5 de mar. de 2019

O KARMA NEGATIVO

"se algo me pegou, me pegou bem", "eu vou ficar nessa casa até eu morrer": parece que a boca leva á crise ou á praga.

enquanto estou nessa cama estou morto.

acabo de voltar da casa de um homem. Não, eu não tenho gostado de sexo. Deve ser efeito colateral 
do tratamento.

Hoje é o dia da semana que durmo tarde, que volto pra casa cheio de dores musculares.

Pensei em escrever um poema para afastar o demônio, mas eu já estou no inferno, é inútil.

Os estados de espírito do budista são oito. Me lembro do inferno, da ira e o buda.

quando estou na cama, estou no inferno, estou no inferno quase o dia todo.

os vinte minutos que consigo estar á frete do gonhonzon recitando nam myo ro renge kyo não me levam ao estado de buda como deveria. Sinto ansiedade, coceira, vontade de cruzar as pernas. não sei como minha mãe aguenta ficar uma hora.

falso. você é um falso. você é um falso budista e um intruso entre nós. - é o que o universo parece me responder, eu sinto isso.

Não quero falar de desemprego. não vou dar esse gosto aos meus ex-namorados. 

eu era muito bom em processos seletivos, agora não sou mais. alguém precisa desfazer o feitiço contra mim, que não me deixa estar á vontade em frente a um gestor.

recuperei o peso.

fui ao endocrinologista. ele me deu complexo B e outro remédio para tomar antes do almoço e do jantar. eu sequer costumava jantar. daí a eficácia do tratamento. recuperei meus 65 quilos e já estou com uma aparência saudável de novo. a falta de acesso á cocaína também ajudou no processo.

agora só falta a mente. Lembra daquela música do Zappa: " What's the ugliest part of your body? some say your nose, some say your toes, but I think it´s your mind". pois é huguinho, agora só falta consertar a cabecinha para você conseguir trabalho e voltar para a Vila Mariana. Para isso, preciso finalmente começar a frequentar o plantão psicológico do serviço de extensão do Hospital das Clínicas, onde me trato. Devo começar essa semana se nada mais me frear.

começo de fato a desistir do tratamento no caps. Não quero ser assaltado. Em uma das rodas de conversa do grupo de redução de perdas e danos, um sujeito assumiu que rouba para fumar crack, e ele ficou bem olhando para o meu celular na sala de espera quando tirei o celular do bolso para dar as horas á alguém que me pediu. Além disso os monitores do grupo batem eternamente na mesma tecla. repetem exatamente a mesma coisa em todos os encontros, e ainda tenho de aguentar os bêbados e cracudos favelados que frequentam o serviço, falando bobagens, redundâncias, prejudicando o andamento do grupo. Afinal não preciso reduzir perdas e danos, eu não tenho nada para reduzir, eu já parei. 

na sexta antes do carnaval fui á previdência de novo para ver se dessa vez vão ser bonzinhos comigo. 
tenho fé.

não, não tem mais atletismo da minha vida, aliás não tem nem mais FFLCH na minha vida, visto que minha matrícula está suspensa por eu não ter conseguido créditos no ano passado. Vou tentar o reingresso em maio, mas acho difícil aceitarem meu pedido. Vou ter que prestar fuvest de novo, para voltar ao curso de letras só em 2020.

Minha mãe conhece bem um certo vereador. Ele disse que a próxima vaga que aparecer na secretaria da cultura será minha.
vamos torcer para que aconteça um milagre, pois ninguém quer sair daquela moleza que é o serviço público, ter estabilidade por pelo menos quatro anos, não vejo motivos para alguém largar um emprego assim.

um maço de cigarros dura dois dias. aliás tem que durar dois dias. É difícil fazer durar. Tenho transtorno de ansiedade ou o tal transtorno de ansiedade generalizada. Ranjo os dentes. me coço. faço movimentos estranho. Esses dias, machuquei minha mão esquerda raspando-a na tela no ventilador. rendeu três machucados que nasceram feridas com casca. Estou viciado no clonazepam. Só ele alivia as crises de ansiedade e Deus sabe o quanto é difícil tomar dois por dia ao invés de três, como eu estava acostumado. Certo final de semana, quando fiquei sem clonazepam por irresponsabilidade de não ir pegar, tive crise grave por três dias seguidos. Tive que ir ao médico em um deles, com falta de ar, músculos tensos, e uma sensação de estar prestes a explodir. Dr. Fabrício disse que na próxima consulta vai me tirar o clonazepam e me dar um remédio só para ansiedade. Vamos ver.

minha carreira literária continua um desastre. não acontece quase nada.

não tenho escrito neste blog porque é melhor ficar morto naquela cama do que fazer alguma coisa. mas na última reunião dos budistas que participei, falou-se em doar alguma coisa. Fizeram a pergunta: "O que você doa?". eu fiquei com a cabeça vazia. Minha mãe do meu lado me cutucou e disse: "Responda conhecimento, você não é um escritor?". Pois bem, aqui estou eu fazendo essa postagem porque eu sei que poucas, mas boas pessoas leem esse blog e suas postagem devem fazer alguma diferença na vida dessas pessoas ou pelo menos criar um debate mental. 

a ideia agora é continuar praticando o budismo (se é que estou mesmo praticando), e começar a transformar o Karma negativo, que só eu posso transformar através de orações. 

enquanto isso, sigo naquela cama, sigo naquele inferno. 

XOXO



 



19 de jan. de 2019

SOBRE O IGOR

Passou o medo do palco. Porque não teve palco, não havia público suficiente para um palco, então abriram uma roda de conversa. Tudo o que tenho a dizer é que eu era o mais tímido e o mais inacessível dos escritores da mesa. Falei pouco, mas foi válido como disse Alexandre Rabelo depois. Falei sobre a palavra “underground” que carrego comigo desde o lançamento do meu primeiro livro. Li um poema. Ainda dei dois livros de presente para um querido leitor que foi com a minha cara. Veja um retrato, um vídeo com um trecho do meu discurso e o texto de apresentação do mix literário sobre o vídeo:



https://www.facebook.com/mixliterario/videos/vb.261100121221497/732297493805684/?type=2&theater

Hugo Guimarães, que já tem um trabalho bastante pestigiado, é um escritor prolífico – escreve variados gêneros literários – autor de três obras, entre elas, um romance, um livro de poesias e um livro de contos, e que prepara mais um de poesias pro ano que vem. Nos seus trabalhos, destaca-se a temática "underground" e, através dela, tem angariado leitores muitos fiéis ao seu estilo e escrita. Também recebeu menções honrosas, a última, do Prêmio Nascente da USP. Ele também fala das suas experiências no meio literário e dentro do mercado editorial. Confira um trecho, no debate que aconteceu ontem no #mixliterário, do 26° Festival Mix Brasil 🤩😍❤️❤️.

15 de nov. de 2018

O MEDO DO PALCO


"No dia 23/11 ás 18h30 na sala de debates do CCSP estarei em uma mesa literária dentro da programação do festival mix brasil deste ano. O tema da mesa é "Debate: Autores gays para além das temáticas de nicho". estarão comigo na mesa os escritores Tobias Carvalho, Danilo Leonardi e Agnaldo Nascimento. Alexandre Rabelo mediará a mesa. Para mim, o tema é muito interessante, pois não faço apenas literatura lgbt, também faço literatura alternativa, experimental, fantástica e regional (sim, porque literatura paulistana também é literatura regional, e São Paulo é o palco de todos os meus livros). Creio que os demais autores também não devem se limitar apenas como "autores de literatura lgbt", daí a graça da mesa. Vale lembrar que a livraria blooks estará vendendo meus livros "O Tiro de um milhão de anos" (Ed. Pasavento, 2015) e "O Estranho mundo de Hugo Guimarães" (Ed. Edith, 2013). Para os que não me conhecem pessoalmente, é uma oportunidade ímpar, pois raramente participo de mesas literárias. Além disso, toda a programação de literatura do evento está fantástica. Não percam! Veja programação completa no link abaixo: 


Esse é a minha postagem no facebook sobre a minha mesa no mix brasil no dia 23/11. A minha última aparição pública foi em janeiro de 2016, na Biblioteca na FFLCH USP, falando sozinho na mesa para poucas pessoas. Esse hiato me criou um certo pânico de voltar a enfrentar um palco de novo, Como Liz Phair tinha medo do palco no início da carreira. Dessa vez, vou dividir a mesa com três escritores e terá um mediador, o Alexandre Rabelo, que entende muito mais de literatura contemporânea do que eu. 

"Tudo o que eu tenho a dizer está nos meus livros, não tenho nada para falar", pensei em começar minha fala com essa frase, mas temo já garantir a antipatia de todos, embora seja a pura verdade. Porém eu mantenho esse blog desde 2010, falando sobre muitas coisas além da literatura e além dos meus livros, isso dá um certo conforto. 

Porém, estou com medo do palco.

XOXO 


3 de nov. de 2018

A METAMORFOSE


Estou lendo “a metamorfose” do Kafka. Comprei enquanto esperava um amigo que se atrasou, na livraria do conjunto nacional. Uma banda de sopros se apresentava por lá. Estou curioso para saber o que vai acontecer com o corpo de Gregor, com as perninhas de Gregor. Pelo menos a leitura deixa a viagem de metrô mais rápida. Durante o “Rehab” (três meses e meio de desemprego na casa dos meus pais), também acabei de ler o “neve negra” do Santiago nazarian. Gostei muito da forma como ele concatena a história da família com a história de terror, que é muito boa, e o final é muito bom. Santiago está vivo, não é alternativo nem independente, mas é uma das coisas que posso recomendar. Não consegui ir ao lançamento de “mauricéa”, novo livro da incrível adrienne myrtes, mas pretendo convida-la para um café em breve e pedir para ela me levar uma cópia para vender. Ela é uma das autoras vivas brasileiras contemporâneas e independentes que mais admiro. É outro nível de genialidade, bem acima do meu, com a minha literatura macha, agressiva, confessional, desvairada e não planejada. Alexandre rebelo também lança livro novo nessa terça, bem no dia da minha aula de Latim que não posso mais faltar, mas vou tentar ir. Alexandre foi a primeira pessoa que deu feedback para meu livro novo (não o quarto, mas o quinto). Trata-se de um livro de poemas de 45 páginas que escrevi em aproximadamente 40 dias. Ele se chama “eu vou contar para a sua mãe”. Trata-se de sexo e drogas, tabagismo, a volta para casa dos pais depois dos 30, a aceitação da sexualidade, as relações familiares, transtornos psiquiátricos, prostituição e desemprego. O título significa uma ameaça ao ex-namorado viciado em cocaína e prostituto, mas claro que não pretendo dizer nada a ninguém. Embora seja poesia confessional, há seus exageros estéticos.  Tudo isso em verso livre, bem influenciado por Sylvia plath. Alexandre disse que o livro é excelente e, como no livro anterior, pedi cobaias via facebook para ler o livro para ter uma primeira resposta. Até agora, só tenho tido críticas positivas. Mandei para algumas editoras, mas as que recebi retorno todas tinha-se de dividir as custas e não posso fazer investimentos no momento. Fiquei muito feliz com o retorno da editora kotter, que disse que meu livro é ácido e impactante e me disse parabéns, infelizmente achei meio caro publicar com eles. A alternativa mais barata que encontrei foi a editora penalux, que cobra do autor 40 a 60 livros do lançamento. Fica mais viável. Mas... sem emprego, um pobre poeta não pode publicar. Preciso esperar alguma empresa finalmente ir com a minha cara e dizer sim. Agora que recuperei o peso na casa da minha mãe e estou com uma aparência mais saudável, é mais possível que eu consiga um emprego. Não será fácil, tive de omitir a empresa dos chineses do currículo para não ter que explicar por que fiquei apenas 4 meses e meio lá, então segundo meu currículo estou fora do mercado desde fevereiro desse ano. Não será fácil. Pelo menos estou recebendo uma ajuda do governo enquanto isso, mas ficar na casa dos meus pais sem fazer nada é quase insuportável. Tento controlar com o cigarro e com rivotril, mas ainda assim é difícil. Parece que sofri uma metamorfose como Gregor, mas não por fora, por dentro. Como se eu não conseguisse ser mais ser o mesmo que consegue trabalhar, estudar e treinar atletismo, além de escrever. Que vivo para dormir. Uma boa notícia é que estarei em uma mesa na programação de literatura no festival mixbrasil desse ano. Minha mesa será no dia 26 de novembro e assim que sair a programação completa, eu posto por aqui. Estou um tanto preocupado. Nem lembro qual foi a última mesa que participei. Não sei o que dizer e não sei como me comportar. Tentarei ficar na defensiva e fazer contatos com editores que estarão lá. Vou levar umas cópias impressas do “Igor na chuva” e do “eu vou contar para a sua mãe”. Ao escolher o que ler, devo escolher um trecho do Igor e um poema do eu vou contar..., não quero ler nada do que eu já publiquei, já faz tanto tempo (meu último livro saiu há três anos)... já sou outro escritor agora. Quero ler coisa fresca. Bem, espero que a metamorfose acabe, que eu possa ter um gerente nem que seja como o do Gregor, que eu possa alugar um quarto novo na vila mariana e aparecer no mixbrasil lindo de gravata borboleta.
Abaixo, leia mais um poema de “eu vou contar para a sua mãe”

“Da Cabeça Aos Pés”

Com a boca cheia de sangue
Eu vou fumar até eu morrer

Com um grito de umbanda
Eu vou ser louco até eu morrer

Como uma viúva negra
Com a pata presa na teia
Vou atrás de homens até eu morrer

Julgado e condenado
Eu vou espalhar culpa até eu morrer

Se o destino é vilão
Como cupins de demolição
Eu vou ficar nessa casa até eu morrer.

XOXO

2 de ago. de 2018

SHOTS



eu não tenho medo do cigarro. que baixa minha pressão, mas não vai me fazer desmaiar visto que tenho o estômago cheio de alimentos. não me incomoda a gata tentando escalar a porta de vidro para vir para a varanda enquanto estou fumando. ela já esteve com essa porta aberta por dois dias. não me incomoda ela roendo a sacola de lixo e vir a vomitar plástico. eu não tenho medo do meu nariz empinado, é só uma questão de cuidado. eu não tenho medo nem vontade de parecer a p j harvey já que tenho tudo alinhado para recuperar meus sessenta e oito quilos e já estou cansado de parecer a. nada como um bom e original ansiolítico e o farmacêutico pode enfiar no cu aquele tranquilizante natural que funciona como o placebo. eu não tenho medo da morte precoce agora que sei diferenciar um princípio de infarto com uma crise de ansiedade, como a que tive ontem por causa da falta do Rivotril, que me causou taquicardia e falta de ar. cheio de alimentos. estive hoje almoçando com a minha sorridente mãe, nunca parou de ser só sorridente, nunca mal humorada, por causa do budismo, que ela está envolvida há anos. fomos comprar roupas, para eu estrelar o próximo escritório. eu não tenho medo que não me ligam há duas semanas para me oferecer emprego. um peso. um peso e a pegada correta da mão no dardo. são dois shots que vou tirar para o meu instagram na sexta á noite e no sábado de manhã respectivamente. p j: ainda não posso fazer shots do meu rosto até que eu não pareça mais a. eu não tenho medo da volta. da volta ao atletismo. que é dura, bem dura. nem da competição que me aguarda daqui a quase três meses. e da responsabilidade que me impus a ganhar uma medalha. estou mortificado por ter perdido a inscrição do estadual máster, por estar depressivo na cama e não ter conseguido ir ao banco pagar a taxa e fazer a inscrição por e-mail. mas haverá muitos outros másters. eu não tenho medo da falta. da falta que me faz. o mundo dará as necessárias voltas. o tempo fará seu serviço. eu não tenho medo da segunda-feira, quando sairá o resultado do proAC. o que tiver de ser do meu inédito livro, será. não vai me fazer parar de escrever. sinto a apatia, o cansaço de uma carreira com pouca movimentação. mas eu ainda tenho o talento comigo. tenho o vício comigo. tenho a maldição comigo. parar de escrever não é tão simples assim. a literatura me chama. vai continuar me chamando. não tenho medo de Paraty. se não vivo, poderei estar lá cinquenta anos após a minha morte. eu não tenho medo. é só ter a responsabilidade de não deixar faltar meu bom e original ansiolítico.

XOXO

21 de jun. de 2018

PENAS


I hear you’re losing weight again
Mary jane

Desde que eu deixei o atletismo para viver a base de estimulantes, me acostumei a comer pouco. Meus músculos diminuíram drasticamente, e meu rosto. Comecei a fumar. Toda vez que vou fumar um cigarro de box amarelo, eu me sinto deliciosamente tonto. Os estimulantes têm me mantido acordado para jogar do celular, é minha vida for a trabalhar em uma multinacional nove horas por dia.




You lost your place in line again
What a pity

É uma pena que os estimulantes custam tão caro, é uma pena que eu me sinta amargamente desconfortável no meu emprego. Todos esses chineses olham como se não gostassem de mim. É uma pena que eu não consigo persuadir meu namorado a não fumar dentro do novo quarto na casa nova que não é nossa. É uma pena que a gata esteja presa dentro de um quarto sem janelas, mas que tem um banheiro só para nós; é um problema que a gata tem que resolver com ela mesma. Ela é uma gata, ela é boa nisso, a ter que se acostumar com lugares cada vez menores e mais fechados. É uma pena que os estimulantes acabam com a minha libido e então por quê meu namorado ainda está aqui? Será que sabemos o que é o amor? É uma pena que não tenho amado a mim mesmo.

Deixei o atletismo cinco meses atrás por questões de paixão para viver uma vida sem paixão nenhuma. Vícios não tem a ver com paixão, nem relacionamentos.

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Um escritor morto volta a vida:
Fui convidado para uma mesa lgbt [ah desculpe, enquanto escrevia esse texto fui interrompido por um distribuidor que vende nossos cabos de fibra ótica e que quer dar um treinamento dos nossos produtos para seus clientes]. Bem, lá vamos nós de novo: fui convidado para uma mesa lgbt dentro do festival mixbrasil deste ano (o mesmo que estive na época do lançamento do meu livro “O Estranho mundo” lá em 2013), estarei em uma mesa dedicada a escritores gays homens (haverá uma mesa dedicada a escritoras lésbicas e uma outra dedicada a escritorxs trans) [ah desculpa, tive de interromper esse texto de novo porque tive de colher assinatura do departamento fiscal para um documento que é um numerário de despesas de uma importação de 300km de cabos de fibra ótica para um grande cliente de telecomunicações], falando nisso, você precisa prestar mais atenção com o seu horário, Hugo. Dormi demais ontem e minha gerente disse que essa empresa não aceita gente trabalhando desse jeito.

Alexandre Rabelo, que conheci essa semana e que já passou uma noite com o meu namorado, que pequeno mundo, me convidou para o evento. Ele foi muito legal comigo, disse que vai ainda tentar conversar com seu editor para dar uma atenção especial para os originais do meu inédito livro “Igor na chuva”.

Terminei meu projeto para o proAC para publicar esse mesmo livro. O proAC me deu dez mil reais para publicar o meu livro “O Tiro de um milhão de anos” lá em 2015. [desculpe interromper esse texto de novo, mas estou um pouco nervoso e vou descer quinze andares para uma rápida fumada]. Bem, depois de fumar eu posso dizer que estou dez por cento menos nervosa (estou sem estimulantes hoje). Será que meu namorado conseguiu colocar as roupas na máquina? Estamos na nova casa já dez dias e ainda não conseguimos lavar a roupa porque a casa só tem uma máquina para as doze pessoas que moram lá. Estou nervoso o suficiente para terminar esse texto agora.

XOXO


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“Pities/Feathers”

I hear you’re losing weight again
Mary jane

Since I left athletics to live a life based up stimulants, I got used to eat no much. My muscles drastically reduced, my face. I started to smoke. Every time I go to pull smoke on a new yellow package smoke, I feel deliciously dizzy. The stimulants have kept me awake to play cell phone games, that´s my life besides work in an international company for nine hours a day.

You lost your place in line again
What a pity

It´s a shame that stimulants cost so high, it´s a shame that I feel bitterly uncomfortable at my job. All those Chinese they look at me as they don’t like me. It´s a shame that I can’t persuade my boyfriend to not smoke into our new room into a house that is not ours. It´s a shame that my cat is stuck inside a room with no windows, but we have a bathroom just for us, it´s a problem that the cat must to solve to herself. She´s a cat, she’s good in that, in having to get used to smaller places all the time. It’s a shame that stimulants slow down my libido and then why my boyfriend is still here? May be do we know what love is? It’s a shame that I been not loved myself.

I left athletics five months ago due a passion matter to live a life with no passion at all. Addictions are not about passion, neither a relationship.

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A dead writer comes back to life:
I was invited to a lgbt [oh I’m sorry during writing it I was just interrupted by a distributor who sells our fiber cables who wants to get a training about our products to then inform to his clients] well, here we go again: I was invited to a lgbt event inside the mixbrasil festival (which I been before while publishing my book “the strange world” back in 2013), I’ll be in a night dedicated to gay men writers (there will be a night dedicated to lesbian writers and a third to transgender writers) [Oh sorry, I had to interrupt this text again because I had to take a signature from the fiscal department girl to a document that is a pre payment request to import 300km of fiber cable to a big telecommunication company] remembering that, you must pay attention to your work time, hugo. I slept too much yesterday and my manager told me that this company do not accept people working that way.

Alexander Rabelo, who I knew this week and passed a night with my boyfriend, what a small world, invited me to the event. He was very nice to me, he said he will try to talk to his editor to give a special attention to my new book originals “Igor in the rain”.

I finished my project to proAC to publish this same book. proAC gave me 10.000 to publish my book “A million year dash” back in 2015. [sorry to interrupt this text again, I’m a little nervous and I’ll go down fifteen floors to a quick smoke]. Well after smoke I can say that I’m about ten percent less nervous (I don’t have stimulants today). May my boyfriend have a chance to make our laundry? We´re in a new house for ten days and we still had no chance to do laundry because the house has just one laundry machine for twelve persons who lives there. I’m nervous enough to finish this text now.

XOXO

6 de jun. de 2018

CAUSAS


"Causas"
Eu posso evitar o infarto do miocárdio atacando e/ou enfraquecendo a causa / tenho feito bem / sou homem bom bonzinho com uma saúde de um cavalo / quatro anos levantando 120kg nos ombros para então agachar / Eu posso evitar o divórcio atacando e/ou enfraquecendo o motivo / ele age estranho ás noites, me assombra, não o que ele faz a mim, mas a ele mesmo / um mês é uma tragédia / todo mês / Eu posso evitar a bancarrota atacando e/ou enfraquecendo a causa / mas não / que nem uma criança mimada: não / eu quero manter os vícios caros  / até que me perco / isso me assombra mais do que qualquer comportamento estranho ás noites / Eu posso evitar a morte da arte atacando e/ou enfraquecendo a causa/ uma vez artista sempre artista / o que está impresso, está impresso, não há redenção que / e também o que foi filmado / eu posso dividir o passado e futuro e então chegar no mesmo ponto / eu pela primeira vez recusei um convite para cinema e o diretor disse apenas ´ok´ / I não posso evitar a vida assim como não posso evitar a morte / se você não fitá-los eles o fitarão / ambos.
XOXO


“Causes”
I can avoid the myocardial infarction by attacking and/or weakening the cause/ I been doing well / I´m a good good man with a horse health / four years lifting 120kg in my shoulder and then squatting / I can avoid the divorce by attacking and/or weakening the reason/ he acts strange at nights, haunts me, not what he does to me but what he does to himself / a month is a tragedy / every month / I can avoid the bankrupt by attacking and/or weakening the cause/  but I do not / just like a spoiled child / I want to keep the expensive addictions / until I lose myself / that haunts me like any kind of weird behavior at night / I can avoid the death of art by attacking and/or weakening the cause / once artist always artist / what is printed is printed there’s no use try to redeem it / and also what is filmed / I can share the past and the future and then go to the same point / I rejected a invitation for cinema for the first time and director says just ‘ok’ / I can´t avoid life just like I can’t avoid death / if you don’t face it, it will face you / both.
XOXO