27 de jun. de 2011

OS CABELOS, O PAU E A VARA

os cabelos
não pára de crescer cabelos na sua cabeça
para esconder seu rosto
para esconder seu rosto redondo
eu ainda estou careca, e esses cabelos
me acompanham.

o pau
em uma ilha perdida
há no lugar de uma palmeira
um pau gigante com muita pele
e não é como um de sebo, que te derruba
mas um que te gruda para masturbá-lo
para sempre.

a vara
você tem um corpo perfeito
de um atleta. todos os dias você vem correndo
com sua vara que te joga para cima
mas chega uma hora em que a vara
vira giz e não enverga
e quebra polegada por polegada.

hugo guimarães.

25 de jun. de 2011

HARPA













“Harpa”

A religião que eu fundei
Diz que eu vou tocar harpa
Em uma nuvem fofinha,
E alguém pintou as paredes
Em um azul bem angelical
Para que os aviões deslizem,
Haverá um homem ou dois
Para tocar harpa
E foder.

Poderiam ser dezenas de virgens
A escolha é sua
Mas você não mata em massa
Como o tempo passará?
Se haverá homens
Haverá corpos
E meu corpo realmente
Será absolvido do cansaço?
Irão os órgãos sexuais
Facilmente subir e descer?
Irão os homens só sorrir?
Haverá tantos
Diferentes sons de harpa
Para que eu não fique entediado?
Deus diz não
E deus diz não
Eu não quero saber
Porque eu só tenho questões infantis
Que pais não conseguem explicar
Como deus não explica a morte
E eu acredito
Eu acredito na harpa
E você pode vir comigo
A escolha é sua
Tocar harpa em uma nuvem fofinha.

Mas os anjos
Não aparecem somente
Nas paradas gays da cidade
Eles só se transformam neles
Esporadicamente
Para mostrar o quanto são safados
Como é problemático
O reinado da pele
A arrogância
E o vazio
E isso não tem sido fácil
De engolir
E como soa.

Eu acreditava
Que eu precisava
Me preparar para morrer
Porque as pessoas continuam
Vivendo como morreram
No outro lado
Como um prêmio
A quem se prepara
Para morrer.

Então o garoto perfeito
Que me humilha
Perturbaria-me eternamente
Se ambos de nós
Morrermos agora?
Poderei existir na morte
Por tanto tempo
Com algoz?

Então a harpa finalmente
Calou-se
Porque minhas habilidades
Morreriam comigo
E seguiriam nas nuvens,
O quanto eu não sei tocar harpa
E a harpa se calou
Pois a arrogância
E a pele
Não morreriam.

Então eu percebi
Que é melhor fazer pó
Só o que me consola
É que o seu corpo perfeito
Desaparecerá em 100 anos
Como todas essas malditas
4 milhões de pessoas
Nessa parada vulgar.
Só sobreviverá a prova
Da sua escravidão da imagem.

Só suas roupas
E objetos sobreviverão
Aos 100 anos
Seus milhões de objetos
Pequenos sacos
De pós-exumação
A parada dos fantasmas,
Só sobreviverão
Os objetos
E as muitas
Harpas presas em lojas
Que você esqueceu
De comprar.

Hugo Guimarães.

19 de jun. de 2011

CADEIRAS

onde, quando e sobre; está escrito aí encima.

falta de mesas nas mesas;
indução da arte;
impossibilidade do personagem fora da primeira pessoa;
visão equivocada da igualdade;
o mau da técnica;

entre outros que só saberei no dia.

levem os amigos, pipocas com manteiga e tudo mais.

até lá.

PS: escrevi a palavra 'agradecemos' errado no post abaixo. todo mundo erra sempre, todo mundo vai errar.

17 de jun. de 2011

SONHOS

quando cheguei a sua casa, você estava com a cara esporrada, na semana passada. você chorava, disse que o cara que você acabou de trepar, tinha te batido e ido embora.

***

o mais importante não são as cordas verticais ou não do piano. nem o som. mas a parede pintada de vermelho atrás dele. e o silêncio. "sonhos"

***

gustavo camaroto finalmente me pegou. fiquei tão surpreso como ser pego por uma bola de voleibol, uma pedrada. as coxas logo acima do joelho, estão bem duras. os braços estão bem duros. os dele. fomos ao extremo da plataforma da estação de trem, lá poderia acontecer sexo oral. mas as cadeiras estavam todas molhadas pela chuva. e dez pessoas nos olhavam. o interior do trem também estava molhado. o deixei e disse 'te vejo em 10 minutos', fui ao shopping center. olhei mesas com pessoas desinteressantes. tirei o filé de peixe de dentro de um sanduíche e saí andando comendo ele com as mãos. nunca mais vi o gustavo camaroto.

***

pessoas me desconstróem na terra. pessoas me amaldiçoam e no final a minha casa cái como em 'a queda da casa de usher' do poe. não consigo esquecer. e não consigo perdoar. já comentei sobre minha rotisserie no inferno, não? ( no inferno, onde todas as pessoas que já me fizeram mau trabalhariam, me servindo carboidrato e massageando meus pés ). pois sim, meus funcionários estão crescendo, e a presença extrema de carboidrato está sendo até secundária. "sonhos"

***

agradeçemos muito a você, mas nós dois sabemos que você é um bosta. volte aqui em agosto.

***

não vou voltar nunca mais. "sonhos"

14 de jun. de 2011

SANYA RICHARDS REVISITADA



Parte reescrita do meu conto 'Sanya Richards nos Jardins' que revisei hoje. Ele é parte do livro 'O Estranho Mundo de Hugo Guimarães' ( título provisório ) ainda á ser lançado.

***

Quando eu era criança, minha mãe deveria ter me dito ‘Sorria, sorria como um psicopata’ e acrescido ‘Mas só sorria quando você for muito má’.

‘Quem essa bicha preta pensa que é?’ pensa a garota do cofee shop.
Ela acha que não posso ouvir seus pensamentos, mas eu posso. E eu também consigo pensar, miniatura negra... Eu sou a maior merda do mundo, uma negra alta mais do que uma negra anã. Bem mais. Agradeça-me por aceitar ser atendida por uma negra como você. Se eu fosse uma estudante ou uma advogada, traria uma empregada para lhe pedir esse café, pois você não teria nível para falar comigo; nem para tocar meu dinheiro, nem mesmo para reciclar meu copo vazio de papel. Agora tenho esse chantilly em minhas mãos para me livrar dele com meu mijo – e você não tem futuro. (Entro na pista em Lausanne, Suiça; sabia, sabia que eu poderia conceder outro grande show e foi o que eu fiz, pois não há vento que possa me parar, pois o mesmo vento que está contra mim em 200 metros, me empurra quando completo os 400, simples como o vento). O que uma negra tão pequena como você pode fazer a não ser anotar nomes sem ouvir ou entender muito bem? Todos devem ter nomes bem parecidos na sua vizinhança, não? X-ene? Y-ene? X-eide? Y-eide? X Burger-eide? Isso deve certamente descender de velhíssimas vilas aborígines, negras e mágicas, já leu? Não, claro. Agora minhas pernas são mágicas e as suas não cresceram... O que uma negrinha como você pode fazer pelo resto da vida além de limpar o chão? Perder até isso por não ser boa em fazer absolutamente nada. Nada mais do que uma negrinha inútil, mãe de negros inúteis de diferentes homens negros inúteis. Eu não sorri. Não por não ter conseguido ser bem má de novo, mas por você ser tão pequena, tão escura, tão insignificante, tão fora e abaixo do meu raio de visão.
Queima o estômago esse café...

***

espero poder te oferecer a sanya e muitos outros quando o livro sair. saudações.

5 de jun. de 2011

COMO FOTOGRAFAR UM RAIO

nessa manhã a gata comeu o frango. fígado, carne, dias antes. então o frango volta. a areia dela ainda é branca e ela nunca disse uma só palavra.

eu suprirei frango, fígado e carne dias depois. a areia dela é ainda suja e eu nunca disse uma só palavra relevante contudo.

então em um distinto dia, eu pego um raio com a minha câmera e até mesmo posso imprimi-lo, para guarda-lo para mim mesmo. então o raio nunca volta. a areia ainda é branca e ela ainda não disse uma só palavra.

a vida pergunta: quer mais? e eu posso ouvi-la.

essa tempestade de letras, as rodas de leitura do sesc campinas sobre literatura homossexual, acabou. obrigado á você, obrigado á você, você e você>

as cadeiras nunca faltam.

o cartaz escrito "poesia gay underground com hugo guimarães" estava exposto em apenas um dos quatro encontros. acho que alguém deve ter reclamado...

dennis cooper na projeção.

um pouquinho do material.

estarei em outro evento neste mês de junho. logo postarei a respeito.

24 de mai. de 2011

LOCS

...e nada na vitrine é tão interessante quanto o vendedor. ao procurar garotos para alugar, eu me lembrei que precisava de óculos novos - óculos novos custam os olhos da cara. lembra da gal costa cantando 'não lhe custa nada, só lhe custa vida... ouououoooo' ?

ao comprar óculos da locs, eles custam o mesmo que um garoto - mas você os leva para casa. dizem que é uma febre nos eua essas belezinhas, também pouco consegui enxergar com tais lentes, acho que fiquei com febre. proteção uva... produzido de acordo com normas européias... e produzidos na... china!

era o último que tinha na loja...

um homem tatuado da cebeça aos pés passa por mim e olha fixamente para a minha tatuagem no braço, o poster do 'freaks' do todd browning. ele assim mesmo, não me levou para casa.

chineses, judeus... por quê não posso simplesmente rejeitá-los de vez visto que AH! ainda não vivemos em um mundo ou uma cidade onde homossexuais são aceitos ou respeitados. hoje não. talvez quando todas as pessoas de hoje morrerem e novas nascerem. sabe as pessoas 'simpatizantes' que dizem aceitar a existência de homossexuais? pois é, elas simplesmente se acham muito especiais, modernas ou evoluídas apenas por não quererem espancar homossexuais - mas esses mesmos ainda tem uma relação de nojo conosco. sabe aquela frase que seu amigo diz? : 'tenho vários amigos gays. eles lá, e eu aqui!'

eu não aceito.

não posso ( ou posso ) mudar o mundo ao criar uma sociedade homossexual tola. mas estou pouco me fodendo para isso, contudo. foda-se a política ambiental, essa porra de mundo tem mais é que acabar mesmo. tick tick tick...

tick tick tick blink blink blink não tenho certeza o que dennis cooper quer dizer com coisas assim, mesmo traduzindo da melhor forma que posso. [ I T R Y ]... 'try', será a obra que vou levar para o último encontro das rodas de leitura do sesc campinas amanhã. vou tirar fotos.

é difícil.

ainda estou meio queimado por ter ido assistir o gp de atletismo ontem na novíssima pista do ibirapuera. sol, crianças ensandecidas berrando ao meu lado, berrando ao lado do warming up area, atrapalhando os atletas, tudo para pegar autógrafos de atletas que elas nem sabem o nome. odeio crianças.

o esforço foi compensado, maurren higa maggi fez uma grande prova, e ainda pude ficar babando nas equipes masculinas da argentina e do uruguai dos revezamentos. pois sim, existem homens perfeitos. e eu sou um cachorro olhando aqueles frangos rodando. passo tanta fome que YES! estou pesando 68 quilos.

emagreci um quilo na semana passada. perdi totalmente a noção de quanto durmo e de quanto fico acordado - estou acordando ás 04, 03 horas da manhã para escrever. vou dormir pelas seis da tarde, ás vezes esqueço de comer.

tick tick tick...

17 de mai. de 2011

MINHA VIDA COM EVAN DANDO POPSTAR



‘MY LIFE WITH EVAN DANDO POPSTAR’
by Kathleen Hanna
‘MINHA VIDA COM EVAN DANDO POPSTAR’
Kathleen Hanna

Tradução: Hugo Guimarães











Vou me tornar o assassino se há apenas duas escolhas. Estou assassinando uma massa de rockstar na minha cabeça. Eu gosto de matar garotos bonitos ao fodê-los, e depois ir embora como se nada tivesse acontecido. Eles querem me abraçar e fingir que estão apaixonados, e eu não vou me comprometer em qualquer comportamento mentiroso. “Você é só uma foda” eu digo. Meu pés descalços gostam da porta da cozinha, assim como o som do popstar achando seus sapatos. Adeus.


Eu preciso lembrar que O HOMEM ( que não deve me ocorrer o nome porque ELE não tem não importância mesmo, fodido ) NÃO as matou por QUALQUER COISA que elas tenham feito, mas porquê ELE perdeu o controle e precisava de alguma forma para se sentir SOB CONTROLE.


Eu odeio garotos bonitos, porquê eles possuem todo o lado bom de ser garota ( roupas, jóias, penteados de vagabunda ) EXCESSÃO aos maus ( estupro, assassinato, pobreza ). Eu odeio Evan Dando porque ele é muito mais bonito que eu. Porquê o odeio que minhas entranhas estão incontrolavelmente molhadas.


Marc Lipine, o homem que matou 14 mulheres em Montreal ( Sempre volto atrás no que falei ) está clonado. Ele é o “MANÍACO” genérico. Eu amo teorias de caras loucos e isolados porque faz tudo parecer tão simples. Ted Bundy está morto, e então, TODOS OS MEUS PROBLEMAS ACABARAM ha ha ha


Eu sou uma punk star que é uma vaca feminista, vagabunda, e o isolado maníaco Marc Lepine vai para o meu show. Ele tem amor/ódio por mim, e ele tem uma arma. Eu pareço ter bons músculos nas pernas. Evan Dando, que ainda não me conhece, está olhando para os músculos da minha perna.


Estou no palco com músicas sobre uma elusiva sociedade que esta me fodendo aqui encima com um microfone caro. Estou fazendo o que menos pode-se denominar de ‘comum’, porque estou cantando para um monte de gente rica que eu odeio.


Estou convencida que pessoas ricas irão vagarosamente me matar de fome se acharem que estou tentando colocar qualquer discurso sérios nela e/ ou me divertindo.


Marc Lepine é um retardado. ( Não que ser retardado é errado ou ruim... Eu tenho culpa... Eu tenho culpa ) Ele não tem amigos e ninguém gosta dele, ele não é cool. Ele está naquela coisa áspera do individualismo. Ele odeia mulheres OU permite que seu ódio se manifeste como aquela palavra, misantropia. Ele tem o dedo no gatilho de alguma arma.


Evan se parece com esse garoto que rasgou minhas tripas para fora e me abandonou á humilhação pública. Ele deveria estar feliz por eu o ter escolhido para se aproximar. Ele pede que eu me aproxime com o olhar que ele sabe que tem. Como uma bela vítima que faz fama com a morte ( isso mesmo ) Ele quer ser minha vítima


Evan tem cabelos compridos como uma garota. As sinapses em seu cérebro estão sujas de drogas. Ele vasculha uma mala que só tem uma camiseta procurando outras coisas ( cigarros) que estão bem perto dele se ele apenas olhar para o lado. Esse tipo de burrice é o que se parece tão belo. Eu quero bater no seu traseiro pequeno como punição apenas por usá-lo para se sentar. Belo belo belo.


Marc Lepine é tão sem graça que ele nem mesmo sabe o quão desinteressante eu sou. Você não pára uma revolução matando bancários, não é?


Então, Evan é homem quente. Eu admito. Quente como um virgem de 13 anos. Ele é tão burro. Estou vislumbrando o tamanho do pau dele. Eu amo garotos altos. Homens altos, o yeah. Evan tem olhos que envesgam com o sol quando ele fala sobre surf.


Sei porquê Valerie Solanis atirou em Andy Warhol e não no presidente – porquê todos sabem que políticos são corruptos MAS Warhol estava tentando agir como se estivesse questionando noções da fina arte ( transcendência, determinismo biológico ) através da imitação da reprodução humana. { A destruição do mega artista via tecnologia } Warhol estava APENAS explorando alguns trabalhadores na verdade, e certos conceitos revolucionários COM A INTENÇÃO de comprar para si mesmo bibelôs da Black Mammy de dois mil dólares.



Valeria Solanis atirou em Warhol para parar a cooptação e também para ser engraçada.


Na revista HE ( Evan Dando, quem mais? ) reclina-se. Na fotografia, ele parece que acabou de te foder e então está enrolando para te perguntar se voc~e quer fumar outro baseado com ele, “ou o quê”. Ele diz: “ou o quê”


Marc Lepine ergue a arma, bem do lado de sua cabeça. Ninguém ouve o movimento, exceto as pessoas que estão bem do lado dele, os que devem e os que não deve ter VISTO a arma. Evan está na primeira fila do palco me fitando quando a bala atravessa minha cabeça.


Marc Lepine está tentando escapar do prédio. Ele está tentando ser esperto e agir naturalmente. Todos estão correndo ou tentando fugir pelas portas.


Ninguém que viu a arma irá parar Marc Lepine com medo de ser baleado.


Evan está deitado encima de mim


“Eu nem mesmo conheço você”


“Eu te amo e não quero que você morra”

.

A versão dos jornais mostra o cabelo hippie do Evan todo bagunçado e ensangüentado enquanto ele adentra uma ambulância.
.......



Querido Evan Dando
Eu sou o que eu não deveria ser – uma mulher caçadora.



Amy + Nancy Wilson do “Heart” pegam 2 ou 3 caçadoras por ano… E Joan dos “Jetts” tem pessoas ensandecidas a seguindo também. EU NÃO QUERO QUE ISSO ACONTEÇA COMIGO ( alguma vez eu mencionei que sou uma punk star? ) Minha foto está na revista Newsweek, estou de bikini e meu NOME COMPLETO precede as palavras “feminista” “stripper” e “vítima de incesto”. Estou indo á uma loja comprar uma camiseta escrito ME MATE.


Ele disse que as 14 mulheres que foram mortas em Montreal, apenas foram punidas por serem feministas ( e por odiar homens ) TUDO O QUE EU SEI é que elas foram mortas apenas por respirar. Por existir. Por favor, lembrem-se disso. Por favor lembrem-se disso.

.........



Ele ganha dinheiro de uma forma “old fashioned”. Ele o tira de criançinhas reprimidas sexualmente.


Em troca de suas mesadas, ele enche a cabeça delas com significados – canções pop. Yeah


Eu ganha tanta merda por dançar nua… Eu sou uma pessoa muito má. Estou explorando homens.


Pois minha pele está úmida com o cheiro do assassino, só porque estou com medo da cadeia e não quero matar meus amigos de verdade. Decidi fazer sempre a coisa sana> Direcionar toda a minha energia negativa para você ( ódio telepático ) E começar a te assassinar com palavras.


EU ESCOLHI VOCÊ porquê você é um popstar sem graça, que meramente repete palavra na hora certa. Porquê você está alimentando a máquina ( não como Tanya Donelly que está, apesar de tudo, alimentando a árvore ) Porquê você não tem feito nada que não feito antes, ainda assim estou completamente apaixonada por você e/ou quero trepar com você.


Parte do planejamento estratégico do homem é que não vamos apenas DAR VALOR Á FALSOS ÍDOLOS mas também irás abrir pin ups de papel de carta em sua direção com a intenção de se distrair dos nossos verdadeiros inimigos. Depois os pin ups serão preenchidos com buracos de balas.

.........



Hierarquia é baseada na idéia de que algumas pessoas são naturalmente inclinadas para estarem no topo e outras no poço. Isso é um fato imutável da natureza humana ( sarcasmo )



Há estrelas em todos os tipos de vida. O garoto branco em um Porshe pensa que ele é mais uma estrela ( e ele tranca a porta do carro ) do que um homem de rua que o cruza.


Porquê estou mais perto da idéia magra, branca e enojada de que racistas publicitárias enfiam nas nossas gargantas que eu sou mais uma estrela do que a grande garota da festa.



Eu quero acreditar que eu mereço a atenção que eu tenho, mas eu sei que o que é considerado “belo” e qualquer tempo gasto têm tudo a ver com economia, e manter grupos de trabalhadores mal pagos.


Por manter certos grupos de pessoas que se sentem como merda e como elas não merecem boas casas e boa saúde ou respeito ou sensualidade, a máquina funciona á toda, beneficiando elites, e cortando os braços de qualquer um que não funcione junto.

........




Eu tenho uma banda ( um grupo musical expressivo ) onde somos três mulheres e um garoto. E nessa banda nós somos rotineiramente cuspidos e/ou agredidos.


Veja as perguntas do cara da entrevista:
1.“Por quê você odeia todos os homens?”
2.“Por quê você é uma stripper/puta profissional?”
3.“Que merda você pensa que é afinal?”
4.“Me conte o que o seu pai fazia em detalhes gráficos, agora!”
5.“Talvez eu te estupraria e te bateria se eu tivesse a chance, mas apenas estou me posicionando como um repórter neutro nesse exato momento”


A pergunta que nunca é feita ou talvez até mesmo tem a ver com o fato de que existem filmes sobre garotas sendo assassinadas, molestadas, tudo por minha culpa E AINDA dizem na minha cara que sou uma vagina humana sem valor que merece morrer e então por quê serei algo além de alguém completamente assustada???? Por quê eu iria querer sentar em uma sala com um jornalista homem???? E por quê eu estaria pensando em Evan Dando afinal????

........



Eu me apaixonei por Evan porque parece ser a pior coisa que eu poderia fazer no momento. Eu me apaixonei por Evan Dando porque isso é totalmente uncool e patético, e é como eu me sentia por dentro. Eu me apaixonei por Evan Dando porque a banda que estou, começou a chamar toda essa estranha atenção e eu senti que ele era o único que iria entender. Eu me apaixonei por Evan porque ás vezes eu queria ser um garoto e a pior coisa que já me aconteceu é a existência de tantas garotas como eu. Eu me apaixonei por Evan porque eu queria que ele morresse e pensei que eu podia fazer com que ele me amasse, e eu mostraria para ele como era um coração quebrado. Eu me apaixonei por Evan porque ele é um perfeito vadio e todos o acham muito gato, e ele não era quando eu estava no colegial e a palavra ‘vadia’ me seguia em qualquer lugar, ao alcance dos meus braços. Eu me apaixonei por Evan porque eu não uso drogas, então preciso de outros passatempos auto destrutivos. Eu me apaixonei por Evan porque eu não consigo lidar com garotos de verdade diretamente, e ainda, estou amplamente atraída por seus peitos planos e seus quadris retos ( ás vezes )


Eu me apaixonei por Evan porque isso mantinha minha mente fora das pessoas REAIS que me magoavam. Eu me apaixonei por Evan porque eu não quero tirar minha roupa por dinheiro nunca mais e eu estive pensando que talvez ele pudesse cuidar de mim financeiramente. Eu me apaixonei por Evan porque eu dei permissão a mim mesma para descobrir o que é esse cheiro nojento de queijo impregnado na minha mente. Eu me apaixonei por Evan porque é mais fácil projetar toda a minha empatia em algum garoto bunda mole do que ser chamada de egoísta ou vaga apenas por amar a mim mesma. Eu me apaixonei por Evan porque estou achando que ele tem um pau bem grande. Eu me apaixonei por Evan porque apenas aconteceu de ele existir no dia em que eu fiquei completamente insana
XOXOX


hoje, vou levar esse texto para discussão nas rodas de leitura do sesc campinas. vou levar outras coisas do riot girls, como vídeos e fotos. também discutiremos as versões de 'glória' de van morrison, passando pelas versões de jim morrison e patti smith, e como cada uma foi inovadora em seu tempo. esse clássico, a 'lolita' da música pop, é um elo muito interessante do ponto da discussão que é capaz de unir rimbaud á kathleen hanna.

até mais tarde.

9 de mai. de 2011

PRIMEIRA RODADA

'você transmite doenças?' 'olha lá... não vá me transmitir nenhuma doença!' eu costumava a dizer para esse doce animal acima. ao contrário do que pessoas velhas insinuaram, essa gatinha jamais me transmitiu doença alguma. quem tranmite doenças são as pessoas e os MOSQUITOS!

eu pretendia publicar antes essa postagem, mas acordei na última quarta feira com todos os sintomas da dengue, e permaneci bastante debilitado até sábado.

não, não é a rodada de doha. alías, por falar em doha, no último dia 6 tivemos a primeira etapa da samsung diamond league de atletismo, um grande evento. se você não prefere ver o retardado do neymar fazendo malabarismos com a bola, vale a pena conferir: http://www.iaaf.org/

nessa primeira rodada de leituras no sesc campinas,  o comparecimento ainda foi bem abaixo do que eu estava esperando. as pessoas não conheciam os tópicos que eu propûs, não acessaram a programação no site e também não trouxeram textos ou obras para discussão. isso fez com que o evento ficasse mais informal ainda ( o que gosto bastante ). falei sobre o 'balé ralé' do marcelino, sobre o catálogo da DIX, e até um pouco sobre o Riot ( que está previsto somente para os dois últimos encontros ).

as duas horas do evento também serviram para uma série de outros debates, sobre a indústria literária principalmente. havia um escritor, o hamilton, que dizia que essa indústria devia ser combatida por nós escritores que não somos 'produtos', nós que somos artistas. eu disse que a educação é a única forma de 'mudar' a indústria dos blockbusters, elevar o nível intelectual dela. para isso, acho que os professores devem adotar cada vez mais obras contemporâneas com crianças e adolescentes, para que eles possam enxergar o mundo que eles vivem nos livros que lêem, e não o rio de janeiro do século dezoito.

tivemos um professor na roda também. ele comentou sobre um experimento de criatividade que fez em sala de aula, baseado em uma passagem do livro da bruna surfistinha em que um cliente pede para ser fistado. esse experimento foi feito com crianças de quinze anos. acho fantástico.

também tivemos uma artista plástica fofíssima, que se mostrava extremamente interessada em todas as obras disponíveis, todos os assuntos levantados. ela ficou curiosíssima quando comentei sobre o jornal 'o lampião da esquina' amanhã vou levar algumas cópias digitalizadas para ela.

traiu ou não traiu? sim, até isso discutimos.
atá a próxima rodada. beijos.

2 de mai. de 2011

HOMOGENIA LETRADA

kathleen hanna escreve sobre homens 'como um homem'. kathleen hanna escreve 'debaixo do chão'. de lá.

cockring de letras. circlejerk com letrados. literatura homossexual; literatura homossexual underground.

não sei bem como chamar, entitular. mas é sobre letras, e sobre homogenia.

fui convidado para mediar as 'rodas de leitura' do sesc campinas. essas 'rodas' são círculos de leitura e discussão de obras ou textos trazidos tanto pelo mediador quanto pelo público. elas aconteciam com alguma frequencia tempos atrás, e que agora pretendem voltar a acontecer com mais regularidade. neste mês de maio o tema será literatura homossexual ( por isso fui convidado ).

participo de pouquíssimos eventos. não aceito todos os convites que me fazem, mesmo porque sou extremamente impopular e eventos não vão me fazer mais significativamente conhecido, nem vender meus livros. portanto, participo de eventos que eu realmente acho que são relevantes. esse é o caso.

primeiro, por eu não ser um 'produto' que o sesc está levando para oferecer para as pessoas em uma vitrine. segundo por não ser uma 'palestra' pois não sou palestrante. terceiro por não ser uma 'aula' pois também não sou professor, tampouco - é uma discussão. um debate aberto que, mesmo com os temas que propûs dividir com as pessoas, nem imagino o que as pessoas vão levar, o que as pessoas vão dizer.

também aceitei participar porque é raríssimo um evento que reúne essas duas palavrinhas: literatura e homossexualidade. acho uma catástrofe, um alienígena, um grupo de pessoas poder se reunir para falar sobre isso ao invés de estarem na academia, ou vendo a novela das sete. e eu estou no tsunami, e eu sou um ser verde e esquisito.

escolhi três temas para dividir com as pessoas ( que foram devidamente publicadas no site do sesc )

o livro 'balé ralé' de marcelino freire. ( este livro me levou a querer ser um contista )


o movimento riot girrrls. ( preferi priorizar kathleen hanna e donita sparks, além de algumas coisas do homo core. claro que rimbaud e miss patti smith serão devidamente citados como raízes disso tudo. )


e o catálogo da dix ( onde publiquei, e publicam glauco mattoso e o professor pietroforte )


começa daqui a dois dias. toda semana postarei sobre o evento. espero ter coisas boas para escrever.

programação:

dias 3, 10, 17 e 24 de maio de 2011
horário: das 19h30 ás 21h30
local: sesc campinas

para + :
http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/mostra_detalhe.cfm?programacao_id=193427

18 de abr. de 2011

JACK NÃO É SON DE NINGUÉM


acabo de apagar 4 parágrafos descrevendo o motivo pelo qual desisti de uma pessoa devido a diferenças irreconciliáveis. desistir de descrever, é ignorar, é o melhor a se fazer. apagar também o pensamento de tatuar uma casa e uma frase saindo da chaminé, dançando: 'você nunca mais vai me ver ( you´ll never see me again)'

é melhor comentar sobre a cópia da américa em que vivemos, onde pais se mudam para cidades imensas e nunca conseguem digerir esse churrasco grego, a forma com que as pessoas vivem aqui; e hoje estamos lamentando a incapacidade de abrir os braços para o mundo depois de passarmos uma infância de marcas, uma adolescência de tapas.

os pais ainda tentam insistentemente fingir a educação e a gentileza aos estranhos. a mesma que jamais tentaram fingir aos filhos. eles não aceitam que nós não consigamos fingir também.

fingir. ser o michael, a marilyn, a madonna, o chaplin, o papa, o chuck berry. armamos um palco só nosso na rua para fingirmos para sempre. pois só sendo outra pessoa é possível escapar das origens.

michael branco, mascarado, afeminado, desfigurado, customizado, jamais conseguiu ser tão monstruoso quanto seu pai foi.

domingo passado, vi 'mister lonely' de harmony korine.

13 de abr. de 2011

O ESTRANHO QUE NÓS MATAMOS

tantos dias de silêncio me remetem á uma das minhas últimas humilhações, no meu ofício comercial. a misantropia se manifestava, e eu odiava mais á mim mesmo do que o homem que eu deixava rico com meu trabalho. eu passava dias terríveis para deixar o felipe mais rico. hoje, não mais.

a minha rotisserie no inferno me seduzia. costumo dizer que quando eu morrer, haverá uma rotisserie no inferno para mim. lá poderei comer todo o carboidrato que estou deixando de comer para manter o peso. e lá, o felipe irá massagear os meus pés, ele irá trazer croissant na bandeja para mim.

santiago nazarian está cada vez mais crocante, mais leve. foi muito bom reencontrá-lo para falar sobre filmes de horror, literatura, répteis, homens e chocolate com canela. ele publicou em seu blog um comentário sobre o meu livro de contos á ser lançado esse ano http://www.santiagonazarian.blogspot.com/ honestamente não acreditava que ele fosse gostar, nem ele, nem ninguém. me odeio, me detesto, me acho um bosta e estou quase chegando na idade dos suicidas do rock'n roll ou na idade dos escritores jovens e suicidas do romantismo.



na nossa conversa ele disse que o 'beguiled' com o clint eastwood não o apetecia. beguiled é uma palavra que significa 'seduzido' que eu não conhecia desde então. acabaram de lançar em dvd com o título 'o estranho que nós amamos' pois é um conto gótico sobre mulheres que o seduzem, o degustam, cortam sua perna com um serrote e o envenenam com cogumelos. eu desejo isso para todos os homens heterossexuais.

completei 26 anos. meus amigos de infância vieram á minha casa para me dizer o quanto eu devo ser feliz. mas eles já foram embora.

já não estou tão radiante pelo elogio do santiago, estou radioativo.

nunca estive tão triste e tão pessimista em toda a minha vida, e tenho um sorriso no rosto. tenho o trabalho do nicolas para colaborar e em maio talvez, eu tenha novidades literárias.

a foto com a tesoura é de hoje. finalmente consegui terminar de cortar meu cabelo. tinha começado em 08 de abril.

19 de mar. de 2011

LÚCIFER, EU PRECISO TANTO DE VOCÊ

essa é a minha cara de anjinho. aqui na terra, saí de casa hoje, finalmente, para ver 'I spit in your grave', o tal remake de 'day of the woman' de 1977. cheguei ao espaço unibanco do shopping frei caneca ás 14h30 e descobri que a sessão começou ás 14h00. qual foi o cara de cavalo que pôs o horário errado no site?

fui para o shopping santa cruz, e passar 27 MINUTOS na fila da bilheteria doeu mais do que o estupro sofrido pela protagonista. quem estudou o número de funcionários por demanda daquele cinema?

pois aí está... vivemos para procurar responsáveis, e acredito friamente que esse é o motivo da criação das religiões; a busca por responsáveis. quem é responsável por esse estupro ? para quem agradecer o sucesso da dieta ? invetaram dois grandes responsáveis: deus e o diabo.

'day of the woman' é beeeem melhor. esse remake é apenas bastante violento, mas isso é tão fácil nesse século... senti falta do machado da jennifer, da roupa de luto após o estupro, pela cena onde ela vai á igreja pedir perdão antes de cometer quatro assassinatos. nesse filme novo, achei que pelo menos jennifer assassinaria uma criança, mas o cúmulo de envolver crianças não foi cometido. era a única oportunidade de transgressão para o filme, acho.

sinto saudades da minha adolescência quando comprei o vhs do 'day of the woman'. lembro que vendi o mesmo vhs pela internet, com bolor, á um colecionador do rio de janeiro. ele ficou brabo comigo.

de manhã, voltei a visitar meu tatuador douglas. o desenho de hoje foi pequeno, quando abri os olhos olhei para o rosto suado dele e disse 'hoje foi rápido...'. não posso dar qualquer conotação sexual á esse momento, pois o respeito muito. aproveitei para pegar de volta o dvd do 'cannibal holocaust' que emprestei para ele, e antes de a sessão começar, corriqueiramente falamos sobre filmes violentos, muito violentos, atrocidade geral na tela; porém, douglas fez amor e uma filha, e a atrocidade ficou só para mim.

lamento pela opção do meu amigo guilherme, que parece ter optado de vez pelo fanatismo religioso. ele publica salmos no facebook. não posso parecer injusto ao dizer a ele que posso indicar minha psiquiatra, ou que 'vai passar'. acho que ele também está procurando um responsável pela onda dele, ele não procura friamente combater o que está o deixando COMPLETAMENTE LOUCO.

ontem eu estava vendo o vídeo invertido da xuxa, o do cãozinho xuxo. só ao contrário é que a gravação diz coisas como 'lucifer, preciso de você', 'exu', 'queimar'... será que lúcifer pode me salvar? essa pergunta é respondida pelo rápido pensamento de que não ando para trás, o mundo não anda para trás como na gravação. eu ando para frente e o mundo anda pra frente, e então não há lúcifer, não há exu, não há fogo, só há um cãozinho bobo de pelúcia.

cães de pelúcia são o que existe. é o que temos.

7 de mar. de 2011

MAIS ESTRANHO QUE O PARAÍSO


vício de má tradução. é o que santiago nazarian disse sobre a palabra 'estúpido' que costumamos relacionar á tolice, e não á grosseria no nosso estimado país. acabo de assistir 'stranger than paradise' do jim jarmusch em dvd. traduziram o título como 'estranhos no paraíso', e não 'mais estranho que o paraíso' como deveria ser. sabe quem fez isso, santiago?

este dvd estava há algumas semanas encima do meu rack. ele não cabe entre os livros e não posso colocá-lo junto com a coleção de filmes de terror. não pude pensar em outro lugar para colocá-lo pois tive dias bastante cansativos. é como o chefe diz: 'gozar os dias de folga'. faz sentido usar essa palavra, pois nos dias de trabalho não se goza, só se trabalha.

carnaval. onde está a carne? pegue a carne, segure, agarre, mas pegue a carne, agora ! esse é meu 'dick vigarista' na internet, saca? mas detesto conhecer gente nova.
não sobrou mais nada para fazer depois que as filmagens do meu curta metragem 'amy' foram canceladas por tempo indeterminado. isso porque a ajuda alheia é algo que sempre não posso contar. decidi que vou filmá-lo sozinho no inverno. não posso segurar a câmera, mas algum objeto pode sustentá-la.

plano b: pegar, segurar, agarrar a carne. ou simplesmente passar o feriado inteirinho comendo pringles de creme de cebola e bebendo coca cola, o que parece um paraíso. mais ainda com a ausência dos meus pais que tomaram um vôo para o 'paraíso' do carnaval paraibano. ontem mamãe me ligou para saber como eu fiquei. ela disse que está fazendo 35 graus. aqui em são paulo está frio, e o chuveiro não está esquentando.

lá estão os húngaros bela e eva atravessando os estados unidos tentando viver o 'sonho americano', mas as paisagens são decadentes e tudo dá errado. aqui também, fellas: sujei a casa toda e minha gata siamesa ainda tenta capturar o logo da samsung que fica flutuando na tela na tv quando o filme acaba. ela ainda tenta pular sobre o teclado do computador para apagar o que eu estou escrevendo. eu disse 'vá dormir, lebedeva. você já apagou um texto meu antes, e não vou tolerar que faça isso de novo'.
talvez ela esteja certa, escrever não é bom.

mas... eu ainda posso escrever. ela não.

19 de fev. de 2011

TIGERLILY

eu disse 'não o pegue pelo nariz assim' quando a caixa do super mercado tentava encontrar o código de barras do meu tigre de pelúcia de 1 metro que comprei ontem. 'vai machucá-lo assim' e segui por todo o caminho levando-o nas costas com os munícipes me observando. tempos atrás, eu levava um cachorro morto nas costas para passear, o que gerou meu poema "o sono".

em casa, na cama, não é possível abraçá-lo de uma forma que não pareça estar sufocando-o. a cabeça aumenta quando aperta a barriga, e as pernas somem quando você as coloca entre as suas. é inconfortável. pareço estar matando meu novo amiguinho o tempo inteiro.

essa manhã, os homens de fato diminuíram. visto que, o homem que tens nos braços ao momento, sintetiza todos os homens do mundo. voltei para casa ontem recusando rotineiros convites para sexo. hoje de manhã então, meu homem diminuiu de tamanho para 1 metro, e mudou de carne e pele para pelúcia. o rabo dele mede 20 centímetros, mas também é de pelúcia.

mas,
o tigre de pelúcia não pula a janela, não vai embora. fica deitado na minha cama, imenso, e quando minha mãe o vê, ela tem mais um motivo para me achar estúpido, ridículo, irresponsável e feio. eu conheço a única mãe do mundo que acha o filho feio e não tem a menor intenção em poupar o filho dessa informação : a minha.

toda a vez que corto os cabelos, minha mãe me chama de ridículo. quase toda a vez que me visto, minha mãe me chama de ridículo. fiquei internado quatro dias pouco antes do natal passado, e ela não foi me visitar, provavelmente por achar que eu estava com AIDS. aliás, minha mãe acha que TODOS os homossexuais do mundo tem AIDS, ela é esse tipo de gente...

tentei possuir o corpo, a mente dela ontem. lá dentro dela, existe uma mulher que não pode tolerar a fraqueza, a quase inexistência da própria feminilidade. há uma mulher áspera do interior, que não pode tolerar o fato de o filho ser mais feminino do que ela mesma. não sou feminino, tampouco afeminado, mesmo assim ela enxerga uma aura cor de rosa sobre a minha cabeça, ela pensa que a qualquer instante posso me tornar uma mulher melhor do que ela é, sempre foi, e que jamais conseguirá ser. ela enxerga isso tudo escorrendo pela minha pele, por isso ela nunca me dá um abraço.

hoje de manhã, com meu tigre, fiquei mais uma vez experimentando a minha relação tensa com a música. fiquei me dividindo entre o quanto poderia ser van morrison e o quanto não sou van morrison. bob dylan, menos ainda. natalie merchant, tampouco.

agora estou sentado. uma frase dita ontem pela minha colega de trabalho rafaela martins, traduz esse exato momento 'estou com sono. quero beber café, mas estou morta de preguiça de levantar da cadeira para ir pegar'.



3 de fev. de 2011

A ÚLTIMA VIOLÊNCIA

imagine nunca poder tocar um garoto incrível, ímpar, que acabas de conhecer. imagine não tocá-lo uma duas três vezes. certa noite você decide seguí-lo, ele então caminha em direção ao cemitério e desaparece exatamente nos portões.
era alguém que não acreditava em nada além da vida, ainda preso nela.

deus não existe. estou cada vez mais certo e mais seguro disso. já posso cometer assassinatos e estupros. roubos.
finalmente, após tantas marcas pretas e roxas de cintos; tantas marcas que criaram feridas com casca de fivelas; tanta espanação, esfoliação facial depois, lá estarei eu no meu velório.

não haverá concessão.
a cerimônia será feita exatamente, violentamente como meus pais quiserem, o contrário do que eu desejo para ela.
as tatuagens estúpidas, não serão removidas para servirem de porta - pires. os legistas vão rir, e meus pais: consentir.
depois de vestir roupas de defunto por tantos dias durante minha longa e amarga vida, não terei uma trégua no dia do meu ingresso á morte: serei velado e enterrado de terno.

na frança, no norte da frança exatamente, cheguei a pesquisar e ver alguns velórios no qual colocam o morto sentado ao invés de deitado, abrem lhe os olhos e dão um jeito para parecer que estão olhando para o céu.
mas o que minhas tias iriam pensar?
o que a comunidade budista local iria pensar?

mortos não comem. haveria muita comida. o contrário do que acho justo e respeitoso para a ocasião.
eu jamais comeria em um velório.

um homem branco com pêlos castanhos claros dentro de um terno preto, uma camisa branca: parece um bolo decorado do pentágono.
será que vão demorar muito para cortar o primeiro pedaço?

deus não existe mesmo.

25 de jan. de 2011

EU NÃO ME LEMBRO DO HOLOCAUSTO




"Eu Não me Lembro do Holocausto"
Um conto de Hugo Guimarães

Na minha tenra idade eu queria ser um arremessador de martelo no meu quintal. Eu girava gatos fugitivos pelo rabo. Girava e girava esperando lançá-los o mais longe possível. Ás vezes eu errava o arremesso e o gato se fodia na parede ou se fodia na grade de ferro ou apenas voava por cima de ambos, caía no chão do vizinho e saía andando. É uma questão de ver as coisas. Mas uma questão de vítima. Eu sou uma vítima. E eu não era forte o bastante para arremessar um martelo e nem vim a ser. Por isso eu arremessava gatos.

Acordei essa manhã rejeitando tudo. Dos meus remédios, eu sei, até minha gata que desejo ás vezes arremessar da janela do meu apartamento, ás vezes quando faltam meus remédios. Eu me pergunto se criar uma gata é redenção ou perseguição, comigo culminando em realmente arremessá-la da janela. Minha médica disse que isso é transtorno bipolar. Eu pensava que bipolares eram os ursos bissexuais até aquele dia. Eu não me importo. E eu não vou á análise. Eu só tomo remédios por pura e barata diversão sem graça, e meu médico é uma mulher. Que crédito eu posso dar á uma mulher?

Eu odeio todos os americanos de todas as Américas nessa manhã. Estou sujo como um europeu velho. Eu desisti da minha mãe, eu desisti do meu desejo e me escondi dos amigos engraçados. Desisti de tudo. Mas é engraçado, muito engraçado que eu acordei e meu pau estava duro quando eu fui mijar, e foi difícil, é difícil quando você tem um pau doce e pequeno enchendo a sua boca; a vida comendo seu cu de pau mole e você goza, você goza, entende? Eu faço muito isso e preciso parar. Gozar é algo que entra na minha cabeça, vindo do lado de fora da porta. Esse “algo” são os garotos, e eles são garotos heterossexuais, e isso precisa parar. Eu poderia ser densamente introspectivo observando freiras da minha janela, mas eu observo garotos, só garotos.

Na verdade, é da janela do meu amigo Ivan que eu observo esses garotos. Da minha janela eu só consigo ver os garotos no parque que construíram do lado da favela. Garotos negros e sujos circulando e ninguém deste prédio vai até lá por medo, por nojo, pela superioridade interna que é clara, por manter a cadeia social como ela é. ‘Nós perdemos o parque, os favelados perdem tudo’ esse é o espírito. Eu estava feliz por estar lá encima do prédio desejando um grande incêndio para queimar a favela, desejando alguma atitude do governo para simplesmente sumirem com ela daqui.

Se eu fosse surdo, podia ser o silêncio. Se eu tivesse uma abelha presa dentro do meu ouvido, poderia ser o grito; mas são as rodas de skate. Rodas de skate no asfalto que infernizam minha cabeça até o pau que eu tenho aqui na mão não parar de pulsar e isso tudo é um lindo, lindo garoto. Algo está errado. Como vou dividir minha casa com espíritos, silêncio, feiúra, sujeira, puro ódio se aqueles garotos ensolarados estão lá no asfalto? Todos eles dissolvidos em sangue dentro do meu pau que pulsa e pulsa. Eu sinto a morte encapuzada com um pau enorme, como uma picareta. Eu sinto uma estátua de cemitério com um pau de pedra. Tudo por causa dos lindos garotos que saem da minha cabeça e assustam a minha casa. Eles se transformam nos espelhos e dizem “Você é feio, garoto”. Eu sei disso e eu não posso apenas desistir. Meu desejo anda com rodas de skate pelo centro da cidade, e eu preciso continuar acreditando que uma foda de verdade vai acontecer e essa manhã eu comecei a fazer algo, de verdade. Eu realmente comecei um dia na vida fazendo algo. Eu pensei que teria o meu Sk8er perfeito.

Bom, tudo isso eu pensei na manhã de ontem, na verdade. Ontem á noite eu fui á casa dos meus amigos. Eu queria não ter amigos. Eu queria encontrar a casa deles vazia ou que eles pudessem ser só vazios, que não pudessem me ver. Eu queria entrar lá como um fantasma curioso. Eu queria ouvir o que eles dizem, queria ver o que eles fazem, mas eu não queria ter que concordar com tudo, não ter que dividir garrafas que não tem o gosto que eu quero. Eu sempre me sentia assim, mas ontem eu podia sentir meu corpo mais vivo, meu copo mais vivo, ironicamente. Eu queria existir. Eu queria fazer algo.

Eu e mais três veados, nós somos a banda “The Five AIDS” ou “Os Cinco AIDS”. Mentira, esse era o nome que eu queria para ela, mas ninguém quis porque ninguém mais pega AIDS. Ou então essa doença jamais existiu, como falam do holocausto. A verdade é que essa doença não assusta mais ninguém. Ela é velha e nós somos jovens. Ela é fraca e nós somos fortes. Então decidimos pelo nome “Travis Bates Band”. O nome significa o filhinho de dois grandes homens maníacos: Travis Bickle, o maníaco socialpata do filme “Taxi Driver” e o matricida Norman Bates de “Psicose”. Parece perfeito. Temos famílias desastrosas dentro de um caos urbano. Anthony Perkins, um veado de beleza frágil, combinando, claro, com a beleza cachorra e violenta do Robert de Niro. Imaginá-los trepando é uma cena perfeita para uma banda de rock de veados musicar, e principalmente por não sermos cinco e sim quatro. Na verdade, não temos nome nenhum. Colocar nomes em grupos de amigos é norte americano, é pretensioso, é egocêntrico, é inútil. Assim como o autor da idéia: eu. É tão engraçado não termos nomes... Então decidimos nos chamar uns aos outros apenas com as primeiras letras dos respectivos nomes: Eu sou Hugo, e tem o Ivan, o Van e o Summer. O que nos faz os HIVS! Poderia ser engraçado, mas não é. Ninguém fala nome nenhum.

Lá eu estava com meus amigos. Até a noite de ontem não éramos nada além de eu, escritor. Ivan, um amante de mijo. Van, um fanático por câmeras e Summer, o garoto Baseball. Ivan é o dono da casa, o típico migrante do interior do estado que vive em um velho apartamento da família. Ele mija porque o mijo dele é claro o bastante. Eu acho que ele mija porque está na moda. Eu não creio que ninguém mijou nele na infância, porque acho que as pessoas não colocam traumas em fodas. Eu imagino isso porque meu pai espanou minha cara muitas vezes e um dia, quando eu achei que seria legal apanhar de um garoto na cama eu lembrei o quanto odiava meu pai. E meu coração disparou. E meu ar sumiu. Acho que o Ivan mija como um cachorro mija um poste, eu acho. O faz por uma questão de fluência, eu penso. Mesmo porque quando ele goza, ele não consegue lambuzar os meninos como ele gostaria, ele não consegue gozar como eu faço.

“Van the cam” ou “Van the man...” Nenhum de nós seria imortal se não fosse pelas câmeras dele. Nós somos imortais porque ele não gosta de fotografias. Ele não gosta de filmar o céu e as estrelas e como elas se movem. Ele gosta de filmar paus, ele gosta de filmar fodas, ele gosta de filmar qualquer coisa que não seja só obviamente quente. Ele não filma somente ejaculações em super closes, mas ele filma sk8ers nas ruas e sua câmera foca só o cu deles. O cu deles em movimento... Passeando... Entende? Em outros de seus filmes curtos de ruas, ele filmava os mais belos garotinhos de 10 anos de idade do bairro de Pinheiros chupando melancias. Sabe o que eles ganhavam por participarem dos filmes? Melancias. Depois ele editava os filmes colocando sua narração dizendo que ele estava se masturbando enquanto filmava os garotos com as bocas, pescoços e mãos encharcadas de melancia. Em outro dos filmes, não se via skate nenhum, nem boné e nem cu dentro de jeans grande. Mas se via um garoto ruivo de 14 anos que ele conseguiu prender com a ajuda de dois amigos, levando um banho de refrigerante em um parque. Todos esses filmes eram coisas melhores para fazer do que beber em frente á uma TV como estávamos fazendo ontem.

A mãe do Van não está nessa cidade. Ele veio para estudar cinema e foi o que ele fez. Eu tenho inveja porque ele é mais bonito do que eu, mas eu o perdôo, posso viver com isso. Porém eu o golpearia na cabeça. Eu tenho que dizer que eu estouraria a cabeça dele se eu tivesse oportunidade. Só porque ele tem mais dinheiro. Eu o acho saudável demais, como se fosse uma vaca que comeu mais grama do que eu, grama melhor. Como o Ivan, ele também veio do interior do estado e eu poderia morar em um bairro mais alto se não fossem os migrantes. Claro que a presença deles não é grave como a dos nordestinos, mas é um mini caos. Se eu estivesse perto de não ter escolha, eu o acertaria na cabeça, sem dúvida.

Summer é uma cadela. Se eu tivesse uma cadela, esse seria o nome dela: Summer. E esse é também o nome do nosso último amigo. Feio. Nós outros parecemos três garotas perto dele. Ele é norte americano (...). Quem se importa? Foda-se, contudo... Ele é o maior e mais forte e tem um pau gigante. Aquele pau imenso foi o protagonista do final de muitos dos nossos porres... A última estrela da noite... A última gota de sangue para os bêbados... O último gosto da noite, a ambulância. Tudo isso é tão trágico como o pau do Summer. Ele tem dois paus. O outro é um taco de Baseball. Um brinquedo para jogos risíveis e um taco de violência, claro. Todos os garotos feios desejam destruir algo, eu acho. Eles querem enfear o mundo também. Eu e os garotos só queremos uma parte da raiva dele além dos paus, naturalmente. Por isso, Summer não nos destruiu literalmente e esteve na noite passada conosco.

“Eu não quero estar aqui agora” Eu disse á minha cerveja preta. “Esses moleques não são a companhia que eu deveria ter” eu disse ás teias. “Eu simplesmente não consigo ser feliz como esse lindo momento sugere... Drinks... Risadas... A mesma depravação... E nada eu espero a mais e eu não tenho esperança” Eu pensei e pensei e logo conclui que eu não deveria fazer do mesmo jeito, devia dar um passo adiante. Muito rápido, subi dos porões da escuridão do isolamento e da morte para a excitação e o desejo, e foi com eles que eu fiquei.

Eu entrei na casa do Ivan ontem com a minha gata e começamos a filmá-la tentando sair de dentro de uma sacola plástica amarrada. Isso não é sofrimento. Eu comecei a pensar em sofrimento quando os olhos azuis da minha gata lembraram os olhos azuis do Lucas, um sk8er que mora na rua vizinha. Nós quatro o foderíamos facilmente, e quatro continentes inteiros, também. Nenhum de nós tinha levado estupro á sério até a noite passada, e ele era apenas um garoto belo andando por aí e... Nós não tínhamos nada como o sofrimento dele em nenhuma droga de filme. Eu disse ao Van que isso era uma vergonha e ele disse que não estava bêbado, que ninguém estava e que não estávamos brincando.

Podíamos ainda ouvir algumas rodas de skate lá embaixo. Só o que ouvíamos. Pois felizmente, já tinha acabado o maldito culto dos evangélicos malditos. Então eu comecei mais uma vez á discursar sobre meus ideais homo terroristas; havia o primeiro deles que não era homo, era sobre nordestinos. Um projeto de lei que limitaria empresas nas contratações de pessoas de fora do estado. Algo como cinco por cento do quadro ou algo assim. Isso inibiria a migração para a nossa cidade e impediria que ela continuasse transbordando. Os fodidos dos nordestinos são os que mais transbordam a cidade e todos os cidadãos e universitários daqui que conheço, gostam da idéia. Todos racistas, essa é a verdade.

Outra brilhante idéia era juntar os garotos para criar o movimento “Quebre um skate”. A idéia simplesmente consiste em quebrar um skate para cada caso de violência homofóbica já praticado em nossa cidade. A abordagem seria feita em bando contra sk8ers desacompanhados que ouviriam “Um skate por um veado espancado”. A idéia original mesmo era quebrar o skate na cabeça do garoto, mas isso não seria viável... Mas só quebrar o skate na frente dele já seria prazeroso. Meus amigos amam a idéia, amam.

“Play”. Começamos a filmar a noite com o infame banho da minha gata. Ela já estava presa no banheiro quando começamos a mostrar o quando estávamos sincronizados para o Lucas... Nossos três paus duros dentro das calças apontavam para a mesma direção. Nada muito relevante, que culminaria em um estupro de um boneco inflável que atuaria como Lucas. Várias tomadas depois de apertões de paus duros dentro de calças e eles queriam já pular para fora. Só que não de uma forma usual. Não era o que a noite propunha. Já era madrugada e essa, uma cheia de ódio. Então descemos as escadas filmando e alguém deveria cair no final do filme e não seria nenhum de nós... Ao menos era essa a narração, essa a idéia.

Lá nós estávamos na rua. Eu tinha uma faca. Eu não sei se é porque meu pai matava animais – matava gatos que entravam no nosso quintal e as paredes amanheciam com pegadas de sangue – destroçava bois mortos para vender anos depois, mas a única arma que eu podia manusear bem era uma faca. Eu podia mostrar e podia usá-la, facilmente. Summer tinha o seu taco de baseball e ninguém joga baseball nesse país, especialmente na rua de madrugada. Isso significava que alguém cairia. Ivan, bem... Nós estávamos na casa dele e toda casa precisa de uma arma de fogo e lá estava ele mostrando ela dentro de suas calças e aquilo significava que alguém se furaria e não poderia vender a pele morta tatuada.

Lucas, o garoto que íamos estuprar era colega de colégio do Ivan. Eles não conversavam. Era belo quando ele sentia frio e vestia uma blusa, cada um dos pêlos de algodão que tocavam sua pele naquele gesto, comoviam e retardavam o pensamento do Ivan. Belo quando ele comia um sanduíche, a forma tão rápida que podia mastigar – os fluídos cerebrais do Ivan tornava saliva, ketchup, cebola, mostarda, seu corpo morria enquanto ele estava dentro da mastigação do Lucas - O quanto sua boca era grande. Ele não conseguia fazer nada além de andar em um skate e ele continuava belo com o passar dos anos, e as garotas feias podiam capturá-lo e derrubá-lo em uma cama ou em alguma arquibancada porque a vagina era a razão da existência do mundo. Qualquer vagina. Talvez menos as vaginas negras, mas grande parte das vaginas. Os garotos da área sempre foram regulamentados pela vagina e lá estávamos naquela noite, famintos pelo cu virgem do Lucas. Famintos por sua pele virgem. Famintos por sua boca. Famintos por sua pele seca.

Dois ou três garotos como Lucas andavam de skate com ele. Mas eles não tinham sincronia e mantinham distâncias que não eram uniformes. Estava muito escuro. Estávamos na rua de trás do museu e éramos quatro. Ficamos lá parados como fantasmas. Estávamos lá por algo e Lucas pensou o mesmo. Então ele veio até nós e dirigiu as primeiras palavras ao Ivan depois de todos esses anos.
– Blz, mlk? e Ivan disse: “Blz...”
– O que você tem? Então Ivan mostrou o que carregava no bolso e não era pastoso, não era em pó, era metal.
– Ta loko mlk?
– Cale a boca. Eu disse. Eu que nem mesmo o conhecia. E essa não é uma forma educada de se apresentar. Foi aí que Lucas percebeu que algo não ia bem.
O Summer pediu a porra, apontando para o skate, então Lucas não era mais um sk8er. Era um frango, alguém vestido de frango. E não tinha mais skate. Summer é que tinha, além de um taco de baseball. E era feio e assustador.
– Vamos passear, tente relaxar. Eu disse. Eu poderia ter usado a palavra ‘rolê’ mas essa não era a minha língua. Ele é que deveria falar a minha língua, e eu pisaria no peito do pé dele em toda falha de pronúncia da língua portuguesa que ele cometesse desde então. Mas ele não disse nada.
Nós subimos pelo elevador e o zelador estava dormindo como sempre. O elevador era pequeno para cinco garotos e eu comecei a acariciar a pele do braço dele com a ponta da minha faca.
O garoto disse que não tinha nada, estupidamente e ingenuamente.
– Eu também não. Eu disse
Dentro do apartamento do Ivan, Lucas já estava desesperado. Ele dizia que podia conseguir qualquer coisa, legal ou ilegal.
– Repita para a câmera. Eu disse. Então Van tinha finalmente algo real e fascinante em película, jamais registrado. O garoto repetia roboticamente.
Van me devia.
Summer entrou em cena empurrando o garoto no chão e então nós começamos nossas intimações poéticas ao garoto no chão.
– Palavras
– Com
– Asteriscos
– E
– Caveiras
Ele revidou:
– Pegue o que quer, me deixe ir embora.
Eu juro que tentei entender dessa forma. A frase não foi corretamente pronunciada, claro. Era outra língua que o garoto falava. Mas o mais inaceitável é que um Sk8er não pode oferecer nada material, simplesmente não pode fazer isso para se safar de coisa alguma, esse é o espírito, por isso ele merecia apanhar bastante.
Summer usou seu primeiro golpe norte americano cutucando a bochecha do garoto com a ponta do taco de baseball, sentindo o que tinha entre a maçã do rosto e a mandíbula direita do garoto: pele e dentes. Os poucos golpes o deitaram assim como o extremo bom humor de todos nós. Mas Lucas reagiu como um animal de rua.
“Para com essa porra, filho de uma p***!” Foram suas últimas palavras, a última, interrompida. Eu disse “Não vá perder nada com essa p*** de câmera!”. Ivan sentou no colo do garoto e segurou um dos braços dele contra a parede. Summer prendeu seu outro braço e segurando pela sua mandíbula, onde tinha quatro dedos na língua da vítima e o polegar pouco acima da garganta, chocou a cabeça do Lucas contra a parede de uma forma tão viril e tão animal que ele nem correu o risco de ter a mão mordida. Eu voltei da cozinha com uma garrafa de vinho barato. Summer substituiu sua mão de açougueiro e enfiou na boca do garoto tudo o que pôde da garrafa. Summer passou a cuidar só do outro braço da nossa presa e eu tomei-lhe a garrafa para pressioná-la na garganta dele o mais forte e ritmado que eu pude. Fiz isso até ele se debater tanto a ponto de expressar que estava sufocado, mesmo por que a garrafa estava aberta. Risos. Eu disse “Olha Van, como ele está lindo... E nem está sangrando...”. O vinho ainda escorria pelo pescoço dele assim como seu estado ofegante, então Summer começou a usar o taco de baseball como deveria. A regra era simples, se Lucas não abrisse bem a boca por vontade própria ele levaria um golpe na cabeça até que o fizesse. Logo ele sangraria muito. Ivan dizia “Abra a boca, putinha... Abra a boca”, então o garoto tentava abrir a boca o quando podia depois de dois bons golpes. Tentava abocanhar o taco, mas era inútil... Aquele taco não cabe na boca de ninguém. Mais risos. Summer acertou-lhe o olho mais três vezes. Ainda estava só roxo. Então, antes que começasse de fato a sangrar começamos a fazer o ritual clássico dos sk8ers, começamos a chutá-lo todos juntos. Eu preferi chutar o rim, Summer chutou na face mesmo, Ivan preferiu usar a sola do tênis no peito. Repetimos os golpes várias vezes. Só eu, acho que acertei uns oito chutes. Lucas já estava fraco. Fraco como um passivo.

Então começamos outra parte do ritual. Prendemos suas pernas para termos mais conforto. Ele gemia. Então finalmente demos o golpe no supercílio para que ele sangrasse, era o que queríamos. Então abaixamos as calças, todos, e começamos a nos masturbar olhando aquele garoto maravilhoso, sangrando, machucado, indefeso... Em nossas mãos. Era hora de a minha faca entrar em ação. “Fecha a boca dele, Summer” e eu fiz um pequeno corte em seu braço. Ele gritava pelo nariz. Tive que fazer mais dois cortes para desenhar a minha letra inicial, H. Então, com a minha boca no ouvido dele, disse didaticamente. “Agora você vai chupar, cada vez que não fizer direito, eu vou cortar mais o seu braço. Se você morder, eu vou cortar o seu pau e enfiar na sua boca, entendeu?”.

Porn stars. É o que queríamos ser. Mas a estrela era o Lucas quando ele começou a chupar cada pau, por ordem de tamanho. Ele não decepcionou nenhum e não mordeu. Então a paz tomou aquele apartamento. Beethoven, Bach, todos foram cogitados para musicar aquele deleite, mas o autoreverse de “Touch Me With Your Love” da Beth Orton, venceu. O banhamos com vinho tinto. Ele ainda chupou os paus molhados de vinho. Banhado de vinho ele parecia mais ensangüentado. Isso é cinema. Seu corte não sangrava tanto. Então o deixamos mais sexy ainda. Misturamos cores. Nós três gozamos na cara dele. Muita porra. Van usava os closes nas partes certas. Focava o garoto banhado de porra, vinho e sangue do jeito certo. Muito empenho do Van. Mesmo porque ele não quis tocar o garoto. Ia se masturbar vendo o filme depois. No final, há a limpeza. No final, há a ordem. Ivan é que protagonizou o final do filme, o esperado final: o mijo. Ivan tinha todas as vaginas da escola em sua urina naquele momento, eu sei. Todos os sons de rodas de skates viraram urina na bexiga do nosso querido amigo. E lá estava a redenção. Ivan lavou todo o vinho, o sangue e a porra da cara do Lucas, com jatos bem fortes... Dos que apertamos o pau e depois soltamos para ficarem fortes. Uma redenção.

Estávamos todos satisfeitos, mas faltava algo. Algo que podíamos começar aquela noite. E tínhamos que fazer intensamente como tudo o que tinha sido feito até então. Juntamos nossos três underwears, amassamos e enfiamos na boca do Lucas um por um. Fechamos com silvertape. Lá estava ele de novo, focado na câmera e Summer logo ao lado com seu skate na mão. Era o meu presente, então todos começaram uma vencedora contagem regressiva. Quando o número um chegou, Lucas recebeu a primeiro golpe do seu próprio skate na cabeça. No terceiro ele já não tinha mais os olhos abertos, aqueles lindos olhos azuis. Como era menos belo com a ausência dos olhos, merecia se foder mesmo. Foi preciso mais três golpes para finalmente quebrar o skate. O filme terminou com palmas, nossas palmas. Eu pensei que podia morrer aquela noite. Eu já me sentia realizado na vida. Eu sabia que eu poderia me considerar já uma pessoa boa e justa e que vingara muita violência homofóbica e muita covardia. Lá estávamos nós com aquele garoto fodido, finalmente. Não sabíamos o que fazer com o corpo. Sequer sabíamos se estava morto. Então decidimos guardá-lo. O colocamos no banheiro junto com a minha gata carnívora para que ela fizesse mais algum estrago e a gatinha teria alguma diversão na noite também. E lá os trancamos.

Nós queríamos mais.
Lucas não poderia nos dar mais nada.
A mesma angulação de câmera, aquelas mesmas escadas nos levaram para a rua de novo. Levaram-nos para a mesma rua escura atrás do museu e bebemos mais. O ar frio da densa noite era o fumo depois da foda, era como a liberdade do assassino, do apartamento á rua. Nós estávamos esperando outro sk8er. Talvez não encontrasse nenhum porque era muito tarde, mas ficamos lá, na noite do foda-se, que a esquadrilha da fumaça das nossas bocas desenhava lentamente no baixo céu: f o d a – s e. Era uma noite mais enfumaçada do que as outras e foi por isso que não podíamos ver que estávamos em perigo.

Tínhamos telefones. Sim. Decidimos depois de algumas dezenas de minutos, nos separar e nos comunicar caso algum daqueles bostinhas aparecessem por perto. Eu pensava em um cu. Eu me perguntava algumas vezes porque não fizemos nada com o cu do Lucas e eu queria ter fodido. Devia estar o máximo aquele cu... Devia estar sujo, devia ser bem peludo e ele ficaria constrangido demais. “Seu veado de cu sujo” ia meter naquele cu dizendo isso e ele ia gemer. E se meu pau saísse do cu dele limpíssimo? Meu Deus... Isso provaria que ele é uma puta, uma putinha bem safada, bem cuidadosa... Mas teremos outra chance com outro daqueles filhos de puta. O Summer não vai deixar de brincar com o taco no cu do próximo moleque, não mesmo.

Lá estava eu no meu ponto de espera. Ansioso. Enquanto eu esperava, eu observava uma lésbica chata dando uma entrevista para um cara desses programas que ninguém vê. Eles escolheram uma rua escura, limpa e calma para a conversa; quando se gravava a discussão passou um caminhão de lixo atrás da sapatona. Isso deve ter ficado perfeito. E não é “lésbica”, não é “sapa”, nem “sapata” tampouco “gay”. É “sapatona”, essa é a palavra para definir essas chatas. O caminhão de lixo significou a perseguição contra lésbicas, deixando a entrevista feia. A perseguição subjetiva, eu digo. As lésbicas têm o mesmo problema dos negros nessa cidade: A frase “Coitada de mim” que anda com eles, que não sabem o que é ódio. Os odiados de verdade são os garotos homossexuais e eu estou pouco me fodendo para isso e meus amigos também. As lésbicas se fodem sozinhas com isso, o que faz delas umas idiotas.

O caminhão se foi, a lésbica se foi e eu fiquei lembrando-me de um tombo muito engraçado de um nordestino em uma rua mais abaixo. Ele tropeçou em uma mangueira de um caminhão que lavava a rua. Um tombo completo, fantástico. Só um nordestino muito estúpido poderia cair daquele jeito. Mas pensei também que os nordestinos não são o problema dessa bosta de cidade, sabe? O problema são os sulistas. Eles são mais bonitos que nós. Eles dizem que os nossos garotos são frangos de natal e as nossas garotas são barangas. E eles vêm andar nas nossas plataformas, veja só... E eles vêm andar nas ruas também e isso ás vezes me provoca pesadelos nos quais eu tropeço sucessivamente em plataformas como ovelhas pulam cercas. Por isso estou aqui esperando esse maldito sk8er, porque ele é belo.
“Lá vem ele”
Um sk8er chegou até o Ivan. Nós três estávamos prontos para nos aproximar e capturá-lo, mas algo estranho aconteceu. Cinco outros apareceram e começaram a espancá-lo antes que dissessem qualquer coisa. Ele levou vários chutes por todo, todo o corpo. Foi logisticamente chutado. Foi sortidamente alvejado. Foi deixado caído. Não sabia em que estado. Meu estômago ainda tinha espaço para medo. Mesmo com tanto vinho. Liguei para o Van:
– Van, você viu aquilo?
– Vi sim
– Você gravou?
– Gravei
– O Summer não está no lugar dele, viu para onde ele foi?
– Não, não vi...
– Cacete... Vem pra cá, rápido!
Bem logo e bem assustado o Van apareceu com a câmera.
– Está tudo aqui, chame a polícia.
– Está louco? Você sabe o que tem mais aí nessa câmera?
– Eu edito e nós vamos.
– Nós precisamos achar o Summer primeiro, ta?
Então eu e o Van andamos pausadamente pelas ruas próximas. O telefone não respondia. Então ele apareceu em uma esquina, dormia levado pelos braços por dois daqueles moleques, sangrava. Eu não sei o que ele fez, não sei o que ele disse, mas eles fizeram igualzinho como fizeram com Jesus. Dois garotos o seguraram cada um por um braço, na posição de cruz. Outros garotos já chegavam e a cabeça era o principal alvo. Eles socavam a boca até conseguirem tirar um dente e o fizeram engoli-lo. Eu e o Van estávamos escondidos atrás de árvores. Eu cochichava para mim mesmo “Não perca...” eu não podia fazer barulho. Mas eu caí. Desculpe-me, mas eu caí. Eu escorreguei e rolei pela pequena colina coberta de grama que acabava na rua de baixo. Aquilo fez barulho, claro. Desculpe-me.

Quando rolei o bastante, eu me vi encima de uma sarjeta com grade. Eu estava bem cansado, mas consegui tirar a grade e me jogar lá dentro, porque eu tinha medo, muito medo. Lá de dentro, eu ouvi um som que sem dúvida era câmera do Van sendo destruída. Eu ouvi deleite dos garotos. Um grito torto do Van e nenhum som humano, só da câmera. Ela foi quebrada na cabeça dele, eu sei. E lá estava eu dentro daquela sarjeta quando tudo se dispersou. Lá estava eu dentro de uma droga de sarjeta. Era perfeitamente o meu lugar. O lugar de um veado pobre, podre e fodido. Era o lugar que a sociedade me colocou. O silêncio. Pensava que logo amanheceria e o sol, todos os tênis azuis e lindinhos dos lindinhos garotinhos da região dos jardins andariam sobre a grade daquela sarjeta em direção á escola. Aquela mesma grade que já havia sido pisada pelos prostitutos mais belos a modelar pela região dos jardins. Logo eles iriam dormir. Talvez doesse menos ter sido espancado também e ter o sol iluminando meu sangue lá encima, na rua. Onde eu teria socorro, piedade ou morte. E dentro daquele sol, eu brilharia como um anjo e á noite, eu brilharia como uma estrelinha. Brilharia a noite onde muitos, muitos sk8ers passeariam com muita, muita beleza.

Tudo o que eu sei de verdade, é que como em muitos outros amanheceres, amanheci sozinho, sujo e sem querer acordar cedo. Quando a manhã chegou, eu saí da sarjeta com dificuldade. E lá estava eu pisando no chão de novo, como um garoto das Américas sentindo ódio de novo. Era o fim da Travis Bates Band, mas estava tudo certo, sabe? Os garotos sequer sabiam segurar os instrumentos.

Eu quero ficar sozinho. Eu não quero ver corpos. Eu não quero saber se estão vivos ou mortos. Se algum deles me ligar, vou fingir que estou morto. Morto como me senti encarando a rua essa manhã em direção á esse centro podre. Minha gata ainda deve estar comendo aquele corpo, ou não. O garoto pode ter simplesmente ter acordado e ido embora. Foda-se, não me importo nem com ele e nem com a gata.
Uns montes de nordestinos estão aí fora por essas ruas podres vendendo porcarias, cantando porcarias, enquanto estou aqui nessa bosta de bar conversando com você tomando essa droga de café. A propósito, você está tanto tempo morando aqui que nem tem mais sotaque de nordestino, não é? O que você acha de irmos agora trepar em um desses motéis baratos? Eu não gosto de café.

p. hugo guimarães, 2010.

17 de jan. de 2011

XAROPE DE IPECACUANHA

woke up this morning feeling blue
hey good looking boy can I make love to you?
hey hey hey I got blood in my eyes for you...

dylan.

toda essa neve, me prende 'nos azuis'. logo suas pernas vão melhorar, e você vai querer ir embora. eu te amo, e você não me ama. não minta para mim.

anne wilkes. vide stephen king's 'misery'

ainda lembro do dia em que fui clicado para a foto da contracapa do meu livro 'poesia gay underground: história e glória' em 2008. eu, sentado em uma montanha de livros, e aquela posição deixando a minha cabeça livre no topo da imagem equivaleu-se com a kate winslet subindo em uma pilha de livros até a corda que usou para se enforcar em 'o leitor'.

dar-se luz. nascer. ter entrado na presente década com rubéola não é tão ruim quanto parece. pessoas pessimistas como eu só encontram motivações em coisas ruins, e aqui estou eu: fresco.
me pego no sofá pequeno demais para o meu corpo, e reflito o que dizem na tv: 'eu quero morrer' e qual é a grande diferença do momento para ter nascido em feto morto? qual a diferença em olhar para o céu de moema observando um céu azul imenso engolindo um apartamento deslumbrante, e pensar finalmente:
'é tudo uma questão de férias no tempo'.

olhando para trás,
eu devia ter vestido a camiseta do drácula
eu devia ter engolido minha arrogância rasa
eu devia ter aberto a boca para falar pausadamente
e que não há mais movimento nenhum movimento literário²
e que não é mais possível imaginar o glamour de ler um livro
e comparar com o glamour de acender um cigarro
e imaginar como as pessoas faziam isso há uns 150 anos atrás
e que o cinema foi o responsável para que muitos de nós escritores
nos sentíssemos diminuídos, incompetentes.
e que a indústria do cinema e dos milhões levando os mais rasos livros
aos milhões de pessoas nos incompete.
o cinema levou as pessoas para as livrarias, e lá está j.k. rowling na vitrine.
o que me separa de j.k. não são letras, mas os números.
observo harry potter e penso: o que há de errado com os meus personagens?
o que há de errado comigo?
e eu sei que há muito de errado com harry potter.
há muito de errado com o mundo.

o método preferido para começar a década: xarope de ipecacuanha.

a década começou, e eu já sou um homem magro, como daniel johns.
a década começou, e eu já sou um escritor sem rancores.
a década começou, e eu quero ser um pole vaulter.