17 de mai. de 2011

MINHA VIDA COM EVAN DANDO POPSTAR



‘MY LIFE WITH EVAN DANDO POPSTAR’
by Kathleen Hanna
‘MINHA VIDA COM EVAN DANDO POPSTAR’
Kathleen Hanna

Tradução: Hugo Guimarães











Vou me tornar o assassino se há apenas duas escolhas. Estou assassinando uma massa de rockstar na minha cabeça. Eu gosto de matar garotos bonitos ao fodê-los, e depois ir embora como se nada tivesse acontecido. Eles querem me abraçar e fingir que estão apaixonados, e eu não vou me comprometer em qualquer comportamento mentiroso. “Você é só uma foda” eu digo. Meu pés descalços gostam da porta da cozinha, assim como o som do popstar achando seus sapatos. Adeus.


Eu preciso lembrar que O HOMEM ( que não deve me ocorrer o nome porque ELE não tem não importância mesmo, fodido ) NÃO as matou por QUALQUER COISA que elas tenham feito, mas porquê ELE perdeu o controle e precisava de alguma forma para se sentir SOB CONTROLE.


Eu odeio garotos bonitos, porquê eles possuem todo o lado bom de ser garota ( roupas, jóias, penteados de vagabunda ) EXCESSÃO aos maus ( estupro, assassinato, pobreza ). Eu odeio Evan Dando porque ele é muito mais bonito que eu. Porquê o odeio que minhas entranhas estão incontrolavelmente molhadas.


Marc Lipine, o homem que matou 14 mulheres em Montreal ( Sempre volto atrás no que falei ) está clonado. Ele é o “MANÍACO” genérico. Eu amo teorias de caras loucos e isolados porque faz tudo parecer tão simples. Ted Bundy está morto, e então, TODOS OS MEUS PROBLEMAS ACABARAM ha ha ha


Eu sou uma punk star que é uma vaca feminista, vagabunda, e o isolado maníaco Marc Lepine vai para o meu show. Ele tem amor/ódio por mim, e ele tem uma arma. Eu pareço ter bons músculos nas pernas. Evan Dando, que ainda não me conhece, está olhando para os músculos da minha perna.


Estou no palco com músicas sobre uma elusiva sociedade que esta me fodendo aqui encima com um microfone caro. Estou fazendo o que menos pode-se denominar de ‘comum’, porque estou cantando para um monte de gente rica que eu odeio.


Estou convencida que pessoas ricas irão vagarosamente me matar de fome se acharem que estou tentando colocar qualquer discurso sérios nela e/ ou me divertindo.


Marc Lepine é um retardado. ( Não que ser retardado é errado ou ruim... Eu tenho culpa... Eu tenho culpa ) Ele não tem amigos e ninguém gosta dele, ele não é cool. Ele está naquela coisa áspera do individualismo. Ele odeia mulheres OU permite que seu ódio se manifeste como aquela palavra, misantropia. Ele tem o dedo no gatilho de alguma arma.


Evan se parece com esse garoto que rasgou minhas tripas para fora e me abandonou á humilhação pública. Ele deveria estar feliz por eu o ter escolhido para se aproximar. Ele pede que eu me aproxime com o olhar que ele sabe que tem. Como uma bela vítima que faz fama com a morte ( isso mesmo ) Ele quer ser minha vítima


Evan tem cabelos compridos como uma garota. As sinapses em seu cérebro estão sujas de drogas. Ele vasculha uma mala que só tem uma camiseta procurando outras coisas ( cigarros) que estão bem perto dele se ele apenas olhar para o lado. Esse tipo de burrice é o que se parece tão belo. Eu quero bater no seu traseiro pequeno como punição apenas por usá-lo para se sentar. Belo belo belo.


Marc Lepine é tão sem graça que ele nem mesmo sabe o quão desinteressante eu sou. Você não pára uma revolução matando bancários, não é?


Então, Evan é homem quente. Eu admito. Quente como um virgem de 13 anos. Ele é tão burro. Estou vislumbrando o tamanho do pau dele. Eu amo garotos altos. Homens altos, o yeah. Evan tem olhos que envesgam com o sol quando ele fala sobre surf.


Sei porquê Valerie Solanis atirou em Andy Warhol e não no presidente – porquê todos sabem que políticos são corruptos MAS Warhol estava tentando agir como se estivesse questionando noções da fina arte ( transcendência, determinismo biológico ) através da imitação da reprodução humana. { A destruição do mega artista via tecnologia } Warhol estava APENAS explorando alguns trabalhadores na verdade, e certos conceitos revolucionários COM A INTENÇÃO de comprar para si mesmo bibelôs da Black Mammy de dois mil dólares.



Valeria Solanis atirou em Warhol para parar a cooptação e também para ser engraçada.


Na revista HE ( Evan Dando, quem mais? ) reclina-se. Na fotografia, ele parece que acabou de te foder e então está enrolando para te perguntar se voc~e quer fumar outro baseado com ele, “ou o quê”. Ele diz: “ou o quê”


Marc Lepine ergue a arma, bem do lado de sua cabeça. Ninguém ouve o movimento, exceto as pessoas que estão bem do lado dele, os que devem e os que não deve ter VISTO a arma. Evan está na primeira fila do palco me fitando quando a bala atravessa minha cabeça.


Marc Lepine está tentando escapar do prédio. Ele está tentando ser esperto e agir naturalmente. Todos estão correndo ou tentando fugir pelas portas.


Ninguém que viu a arma irá parar Marc Lepine com medo de ser baleado.


Evan está deitado encima de mim


“Eu nem mesmo conheço você”


“Eu te amo e não quero que você morra”

.

A versão dos jornais mostra o cabelo hippie do Evan todo bagunçado e ensangüentado enquanto ele adentra uma ambulância.
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Querido Evan Dando
Eu sou o que eu não deveria ser – uma mulher caçadora.



Amy + Nancy Wilson do “Heart” pegam 2 ou 3 caçadoras por ano… E Joan dos “Jetts” tem pessoas ensandecidas a seguindo também. EU NÃO QUERO QUE ISSO ACONTEÇA COMIGO ( alguma vez eu mencionei que sou uma punk star? ) Minha foto está na revista Newsweek, estou de bikini e meu NOME COMPLETO precede as palavras “feminista” “stripper” e “vítima de incesto”. Estou indo á uma loja comprar uma camiseta escrito ME MATE.


Ele disse que as 14 mulheres que foram mortas em Montreal, apenas foram punidas por serem feministas ( e por odiar homens ) TUDO O QUE EU SEI é que elas foram mortas apenas por respirar. Por existir. Por favor, lembrem-se disso. Por favor lembrem-se disso.

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Ele ganha dinheiro de uma forma “old fashioned”. Ele o tira de criançinhas reprimidas sexualmente.


Em troca de suas mesadas, ele enche a cabeça delas com significados – canções pop. Yeah


Eu ganha tanta merda por dançar nua… Eu sou uma pessoa muito má. Estou explorando homens.


Pois minha pele está úmida com o cheiro do assassino, só porque estou com medo da cadeia e não quero matar meus amigos de verdade. Decidi fazer sempre a coisa sana> Direcionar toda a minha energia negativa para você ( ódio telepático ) E começar a te assassinar com palavras.


EU ESCOLHI VOCÊ porquê você é um popstar sem graça, que meramente repete palavra na hora certa. Porquê você está alimentando a máquina ( não como Tanya Donelly que está, apesar de tudo, alimentando a árvore ) Porquê você não tem feito nada que não feito antes, ainda assim estou completamente apaixonada por você e/ou quero trepar com você.


Parte do planejamento estratégico do homem é que não vamos apenas DAR VALOR Á FALSOS ÍDOLOS mas também irás abrir pin ups de papel de carta em sua direção com a intenção de se distrair dos nossos verdadeiros inimigos. Depois os pin ups serão preenchidos com buracos de balas.

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Hierarquia é baseada na idéia de que algumas pessoas são naturalmente inclinadas para estarem no topo e outras no poço. Isso é um fato imutável da natureza humana ( sarcasmo )



Há estrelas em todos os tipos de vida. O garoto branco em um Porshe pensa que ele é mais uma estrela ( e ele tranca a porta do carro ) do que um homem de rua que o cruza.


Porquê estou mais perto da idéia magra, branca e enojada de que racistas publicitárias enfiam nas nossas gargantas que eu sou mais uma estrela do que a grande garota da festa.



Eu quero acreditar que eu mereço a atenção que eu tenho, mas eu sei que o que é considerado “belo” e qualquer tempo gasto têm tudo a ver com economia, e manter grupos de trabalhadores mal pagos.


Por manter certos grupos de pessoas que se sentem como merda e como elas não merecem boas casas e boa saúde ou respeito ou sensualidade, a máquina funciona á toda, beneficiando elites, e cortando os braços de qualquer um que não funcione junto.

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Eu tenho uma banda ( um grupo musical expressivo ) onde somos três mulheres e um garoto. E nessa banda nós somos rotineiramente cuspidos e/ou agredidos.


Veja as perguntas do cara da entrevista:
1.“Por quê você odeia todos os homens?”
2.“Por quê você é uma stripper/puta profissional?”
3.“Que merda você pensa que é afinal?”
4.“Me conte o que o seu pai fazia em detalhes gráficos, agora!”
5.“Talvez eu te estupraria e te bateria se eu tivesse a chance, mas apenas estou me posicionando como um repórter neutro nesse exato momento”


A pergunta que nunca é feita ou talvez até mesmo tem a ver com o fato de que existem filmes sobre garotas sendo assassinadas, molestadas, tudo por minha culpa E AINDA dizem na minha cara que sou uma vagina humana sem valor que merece morrer e então por quê serei algo além de alguém completamente assustada???? Por quê eu iria querer sentar em uma sala com um jornalista homem???? E por quê eu estaria pensando em Evan Dando afinal????

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Eu me apaixonei por Evan porque parece ser a pior coisa que eu poderia fazer no momento. Eu me apaixonei por Evan Dando porque isso é totalmente uncool e patético, e é como eu me sentia por dentro. Eu me apaixonei por Evan Dando porque a banda que estou, começou a chamar toda essa estranha atenção e eu senti que ele era o único que iria entender. Eu me apaixonei por Evan porque ás vezes eu queria ser um garoto e a pior coisa que já me aconteceu é a existência de tantas garotas como eu. Eu me apaixonei por Evan porque eu queria que ele morresse e pensei que eu podia fazer com que ele me amasse, e eu mostraria para ele como era um coração quebrado. Eu me apaixonei por Evan porque ele é um perfeito vadio e todos o acham muito gato, e ele não era quando eu estava no colegial e a palavra ‘vadia’ me seguia em qualquer lugar, ao alcance dos meus braços. Eu me apaixonei por Evan porque eu não uso drogas, então preciso de outros passatempos auto destrutivos. Eu me apaixonei por Evan porque eu não consigo lidar com garotos de verdade diretamente, e ainda, estou amplamente atraída por seus peitos planos e seus quadris retos ( ás vezes )


Eu me apaixonei por Evan porque isso mantinha minha mente fora das pessoas REAIS que me magoavam. Eu me apaixonei por Evan porque eu não quero tirar minha roupa por dinheiro nunca mais e eu estive pensando que talvez ele pudesse cuidar de mim financeiramente. Eu me apaixonei por Evan porque eu dei permissão a mim mesma para descobrir o que é esse cheiro nojento de queijo impregnado na minha mente. Eu me apaixonei por Evan porque é mais fácil projetar toda a minha empatia em algum garoto bunda mole do que ser chamada de egoísta ou vaga apenas por amar a mim mesma. Eu me apaixonei por Evan porque estou achando que ele tem um pau bem grande. Eu me apaixonei por Evan porque apenas aconteceu de ele existir no dia em que eu fiquei completamente insana
XOXOX


hoje, vou levar esse texto para discussão nas rodas de leitura do sesc campinas. vou levar outras coisas do riot girls, como vídeos e fotos. também discutiremos as versões de 'glória' de van morrison, passando pelas versões de jim morrison e patti smith, e como cada uma foi inovadora em seu tempo. esse clássico, a 'lolita' da música pop, é um elo muito interessante do ponto da discussão que é capaz de unir rimbaud á kathleen hanna.

até mais tarde.

9 de mai. de 2011

PRIMEIRA RODADA

'você transmite doenças?' 'olha lá... não vá me transmitir nenhuma doença!' eu costumava a dizer para esse doce animal acima. ao contrário do que pessoas velhas insinuaram, essa gatinha jamais me transmitiu doença alguma. quem tranmite doenças são as pessoas e os MOSQUITOS!

eu pretendia publicar antes essa postagem, mas acordei na última quarta feira com todos os sintomas da dengue, e permaneci bastante debilitado até sábado.

não, não é a rodada de doha. alías, por falar em doha, no último dia 6 tivemos a primeira etapa da samsung diamond league de atletismo, um grande evento. se você não prefere ver o retardado do neymar fazendo malabarismos com a bola, vale a pena conferir: http://www.iaaf.org/

nessa primeira rodada de leituras no sesc campinas,  o comparecimento ainda foi bem abaixo do que eu estava esperando. as pessoas não conheciam os tópicos que eu propûs, não acessaram a programação no site e também não trouxeram textos ou obras para discussão. isso fez com que o evento ficasse mais informal ainda ( o que gosto bastante ). falei sobre o 'balé ralé' do marcelino, sobre o catálogo da DIX, e até um pouco sobre o Riot ( que está previsto somente para os dois últimos encontros ).

as duas horas do evento também serviram para uma série de outros debates, sobre a indústria literária principalmente. havia um escritor, o hamilton, que dizia que essa indústria devia ser combatida por nós escritores que não somos 'produtos', nós que somos artistas. eu disse que a educação é a única forma de 'mudar' a indústria dos blockbusters, elevar o nível intelectual dela. para isso, acho que os professores devem adotar cada vez mais obras contemporâneas com crianças e adolescentes, para que eles possam enxergar o mundo que eles vivem nos livros que lêem, e não o rio de janeiro do século dezoito.

tivemos um professor na roda também. ele comentou sobre um experimento de criatividade que fez em sala de aula, baseado em uma passagem do livro da bruna surfistinha em que um cliente pede para ser fistado. esse experimento foi feito com crianças de quinze anos. acho fantástico.

também tivemos uma artista plástica fofíssima, que se mostrava extremamente interessada em todas as obras disponíveis, todos os assuntos levantados. ela ficou curiosíssima quando comentei sobre o jornal 'o lampião da esquina' amanhã vou levar algumas cópias digitalizadas para ela.

traiu ou não traiu? sim, até isso discutimos.
atá a próxima rodada. beijos.

2 de mai. de 2011

HOMOGENIA LETRADA

kathleen hanna escreve sobre homens 'como um homem'. kathleen hanna escreve 'debaixo do chão'. de lá.

cockring de letras. circlejerk com letrados. literatura homossexual; literatura homossexual underground.

não sei bem como chamar, entitular. mas é sobre letras, e sobre homogenia.

fui convidado para mediar as 'rodas de leitura' do sesc campinas. essas 'rodas' são círculos de leitura e discussão de obras ou textos trazidos tanto pelo mediador quanto pelo público. elas aconteciam com alguma frequencia tempos atrás, e que agora pretendem voltar a acontecer com mais regularidade. neste mês de maio o tema será literatura homossexual ( por isso fui convidado ).

participo de pouquíssimos eventos. não aceito todos os convites que me fazem, mesmo porque sou extremamente impopular e eventos não vão me fazer mais significativamente conhecido, nem vender meus livros. portanto, participo de eventos que eu realmente acho que são relevantes. esse é o caso.

primeiro, por eu não ser um 'produto' que o sesc está levando para oferecer para as pessoas em uma vitrine. segundo por não ser uma 'palestra' pois não sou palestrante. terceiro por não ser uma 'aula' pois também não sou professor, tampouco - é uma discussão. um debate aberto que, mesmo com os temas que propûs dividir com as pessoas, nem imagino o que as pessoas vão levar, o que as pessoas vão dizer.

também aceitei participar porque é raríssimo um evento que reúne essas duas palavrinhas: literatura e homossexualidade. acho uma catástrofe, um alienígena, um grupo de pessoas poder se reunir para falar sobre isso ao invés de estarem na academia, ou vendo a novela das sete. e eu estou no tsunami, e eu sou um ser verde e esquisito.

escolhi três temas para dividir com as pessoas ( que foram devidamente publicadas no site do sesc )

o livro 'balé ralé' de marcelino freire. ( este livro me levou a querer ser um contista )


o movimento riot girrrls. ( preferi priorizar kathleen hanna e donita sparks, além de algumas coisas do homo core. claro que rimbaud e miss patti smith serão devidamente citados como raízes disso tudo. )


e o catálogo da dix ( onde publiquei, e publicam glauco mattoso e o professor pietroforte )


começa daqui a dois dias. toda semana postarei sobre o evento. espero ter coisas boas para escrever.

programação:

dias 3, 10, 17 e 24 de maio de 2011
horário: das 19h30 ás 21h30
local: sesc campinas

para + :
http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/mostra_detalhe.cfm?programacao_id=193427

18 de abr. de 2011

JACK NÃO É SON DE NINGUÉM


acabo de apagar 4 parágrafos descrevendo o motivo pelo qual desisti de uma pessoa devido a diferenças irreconciliáveis. desistir de descrever, é ignorar, é o melhor a se fazer. apagar também o pensamento de tatuar uma casa e uma frase saindo da chaminé, dançando: 'você nunca mais vai me ver ( you´ll never see me again)'

é melhor comentar sobre a cópia da américa em que vivemos, onde pais se mudam para cidades imensas e nunca conseguem digerir esse churrasco grego, a forma com que as pessoas vivem aqui; e hoje estamos lamentando a incapacidade de abrir os braços para o mundo depois de passarmos uma infância de marcas, uma adolescência de tapas.

os pais ainda tentam insistentemente fingir a educação e a gentileza aos estranhos. a mesma que jamais tentaram fingir aos filhos. eles não aceitam que nós não consigamos fingir também.

fingir. ser o michael, a marilyn, a madonna, o chaplin, o papa, o chuck berry. armamos um palco só nosso na rua para fingirmos para sempre. pois só sendo outra pessoa é possível escapar das origens.

michael branco, mascarado, afeminado, desfigurado, customizado, jamais conseguiu ser tão monstruoso quanto seu pai foi.

domingo passado, vi 'mister lonely' de harmony korine.

13 de abr. de 2011

O ESTRANHO QUE NÓS MATAMOS

tantos dias de silêncio me remetem á uma das minhas últimas humilhações, no meu ofício comercial. a misantropia se manifestava, e eu odiava mais á mim mesmo do que o homem que eu deixava rico com meu trabalho. eu passava dias terríveis para deixar o felipe mais rico. hoje, não mais.

a minha rotisserie no inferno me seduzia. costumo dizer que quando eu morrer, haverá uma rotisserie no inferno para mim. lá poderei comer todo o carboidrato que estou deixando de comer para manter o peso. e lá, o felipe irá massagear os meus pés, ele irá trazer croissant na bandeja para mim.

santiago nazarian está cada vez mais crocante, mais leve. foi muito bom reencontrá-lo para falar sobre filmes de horror, literatura, répteis, homens e chocolate com canela. ele publicou em seu blog um comentário sobre o meu livro de contos á ser lançado esse ano http://www.santiagonazarian.blogspot.com/ honestamente não acreditava que ele fosse gostar, nem ele, nem ninguém. me odeio, me detesto, me acho um bosta e estou quase chegando na idade dos suicidas do rock'n roll ou na idade dos escritores jovens e suicidas do romantismo.



na nossa conversa ele disse que o 'beguiled' com o clint eastwood não o apetecia. beguiled é uma palavra que significa 'seduzido' que eu não conhecia desde então. acabaram de lançar em dvd com o título 'o estranho que nós amamos' pois é um conto gótico sobre mulheres que o seduzem, o degustam, cortam sua perna com um serrote e o envenenam com cogumelos. eu desejo isso para todos os homens heterossexuais.

completei 26 anos. meus amigos de infância vieram á minha casa para me dizer o quanto eu devo ser feliz. mas eles já foram embora.

já não estou tão radiante pelo elogio do santiago, estou radioativo.

nunca estive tão triste e tão pessimista em toda a minha vida, e tenho um sorriso no rosto. tenho o trabalho do nicolas para colaborar e em maio talvez, eu tenha novidades literárias.

a foto com a tesoura é de hoje. finalmente consegui terminar de cortar meu cabelo. tinha começado em 08 de abril.

19 de mar. de 2011

LÚCIFER, EU PRECISO TANTO DE VOCÊ

essa é a minha cara de anjinho. aqui na terra, saí de casa hoje, finalmente, para ver 'I spit in your grave', o tal remake de 'day of the woman' de 1977. cheguei ao espaço unibanco do shopping frei caneca ás 14h30 e descobri que a sessão começou ás 14h00. qual foi o cara de cavalo que pôs o horário errado no site?

fui para o shopping santa cruz, e passar 27 MINUTOS na fila da bilheteria doeu mais do que o estupro sofrido pela protagonista. quem estudou o número de funcionários por demanda daquele cinema?

pois aí está... vivemos para procurar responsáveis, e acredito friamente que esse é o motivo da criação das religiões; a busca por responsáveis. quem é responsável por esse estupro ? para quem agradecer o sucesso da dieta ? invetaram dois grandes responsáveis: deus e o diabo.

'day of the woman' é beeeem melhor. esse remake é apenas bastante violento, mas isso é tão fácil nesse século... senti falta do machado da jennifer, da roupa de luto após o estupro, pela cena onde ela vai á igreja pedir perdão antes de cometer quatro assassinatos. nesse filme novo, achei que pelo menos jennifer assassinaria uma criança, mas o cúmulo de envolver crianças não foi cometido. era a única oportunidade de transgressão para o filme, acho.

sinto saudades da minha adolescência quando comprei o vhs do 'day of the woman'. lembro que vendi o mesmo vhs pela internet, com bolor, á um colecionador do rio de janeiro. ele ficou brabo comigo.

de manhã, voltei a visitar meu tatuador douglas. o desenho de hoje foi pequeno, quando abri os olhos olhei para o rosto suado dele e disse 'hoje foi rápido...'. não posso dar qualquer conotação sexual á esse momento, pois o respeito muito. aproveitei para pegar de volta o dvd do 'cannibal holocaust' que emprestei para ele, e antes de a sessão começar, corriqueiramente falamos sobre filmes violentos, muito violentos, atrocidade geral na tela; porém, douglas fez amor e uma filha, e a atrocidade ficou só para mim.

lamento pela opção do meu amigo guilherme, que parece ter optado de vez pelo fanatismo religioso. ele publica salmos no facebook. não posso parecer injusto ao dizer a ele que posso indicar minha psiquiatra, ou que 'vai passar'. acho que ele também está procurando um responsável pela onda dele, ele não procura friamente combater o que está o deixando COMPLETAMENTE LOUCO.

ontem eu estava vendo o vídeo invertido da xuxa, o do cãozinho xuxo. só ao contrário é que a gravação diz coisas como 'lucifer, preciso de você', 'exu', 'queimar'... será que lúcifer pode me salvar? essa pergunta é respondida pelo rápido pensamento de que não ando para trás, o mundo não anda para trás como na gravação. eu ando para frente e o mundo anda pra frente, e então não há lúcifer, não há exu, não há fogo, só há um cãozinho bobo de pelúcia.

cães de pelúcia são o que existe. é o que temos.

7 de mar. de 2011

MAIS ESTRANHO QUE O PARAÍSO


vício de má tradução. é o que santiago nazarian disse sobre a palabra 'estúpido' que costumamos relacionar á tolice, e não á grosseria no nosso estimado país. acabo de assistir 'stranger than paradise' do jim jarmusch em dvd. traduziram o título como 'estranhos no paraíso', e não 'mais estranho que o paraíso' como deveria ser. sabe quem fez isso, santiago?

este dvd estava há algumas semanas encima do meu rack. ele não cabe entre os livros e não posso colocá-lo junto com a coleção de filmes de terror. não pude pensar em outro lugar para colocá-lo pois tive dias bastante cansativos. é como o chefe diz: 'gozar os dias de folga'. faz sentido usar essa palavra, pois nos dias de trabalho não se goza, só se trabalha.

carnaval. onde está a carne? pegue a carne, segure, agarre, mas pegue a carne, agora ! esse é meu 'dick vigarista' na internet, saca? mas detesto conhecer gente nova.
não sobrou mais nada para fazer depois que as filmagens do meu curta metragem 'amy' foram canceladas por tempo indeterminado. isso porque a ajuda alheia é algo que sempre não posso contar. decidi que vou filmá-lo sozinho no inverno. não posso segurar a câmera, mas algum objeto pode sustentá-la.

plano b: pegar, segurar, agarrar a carne. ou simplesmente passar o feriado inteirinho comendo pringles de creme de cebola e bebendo coca cola, o que parece um paraíso. mais ainda com a ausência dos meus pais que tomaram um vôo para o 'paraíso' do carnaval paraibano. ontem mamãe me ligou para saber como eu fiquei. ela disse que está fazendo 35 graus. aqui em são paulo está frio, e o chuveiro não está esquentando.

lá estão os húngaros bela e eva atravessando os estados unidos tentando viver o 'sonho americano', mas as paisagens são decadentes e tudo dá errado. aqui também, fellas: sujei a casa toda e minha gata siamesa ainda tenta capturar o logo da samsung que fica flutuando na tela na tv quando o filme acaba. ela ainda tenta pular sobre o teclado do computador para apagar o que eu estou escrevendo. eu disse 'vá dormir, lebedeva. você já apagou um texto meu antes, e não vou tolerar que faça isso de novo'.
talvez ela esteja certa, escrever não é bom.

mas... eu ainda posso escrever. ela não.