4 de fev. de 2022

OS DESAPARECIDOS

 


Quer provar queijo?

Quer provar manteiga?

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Conceda-me sua alma

 

A miséria seletiva

A avareza peculiar

Me faz querer ver minhas costelas de ódio

 

Toda casa tem um monstro

No palácio do planalto

E aqui

 

O que elas fazem?

Elas falam com você?

Essas energias todas?

Então me fale

Não esconda com você

E saiba que ao levantar

E você vir tocar meus pés

Perguntar se acordei bem, se estou intranquilo

Vale mais do que as onze horas

Que você fica fazendo suas bruxarias

Em frente a esse banheiro químico de madeira

Saiba que sua neta, quando era netinha 

Também chamava isso de bruxaria

E chamava a sua mentora

Uma senhora negra de idade

De Zeca urubu

 

Um dia depois

Veio a ressaca moral

E o desenterro ocular

Nenhum deles

Nenhum dos homens

Eu envelheci de um jeito

Que fugiu das minhas mãos

Eu sou uma casa de madeira

São tempos de furacões

Por toda parte

Até por aqui

Que é frágil, não aguenta

É a imagem?

A loucura dando um beijo na imagem

É a cara um tanto mais caída que então

É a denúncia do outro

Só porque o sangue

Tão natural na minha arte

Mostrou-se como há tempos?

Sempre tem algum pau no cu

Ou dois

Um pau no cu seco

Pode ser isso ou aquilo

Ambos ou nada

Que talvez adicionaram

Dois ou quatro

Pelos brancos na minha vagina

Mas os nãos e omissões

Não são um enigma

 

A vida é assim

Não diga que você não sabia

Me diga agora.


X X X

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