Pensei que quando a bola vinha, eles a
partissem ao meio com uma espada.
Deus
me livre ter medo agora
Que
eu já pus meus pés no mundo
Deus
me livre ter medo agora
Que
eu já pus meus pés no fundo.
***
Se
você sente falta de algo ás quintas-feiras
Pois
continue.
***
Legal. Gal nasceu em
uma região nobre de Salvador, ela tinha meios de decidir se queria ou não ver a
mãe pelo resto da vida. E não quis. [Mamãe,
mamãe, não chore/ a vida é assim mesmo, eu fui embora/ Mamãe, mamãe não chore/
Eu nunca mais vou voltar por aí/ Mamãe, mamãe não chore/ A vida é assim mesmo,
eu quero mesmo é isto aqui!] [Ai!
minha mãe/ Minha mãe menininha/ Ai minha mãe/Menininha do Gantoise].
Nesse ano parou de gravar acidez mirando a mãe. Junto com
Bethânia, gravou “Minha mãe”, uma gravação linda, uma letra linda, sem ironias,
sem rancor, sem duplo sentido, um dueto tão lindo. A mãe nunca aceitou Gal,
tanto que Gal nunca se assumiu gay, talvez esse tenho sido o abismo que separou
mãe e filha por uma vida inteira. Talvez, “Minha mãe” foi uma redenção, uma
despedida com bandeira branca, à cavalo. Aqui se paga. Nós gays adotamos para
amar, para proteger, para deixar que não aconteça com aquela criança tudo de
amargo que tivemos de engolir a vida inteira, mas e quando a criança que você
adotou representa exatamente tudo o que há de amargo que há na vida?
***
Brevemente, ainda, sobre a paranoia
dos prêmios, não sei quem foram os jurados do Caio Fernando de Abreu, mas se
colocarem a Paula Fábrio para ser jurada de tudo quanto é prêmio, a coisa fica
BEM difícil pra mim.
No último outubro, inscrevi meu
"Poco" no prêmio Programa Nascente da USP (mesmo prêmio que ganhei
menção honrosa pelo "Igor na Chuva" em 2017) e um dos três jurados,
adivinha? Era a Paula Fábrio. Meu "Poco" é provavelmente a melhor
coisa que eu já escrevi (e foram pessoas do meio literário que dei pra ler que
disseram isso). Adivinha o que aconteceu? Sequer fui indicado. Com o zero à
esquerda que a Paula Fábrio deve ter me dado, ficou um pouquinho difícil ser
indicado, não? E eu não esperava apenas ser indicado, eu esperava ganhar o
prêmio, eu estava até um pouco tranquilo com o fato de ganhar o prêmio.
Nem conheço essa mulher, nem quero
conhecer, mas nem imagino por que ela me detesta. Em um belo dia, o Mike
Sullivan, publicou uma crítica sobre o meu "O Tiro de um milhão de
anos" com a nota "bom" e a senhora Paula Fábrio apareceu do nada
na publicação em que ela sequer foi citada, dizendo que os livros dela deveriam
apenas receber a nota "excelente". Wtf? Repito: Nem conheço essa
mulher, nem quero conhecer e não faço ideia por que ela me detesta. Meu, a
caminhoneira já ganhou Prêmio São Paulo e o caralho, pra quê vir querer empatar
minha carreira?
Se ela fosse macho o bastante pra vir
falar comigo, provavelmente diria "Talvez você não seja tão bom quanto
pensa", e eu responderia "Foi o que uma jurada disse á Tonya Harding
antes de ela se tornar a segunda mulher da história a fazer um salto triple
axel em 1991"
***
Quando for traduzir
atletismo de novo, não se incomode. Já sabe que vai além de falar inglês né?
Nos quatro saltos, durante
a performance, nobody “jump”
O saltador em altura no
seu esforço, “scales”
O saltador com vara no
seu esforço, “soars”
Os saltadores
horizontais nos seus esforços, “leaps”
Não foi nada, querido.
Volte sempre.
***
Eu
nasci em um deserto. Eu deitei minhas costas pela primeira vez em um lugar que
eu não queria. Eu pisei em uma faculdade que eu não queria chantageado pelos
outros. Eu fui condenado a trabalhar por quatorze anos infeliz. Essa semana,
fui aceito para voltar ao trabalho e a sede deles fica no mesmo deserto em que
nasci. Eu não devo pintar os cabelos. Eu não posso me vestir como quero. Minha
mãe ainda quer filtrar as roupas que eu uso, a forma que arrumo o cabelo nessa
altura da vida, se eu me oponho ela começa a gritar. Minha irmã conquistou o
respeito dos meus pais e está bem longe daqui. Meus pais não me respeitam nunca
me respeitaram, me dizem coisas horríveis e eu não posso responder, pois se eu
responder, nunca sei quando meu pai vai meter a mão na minha cara. Mesmo assim,
minha mãe não quer que eu suma daqui, porque foi quando saí de casa que comecei
a usar drogas. A pior droga é o respeito, e ela é cara, e eu gosto.
***
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