26 de set. de 2010

O ESTRANHO MUNDO DE MAURREN HIGA MAGGI


acordei um pouco triste no último 19 de setembro mesmo tendo deitado e quase dormido na noite anterior com um garoto louro de cabelo pintado cor de louro sueco na alta avenida paulista. sso, porque na manhã seguinte eu iria ver Maurren Higa Maggi saltar no XXIX Troféu Brasil de Atletismo.  ela não pôde saltar devido a uma dor no quadril sentida na eliminatória apenas um dia antes.

esse era um ano especial para a minha atleta favorita. ela voltava de uma atroscopia que a afastou das pistas por um ano inteiro, fez duas competições no ano mas a mais esperada delas era o Troféu Brasil. acabei em casa vendo pela televisão o triunfo de Fabiana Murer falhando em três tentativas de um novo recorde nacional de 4,90m.

acho que eu e Maurren, no final dessa temporada, fomos para casa, nostálgicos, recapitulando a presença no estranho mundo do atletismo brasileiro. eu, no estranho mundo das pessoas brancas no atletismo brasileiro.

eu tinha treze anos quando ela fez um dos dez melhores saltos em distância de todos os tempos com um incrível esforço de 7,26m no dia 26 de Julho de 1999, nas perfeitas condições para prática de saltos de Bogotá, Colômbia: Altitude e vento de 1.8 m/s. um mês depois ela ficou famosa ao vencer os jogos pan americanos de Winnipeg, Canadá, saltando bem menos e mostrando seu lindo sorriso e suas unhas pintadas com bandeiras do Brasil. Lá estava uma “entertainer” e não somente uma atleta.

eu não sabia muito sobre atletismo naquela época. mesmo essa modalidade sendo a base de todos os outros esportes e o mais incrível de todos eles, eu infelizmente nasci em um país onde jogadores de futebol assassinos são celebridades, onde pensam que automobilismo é um esporte e que Ayrton Senna é um herói.

fui informado do fracasso de Maurren nos jogos olímpicos de Sidney, Australia, apenas alguns dias depois de ela desaabar na caixa de areia com seu quadríceps contundido ainda nas eliminatórias. a excelente e assombrosa Maurren Higa Maggi não teve a importância reconhecida naquele momento específico.

então eu fui trabalhar em uma grande seguradora. então eu fui um adolescente explorado no trabalho. então eu tive gastrite. Então eu tive depressão e tive de custear meus próprios remédios com o dinheiro do meu trabalho mal pago. Ganhei muitos quilos. fiquei ausente da prática de esportes até 2003 quando entrei na faculdade. eu tinha 18 anos.

nodia 15 de junho de 2003 eu comprei um exemplar do jornal Folha de São Paulo. no caderno de esportes havia um especial sobre a Maurren. tudo porque ela tinha feito a melhor marca do mundo naquele ano e era a principal atração do XVII Troféu Brasil de Atletismo que aconteceria naquele mesmo dia. infelizmente, depois de vencer a competição ela foi flagrada em um exame antidoping para clostebol. mesmo sendo um doping involuntário, mesmo todos acreditando em sua inocência, ela recebeu uma suspensão de dois anos.

eu começava então a entender um pouco de atletismo lendo aquele jornal e apenas um dia depois tivemos todos a notícia chocante do doping. nosso país perdia um herói. o futuro era incerto para essa incrível atleta. lembro que fiquei extremamente triste vendo a chorar em entrevistas, acompanhando o caso nas semanas decorrentes. ela de fato não escapou da punição.

então eu comecei a saltar.

primeiro, no quintal da minha casa, medindo meus saltos com uma régua de 30 centímetros e vendo que eu era bom. depois na quadra da faculdade vendo que eu era realmente bom, recebendo parabéns dos meus colegas e nunca sendo superado por nenhum deles.

saltando, rompi os ligamentos do meu joelho esquerdo em 2004. Ok

logo melhorei e finalmente fui aceito no centro olímpico do Ibirapuera (no Constâncio Vaz Guimarães) na minha segunda tentativa. estava bem feliz e otimista mesmo tendo muita dificuldade para treinar: eu trabalhava de manhã das 08 ás 14 ia para a faculdade das 15 ás 18 e desembocava no Ibirapuera ás 18h30 para o treino. era muito cansativo.

etão lá estava eu treinando com todos aqueles negros. me saía melhor do que muitos deles. eles não gostavam de mim não só por ser branco, mas por ser homossexual, claro. eu não tomava banho com os outros depois do treino, porque eu sou tímido e porque eu não queria me expor a nenhuma situação desagradável. no fim do treino eu fazia um trajeto de uma hora e meia até minha casa, de ônibus. fazia isso todas as terças e quintas. eu ainda jogava handebol no time da faculdade ás segundas-feiras e voleibol ás sextas. tinha uma boa barriga, coxas e braços.

bom... tenho de terminar esse texto, certo? estou bem envergonhado... bom, eu vivo em um país onde jogadores de futebol assassinos são celebridades e onde as pessoas pensam que automobilismo é um esporte e que Ayrton Senna é um herói e ele NÃO é. não pude continuar treinando por causa disso. diz tudo.

então eu fui para casa.

então Maurren Higa Maggi saiu de casa em um belo dia do ano de 2005 e foi para a pista dizendo que queria voltar a treinar, depois de ter acabado o período de punição, depois de ter tido um bebê. virei tiete novamente. e então ela se tornou a primeira mulher brasileira campeã olímpica em prova individual da história. então eu não fiquei tão decepcionado assim no último domingo. então, não estou mais decepcionado.

18 de set. de 2010

BARBIE KILL



muito boa tarde, senhores churrasqueiros.



o email da juju mostra que o absurdo se tornou realidade. "churrasco nas dependências da empresa das 13 ás 17"



eu e a Yuri já estamos organizando a jogatina, o que caracteriza crime; por isso teremos uma advertência na segunda feira, graças á deus.



beatriz:

nós achamos que a senhorita deveria parar de tomar água de côco e vir buscar a sua carta de referência na sexta feira ás 14h00. assim você fará a juju trabalhar em pleno churrasco e ainda pode pegar carona no mesmo e ficar aqui jogando truco conosco até ás 17h00. além do mais você poderá desejar feliz aniversário para a igloo e trazer para ela um bolo em formato de igloo (será muito gentil da sua parte).



PROGRAMA DO CHURRASCO 2010!!!!!!



BEBEDEIRA DE HOMENS DESCLASSIFICADOS DA LOGÍSTICA

JOGATINA AGRESSIVA (COM DIREITO Á COLAGEM DE ZAP NA TESTA)

ZOAÇÃO COM A IGLOO

COMILANÇA DE CARNE DE CACHORRO, JACARÉ E OUTROS ANIMAIS PESTILENTOS DE ACORDO COM A CULTURA CHINESA

GANHAGEM DE BOLAS VAGABUNDAS DA ROSANA

DEMONSTRAÇÃO DE BRINQUEDOS HORROROSOS DA CHINA

FOFOCAGEM SEM LIMITES E SEM NENHUM BOM SENSO

DESLIGAGEM DE BEBEDOURO DIVERSAS VEZES DURANTE Á TARDE

CHUTAGEM DE BEBEDOURO PARA VER SE O MOTOR QUEBRA

YURI DEMONSTRANDO A DANÇA LAMBADA DANÇANDO COXA COM COXA COM O HONGZUO TENG

DESFILE DE ROUPAGEM DA JESUÍTA

'PARABÉNS A VOCÊ' PARA A IGLOO

SUJAGEM DE MESA COM LÁPIS E CANETÃO PARA O JOÃO DE BARRO LIMPAR

PEDAÇOS DE CARNE, GORDURA, LINGUIÇAS, PÃO, VINAGRETE E MAIONESE PELO CHÃO DE TODA A DEPENDÊNCIA DA EMPRESAAAAAAAAA

MATAGEM DOS GATOS QUE CIRCULAM PELA PORTARIA PARA INCLUIR NO CHURRASCO

CHUPAGEM NA LINGUIÇA DO SENHOR LUÍS PELA SENHORA JESUÍTA

OFICIALIZAÇÃO DO ROMANCE VIVIDO PELA IGLOO COM O SR INCRÍVEL

PASSAGEM DE GELÉIA NAS CARAS DE BOLACHA DA DONA BOCHECHA 1 E 2

ESPIONAGEM DE DONA BOCHECHA 1 E 2 NOS GRUPINHOS FORMADOS PARA POSTERIOR ADVERTÊNCIA E QUEIMAÇÃO DE FILME

INSERÇÃO DE LACRE DE CONTAINER NO BOLO DE ANIVERSÁRIO DA IGLOO



LEMBRANDO QUE TUDO ISSO ACONTECERÁ AO SOM DO CANTO DE JOÃO DE BARRO E STEVIE WONDER AO PIANO!!!!!!!!!!!!!!

6 de set. de 2010

BENTO RIBEIRO EM ALEXANDRIA

esse é o conto incluído do especial "manuscritos de alexandria" feito pelo marcelino freire e que está no ar no site da revista zunai. para + :
http://www.revistazunai.com/contos/index.htm



MINHA CAMA COM BENTO RIBEIRO
Hugo Guimarães



Eu me mumifico embaixo do cobertor e minha gata de cinco quilos descansa sobre o meu pescoço. Ela é um cachecol vivo. Eu finjo que são os braços de Bento Ribeiro. Eu sei que não são, assim como minha gata pesa três quilos e meio e essa porcentagem de peso a mais que me referi é a porcentagem do meu corpo que necessita o Bento. Ele me enforca. Não é exatamente o mesmo, mas é uma sensação. Ela anda sobre mim. E seus pés viram os braços dele como um asterisco vira uma tarântula. Eu sinto seus braços. Ele veleja sobre mim.
Quando eu deito aqui com o Bento nessa cama, não há Aspirina pouca que não funcione. Não há falta de Depakote que machuque. Não há variedade de Tamiflu que me assuste. Minha cabeça facilmente viaja enquanto várias coisas são azuis: Meu cobertor, a TV no escuro e os olhos da minha gata. Todo o azul está no olho azul dele onde todo esse quarto repousa e veleja dentro de uma meia lua azul.
Eu esfrego meus joelhos na cama. E eu movo como eu nado. Ele nem mesmo está nas minhas costas e eu o vejo pulando da TV imaginando como seria levar uma gozada de um homem daquele. Eu já engoli, eu já tenho o gosto de leite na minha mente, é crônico. E eu nado, nado... Ele só diz “Deixe o seu passado de orgias”. Ele não diz coisas como “Chegue mais perto do meu coração para saber o quanto sinto sua falta”. Ele nem mesmo canta coisas como “If you knew how much I need you, wouldn´t stay away”. Pixies em “la la love you”. Ele é perfeito porque ele fica com a droga da boca fechada e é assim que um homem de verdade deve ser: quieto. Quieto como a porra. A porra do silêncio das dez da noite.
Quanto mais poeira queima meu nariz torto dentro desse quarto, mais o mau parece estar do lado de fora, mãe. A porta do meu quarto com um pedaço quebrado porque eu não consegui ouvir meu pai quando ele me chamou. Havia música dos Pixies ecoando por todo o quarto quando ele quebrou a porta. Agora estamos em silêncio: eu, minha gata e o Bento Ribeiro. Estamos rodeados pela nuvem nociva de poeira que meu olho não pode ver, não tolera, não consegue mais: Meu pai e minha mãe.
“Pronto, mestre” como um cão obediente. Os trabalhos do meu intestino grosso obedecem ao seu trabalho. Não há merda nessa cama, nesse ensolarado novo dia, nesse fresco dia. Eu lavei meu cu e você me falou sobre a arte de lamber cu, Bento. Falou sobre a arte da pele lisa. Então eu fui até o lugar onde fazem isso. Fui depilar a coisa toda. Não há muitos lugares para depilar homens nessa bosta de cidade. Quase não há lugar para ficar bem liso nesse maldito país de três raças tristes. Poucos lugares para homens macios aqui nessa distância de Copenhagen. Nessa merda.
Sabe, eu nunca soube quais são as três raças tristes desse país... Eu pensei que era tudo uma tristeza só. Pensei que todos eram tristes. E no estúdio de depilação havia uma mulher escura horrenda. Grotesca como a forma que ela puxava a cera, mas lá eu estava finalmente, liso para o homem. Eu disse “Tenho um presente” e ele não estragaria tudo indo tão rápido assustando os trabalhos do meu intestino grosso. Ele tomou toda a sua cerveja preta no carro comigo. Um longo e longo beijo e eu estava com muita e muita dor de cabeça.
Muito idêntico sexo anal depois, eu disse á mim mesmo que não me importo com o futuro. Eu sou um animal. Eu sou um vendedor de sorvete. Eu sou um fã do Leonard Cohen (Ó, Meu Deus!). Quando meu vinil pulava enquanto ele cantava “Suzanne”, ele falava sobre Jesus. E Jesus era um vendedor. E eu era um vendedor de sorvete, eu era um vendedor de vinil, eu era um vendedor de coisas inúteis e sem valor, fadado á pobreza e á voltar para o meu marido rico. Bento, você é um animal também. E essa animalesca pobreza poderia ser amor, amor! Mas vim á saber que Jesus não era um vendedor, Jesus era um velejador em “Suzanne” quando o apático MP3 chegou em nossas vidas.
Então não éramos mais nada, sem nenhuma magia: eu era um velejador de sorvete, velejando sobre o seu tórax e sua barriga com todo o creme branco e doce. Velejando com a minha boca. Velejando sobre a sua saliva e suas ejaculações sucessivas, suas numerosas forçadas ejaculações. Essa barriga ficará seca. Esse oceano secará. Minha visão será melada e eu virarei um trator. Vou mastigar o seu mais seco dos paus. Eu vou ser um velejador de vinil... Na verdade não serei, isso é coisa para delinqüente.
Velejada. Não haverá velejada. Não se sou um pássaro preto trazendo comida para a sua boca rosa. Haverá vendas. Vendas porque a baía é podre para velejar. É vergonha. Cadáveres boiando e é porque a água é verde. Não há ar fresco. Não há liberdade. Não há homem salgado sem calça molhada. Fome.
A água vai podre para a baía e volta limpa para o escritório. O escritório onde eu vendo coisas para o meu aluguel e tudo mais. A água volta limpa para as fossas dos banheiros. Há paredes por todo lado. E há um homem em roupas formais. Ele se divide com um cinto porque ele é dois, contudo. Um livre e outro vendedor. Uma divisão clássica das cabeças de um homem e elas estão em lados diferentes do cinto. Esse homem tem o cabelo úmido quase o tempo todo. Eu nem mesmo sei se ele é feminino ou não. Ele coloca seu pau longo para fora e sussurra me pedindo para chupá-lo. Quatro glubs glubs, ele já goza e seu esperma pela minha garganta abaixo é uma onda, uma onda salgada. Não consegui ouvir a voz dele e ele não pode nadar. “Obrigado por nada” é o que o seu dedão e sua boca esticada de desaprovação me dizem. E eu digo “Volte ao trabalho” com a minha piscada e o meu sorriso falso.
Tudo em seu devido lugar assim como eu posso imaginar a foda dupla: O diretor e o faxineiro me fodendo. O diretor fode minha boca e o faxineiro fode meu cu. Por quê? O cu é sujo e a boca pode dizer coisas, tem voz. O diretor goza no chão e eu cago na camisinha do faxineiro. E ele tem que limpar tudo. Mas não há diferença, não há privilégio nesse selvagem lugar chamado escritório, tudo aqui é justo: o diretor e o faxineiro tinham paus do mesmo tamanho.
Eu volto para casa ao pôr-do-sol e nenhum pau é mais gostoso que o do Bento Ribeiro. Nessa casa. Nessa cama. Então eu fui comprar coisas para ela.
Mais uma queda da noite e mais treino para engolir esperma. Mestre ao fundo. De novo o espancamento seguido pelo derramamento na goela abaixo. Outro dia, foi o teste de sangue: De novo a ação bareback, mas era o casamento da tal ação. Tão mal abençoada como casamentos religiosos: houve foda antes. Houve outro bareback antes. Viemos do doutor para casa como um trem-bala. Uma foda de estaca, de trem-bala. Um susto fácil, um susto leve, um sentimento leve.
A noite cai de novo e eu é que tenho mais uma nova velha escoriação. Seus socos quando seu pau está dentro de mim e você me vê gozando assim, enquanto você me acerta e me acerta. Um sentimento amortecido. Um sentimento velho.
Sabe, quando Elvis Presley parou de dançar balançando a pélvis daquele jeito, eu acho que nenhum homem conseguiu ser tão interessante. Os sabores são muito iguais. Eu temo que todos os homens hoje tenham o gosto do Brandon Flowers. Eles são Lego. E eu sou cego.
Na verdade eu não consigo olhar para a face deles. Eu não consigo olhar para os olhos e não se olha a face se não olhar os olhos. Mesmo quando eu vejo o Brandon na TV e seus olhos penetram a câmera e eu penso “Que homem quente...”, eu não consigo olhar para os cópias dele que andam pelas ruas. Eu não consigo olhar aqueles misteriosos homens que atravessam a rua por debaixo das pontes com a metade do sol em suas faces. Eu não consigo olhar para os olhos de um homem muito belo, porque eles se quebram como um espelho se quebraria com feiúra. Eu evito tal constrangimento. É a distância de Elvis: Os homens não conseguem se olhar nos olhos.
Então eu decidi pirar nos últimos dias, Bento. Eu entrei pelas portas da MTV tão amistosamente com a minha arma. Eu subi tão docemente pelas escadas. Eu usava botas. E eu invadi o show do Bento Ribeiro. Eu mostrei minha arma. Eu não disse nada, mas disse á garota do show: “Agora eu vou fazer o que você tem medo, sua frouxa!”. Deitei Bento no chão com a ponta da minha arma e disse “Chupa meu saco suado, seu putinho!”. Esfreguei meu saco na cara dele como nunca. Eu não o beijei, eu procurei seus dentes do fundo com a minha língua e o segurei pela mandíbula. Encontrei tais dentes e os lambi e lambi. Rasguei sua camisa e seu terno de morto e lambi seus peitos como nunca fiz. Chupei e mastiguei os mamilos como nunca. Eu tinha raiva. E eu olhei bem dentro dos olhos dele, com muita raiva. Tirei suas calças e eu nunca fui tão desavergonhado e agressivo com um pau na boca, olhando bem dentro dos olhos dele. Todos nós sabemos como chupar um pau como uma puta bem vulgar, mas temos vergonha de demonstrar tal talento. Eu não tive nenhuma, cheguei ao seu reto e ao seu ânus e ele não queria abrir as pernas. Minha língua insistia e insistia, como um inseto transportando dezenas de vezes o próprio peso. Eu me despi e meus intestinos não tinham obrigação nenhuma. Eu sentei nele e eu não murchei minha barriga. Eu não fingi nenhuma dificuldade ou dor. Eu sentei nele como uma puta. E eu senti ele gozar. Eu levantei e disse a ele “Só não caguei em você porque você é muito lindinho”. Então eu fui embora para a minha casa de arma, cuecas e botas.
Agora minha gata está tomando banho em cima de mim. A bosta dela está na areia e eu limpo quando eu quero. Essa é a minha solitária vida e eu adoro.


*

4 de set. de 2010

UM DIA NA VIDA

hugo guimarães
27.08.2010
09h08
abertura de planilha de atividades diárias 27.08.2010
checagem inicial de email
bilhetagem, risadas
atrasos frequentes
cumprimento de advertência
churrascos podres
contenção de desejo de assassinato
rastreamento constante e estressante de bolas coloridas da rosana
revolta
ira
vontade de dormir
vontade de ir embora
almoço despedida da beatriz
volta ao trabalho com lágrimas escorrendo pelo rosto
criação de documento para dispensa vitalícia de beatriz
cancelamento da férias da igloo
checagem de emails de piadas da eliane
bla bla bla
consulta de disponibilidade de pagamento com a juju
certeza de pagamento só depois da meia noite
comida de rabo da senhorita bochecha na senhorita yuri
revolta
ira
desbunde
sono
início de planejamento de greve geral da importação
arquitetura de plano de furagem de todas as bolas coloridas da rosana
tomagem de café
tomagem de água
tomagem de chá
começão de waffle de limão que a senhorita yuri trouxe irresponsavelmente, ignorando minha necessidade de regime
planejamento de agressão super violenta contra a 'guarda chuva aberto'
tiragem de maçãs da mochila
boicotagem junto á transportadora para evitar o recebimento das bolas da rosana
contratação do comando vermelho para interceptar a carga de bolas da rosana
distribuição das bolas da rosana na favela do buraco quente para crianças carentes
enrolação até a hora de ir embora
corrida para a porta depois do sinal
tchau.

28 de ago. de 2010

"recebendo kate moss" crônica minha publicada na revista junior#20 deste mês de agosto.


recebendo kate moss

hugo guimarães


Ás vezes me sentia como parte de trigêmeos siameses gays. Alemão, Hans, pronunciado como “hanshsh” um chihuahua dizendo “hanshsh” na minha boca pequena.
Meus dois irmãos gays grudados em mim eram os mais felizes exemplos da homossexualidade que já vi. Percebi então, que nasci sozinho.
Habitei a parte mais escura do útero. Meus irmãos cresciam se tocando embaixo de cachoeiras de proteína e suas cabeças não desgrudaram quando nasceram e eu só os carregava no corpo. Os garotos ganhando luz neon e todos aqueles gritos me disseram que eu começava uma vida quieta.
Então comecei a tocar o mundo com os pés com meus irmãos como uma centopéia enquanto pessoas tinham garotos gays esmagados embaixo dos sapatos por que não queriam ouvi-los. Mas meus irmãos gritavam, eles riam tão alto que eu não podia processar tanta empatia.
Meu coração murchava. Temia que pudesse cair como um nariz canceroso de um corpo, tendendo a ser uma peça morta balançando, um irmão morto, tendendo a acabar com a felicidade. Então, eles olhariam para mim.
Desisti de falar.
Temia por meus irmãos. Uma carnificina - É como as pessoas enxergam gays se conectando. Mas já somos uma carnificina grudada, elas não precisam imaginar nada pior. Nossos assassinatos não seriam feios. As pessoas só se livrariam de nós para evitar em ser o próximo molestado, parodiado, tocado, recrutado... Mas iria doer.
Eu vivia nessa carnificina ate encontrar Kate Moss. Até eu começar a observar o parto de Kate Moss. Até eu começar a me confundir sobre como eu queria ser tocado pelas louras robóticas da TV. Eu só sabia que era crime colorir meus cabelos.

Eu vivia uma vida heterossexual quieta comigo mesmo. Tentava empurrar minha alma fantasmagórica e coagulada pelas minhas entranhas abaixo, por que ela se alimentava da felicidade dos meus irmãos. Eu só queria mesmo nascer de novo em outro corpo observando o corpo da Kate ensangüentado e bizarro em um parto de um adulto. Era como ela estava vinda a mim.
Eu disse adeus para os meus irmãos. Eu disse adeus para minha mãe e disse a ela para limpar a sujeira dos sapatos por que eu não precisava cheirá-la para saber que é ruim ser gay.
Eu estava iluminado por raios de fogo enquanto via o castelo queimar. Sua mãe rastejando em fuga por ela não ser necessária mais, por ela estar nascendo somente das luzes.
Chovia dentro de mim. Meu lago azul e invernal no estômago a esperava para que pudesse se lavar, se esfriar, boiar.
O parto era tão vagaroso e iluminado como o elevador quebrado da torre Eiffel. Todas aquelas luzes dando a vida e fios a nutrindo e queimando algumas de suas partes com açúcar escuro.
Ela crescia. Desgrudava-se grandiosamente como a lua de queijo perdendo um pedaço.
Seus finais banhos de sangue fizeram em me sentir impossível... Quando ela se levantou monstruosamente, imponente como Nosferatu, eu era insignificante... É como uma garota senta em você.
As fumaças pretas finais, os cometas. Eu estava familiarizado quando ela matou sua mãe. Mas quando eu finalmente a vi por completo, eu ainda tinha um corpo.
As estrelas começaram a explodir e ela estava virando ouro. Olhando para os meus olhos em lágrimas como rabos dos cometas, ela disse:
– Você precisa se libertar, não pode ser um veado imbecil.
Cristo andava sobre as águas e Kate movia os braços:
– Venha comigo... Venha comigo...
Eu não esqueço aquele dia. Eu tinha uma faca de cortar bois no meu bolso e eu podia me separar dos meus irmãos gays. Eu podia fazer um vale de sangue abaixo daquelas montanhas de carnificina que eram nossos corpos e finalmente todas as lágrimas de gozo desceriam do topo com o verão amarelo como uma garota.
Kate se vestiu quando a manhã chegou e olhava pela janela.
O tempo passou tão rápido quanto o tempo em que uma garota vai embora.
Eu decidi não usar a faca de cortar bois simplesmente por que eu não posso matar a mim mesmo.
Kate sacou seu batom vermelho e ele se tornou seu companheiro. Ela disse que não podia sorrir ou não podia sorrir para ninguém que não se matasse por ela. É por isso que você a observa assim.
Eu deixei Kate ir e me tornei um veado para sempre.

"recebendo kate moss" faz parte do meu livro inédito de contos que estou quase terminando e ainda não estou certo do título. ele estará pronto em tempo de ser inscrito no prêmio sesc de literatura deste ano.

21 de ago. de 2010

POESIA GAY UNDERGROUND: HISTÓRIA E GLÓRIA

"impressões interiores"
matéria de edson pielechovski sobre meu primeiro livro "poesia gay underground: história e glória" de 2008.

Quem era aquele moço semi-nu na resenha da Mix Brasil? Poesia ainda era algo estritamente diletante antes que meu primeiro e-mail lhe fosse enviado, solicitando seu trabalho. De vez em quando eu recebia edições independentes de seus peculiares versos que, agregados a escritos inéditos, culminaram no livro "Poesia Gay Underground: História e Glória" - lançado pela coleção da DIX editorial, da editora Annablume.
Como todo bom artista, biográfico, ele tem estilo às vezes elegíaco, ou escatológico...
Foi no ano de 2006 que comecei a acompanhar sua paidea interior de personalíssimos frames. Procurei sempre não me ater apenas a seu aspecto gay, pelo fato d´eu não escolher minhas preferências culturais segundo os rizomas classificatórios que emaranham patrimônios intelectuais de maneira que muitos leitores deixem de considerar material de qualidade. Hugo Guimarães perpassa o gênero LGBT com uma complexa designação narrativa, bem resolvida, objetiva e pouco barroca. É nesse ponto que, provando ser um poeta que transcende em vida - segundo ele próprio diz em um de seus poemas - ele classifica e modifica as coisas ao seu redor, sempre atento ao que deixa guardado para um documento futuro, quando os signos em questão estiverem pasteurizados no resultado final do leite de suas ruminações, mesmo que ele diga já ter bebido todo o conteúdo possível...
Sua divertida e aderente maneira de expressão pode ter seu lado mais profundo despercebido. O que ele tem de tradição e ruptura é uma voz blasé, de beesha ativa (literariamente falando), decididamente pragmática - nisso semelhante a da portuguesa Adília Lopes; voz essa que, sempre rebelando-se contra cada verso anterior, surpreende e enterra uma idéia que nem chegou a esfriar, embora ainda formalmente ligada à proposta geral do corpo do poema (93% das vezes uma mini-estorinha).
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"Eu pus uma garrafa no meu cu
Para se uma mente suja tentar
Dizer alguma merda
O som morrer.
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Meu cu viajou para um lugar longínquo
Eu disse que ele era um planeta morto
Mas agora eu digo que ele só está em processo de beleza
Ecoando, sozinho e lindo."

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Sem prejudicar a compreensão da leitura, a duração dos poemas reflete o suicídio involuntário da moral, como se estivesse de cabeça pra baixo, aquilo que uma vez o poeta disse ser impressão interior é na verdade a derrocada de arquétipos aceitáveis em uma sociedade hipócrita. Como sob uma pele de pobre mística, que vai sendo arranhada e marginalizada, vemos o esqueleto de sua libertadora, construtiva rima interior, bem-humorada e jamais fosca. Nem mesmo seus pais escapam, um tema recorrente, como se estes fossem os filhos, analisados e redirecionados, sem pudor, a uma superação trágico-cômica que usa e abusa do Édipo, ao longo de raríssimos constrangimentos. Resolutamente lamentado, o patriarcalismo é visto através de fracassados sujeitos sob um céu de estômago. Hugo está longe de se sentir culpado por um amor mal-consumado. Nessa particularidade o artista mais do que nunca demonstra que, embora ainda muito jovem, já está acima de qualquer suspeita formado em base firme. A problemática familiar não tem a gravidade sugerida e sutilmente camuflada nos dramas pessoais que tanto adoram explorar e (semi) divulgar relatos da vida real no labirinto do desejo do ego. O amor é tratado em diversas camadas, (como nos graus de 1 a 5, segundo a psicologia) Hugo Guimarães não só sabe que todo homem tem tendências homossexuais, como também ri e cobra por isso. O tesão mais enrustido não lhe escapa, sendo arrombado e repercutido em todos os outros teores sexuais ainda idealizados, porém já antecipadamente fadados em seus amantes.
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"Pit boys
Vão me espetar numa cruz
Vou gozar mais
Ou menos?"
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A frustração não deixa-se seduzir por um alegre pessimismo, saudável: nesse ponto encontrando uma espécie de iluminação nietzschiana, estabelecendo um lugar comum aos famigerados e ridículos apelidos a um derredor de ratos, TV, sadismo, peixes, perspicácias dos intuitos aspirantes ao sucesso... tudo visto por olhos que, sentados e tranquilos, como num trono, vão ordenando o desfile das ilusões rumo ao abismo.
Poderia ser um bestiário fisiológico a contribuição de seu chocante álbum de imagens. Segundo o que já disse uma análise anterior, seu bom gosto não crê na etiqueta culta e ascética. Sendo almodovariano, inusitado, ele cria culinária nova.
O sabor e o peso do concretismo é seminal, gelado, levado nas costas, quando ele não está a doá-lo aos garotos ao contrário (falsos heteros); drenando, secando e petrificando-os o poeta se vinga dos baixos graus de homossexualidade com uma fina malícia subtextual às coisas mais prosaicas e/ou rotineiras, como um simples chek-up.
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"Eu disse à mama 'tchau' e ela disse 'boa sorte'
Eu fui ao médico e ele era lindo
Ele era gentil, ele tocou meu joelho
E eu disse 'quer casar comigo?'
Ele estendeu sua mão e me disse que a vida é linda"

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Se vemos o mais alto grau de afetação típico das bibas que freqüentam a buatchy A Loca, Del Candeias poderia cair de amores e introduziria o ainda pouco conhecido poeta no mundinho literário em uma jornada pelos tipos mais bizarros da noite urbana...
Seu lado espiritual também é exercitado, andando com um "cavalo no pescoço" - Platão lhe segue, todo arregaçado. Abusando e logo descartando as figuras de Jesus Cristo, Lúcifer, Bob Dylan... Todas suas influências o acompanham de modo pouco óbvio, tanto é que sua escolha por um cardápio mais carnal e auto-narrativo oferece um passado literário, como em filmes de terror e rock n´ roll, apenas na forma de mera colagem contribuitiva, entendendo o "cavalo" no sentido nagô/ iorubá/ caboclo sem explorar o total uso dessa entidade em pastiches psicográficos de um paladar lingüístico já inadequado e rapidamente arcaizante das escolhas e montagens imagéticas exteriores.
Ocultando e digerindo os já manjados mecanismos de sistematização da vida poética em um novo, pós-moderno e desbravador EU lírico, trilhando uma promissora e renovadora voz que, tendo rompido até com seus pais, é acompanhada na sua busca no decorrer do livro, aqui não há a simples e recorrente falta de escrúpulos e fé: ele vai além da formalização de acidulantes paganismos estéticos, a desenvolver desse modo uma doce crueldade no ponto G para o sincero envolvimento meta-pessoal com o leitor, afiado na perfilação de elementos e estados de matéria, devidamente assimilados e citados ao meio de uma proeza orgânica de relacionamentos brutos.
Além de ter a herança artística no pescoço; o óleo no ar; o cérebro de ar; o rato no cu; o cu verde; o já comentado sêmen de concreto; a vagina nos olhos; os joelhos secos; guitarras masturbadas; bonecos de lama; junto com os garotos ao contrário e os pit boys aparecem os garotos migrantes, os garotos pop, cocô; a história do pau...
Há de se notar também um clima teatral em suas questões e jogos de relação fetichista, os heteros e o mundo normal são vistos por um crivo de observações neo-rodrigueanas, deixando passar apenas os segredos sexistas (-por um triz-) e as despóticas-afetividades, esquecidas de bom relato há tempos na literatura brasileira; enquanto a maioria dos poetas insiste e esforça-se pra esconder seu lado inadequado, ele faz questão de armar cenas que exageram periculosidades sentimentais com uma mordacidade que Ana Rüsche ainda não foi capaz de exprimir, prestes (e para a alegria das diferentes opiniões) a desfazer-se perante a bondade pueril de aguardada aproximação alheia...
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"Reage meu assalto
Aperta meu saco
Eu escovo seus dentes
E misturo pasta quente
Quase caindo da sua gente
No teu punho tem corrente.

e aperta minha mão
Aberta minha mão.
.
Eu vou entrar
No seu lugar"
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O que consta parecer uma rima óbvia e fácil é desculpada pela distante verdade; perto dele ela é recebida com carinho e com a possibilidade de transformação que todo espírito aberto às solidões alheias pode aceitar, lançando à extremidade de seu pensamento trocadilhista uma maleabilidade de relação com o outro, a ressaltar assim pontos positivos em vantagem à poesia trancafiada das geografias abstratas, que não dispõe de saídas em um mundo pessoal penoso, exagerado, glamourizando a dor. Por isso Hugo Guimarães não se afoga em típica afetação, não sufoca sua riqueza vocabulária com um vazio exteriormente existencial. Lendo todo o livro nota-se uma progressiva melhora e abertura do gênero em que ele escolheu lançar-se.
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"É noite na água
Eu odeio salva - vidas
Sexo não salva
A queda de uma rocha no mar"

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Tomara que ele não ceda à armadilha de cair na própria caricatura, de maneira que possa continuar evoluindo sua arte.

edson pielechovski.

ps: edson também divulgou na matéria, o endereço do meu antigo blog> http://www.hugorguimaraes.blogspot.com/

15 de ago. de 2010

V CONCURSO DE POESIA FALADA ESPAÇO PARLAPATÕES

    aqui estou eu escrevendo em meu segundo blog (sempre em letras minúsculas). o primeiro, "35", durou três postagens. estive ontem declamando no v concurso de poesia falada do espaço parlapatões, na roosevelt, centro de sp. estive lá no ano passado com meu amigo gustavo vinagre e conheci outros poetas legais como rui mascarenhas e analu andriguetti.

   esse ano fui bem animado para a minha primeira leitura pública do ano, mas o resultado foi algo que eu poderia definir como 'parlapatacoada' mas não vou dizer isso porque levei meu amigo leandro perez, que acabou levando o segundo lugar por seu poema "cesariana, meu bem". bom para ele que é um poeta bom, cheguei a conclusão que não sou um poeta bom, mas um poeta único e isso não é atrativo para concursos, prêmios e blablabla.

   leandro também está organizando o "sarau da ursa" um sarau só para poetas homossexuais masculinos, o qual espero que será um evento bastante interessante. voltando ao concurso, ao pouco populoso concurso, fui o quarto a subir no palco para ler o meu "dizendo não". fui o primeiro poeta a desejar boa noite á platéia. li melhor do que no ano passado, quando li tremulamente meu "boa noite". nada relevante... preferiram premiar como melhor interpretação o homem mais sexy que subiu no palco, que estava sem cueca e declamou um poema sobre pássaros com seu passarinho marcando a calça... achei válido. como melhor poema, foi premiado um cara que declamou enquanto eu estava no banheiro. o júri popular premiou um senhor que declamou profeticamente, belamente, em alto tom, um poema irrelevante. fiquei feliz por ter levado o leandro, meu amigo, que foi parabenizado depois do evento por uma das poetas, que também me disse que meu poema era "depressivo". o evento foi depressivo, feita exceção os "pássaros": passei boa parte do evento notando a volumosa mala do assistente de palco. abaixo o meu "dizendo não", um dos melhores não-premiados da noite:

“Dizendo Não”


A sociedade disse ‘não’ para mim de novo
E eu disse ‘não’ para ela
Eu digo ‘não’
Em dobro

Eu fico muito fraco tão cedo ás manhãs
Meus amantes e meus ídolos dormem em lã

Eu fico muito decepcionado
Nessas roupas formais
Se você me perguntar quem eu sou
Não vou ter o que dizer, mas
Que o Hitchcock não me filmaria
Porque estou torto e amassado

Não sou eu
Me sinto muito mal
Por que a sociedade não pode
Desistir de desamassar?
Porque os rebeldes não podem
Ajudar o país a rastejar

Até podem, só os livres
Tão fraco e triste
Eu fui de novo para a estrada
Um longo caminho até Bill Gates
E uma última chance da sociedade
E não tenho pena
E chance de mim mesmo e me disse‘não’
Punk é utopia
E meu mundo empobrece e toca as minhas mãos

E eles disseram ‘não’ para mim em dobro
E eu disse ‘não’ ao quadrado
Talvez eles viram de novo
Meu coração amassado

Então eu fui para a marginalidade
Procurar meu velho príncipe no sexo sujo
Humilhado, eu voltei para casa
Com a camisa para fora das calças
Dizendo ‘não’
Não.