21 de jan. de 2014

ELEGIA 21 DE JANEIRO DE 2014

janeiro. triste, pálido, como dizem.
quer dizer então que alguém que tenha o azar de ter nascido negro, pobre e homossexual também deve temer ter uma morte horrível?
quer dizer que a vida ser horrível não é o bastante?
quer dizer então que eu além de ser pobre, homossexual, mesmo não sendo negro, também posso ter uma morte horrível?
quer dizer que a morte não já é horrível o bastante?

então quer dizer que não podemos ir ao parque no domingo em pleno verão, porque DEZESSETE grupos de skin heads marcaram um encontro por lá?
quer dizer que não podemos ir ao parque porque as beldades dos skin heads, porque esses arrombados desses skin heads marcaram um encontro no parque?
por quê a polícia não vai até lá e desce o cacete em todo mundo?
é o mínimo que esperamos da polícia.
se serve de consolo, os skin heads também não gostam de skatistas.

isso me lembra as ilusões sobre sofrer estupro seguido de morte. talvez não seja tão ruim assim morrer de uma forma horrível. talvez seja uma sensação exótica e incrível morrer tão violentamente. isso se eu tivesse dezoito. quando você tem vinte e oito, essas ilusões envelhecem.

janeiro. triste, pálido, como dizem.
livros de lixo. é como se eu tivesse feito livros de lixo. sabe porque? sinto como se eu devesse e quisesse voltar no tempo e ter dezoito. pois aos dezoito eu não tinha conhecido nenhum dos meus quatro namorados que ajudaram juntar o lixo necessário para os livros que escrevi nos últimos dez anos. talvez se eu não tivesse lixo, não teria livros. esse é o consolo, mas talvez seja melhor ter dezoito e não ter nenhum livro. e nenhum lixo. esse é o pensamento.

diário on line:
visão: piorando, vejo cada vez menos de longe
camila: chora de raiva no banheiro
joelho esquerdo: fisgada estranha ameaçando nova contusão
mamãe: ainda come arroz fresco puro, ás vezes
joelho direito: ainda dói, mas dói menos.
voleibol: acho que já tenho acertado mais que errado
atletismo: fisioterapia e exercícios de fortalecimento de joelhos e salto em distância parado continuam irregulares como sempre, devido a extrema e corriqueira sensação de cansaço.
traseiro: nova consulta com cirurgião plástico está prevista para julho
doam-se palavras: http://doamsepalavras.com.br/category/doacoes/ (já que não posso doar dinheiro)
dentes: esqueci novamente de remarcar a restauração 1
nariz: continuo postergando a atitude de finalmente planejar a rinoplastia, há um osso quebrado até hoje.
ombro esquerdo: a mesma dor de três meses atrás, mesmo com constate alongamento.
papai: voltou a beber barris de cerveja
guto: deus o ajude
arthur: seis meses
gabriel: ainda não
companhia das letras: não mande seus originais para nós! fique longe de nós! esqueça-nos!
cosac naify: nem pense em mandar seus originais para nós! fique longe!
record: você pode até mandar, mas só vamos ler no dia 32 após a ceia e precisamos de muito papel mesmo para juntar tudo e fazer nossa fogueira de são joão em junho.
34: você já mandou uma vez, por quê acha que dessa vez vamos te aprovar?
martins fontes: por quê com a gente seria diferente?

bem, o que devo fazer então com o meu romance que acabo de finalizar e que levou vinte meses para ser escrito? jogar no lixo? não seria má ideia considerando o conceito da quarta estrofe deste post.

janeiro. triste, pálido, como dizem.
os planos nesse início de ano são os seguintes (iguais aos de courtney love):
fazer plásticas
ficar bonito
me tornar um elogiado ator
e até ter chance de me redimir como pai.


XOXO

21 de dez. de 2013

SOMBRAS



“quando se é rico, é sempre natal” frase de fim de ano de hugo guimarães.

hoje vi um filme nacional chamado ‘cores’. filme em preto e branco, mesmo com esse título. talvez houve algumas partes coloridas. houve ou houveram, não sei. ainda não sei diferenciar 'houve' de 'houveram', ou quando usar 'houve' e 'houveram'. talvez por isso eu seja recusado mais uma vez no vestibular na universidade de são paulo, que acontecerá em muito breve. talvez o final do filme foi colorido, com os três ovos fritando. acho que as gemas estavam amarelas.

o filme, outra tentativa de pessoas ricas, cineastas ricos, em retratar a realidade da classe média baixa paulistana. mais um tiro pela culatra. a começar pelos atores que fazem os três ‘fodidos’ protagonistas: a garota é interpretada por uma atriz de ascendência romena, com um belo corpo. será que as barangas fodidas e pobres de são paulo são assim? não, não são. e os garotos? interpretados por atores muito belos, altos, com traços que beiram a perfeição. um ator se chama pietro e o outro, acauã, nomes típicos de burgueses. será que os meninos jovens pobres e fodidos de são paulo são assim? não, não são. os meninos pobres e fodidos da classe média baixa paulistana se parecem comigo: são anões, tem a testa imensa e o nariz torto.

outro tiro pela culatra: a protagonista trabalha como balconista em um pet shop e mora em um apartamento bonitinho com sacada em frente ao aeroporto de congonhas. será que uma balconista de um pet shop pode pagar por um lugar assim? não, não pode, senhores ricos cineastas. eu mesmo, que passei oito anos em uma faculdade que detestava, falo três línguas e trabalho em uma multinacional japonesa, só consigo pagar por um muquifo de 30 metros quadrados no meio da cracolândia. não há quarto, sala ou cozinha aqui. é tudo um ambiente só, um ambiente terrível: a instalação elétrica é precária, posso morrer queimado aqui se haver um curto-circuito, ou se houver um curto circuito; o encanamento também é precário. Esse lugar onde moro, parece um caixão de concreto.

dei de presente de natal ao filho de puta do proprietário do lugar onde moro um longo email que perguntava entre outras coisas “não deve mais haver pessoas para enganar e explorar na itália, não? por isso vocês vêm para cá nos explorar e nos enganar”

no final do ano há sempre de se fazer retrospectivas? sim, há, não? 2013 foi um ano estranho para mim. começou péssimo, com muito álcool, muita cocaína, outra tentativa de suicídio, três cirurgias decorrentes a essa tentativa, mas posso dizer que terminou bem: recuperei a boa saúde, consegui um novo emprego, parei de beber e parei com as drogas. após três anos, voltei a treinar voleibol e é tão difícil voltar a treinar qualquer coisa... treino duas vezes por semana e tenho dores no corpo inteirinho...

fiz dois filmes em 2013. dois curtas: um como protagonista e outro como coadjuvante. finalmente lancei meu livro de contos, que honestamente desconfiava que jamais seria publicado. precisa falar do sucesso? do resultado? parei para pensar sobre a diferença de 20 pessoas ou de 20.000 pessoas comprar o seu livro e reconhecer o seu talento. não há diferença, na verdade. 20 pessoas leram o meu livro e reconheceram o meu talento. é o suficiente, é injusto querer mais. será que mereço mais? não sei... talvez eu já tenha o meu talento e não preciso de mais, talvez eu esteja mesmo condenado á pobreza, a lutar contra a depressão e a insanidade, condenado a minha baixa estatura, a minha testa imensa e ao meu nariz torto. talvez eu deva aceitar isso, finalmente.

qual o melhor filme que viste esse ano? um francês chamado “mouton”, na mostra internacional de são paulo deste ano

o melhor de terror? até agora, o “the haunting” original de 1963. ainda tenho alguns dvd's que comprei para ver.

qual a melhor banda que conheceste esse ano? uma banda de bofes do kentucky chamada “slint”


 qual o melhor livro que leste esse ano? “memórias póstumas de brás cubas” de machado de assis. o final me fez chorar por uns três dias seguidos.

pensei em escrever um conto de natal, como fiz no ano passado. aquele conto que publiquei no ano passado se chama “ovos”, é sobre uma ceia de natal em família em que participo que dá bastante errado por eu jogar ovos em toda a família devido a minha deteriorada condição psicológica.

nesse ano pensei em criar um conto sobre uma ave de rapina treinada para roubar panetones, mas ando cansado, sabe? e acho que não sou bom em escrever coisas com humor. como diria o santiago: “vamos deixar a ideia para o ruffato aproveitar”.

no final das contas, do ano, o corretor ortográfico do microsoft word acaba me ensinado quando usar 'houve' e 'houveram'. no final das contas, creio que serei sim aceito pela universidade de são paulo dessa vez. no final das contas, creio sim que escreverei mais livros que serão lidos por mais que 20 pessoas.

“MEUS MELHORES ANOS AINDA ESTÃO POR VIR” (serena williams, 2007) serena estava certa em 2007. essa, é a minha frase de ano novo.


XOXO

6 de dez. de 2013

COMPRE, GRAVE, ROUBE!



"o estranho mundo de hugo guimarães" (editora edith, 2013).

peça sua cópia autografada por R$ 26,50 (frete incluso) para hugorguimaraes@yahoo.com.br

em breve na loja virtual da editora edith: www.visiteedith.com

em breve na livraria física hussardos (sede da edith) - Inauguração em 12/12/13 - rua araújo nº 154, 2º andar - são paulo-sp

em breve na livraria da vila

em breve versão ebook na amazon

em breve na boca do mundo.

XOXO

28 de nov. de 2013

FESTA DA COLEIRA

faltou falar da premier do 'estranho mundo de hugo guimarães', não?
sei que hoje é quinta
sei que o lançamento foi sexta última.
estamos postando agora, porém.
muito porém, já foi postado em meu facebook.
sei que muitos que lêem este blog são meus amigos no facebook.
talvez todos.

sim, são pedro atrapalhou
uma semana inteira de sol forte
e ele decidiu derramar suas lágrimas bem na sexta,
bem no meu lançamento.
bem em dia e horário de caos urbano.
sexta ás 19h30.

mas sim, foi lindo
muitos foram na festa da coleira.
muitos foram no lançamento das cobras! sssssssssss
muitos queridos.
não esquecerei.

veja as provas:
















































vejo vocês no próximo lançamento!

XOXO