24 de mar. de 2019

MICRO CONTOS SOBRE A INSÔNIA E OUTROS ESCRITOS










Vinte de março

Best: 5,00m
Condições: pós treino pesado
Coach: M. Furukawa
Aquecimento: sapo na areia, marcações de tábua com corrida curta (sem conseguir verticalização)

Teste 1: corrida de 100 pés (28metros)
            4 passadas de impulso
            12 passadas fortes

Teste 2: corrida de 92 pés (26metros)
            4 passadas de impulso
            12 passadas á meia força
            Ataque forte na tábua
            Verticalização? N
            Finalização: Péssima (-40cm)
            Chegou com força na tábua? S

Vogais:
I(alta), E(média): Anteriores
U(alta),O (média) : Posteriores
A: Baixa

Elegie May the 2nd 2016:

His dirty Black hair
His pretty face
The ring on his finger
Looks as dirty
When I use my glasses
To see my dirty hair
My pimples

His pretty face
Watching linguistics teacher
The wound on my finger
By throwing javelins
My dirty hair
My pimples.

“My lens’’

I also see the girl next to him
And she’s ugly
Like my dirty hair
Like my pimples.

“BR”
I write and no-one read.
I sing and no-one listens
People stay stand by the arms of the trees.

Suddenly
People come down the trees and say
You don’t know how to write
You don’t know how to sing

“Micro conto nº 3”

Eu estava com o serrote nas mãos
Quando vi os carneiros pulando a cerca

“Micro conto nº4”

O problema de dar boa noite para o gato
É que ás vezes ele responde

“Micro conto nº5”

Da janela do ônibus pude ver claramente
Um sonâmbulo conduzindo um veículo

“Micro conto nº6”

E no meio da noite um gordo
Correndo com o cachorro

“Micro conto nº7”

Mas não se pode
Levar animais no ajuntagentes

“Micro conto nº8”

Ontem foi assim:
Primeiro ela jogou um jarro
De barro
Depois ela jogou o desodorante

“Micro conto nº9”

Ontem foi assim:
Bebemos tudo
Repusemos tudo
Hoje

“Microconto nº10”

Ontem foi assim:
Ele perguntou do outro
Só para poder me bater
Isso é ser ruim demais

“This book is dedicated to the death, man; this is the girl”

“Put yourself in your own place”, my place is your place, bitch: death

A rain of bones; how bizarre

“I´ll still write a lot of books, none of them is for you”

“Micro conto nº11”

Eu vou por você no ajuntagentes,
Minha filha
Nem que seja dentro de uma gaiola

“Micro conto nº12”

Ai que ódio
Ainda faltam vinte e dois
Para as dez e vinte

“Micro conto nº13”

Ai, amor
O serrote
De novo

Era o despertador
Me dando um gole

“Micro conto nº14”

Dormir nada
Vou é treinar
Para saltar que nem morrem maggi

“Micro conto nº15”

Olhou para os lados?
Ela vai ver só pra onde vai olhar

Uma vez dei um tapa na minha irmã
Que o cabelo voou lá para cima

“Micro conto nº16”

Alguém no andar de baixo
Disse ao telefone “tudo bem?”
E eu respondi:
“Tudo bem”

“Micro conto nº17”

A pior humilhação
É ser motivo de um poema

“Micro conto nº18”

- socorro, gente!
- nossa, que atuação realista!
- era alguém morrendo de verdade.

“Fruta X”

Tive negras vinte e quatro horas na cama, sem comida. Muitas notícias ruins em apenas três dias. Perdi a P1, P2, P3, e meu bf está com raiva de mim (e é minha culpa). Até que concluí que é inútil escrever. Inútil para mim. O público não gosta de mim. A crítica não gosta de mim. Por que e por quem devo escrever? Publicar, especificamente. Talvez eu seja só um escritor mediano, ou talvez eu seja um bom escritor, mas há muitos bons escritores melhores do que eu por aí. O que devo fazer? Melhorar? Mudar? Eu só consigo escrever como eu mesmo, não consigo fazer diferente. Eu não sei como, mas o que eu sei é que não há leitores para mim. Os leitores são poucos e já estão todos comprados. Uma boa ideia é voltar a escrever só para mim. É difícil achar um editor que goste de mim, que faça um lançamento de livro que ninguém apareça, ninguém leu meu livro, ninguém disse ou falou absolutamente nada sobre ele um ano após seu lançamento.
É amargo porque eu sou romântico.
Escrever é a única coisa que eu sei fazer direito.
Eu comecei a escrever aos 13
Agora tenho 31 e parece que eu ainda sou jovem demais para receber qualquer reconhecimento.
Tive a sensação que meu livro era muito bom quando ganhei o proAC. Talvez aquele foi um ano de projetos muito ruins para darem o prêmio para a merda do meu livro. Fui tão estúpido. Deveria ter guardado os R$410,00 reais que gastei para inscrever o livro no prêmio Jabuti, deveria ter guardado para sessões de fisioterapia.




Pedi desculpas ao meu boy depois de dizer más palavras a ele por eu estar tão chateado pelas más notícias da literatura, mas não funcionou. Ele ainda está amargo como uma fruta X. Meu boy, boy, boy, boy, é como chamamos alguém quem amamos, respeitamos, acariciamos e que queremos que faça parte de nossa vida: boy. Ele já se sente ofendido até mesmo de ser chamado do BF. Ele diz que não se chama alguém de amigo e não se diz “Eu te amo” em um mês de relacionamento. Ele diz que sou um lunático, mas lunáticos são os que acreditam que o mar vermelho se abriu como dizem na bíblia. Esse sou eu apanhando de chicote e gostando.

Fruta X é doce.

XOXO

10 de mar. de 2019

A LUXÚRIA






Esse é o dia em que vou para a cama tarde. Trouxe coisas hoje. Para ficar escrevendo até tarde, para ficar estudando Excel ou me perguntando sobre o glamour da luxúria, ou a falta dela.

Demoro cinco horas para fazer um homem gozar com sexo oral. Isso foi hoje. Gosto das coisas que ele fala. Me elogiando. Outro dia disse que eu era tudo o que ele sempre quis em uma só pessoa. Eu tolero as gotas de suor dele caindo sobre mim. Nosso sexo monótono que se resume em eu fazer sexo oral nele. As horas que ele demora para gozar. Tudo isso eu tolero. Por causa da luxúria. E para ter coisas para trazer para casa. Não sinto prazer fazendo sexo oral nele. Mas gosto da luxúria.

Preciso ver o que acontece com a minha libido. Vou começar a psicoterapia na terça-feira. Ela deve me ajudar a encontrar de novo a libido.

Quando sou ativo gosto mais. A foto que ilustra esse post foi tirada em uma das festinhas que um amigo dá em sua casa, em que homens se masturbam, se beijam e fazem sexo oral entre si. Tomo Viagra quando vou lá. Sinto prazer em ficar me masturbando para os outros verem, tenho a sorte de sempre ter o maior ou um dos maiores pênis das festas. Daí, eu sou admirado.

A. parece que perdeu a paciência comigo. Acho que já fazem três vezes que ele chama e eu não vou. Sempre porque ele passa mensagem muito tarde e eu já estou dormindo porque durmo cedo. Ali é um pós-adolescente que gosta de ser chupado eternamente vide o primeiro caso desse post. Ele tem tesão que vomitem no pau dele. Disse-me uma vez que era capaz de me dar dinheiro se eu fizesse isso para ele, mas pig play não é minha especialidade. Quando nos encontrávamos, eu apenas o chupava eternamente.

N. divide os brindes comigo, contanto que eu veja filmes pornô com ele na cama, me masturbando, enquanto ele me chupa, até eu gozar na boca dele. Visto que ele me conheceu como garoto de programa, uma vez me pagou, pagou até Viagra, mas na hora não funcionou e tive que fazer o serviço com as mãos. Faz tempo que ele não me convida para a casa dele.

Com todos esses casos e o que você procura neles você fica: sozinho. Foi a conta que o meu psiquiatra fez eu fazer junto com ele. E é verdade. Com tudo isso eu acabo sempre: sozinho.

Acho que eu sou sozinho.

Vou ter que falar pra ele que eu continuo fazendo as mesmas coisas na próxima consulta.

A luxúria é mais uma amiga que eu encontrei além de uma estranha substância de aparência branca.

XOXO

5 de mar. de 2019

O KARMA NEGATIVO

"se algo me pegou, me pegou bem", "eu vou ficar nessa casa até eu morrer": parece que a boca leva á crise ou á praga.

enquanto estou nessa cama estou morto.

acabo de voltar da casa de um homem. Não, eu não tenho gostado de sexo. Deve ser efeito colateral 
do tratamento.

Hoje é o dia da semana que durmo tarde, que volto pra casa cheio de dores musculares.

Pensei em escrever um poema para afastar o demônio, mas eu já estou no inferno, é inútil.

Os estados de espírito do budista são oito. Me lembro do inferno, da ira e o buda.

quando estou na cama, estou no inferno, estou no inferno quase o dia todo.

os vinte minutos que consigo estar á frete do gonhonzon recitando nam myo ro renge kyo não me levam ao estado de buda como deveria. Sinto ansiedade, coceira, vontade de cruzar as pernas. não sei como minha mãe aguenta ficar uma hora.

falso. você é um falso. você é um falso budista e um intruso entre nós. - é o que o universo parece me responder, eu sinto isso.

Não quero falar de desemprego. não vou dar esse gosto aos meus ex-namorados. 

eu era muito bom em processos seletivos, agora não sou mais. alguém precisa desfazer o feitiço contra mim, que não me deixa estar á vontade em frente a um gestor.

recuperei o peso.

fui ao endocrinologista. ele me deu complexo B e outro remédio para tomar antes do almoço e do jantar. eu sequer costumava jantar. daí a eficácia do tratamento. recuperei meus 65 quilos e já estou com uma aparência saudável de novo. a falta de acesso á cocaína também ajudou no processo.

agora só falta a mente. Lembra daquela música do Zappa: " What's the ugliest part of your body? some say your nose, some say your toes, but I think it´s your mind". pois é huguinho, agora só falta consertar a cabecinha para você conseguir trabalho e voltar para a Vila Mariana. Para isso, preciso finalmente começar a frequentar o plantão psicológico do serviço de extensão do Hospital das Clínicas, onde me trato. Devo começar essa semana se nada mais me frear.

começo de fato a desistir do tratamento no caps. Não quero ser assaltado. Em uma das rodas de conversa do grupo de redução de perdas e danos, um sujeito assumiu que rouba para fumar crack, e ele ficou bem olhando para o meu celular na sala de espera quando tirei o celular do bolso para dar as horas á alguém que me pediu. Além disso os monitores do grupo batem eternamente na mesma tecla. repetem exatamente a mesma coisa em todos os encontros, e ainda tenho de aguentar os bêbados e cracudos favelados que frequentam o serviço, falando bobagens, redundâncias, prejudicando o andamento do grupo. Afinal não preciso reduzir perdas e danos, eu não tenho nada para reduzir, eu já parei. 

na sexta antes do carnaval fui á previdência de novo para ver se dessa vez vão ser bonzinhos comigo. 
tenho fé.

não, não tem mais atletismo da minha vida, aliás não tem nem mais FFLCH na minha vida, visto que minha matrícula está suspensa por eu não ter conseguido créditos no ano passado. Vou tentar o reingresso em maio, mas acho difícil aceitarem meu pedido. Vou ter que prestar fuvest de novo, para voltar ao curso de letras só em 2020.

Minha mãe conhece bem um certo vereador. Ele disse que a próxima vaga que aparecer na secretaria da cultura será minha.
vamos torcer para que aconteça um milagre, pois ninguém quer sair daquela moleza que é o serviço público, ter estabilidade por pelo menos quatro anos, não vejo motivos para alguém largar um emprego assim.

um maço de cigarros dura dois dias. aliás tem que durar dois dias. É difícil fazer durar. Tenho transtorno de ansiedade ou o tal transtorno de ansiedade generalizada. Ranjo os dentes. me coço. faço movimentos estranho. Esses dias, machuquei minha mão esquerda raspando-a na tela no ventilador. rendeu três machucados que nasceram feridas com casca. Estou viciado no clonazepam. Só ele alivia as crises de ansiedade e Deus sabe o quanto é difícil tomar dois por dia ao invés de três, como eu estava acostumado. Certo final de semana, quando fiquei sem clonazepam por irresponsabilidade de não ir pegar, tive crise grave por três dias seguidos. Tive que ir ao médico em um deles, com falta de ar, músculos tensos, e uma sensação de estar prestes a explodir. Dr. Fabrício disse que na próxima consulta vai me tirar o clonazepam e me dar um remédio só para ansiedade. Vamos ver.

minha carreira literária continua um desastre. não acontece quase nada.

não tenho escrito neste blog porque é melhor ficar morto naquela cama do que fazer alguma coisa. mas na última reunião dos budistas que participei, falou-se em doar alguma coisa. Fizeram a pergunta: "O que você doa?". eu fiquei com a cabeça vazia. Minha mãe do meu lado me cutucou e disse: "Responda conhecimento, você não é um escritor?". Pois bem, aqui estou eu fazendo essa postagem porque eu sei que poucas, mas boas pessoas leem esse blog e suas postagem devem fazer alguma diferença na vida dessas pessoas ou pelo menos criar um debate mental. 

a ideia agora é continuar praticando o budismo (se é que estou mesmo praticando), e começar a transformar o Karma negativo, que só eu posso transformar através de orações. 

enquanto isso, sigo naquela cama, sigo naquele inferno. 

XOXO



 



19 de jan. de 2019

SOBRE O IGOR

Passou o medo do palco. Porque não teve palco, não havia público suficiente para um palco, então abriram uma roda de conversa. Tudo o que tenho a dizer é que eu era o mais tímido e o mais inacessível dos escritores da mesa. Falei pouco, mas foi válido como disse Alexandre Rabelo depois. Falei sobre a palavra “underground” que carrego comigo desde o lançamento do meu primeiro livro. Li um poema. Ainda dei dois livros de presente para um querido leitor que foi com a minha cara. Veja um retrato, um vídeo com um trecho do meu discurso e o texto de apresentação do mix literário sobre o vídeo:



https://www.facebook.com/mixliterario/videos/vb.261100121221497/732297493805684/?type=2&theater

Hugo Guimarães, que já tem um trabalho bastante pestigiado, é um escritor prolífico – escreve variados gêneros literários – autor de três obras, entre elas, um romance, um livro de poesias e um livro de contos, e que prepara mais um de poesias pro ano que vem. Nos seus trabalhos, destaca-se a temática "underground" e, através dela, tem angariado leitores muitos fiéis ao seu estilo e escrita. Também recebeu menções honrosas, a última, do Prêmio Nascente da USP. Ele também fala das suas experiências no meio literário e dentro do mercado editorial. Confira um trecho, no debate que aconteceu ontem no #mixliterário, do 26° Festival Mix Brasil 🤩😍❤️❤️.

15 de nov. de 2018

O MEDO DO PALCO


"No dia 23/11 ás 18h30 na sala de debates do CCSP estarei em uma mesa literária dentro da programação do festival mix brasil deste ano. O tema da mesa é "Debate: Autores gays para além das temáticas de nicho". estarão comigo na mesa os escritores Tobias Carvalho, Danilo Leonardi e Agnaldo Nascimento. Alexandre Rabelo mediará a mesa. Para mim, o tema é muito interessante, pois não faço apenas literatura lgbt, também faço literatura alternativa, experimental, fantástica e regional (sim, porque literatura paulistana também é literatura regional, e São Paulo é o palco de todos os meus livros). Creio que os demais autores também não devem se limitar apenas como "autores de literatura lgbt", daí a graça da mesa. Vale lembrar que a livraria blooks estará vendendo meus livros "O Tiro de um milhão de anos" (Ed. Pasavento, 2015) e "O Estranho mundo de Hugo Guimarães" (Ed. Edith, 2013). Para os que não me conhecem pessoalmente, é uma oportunidade ímpar, pois raramente participo de mesas literárias. Além disso, toda a programação de literatura do evento está fantástica. Não percam! Veja programação completa no link abaixo: 


Esse é a minha postagem no facebook sobre a minha mesa no mix brasil no dia 23/11. A minha última aparição pública foi em janeiro de 2016, na Biblioteca na FFLCH USP, falando sozinho na mesa para poucas pessoas. Esse hiato me criou um certo pânico de voltar a enfrentar um palco de novo, Como Liz Phair tinha medo do palco no início da carreira. Dessa vez, vou dividir a mesa com três escritores e terá um mediador, o Alexandre Rabelo, que entende muito mais de literatura contemporânea do que eu. 

"Tudo o que eu tenho a dizer está nos meus livros, não tenho nada para falar", pensei em começar minha fala com essa frase, mas temo já garantir a antipatia de todos, embora seja a pura verdade. Porém eu mantenho esse blog desde 2010, falando sobre muitas coisas além da literatura e além dos meus livros, isso dá um certo conforto. 

Porém, estou com medo do palco.

XOXO 


3 de nov. de 2018

A METAMORFOSE


Estou lendo “a metamorfose” do Kafka. Comprei enquanto esperava um amigo que se atrasou, na livraria do conjunto nacional. Uma banda de sopros se apresentava por lá. Estou curioso para saber o que vai acontecer com o corpo de Gregor, com as perninhas de Gregor. Pelo menos a leitura deixa a viagem de metrô mais rápida. Durante o “Rehab” (três meses e meio de desemprego na casa dos meus pais), também acabei de ler o “neve negra” do Santiago nazarian. Gostei muito da forma como ele concatena a história da família com a história de terror, que é muito boa, e o final é muito bom. Santiago está vivo, não é alternativo nem independente, mas é uma das coisas que posso recomendar. Não consegui ir ao lançamento de “mauricéa”, novo livro da incrível adrienne myrtes, mas pretendo convida-la para um café em breve e pedir para ela me levar uma cópia para vender. Ela é uma das autoras vivas brasileiras contemporâneas e independentes que mais admiro. É outro nível de genialidade, bem acima do meu, com a minha literatura macha, agressiva, confessional, desvairada e não planejada. Alexandre rebelo também lança livro novo nessa terça, bem no dia da minha aula de Latim que não posso mais faltar, mas vou tentar ir. Alexandre foi a primeira pessoa que deu feedback para meu livro novo (não o quarto, mas o quinto). Trata-se de um livro de poemas de 45 páginas que escrevi em aproximadamente 40 dias. Ele se chama “eu vou contar para a sua mãe”. Trata-se de sexo e drogas, tabagismo, a volta para casa dos pais depois dos 30, a aceitação da sexualidade, as relações familiares, transtornos psiquiátricos, prostituição e desemprego. O título significa uma ameaça ao ex-namorado viciado em cocaína e prostituto, mas claro que não pretendo dizer nada a ninguém. Embora seja poesia confessional, há seus exageros estéticos.  Tudo isso em verso livre, bem influenciado por Sylvia plath. Alexandre disse que o livro é excelente e, como no livro anterior, pedi cobaias via facebook para ler o livro para ter uma primeira resposta. Até agora, só tenho tido críticas positivas. Mandei para algumas editoras, mas as que recebi retorno todas tinha-se de dividir as custas e não posso fazer investimentos no momento. Fiquei muito feliz com o retorno da editora kotter, que disse que meu livro é ácido e impactante e me disse parabéns, infelizmente achei meio caro publicar com eles. A alternativa mais barata que encontrei foi a editora penalux, que cobra do autor 40 a 60 livros do lançamento. Fica mais viável. Mas... sem emprego, um pobre poeta não pode publicar. Preciso esperar alguma empresa finalmente ir com a minha cara e dizer sim. Agora que recuperei o peso na casa da minha mãe e estou com uma aparência mais saudável, é mais possível que eu consiga um emprego. Não será fácil, tive de omitir a empresa dos chineses do currículo para não ter que explicar por que fiquei apenas 4 meses e meio lá, então segundo meu currículo estou fora do mercado desde fevereiro desse ano. Não será fácil. Pelo menos estou recebendo uma ajuda do governo enquanto isso, mas ficar na casa dos meus pais sem fazer nada é quase insuportável. Tento controlar com o cigarro e com rivotril, mas ainda assim é difícil. Parece que sofri uma metamorfose como Gregor, mas não por fora, por dentro. Como se eu não conseguisse ser mais ser o mesmo que consegue trabalhar, estudar e treinar atletismo, além de escrever. Que vivo para dormir. Uma boa notícia é que estarei em uma mesa na programação de literatura no festival mixbrasil desse ano. Minha mesa será no dia 26 de novembro e assim que sair a programação completa, eu posto por aqui. Estou um tanto preocupado. Nem lembro qual foi a última mesa que participei. Não sei o que dizer e não sei como me comportar. Tentarei ficar na defensiva e fazer contatos com editores que estarão lá. Vou levar umas cópias impressas do “Igor na chuva” e do “eu vou contar para a sua mãe”. Ao escolher o que ler, devo escolher um trecho do Igor e um poema do eu vou contar..., não quero ler nada do que eu já publiquei, já faz tanto tempo (meu último livro saiu há três anos)... já sou outro escritor agora. Quero ler coisa fresca. Bem, espero que a metamorfose acabe, que eu possa ter um gerente nem que seja como o do Gregor, que eu possa alugar um quarto novo na vila mariana e aparecer no mixbrasil lindo de gravata borboleta.
Abaixo, leia mais um poema de “eu vou contar para a sua mãe”

“Da Cabeça Aos Pés”

Com a boca cheia de sangue
Eu vou fumar até eu morrer

Com um grito de umbanda
Eu vou ser louco até eu morrer

Como uma viúva negra
Com a pata presa na teia
Vou atrás de homens até eu morrer

Julgado e condenado
Eu vou espalhar culpa até eu morrer

Se o destino é vilão
Como cupins de demolição
Eu vou ficar nessa casa até eu morrer.

XOXO

2 de ago. de 2018

SHOTS



eu não tenho medo do cigarro. que baixa minha pressão, mas não vai me fazer desmaiar visto que tenho o estômago cheio de alimentos. não me incomoda a gata tentando escalar a porta de vidro para vir para a varanda enquanto estou fumando. ela já esteve com essa porta aberta por dois dias. não me incomoda ela roendo a sacola de lixo e vir a vomitar plástico. eu não tenho medo do meu nariz empinado, é só uma questão de cuidado. eu não tenho medo nem vontade de parecer a p j harvey já que tenho tudo alinhado para recuperar meus sessenta e oito quilos e já estou cansado de parecer a. nada como um bom e original ansiolítico e o farmacêutico pode enfiar no cu aquele tranquilizante natural que funciona como o placebo. eu não tenho medo da morte precoce agora que sei diferenciar um princípio de infarto com uma crise de ansiedade, como a que tive ontem por causa da falta do Rivotril, que me causou taquicardia e falta de ar. cheio de alimentos. estive hoje almoçando com a minha sorridente mãe, nunca parou de ser só sorridente, nunca mal humorada, por causa do budismo, que ela está envolvida há anos. fomos comprar roupas, para eu estrelar o próximo escritório. eu não tenho medo que não me ligam há duas semanas para me oferecer emprego. um peso. um peso e a pegada correta da mão no dardo. são dois shots que vou tirar para o meu instagram na sexta á noite e no sábado de manhã respectivamente. p j: ainda não posso fazer shots do meu rosto até que eu não pareça mais a. eu não tenho medo da volta. da volta ao atletismo. que é dura, bem dura. nem da competição que me aguarda daqui a quase três meses. e da responsabilidade que me impus a ganhar uma medalha. estou mortificado por ter perdido a inscrição do estadual máster, por estar depressivo na cama e não ter conseguido ir ao banco pagar a taxa e fazer a inscrição por e-mail. mas haverá muitos outros másters. eu não tenho medo da falta. da falta que me faz. o mundo dará as necessárias voltas. o tempo fará seu serviço. eu não tenho medo da segunda-feira, quando sairá o resultado do proAC. o que tiver de ser do meu inédito livro, será. não vai me fazer parar de escrever. sinto a apatia, o cansaço de uma carreira com pouca movimentação. mas eu ainda tenho o talento comigo. tenho o vício comigo. tenho a maldição comigo. parar de escrever não é tão simples assim. a literatura me chama. vai continuar me chamando. não tenho medo de Paraty. se não vivo, poderei estar lá cinquenta anos após a minha morte. eu não tenho medo. é só ter a responsabilidade de não deixar faltar meu bom e original ansiolítico.

XOXO