubro de 2016 mostram que 69% dos indonésios se opõem ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, 14% apoiam, e 17% declararam ter uma visão neutra.

 

De acordo com a pesquisa nacional do instituto SMRC, 58% dos indonésios concordaram que as pessoas LGBT têm o direito de viver como cidadãos, enquanto 46% dos indonésios aceitariam seus familiares caso eles se assumissem como parte da comunidade LGBT.

15.04

Está frio. E sempre quanto está frio meu joelho esquerdo dói. Eu tenho problemas de ligamentos nele que só resolve com cirurgia, e o tempo de recuperação é de um ano. Em 2015, quando eu fui para a mesa de cirurgia para fazer a minha atroscopia bilateral, o médico disse que poderia resolver o problema de “joelho de saltador” que eu tinha nos dois joelhos (seis meses de recuperação) e operar os ligamentos do joelho esquerdo também. Eu não quis mexer nos ligamentos do joelho esquerdo, sabe por quê? Se eu operasse, eu não me recuperaria a tempo de competir na competição de vocês, ajudar a equipe de vocês, ganhar duas vaquinhas, e no semestre seguinte vocês fizeram o que fizeram.

01.05

“Gummo” (U.S.A. 1997, dir: Harmony Korine)

Para quem conhece "Gummo", dispensa apresentação. Para quem não conhece, é um clássico do cinema experimental americano (algumas cenas são realmente inacreditáveis). Gummo registra um jovem e talentosíssimo Harmony korine na direção (que inclusive fez parte do Dogma 95) e uma desconhecida atriz e figurinista Chlöe Sevigny, que viriam a ser conhecidos do grande público, mas tudo começou ali. Xenia, Ohio, depois de um furacão, o filme documenta os moradores da cidade e tudo o que há de podre neles por dentro e por fora. É um fiel retrato do americano afastado dos centros urbanos e as coisas que eles fazem... riem das atrocidades que fazem. Assistam Gummo e vejam! E me paguem.

07.05

    

            

Poemas para o futuro.

14.05



       Poemas para o futuro.


Não está ficando lindo?






Sim, depois de um ano me aprovaram de novo. Tudo direitinho. Atravessar a cidade em quase duas horas. Ficar lá das nove ás dezoito. Começo amanhã. Tenho medo. Mas se correr tudo bem, terei dinheiro para inscrever meu livro no Jabuti e comprar creme anti sinais.

 

XOXO

4 de abr. de 2024

elegia 04 de abril de 2024



Na virada do ano tive a sensação de que “esse seria o meu ano”. Acontece que já se passaram três meses e absolutamente aconteceu. Se em um quarto do ano nada aconteceu, por que nos outros três quartos algo vai acontecer?

Continuar esperando que “algo” vai acontecer? Não, é quase impossível que aconteçerá, a não ser que eu tome a direção correta, compre uma guitarra boa, vá estudar música, vá fazer música, aí sim não é impossível que algo aconteça, será apenas muito difícil.

Se nada acontecer, eu me contento com pouco, e isso significa fugir daqui, fugir desse lugar, fugir dele, ter uma vida na zona sul com renda estipulada, trabalho nos dias úteis, nove horas por dia, Haagen Dasz, KFC, cinema, musculação, entretenimento com homens e substância proibida nas sextas á noite... não é pedir muito. Continuar publicando? Não sei.

Essa está sendo uma semana dura emocionalmente. Terminei dois livros em um espaço de apenas uma semana, coincidência ou não, são dois partos ou duas mortes, ambos muito pesados, mexeram muito comigo. Terminei o livro de crônicas, que comecei há um ano e meio e o romance novo (sem ser o “POCO”), que comecei há nove meses atrás. Esses dois, são meus dois últimos livros excelentes, são garantias de publicação para os próximos quatro anos. E para que?

Entrei em outro estado suicida. Pensei que o que realmente faltava seria um relacionamento com alguém encantador, meus quatro relacionamentos foram com quatro bichinhas pão com ovo, mal educadas, parasitas, acho que mereço algo melhor isso. Semana que vem faço quarenta anos, eu tive chance de me aproximar de homens melhores a vida toda quando eu era mais jovem, mas eu desperdicei, mas na prática, se nada aconteceu em quarenta anos, por que acontecerá agora que estou velho? Agora que enxergo que sim, sou feio, que não tenho quase nada a oferecer.

Problematizar a morte talvez nem seja uma questão, talvez eu morra qualquer dia, naturalmente, de uma morte qualquer, já que as pessoas morrem todos os dias de tantas formas sem nem se dar conta.


XOXO

25 de mar. de 2024

Bob Bob Bob






"Bob Bob Bob"

I eat. Twice a day
I live. Miles away
My ribs. Shows the way
My guts. Can't manage

I drop. Into relay
I apply. To a made
Clothing. Makes me gay
I almost. Hide the clay

***
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
Bob
Bob
Bob
***

I walk. Beside the trail
I make. Somebody's day
I walk. Until my sweat
I fake. My ugly make

I broke. Last may
You came. I went away
I'm folk. In decay state
The crane. I can't manage

***
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
Bob
Bob
Bob
***

You say. Made in clay
I say. Made in hate
I can't pay. My tooth away
Did it. With no debate

My corpse. Down the bay
Dead in there. Many days
You got inside. My place
Bashed to death. My face

***
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
Bob
Bob
Bob
***

I dont make family
I dont make chasthity
Often dressed like feminine
Often took by methaphetamine

The killing. And more in here
The kicking. And other teeth
Sometimes. I like you feet
Wonder. I'd be home shit chief

***
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
I still
bob my hair bob my hair bob my hair
Bob
Bob
Bob
***

(Letra/música/vocal: Hugo Guimarães)


XOXO