24 de nov. de 2022

FA-TAL

 

Pensei que quando a bola vinha, eles a partissem ao meio com uma espada.

 



 

Deus me livre ter medo agora

Que eu já pus meus pés no mundo

Deus me livre ter medo agora

Que eu já pus meus pés no fundo.

 

***

 

Se você sente falta de algo ás quintas-feiras

Pois continue.

 

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Legal. Gal nasceu em uma região nobre de Salvador, ela tinha meios de decidir se queria ou não ver a mãe pelo resto da vida. E não quis. [Mamãe, mamãe, não chore/ a vida é assim mesmo, eu fui embora/ Mamãe, mamãe não chore/ Eu nunca mais vou voltar por aí/ Mamãe, mamãe não chore/ A vida é assim mesmo, eu quero mesmo é isto aqui!] [Ai! minha mãe/ Minha mãe menininha/ Ai minha mãe/Menininha do Gantoise].

            Nesse ano parou de gravar acidez mirando a mãe. Junto com Bethânia, gravou “Minha mãe”, uma gravação linda, uma letra linda, sem ironias, sem rancor, sem duplo sentido, um dueto tão lindo. A mãe nunca aceitou Gal, tanto que Gal nunca se assumiu gay, talvez esse tenho sido o abismo que separou mãe e filha por uma vida inteira. Talvez, “Minha mãe” foi uma redenção, uma despedida com bandeira branca, à cavalo. Aqui se paga. Nós gays adotamos para amar, para proteger, para deixar que não aconteça com aquela criança tudo de amargo que tivemos de engolir a vida inteira, mas e quando a criança que você adotou representa exatamente tudo o que há de amargo que há na vida?

 

***

 

Brevemente, ainda, sobre a paranoia dos prêmios, não sei quem foram os jurados do Caio Fernando de Abreu, mas se colocarem a Paula Fábrio para ser jurada de tudo quanto é prêmio, a coisa fica BEM difícil pra mim.

No último outubro, inscrevi meu "Poco" no prêmio Programa Nascente da USP (mesmo prêmio que ganhei menção honrosa pelo "Igor na Chuva" em 2017) e um dos três jurados, adivinha? Era a Paula Fábrio. Meu "Poco" é provavelmente a melhor coisa que eu já escrevi (e foram pessoas do meio literário que dei pra ler que disseram isso). Adivinha o que aconteceu? Sequer fui indicado. Com o zero à esquerda que a Paula Fábrio deve ter me dado, ficou um pouquinho difícil ser indicado, não? E eu não esperava apenas ser indicado, eu esperava ganhar o prêmio, eu estava até um pouco tranquilo com o fato de ganhar o prêmio.

Nem conheço essa mulher, nem quero conhecer, mas nem imagino por que ela me detesta. Em um belo dia, o Mike Sullivan, publicou uma crítica sobre o meu "O Tiro de um milhão de anos" com a nota "bom" e a senhora Paula Fábrio apareceu do nada na publicação em que ela sequer foi citada, dizendo que os livros dela deveriam apenas receber a nota "excelente". Wtf? Repito: Nem conheço essa mulher, nem quero conhecer e não faço ideia por que ela me detesta. Meu, a caminhoneira já ganhou Prêmio São Paulo e o caralho, pra quê vir querer empatar minha carreira?

Se ela fosse macho o bastante pra vir falar comigo, provavelmente diria "Talvez você não seja tão bom quanto pensa", e eu responderia "Foi o que uma jurada disse á Tonya Harding antes de ela se tornar a segunda mulher da história a fazer um salto triple axel em 1991"

 

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Quando for traduzir atletismo de novo, não se incomode. Já sabe que vai além de falar inglês né?

Nos quatro saltos, durante a performance, nobody “jump”

O saltador em altura no seu esforço, “scales”

O saltador com vara no seu esforço, “soars”

Os saltadores horizontais nos seus esforços, “leaps”

Não foi nada, querido. Volte sempre.

 

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Eu nasci em um deserto. Eu deitei minhas costas pela primeira vez em um lugar que eu não queria. Eu pisei em uma faculdade que eu não queria chantageado pelos outros. Eu fui condenado a trabalhar por quatorze anos infeliz. Essa semana, fui aceito para voltar ao trabalho e a sede deles fica no mesmo deserto em que nasci. Eu não devo pintar os cabelos. Eu não posso me vestir como quero. Minha mãe ainda quer filtrar as roupas que eu uso, a forma que arrumo o cabelo nessa altura da vida, se eu me oponho ela começa a gritar. Minha irmã conquistou o respeito dos meus pais e está bem longe daqui. Meus pais não me respeitam nunca me respeitaram, me dizem coisas horríveis e eu não posso responder, pois se eu responder, nunca sei quando meu pai vai meter a mão na minha cara. Mesmo assim, minha mãe não quer que eu suma daqui, porque foi quando saí de casa que comecei a usar drogas. A pior droga é o respeito, e ela é cara, e eu gosto.

 

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*  Quando passa o cio, o efeito, eu deixo de ser tudo aquilo que eu não sou.

*  Vai partir meu coração e partir o bolo.


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