Agora eu entendo a
homofobia quando um homem lindo estático é atacado por uma vagabunda e eles se
beijam e eu já sei que eles vão se beijar, eu penso “que nojo...”, mas é pura
inveja assumir é parte do entendimento.
Quando uma vagabunda
vem correndo trepa no homem prende ele com os braços no pescoço prende ele com
as pernas na altura na barriga como uma cobra roçando aquela boceta na barriga
dele eu penso “que nojo...”
Acho que é o que resta
para uma pessoa tão infeliz “Ódio” e não estou sozinho e não estou sozinho deve
ser mesmo o fim da vida quando penso no casal de números que formam minha idade
o que sinto é que é bem difícil avançar que dá pra avançar mais um ou dois
números e você nunca terminou aquele “Cemetery blues” que você começou há tempos.
Eu sei, mãe; que você
não me enxerga deitado não enxerga o sofá só enxerga a sujeira do sofá.
I
Nunca pude tomar banho
de chuva
Ela matou meu cachorro com veneno
II
Fui mais um que me
livrei das coelhinhas da Playboy
E quando estou de quatro sou bem do tamanho de uma raposa
III
A vida cerrou-se
Em arquipélagos de
ilhas desertas
Nunca saí daquela em
que nasci
Hoje as águas são muito
quentes
E por isso, perigosas
Houve um tempo
Em que as águas não
eram tão quentes
E eu sempre fui preso
No meu calabouço
cibernético
A porta sempre aberta
Não necessariamente,
É uma chave que te
prende
As malditas montanhas
de rocha
Não derreteriam minhas
asas
Não derretem minhas
asas
Anjo
(Hugo Guimarães)
XOXO