28 de abr. de 2022

ANA ÓDIO

 




"ANA ÓDIO"

Agora eu entendo a homofobia quando um homem lindo estático é atacado por uma vagabunda e eles se beijam e eu já sei que eles vão se beijar, eu penso “que nojo...”, mas é pura inveja assumir é parte do entendimento.

Quando uma vagabunda vem correndo trepa no homem prende ele com os braços no pescoço prende ele com as pernas na altura na barriga como uma cobra roçando aquela boceta na barriga dele eu penso “que nojo...”

Acho que é o que resta para uma pessoa tão infeliz “Ódio” e não estou sozinho e não estou sozinho deve ser mesmo o fim da vida quando penso no casal de números que formam minha idade o que sinto é que é bem difícil avançar que dá pra avançar mais um ou dois números e você nunca terminou aquele “Cemetery blues” que você começou há tempos.

Eu sei, mãe; que você não me enxerga deitado não enxerga o sofá só enxerga a sujeira do sofá.


I

Nunca pude tomar banho de chuva

Ela matou meu cachorro com veneno


II

Fui mais um que me livrei das coelhinhas da Playboy

E quando estou de quatro sou bem do tamanho de uma raposa


III

A vida cerrou-se

Em arquipélagos de ilhas desertas

Nunca saí daquela em que nasci

Hoje as águas são muito quentes

E por isso, perigosas

Houve um tempo

Em que as águas não eram tão quentes

 

E eu sempre fui preso

No meu calabouço cibernético

A porta sempre aberta

Não necessariamente,

É uma chave que te prende

 

As malditas montanhas de rocha

Não derreteriam minhas asas

Não derretem minhas asas

Anjo

 

(Hugo Guimarães)


XOXO

 




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